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Esquadrão Imortal – Liverpool 2004-2007

Liverpool 2004-2007
Os campeões de 2005. Em pé: Traoré, Xabi Alonso, Hyypiä, Dudek, Carragher e Kewell. Agachados: Finnan, Milan Baros, Luís García, Gerrard e Riise.
 

Grandes feitos: Campeão da Liga dos Campeões da UEFA (2004-2005), Vice-campeão do Mundial de Clubes da FIFA (2005), Campeão da Supercopa da UEFA (2005), Campeão da Copa da Inglaterra (2005-2006) e Campeão da Supercopa da Inglaterra (2006). Encerrou um jejum de 21 anos sem títulos da Liga dos Campeões do clube.

Time-base: Dudek (Pepe Reina); Finnan (Arbeloa), Carragher, Hyypiä (Agger) e Traoré (Warnock / Fábio Aurélio); Xabi Alonso (Mascherano), Luís García (Hamann, Pennant), Gerrard (Bisćan / González) e Riise (Sissoko / Zenden); Kewell (Smicer / Kuyt / Bellamy) e Baros (Cissé / Morientes / Fowler / Crouch). Técnico: Rafael Benítez

 

“A grande volta dos Reds”

Por Guilherme Diniz

Fim de jogo em Roma. Alan Kennedy converte seu pênalti e o Liverpool conquista pela quarta vez a Liga dos Campeões da UEFA – ou Copa da Europa, já que estávamos em 1984. A equipe sacramentava uma era de ouro do futebol inglês na Europa e reinava absoluto no continente. Porém, tempos difíceis estavam por vir. Banimento de competições europeias por causa de hooligans, seca de títulos, nada de craques. Chegava a temporada 2004-2005 e o Liverpool continuava sem vencer uma Liga dos Campeões da UEFA – agora já chamada assim. E continuaria por mais algum tempo após o apito do árbitro Mejuto González, em Istambul, na final da competição daquele ano. Os Reds, de maneira inapelável, perdiam de 3 a 0 para um irresistível Milan-ITA. Tudo bem que os italianos eram favoritos, tinham Dida, Maldini, Nesta, Seedorf, Pirlo, Shevchenko, Kaká, Crespo… Mas levar de três só no primeiro tempo? O que será que reservava o segundo tempo? Simplesmente um milagre.

Embalados pelos cânticos de sua torcida e com uma garra impressionante, o Liverpool empatou o jogo em apenas 14 minutos. Inflou-se. Levou o jogo para a prorrogação. E para os pênaltis. E, assim como em 1984, o goleiro dos Reds tremulou as pernas para desestabilizar os adversários. Deu certo. E o Liverpool virou o rei da Europa pela quinta vez, quebrando um jejum de 21 anos. Em uma final histórica, a equipe consagrou Gerrard, Dudek, Xabi Alonso, Carragher e vários outros nomes. Consagrou um time que jogava com gana e não desistia. Que mesclava juventude, experiência, técnica e garra. E que ficou, durante três anos, entre os titãs do futebol mundial. É hora de relembrar o grande ressurgimento dos Reds.

A chegada do comandante

Depois de uma temporada 2000-2001 brilhante, na qual venceu a Copa da UEFA – em uma final de arrepiar que você pode ler mais clicando aqui – a Supercopa da UEFA, a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga Inglesa, o Liverpool passou por mudanças visando um voo mais alto. A equipe queria acabar com o jejum no Campeonato Inglês e na Liga dos Campeões. Para o lugar de Gérard Houllier, a diretoria apostou na contratação do técnico espanhol Rafael Benítez, que fizera um trabalho excepcional à frente do Valencia-ESP (leia mais clicando aqui). O técnico teve, logo de cara, a missão de convencer o capitão do time, o meia Steven Gerrard, a não se transferir para o endinheirado Chelsea-ING, algo que ele conseguiu.

No entanto, o xodó Michael Owen não renovou conforme esperado por Benítez e deixou o clube. Mas Benítez garimpou no futebol espanhol dois jogadores que seriam essenciais para a escalada dos Reds na temporada: Luis García e Xabi Alonso, além de transformar o zagueiro Carragher em um dos mais consistentes defensores do futebol europeu, entrosando o jogador com o gigante finlandês Hyypia. Com a base formada, o primeiro treinador espanhol na Premier League queria provar seu valor. E colocar o time de volta aos trilhos.

Os espanhóis na terra da Rainha: Luís García, Benítez e Xabi Alonso. Foto: Reuters
 

 

Inconstância e contusões atrapalham sonho nacional

Xabi Alonso (à esq.) disputa a bola com Cristiano Ronaldo, do Manchester United, em 2004.
 

Com as boas contratações e a chegada de Benítez, a equipe de Anfield Road era bem cotada ao título inglês, mas ainda sim num patamar abaixo de Chelsea e Arsenal, que protagonizavam os grandes embates no futebol inglês na época. E isso se confirmou no decorrer do torneio. Fora de casa, a equipe teve péssimos resultados, tropeços diante de Bolton, Manchester United, Chelsea e Middlesbrough, além de duas derrotas, em casa e fora, para o Birmingham City. Somando a falta de um centroavante nato (o artilheiro do time foi Milan Baros, com apenas nove gols, seguido de Luis García, com oito) no ataque e contusões (a mais sentida foi a de Cissé, que sofreu uma séria contusão em outubro de 2004 e perdeu grande parte do torneio), o Liverpool terminou a Premier League na quinta colocação, com 17 vitórias, sete empates e 14 derrotas em 38 jogos, com apenas 52 gols marcados e 41 sofridos. Uma campanha bem fraca perto do que apresentaram os ponteiros da tabela (o campeão Chelsea perdeu apenas um jogo e o Arsenal, vice-campeão, cinco). Na FA Cup, a equipe caiu logo na primeira fase diante do modesto Burnley, fora de casa.

Embora não tenha ido bem nessas duas competições, Benítez percebeu que Gerrard e todo o sistema do meio de campo de seu time evoluíam a cada partida, principalmente Gerrard, que mostrava grande visão de jogo, entrega e liderança em campo. Outro que era peça-chave no esquema do treinador era Xabi Alonso, técnico, preciso e elemento surpresa nas jogadas de ataque.

Na Copa da Liga, o Liverpool conseguiu superar Millwall, Middlesbrough, Tottenham e Watford até a grande final, contra o Chelsea, em Cardiff. Antes do jogo, o técnico Benítez encorajou seus jogadores dizendo que “eles (Chelsea) têm mais dinheiro, são líderes do Campeonato, mas perderam os últimos dois jogos importantes e estão sob pressão. Aproveitem-se disso!”. Mais do que isso, um título àquela altura da temporada (em fevereiro de 2005) poderia embalar o time na Liga dos Campeões.

Drogba e Gerrard, ícones de duas gerações brilhantes de seus clubes, Chelsea e Liverpool.
 

Logo no primeiro minuto, Riise recebeu de Morientes – mais um espanhol no elenco, contratado em janeiro de 2005 – e marcou um belo gol para o Liverpool. A equipe, porém, não conseguiu se aproveitar do gol precoce e ficou mais tempo em seu campo de defesa do que no ataque. Um erro que custou o gol de empate do Chelsea, no segundo tempo, anotado contra por Gerrard. O 1 a 1 permaneceu até a prorrogação, na qual Drogba e Kezman fizeram a diferença para os Blues, que venceram por 3 a 2 (Núñez descontou para o Liverpool), resultado que deu o título para o Chelsea. O que restava para o Liverpool? O mais difícil: a Liga dos Campeões e um incômodo jejum de 21 anos sem títulos no torneio continental.

 

Caminho das (duras) pedras

A caminhada europeia do Liverpool começou muito antes do glamour da fase de grupos. O time teve que passar pela repescagem e enfrentar o Grazer AK, da Áustria. No primeiro jogo, em Graz, os Reds venceram por 2 a 0, com dois gols de Gerrard. No entanto, os austríacos venceram por 1 a 0 a partida de volta, em Anfield, e quase complicaram a vida dos ingleses, que passaram, mas com muito sufoco. Na fase de grupos, eles enfrentaram Monaco-FRA, Deportivo La Coruña-ESP (estes dois sensações da temporada anterior, vice-campeão e semifinalista, respectivamente) e Olympiacos-GRE, um grupo longe de ser fácil. No primeiro turno, a equipe venceu Monaco (2 a 0, em casa), perdeu para o Olympiacos, fora, por 1 a 0, e empatou em casa com o Deportivo em 0 a 0. No returno, vitória por 1 a 0 sobre os espanhóis em pleno Riazor e derrota por 1 a 0 diante do Monaco, no Stade Louis II.

Na última partida, em Anfield, contra o Olympiacos, os ingleses precisavam de uma vitória confortável para não se preocuparem com o outro jogo. Mas os gregos abriram o placar (gol de Rivaldo!) e colocaram a vaga inglesa em risco. Só no segundo tempo que o time de Benítez conseguiu respirar. Pongolle, Mellor e Gerrard, este com um gol aos 41 minutos, decretaram o placar de 3 a 1 que classificou o Liverpool em segundo lugar no grupo (10 pontos, três vitórias, um empate e duas derrotas em seis jogos), à frente do Deportivo graças ao saldo de gols (+2 para o Liverpool e 0 para os espanhóis).

Luis García vibra: passeio contra os alemães do Bayer.
 

Nas oitavas, o Liverpool enfrentaria o Bayer Leverkusen-ALE, do búlgaro Dimitar Berbatov e dos brasileiros Roque Junior, Juan e França. Com autoridade, o time inglês mostrou força no primeiro jogo, em Anfield, e venceu por 3 a 1 (gols de García, Riise e Hamann). Na volta, em Leverkusen, Benítez costurou o rival, Luis García deu show com dois gols e os Reds venceram com um novo 3 a 1, carimbando a vaga nas quartas de final. No entanto, um páreo duríssimo e histórico vinha pela frente: a “seleção” da Juventus-ITA. Por que o “seleção”? Oras, eles tinham simplesmente Buffon, Cannavaro, Thuram, Zambrotta, Emerson, Camoranesi, Nedved, Del Piero, Trezeguet e Ibrahimovic, além da melhor campanha e de ter eliminado o Real Madrid-ESP.

 

O pedido de perdão e a vaga

Times perfilados em Anfield: memória pelos que se foram. (Foto: David Rawcliffe/Propaganda)
 

No dia 05 de abril de 2005, o Liverpool reencontrou oficialmente a Juventus exatos 20 anos depois da Tragédia de Heysel, quando hooligans ingleses atacaram torcedores da Juventus que estavam na mesma zona que eles no estádio e os forçaram a ir de encontro a um muro, que desabou. A selvageria resultou em esmagamento, asfixia e matou 39 torcedores do clube italiano, além de deixar dezenas de feridos. Uma tragédia transmitida ao vivo, na final da Liga dos Campeões de 1985, entre os dois clubes, em Bruxelas, na Bélgica, para mais de 400 milhões de pessoas em todo mundo.

O simbolismo daquele jogo em 2005 gerou ainda mais expectativa para o duelo. Em Anfield, um mosaico com os dizeres “Amicizia” (amizade, em italiano) foi criado na arquibancada e um minuto de silêncio foi respeitado, bem como os nomes de todas as vítimas lidos por Del Piero, da Juventus, e Hyypiä, do Liverpool, antes do jogo. Era o pedido de desculpas do Liverpool aos italianos – que seria negado pela torcida da Juve, mais tarde.

Quando a bola rolou, o que se viu foi um ótimo jogo de futebol, com times buscando o gol e várias chances criadas. Logo aos dez minutos, Hyypiä aproveitou a sobra de uma bola alçada na área e abriu o placar para os ingleses. Quinze minutos depois, Luis García, em grande fase, ampliou com um golaço de fora da área sem chances para Buffon. O meio de campo inglês funcionava muito bem, Gerrard dava show, os defensores desarmavam bem e o ataque italiano não conseguia criar. Só na segunda etapa que Cannavaro descontou para a Juve, mas parou por aí: 2 a 1. Na volta, em Turim, o Liverpool não teria Gerrard, lesionado, mas contava com a volta do goleiro Dudek e do meia Xabi Alonso, que voltava de contusão.

Outro que voltava após um hiato era Cissé, opção para o ataque caso o técnico Benítez precisasse. Em campo, o Liverpool conseguiu segurar o ímpeto dos italianos com linhas de impedimento bem construídas, boas defesas de Dudek e muita frieza. Nas arquibancadas, ponto negativo para a torcida da Juve, que fez baderna e tentou atacar os ingleses com bombas, causando muita confusão e dando um trabalho danado para a polícia. Mas de nada adiantou: o Liverpool segurou o 0 a 0 e conseguiu a sonhada vaga na semifinal. Próximo adversário? Um velho conhecido: o Chelsea.

 

O gol que 35 câmeras não filmaram

Luis García comemora: o Liverpool estava na final.
 

 

Depois de passar pelo time considerado favorito, o Liverpool tinha que provar sua boa fase diante de um adversário bem indigesto: o Chelsea, do polêmico Mourinho e dos craques Drogba, Lampard, Cech, Makélélé, Ricardo Carvalho e companhia. Os Blues vinham embalados no Campeonato Inglês – o time seria campeão com rodadas de antecedência – e já haviam derrotado o próprio Liverpool na Copa da Liga Inglesa. Obviamente que o time de Stamford Bridge era favorito, mas o Liverpool acreditava no entrosamento de seu grupo e no sempre bem montado esquema de jogo de Benítez, que tinha em seu sistema defensivo a grande arma para conter qualquer adversário.

No primeiro jogo, na casa do Chelsea, o Liverpool fez um jogo equilibrado, no qual ambas as equipes se mostraram contidas demais. O resultado não poderia ser outro: 0 a 0. Na volta, em Anfield, a torcida dos Reds jogou junto desde o início e embalou a equipe para abrir o placar logo aos quatro minutos em um lance discutido e comentado até hoje. Luis García aproveitou a sobre do goleiro Cech e mandou para o gol. No entanto, quando a bola ia em direção ao gol, Gallas, do Chelsea, deu um chutão. Mas o bandeirinha deu gol e o juiz validou.

Os jogadores do Chelsea ficaram loucos da vida, bem como Mourinho, que chamou o tento de “gol fantasma”. Havia 35 câmeras no estádio. Nenhuma conseguiu filmar com precisão se a bola entrou ou não. E, em tempos sem a tecnologia que permite confirmar se a bola passou a linha, melhor para o Liverpool, que segurou o rival e venceu por 1 a 0, resultado que colocou a equipe, surpreendentemente, na grande final europeia de Istambul, na Turquia, exatos 20 anos desde sua última aparição (na derrota para a Juve, em 1985). Faltava apenas um rival. E ele seria ainda mais difícil: o Milan e sua constelação de craques.

 

O troféu na mais alucinante final de todos os tempos

Existem jogos que ficam guardados na memória do torcedor. E a final entre Liverpool e Milan, com certeza, permanece intacta na memória de qualquer admirador de futebol que viu na TV ou ouviu no rádio aquele duelo no estádio Olímpico de Atatürk, em Istambul, no dia 25 de maio de 2005 (eu, que vos escrevo, iria completar 17 anos no mês seguinte e assisti no sofá de casa aquela final. Era uma quarta feira. Confesso que torcia para o Milan, mas…). O clima daquela decisão estava realmente diferente. Estádio dividido, torcidas cantando, uma cidade com aura, que recebia uma final de Liga pela primeira vez. Algo estava no ar…

De um lado, um Milan histórico, repleto de craques, campeão europeu recentemente (em 2003), enfim, uma seleção (leia mais sobre ele clicando aqui). Do outro, um time renascido, entrosado, com um esquema de jogo complicado de se enfrentar e com Gerrard no auge. Mas, com apenas 50 segundos, os prognósticos de equilíbrio caíram por terra quando Maldini abriu o placar para os italianos no gol mais rápido da história das finais das Ligas: 1 a 0. Parecia um prenúncio do que estava por vir. O gol precoce atordoou os ingleses. O Milan desfilou em campo. Fez mais um com Crespo. E outro, com o mesmo Crespo. 3 a 0. Só no primeiro tempo. Tudo bem que o Milan já tinha histórico de golear rivais em finais europeias, mas até o Liverpool? Um time até então com uma zaga tão forte?

Mas aí entrou em campo o “Sobrenatural de Almeida”, como diria o eterno Nelson Rodrigues. O Liverpool, embalado pelos cânticos de sua torcida, fez um. Fez dois. Fez três. Empatou. Inacreditavelmente. Inapelavelmente. Ao som de uma torcida apaixonada que, durante todo o intervalo, entoou o som de “You’ll Never Walk Alone” (Você nunca andará sozinho). A equipe inglesa se lançou ao ataque de maneira desenfreada e colheu os frutos da ousadia. Gerrard pedia a cada gesto apoio maior de seus fãs. Eles atenderam. O empate chacoalhou o Milan, que fez Dudek voltar a trabalhar. Os italianos ainda tiveram uma grande chance com Shevchenko, mas a bola não queria mais entrar. Veio a prorrogação. E, depois, os pênaltis. Os torcedores ingleses supersticiosos certamente lembraram-se da final de 1984, quanto o clube foi campeão também na marca da cal contra a Roma. E, assim como nos anos 80, os Reds fizeram história. Dudek desconcertou os batedores italianos assim como fez Grobbelaar, o Liverpool venceu por 3 a 2 e faturou sua quinta Liga dos Campeões.

A conquista foi notícia em todo o mundo e tida como uma das mais espetaculares de toda a história do futebol. Os fãs dos Reds lotaram as ruas de Liverpool e pouco mais de 300 mil pessoas recepcionaram o clube em sua chegada à Inglaterra. De quebra, a equipe ganhou a posse definitiva do troféu por ter vencido cinco vezes – o clube foi o último a ter esse direito. Desde 2009 o novo troféu original fica com a UEFA, que dá aos vencedores réplicas idênticas – e o direito de usar o “badge” com o número de conquistas na camisa.

Gerrard e Benítez com a taça…
 
… E a multidão na volta para casa. Foto: Getty Images.
 

Sensibilizada pela conquista do time inglês, a UEFA decidiu incluir a equipe na edição 2005-2006 do torneio (mas na repescagem), já que os ingleses não haviam se classificado no campeonato inglês. Mesmo como campeões, os vermelhos não tinham direito a vaga por causa do coeficiente que determinava que a Football Association (entidade que organiza o futebol na Inglaterra) tinha direito a apenas quatro vagas na competição (os quatro primeiros da Premier League), e não cinco. Mas quem se importava com isso àquela altura? Era hora de celebrar!

No final deste post, acesse o link e leia um texto especial sobre essa partida histórica entre Liverpool e Milan!

 

Novo título, tropeço no Japão e queda na Liga

Cissé comemora um de seus gols na final da Supercopa da UEFA.
 

A temporada 2005-2006 começou com uma pequena mudança no ataque do time. Milan Baros foi para o Aston Villa e deu lugar a Morientes, que passou a fazer dupla de ataque com Luis García. O primeiro teste da dupla foi mais do que bom: vitória por 3 a 1 sobre o CSKA-RUS e título da Supercopa da UEFA. Embalada e com outros nomes contratados como Crouch, Zenden, Agger, Fowler e o goleiro Pepe Reina, o time inglês voltava a ser respeitado no continente e era favorito para todos os torneios. No Campeonato Inglês, o time começou com apenas duas vitórias nos primeiros oito jogos, mas, a partir da 9ª rodada, emendou 10 vitórias seguidas, com destaque para o sistema defensivo, que ficou mais de 700 minutos sem levar gols. Além dessa sequência, a equipe acumulou outros cinco jogos sem levar gols na fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA, após superar com facilidade os playoffs.

Tanta hegemonia defensiva fez com que o time inglês viajasse para o Japão como favorito ao título do Mundial de Clubes, que seria organizado pela FIFA em definitivo a partir daquele ano de 2005. Na semifinal, o time passeou sobre o Saprissa, da Costa Rica, por 3 a 0, e tinha pela frente o São Paulo-BRA, de Rogério Ceni, Lugano, Cicinho, Júnior, Mineiro, Josué e Amoroso (leia mais clicando aqui). Logo no primeiro tempo, os ingleses viram a invencibilidade de mais de 1000 minutos sem levar gols ruir quando o pequenino Mineiro apareceu de surpresa na área inglesa e fez 1 a 0 para o Tricolor.

A partir dali, o que se viu em Yokohama foi um jogo de um time atacando e outro defendendo. O Liverpool provou do próprio veneno e não conseguiu marcar. Quer dizer, até conseguiu, três vezes, mas todas impedidas! Para piorar, Rogério Ceni fez uma de suas melhores partidas na carreira, Mineiro marcou até a própria sombra e Lugano usou todas as suas ferramentas (todas, mesmo) para conter os rivais. Com isso, o São Paulo venceu e faturou seu terceiro Mundial. O Liverpool, mais uma vez, perdia a chance de conquistar o mundo (nas outras duas oportunidades, saiu derrotado por Flamengo-BRA e Independiente-ARG).

O Liverpool de 2005: uma equipe complicada de se enfrentar, com uma zaga forte e um meio de campo entrosado.
 

 

A derrota no Japão deixou todos de cabeça quente e atrapalhou o andamento da temporada. Na Liga dos Campeões, o time terminou na primeira colocação de seu grupo (12 pontos, três vitórias, três empates, seis gols marcados e um sofrido em seis jogos), a frente de Chelsea, Real Betis-ESP e Anderlecht-BEL, mas sucumbiu logo nas oitavas de final diante do Benfica-POR, que venceu por 1 a 0, em casa, e por incríveis 2 a 0 em pleno Anfield Road. Era o fim do sonho do hexa.

No Campeonato Inglês, a equipe caiu de produção no primeiro bimestre de 2006 e venceu apenas metade dos jogos que disputou, perdendo confronto importantes contra Manchester United (1 a 0, fora), Chelsea (2 a 0, fora) e Charlton Athletic (2 a 0, fora). A partir da 30ª rodada, os Reds não perderiam mais, mas já era tarde, pois o Chelsea ficou com o título. O Liverpool terminou na 3ª colocação, com 82 pontos, 25 vitórias, sete empates, seis derrotas, 57 gols marcados e 25 sofridos em 38 jogos (segunda melhor defesa da competição). Gerrard e Carragher foram os grandes destaques da equipe no torneio, ambos presentes na seleção do campeonato.

 

Conquista saborosa encerra temporada

Ainda sem um grande título àquela altura, o Liverpool ainda teve tempo de presentear sua torcida com a taça da Copa da Inglaterra de maneira muito especial. Depois de superar Luton Town e Portsmouth, os Reds enfrentaram o Manchester United e venceram por 1 a 0, gol de Peter Crouch, resultado que significou a primeira vitória do Liverpool sobre o United em uma Copa da Inglaterra em 85 anos! Nas quartas, goleada de 7 a 0 sobre o Birmingham City. Na semifinal, o velho conhecido Chelsea. E vitória por 2 a 1, com gols de Riise e García, definitivamente um carrasco que causava pânico nos Blues.

Na final, o time de Benítez fez uma partida de tirar o fôlego contra o West Ham United. Carragher, contra, e Ashton abriram 2 a 0 para o WH, mas Cissé, em grande fase, e Gerrard empataram. Konchesky fez 3 a 2 para o WH, mas o Liverpool tinha Gerrard, que, nos acréscimos, marcou um golaço espetacular de fora da área – gol eleito como o mais bonito das últimas 50 finais da Copa da Inglaterra pelos leitores do Sport Football, da BBC – e levou o jogo para a prorrogação. Como gostava de emoção aquele time! Nela, nada de gols, e a decisão foi para os pênaltis. Experiente, o Liverpool fez 3 a 1, viu o rival perder três cobranças e faturou mais uma Copa para sua coleção.

 

Reforços para voltar às cabeças

Para voltar a brigar por títulos de peso novamente, o Liverpool foi às compras para a temporada 2006-2007. Os destaques ficaram por conta de Craig Bellamy, Fábio Aurélio, Pennant, Dirk Kuyt, Álvaro Arbeloa e, já em fevereiro de 2007, Javier Mascherano, este por empréstimo e que seria um dos destaques da equipe na reta final da temporada. Com a base dos anos anteriores mantida (dos chamados titulares, apenas Morientes deixou o clube), a equipe teve logo de cara um bom teste: a final da Supercopa da Inglaterra, na qual enfrentou o Chelsea, ainda mais endinheirado e com Michael Ballack, Essien, Robben, Shevchenko e os já conhecidos Lampard, Drogba e Ricardo Carvalho. Provando ser uma pedra na chuteira dos Blues, o Liverpool venceu por 2 a 1, gols de Riise e Crouch, e faturou o título. Depois da partida, José Mourinho elogiou o rival, mas não deixou de alfinetar ao comentar que “não saberia dizer se eles aguentariam manter aquele ritmo depois de dez meses”. Bem, isso só o tempo poderia dizer…

 

É melhor focar na Europa…

Benítez tinha um bom elenco nas mãos, mas a falta de equilíbrio e de um atacante-nato (definitivamente o grande ponto fraco desse esquadrão durante sua jornada) pesou demais nas competições nacionais. No Campeonato Inglês, o time venceu apenas três dos nove primeiros jogos, algo que influenciou negativamente o decorrer do torneio. Somando as derrotas para os grandes rivais Arsenal, Chelsea e Manchester United no primeiro turno, o título mais uma vez ficou distante. No returno, a equipe foi melhor e teve bons momentos (como o 2 a 0 no Chelsea, em casa, e um 4 a 1 no Arsenal, também em Anfield, com três gols de Peter Crouch), mas terminou mais uma vez na 3ª colocação, com 68 pontos, 20 vitórias, oito empates, dez derrotas, 57 gols marcados e 27 gols sofridos (segunda melhor defesa). Kuyt foi o artilheiro do time na competição com 12 gols e virou uma importante peça no esquema do técnico Benítez.

Mas, o grande problema dos Reds foram as copas nacionais. Na Copa da Inglaterra, a equipe entrou como atual campeã já na terceira fase, mas foi eliminada pelo Arsenal com uma derrota por 3 a 1. Falando em Arsenal, os Gunners foram responsáveis, também, por uma derrota inesquecível que nenhum torcedor vermelho gosta de lembrar. Aconteceu no dia 09 de janeiro de 2007, nas quartas de final da Copa da Liga Inglesa. Era jogo único e o Liverpool tinha o privilégio de jogar em casa. Mas de nada adiantou. Com uma atuação formidável do brasileiro Júlio Baptista, o Arsenal goleou os Reds por incríveis 6 a 3, com quatro de Baptista, um de Aliadière e outro de Song. Foi a primeira vez em 77 anos que o Liverpool levava seis gols em casa. E ainda com o time titular. Um vexame. Mas ainda dava tempo de tentar apagar tudo aquilo: indo bem na Liga dos Campeões da UEFA.

 

Rumo à Atenas

Crouch e Gerrard: destaques naquele Liverpool.
 

 

Com a terceira colocação no Campeonato inglês da temporada anterior, o Liverpool entrou na Liga dos Campeões de 2006-2007 na terceira fase de classificação, na qual enfrentou o Maccabi Haifa-ISR, derrotado por 3 a 2 no placar agregado. Na fase de grupos, a equipe mostrou força e terminou em primeiro lugar no Grupo C, a frente de PSV-HOL, Bordeaux-FRA e Galatasaray-TUR. Foram 13 pontos, quatro vitórias (3 a 2 nos turcos, em casa, 1 a 0, fora, e 3 a 0, em casa, contra o Bordeaux, e 2 a 0 para cima do PSV, em casa; um empate (0 a 0, contra o PSV, fora) e apenas uma derrota (3 a 2, para o Galatasaray, fora, quando a equipe podia se dar ao luxo de perder).

Nas oitavas de final, os ingleses tiveram pela frente o então campeão Barcelona-ESP, de Ronaldinho, Deco e companhia. No primeiro duelo, no Camp Nou, o time vermelho se impôs e venceu, de virada, por 2 a 1, gols de Bellamy e Riise.  A curiosidade foi que os autores dos gols foram os mesmos que se envolveram em um caso bem estranho dias antes daquele jogo. Durante a concentração, em Portugal, Bellamy atacou Riise com um taco de golfe só pelo fato de o norueguês não querer cantar no karaokê em uma sessão mais descontraída do grupo inglês. O caso inusitado ganhou as manchetes dos jornais, e Bellamy fez questão de tirar onda comemorando seu gol “jogando golfe”. A história foi contada pelo próprio Riise ao jornal Bleachreport:

“Nós tivemos a permissão de sair para jantar e o Rafa Benítez nos deixou beber apenas uma cerveja. Mas, claro, alguns beberam mais do que uma… Nós estávamos em uma sala privada de karaokê em um bar quando o Bellamy falou, já meio alterado, que eu ia cantar. Eu não queria de jeito nenhum e fui bem claro, mesmo com a insistência dele. Eu saí e fui para o meu quarto, o qual eu dividia com o Daniel Agger. Quando eu ouvi a maçaneta da porta virando, com as luzes apagadas, eu pensei que era ele (Agger). Depois, quando as luzes se acenderam, só vi um taco de golfe nas minhas costas. Eu pensei em revidar, claro, mas temi pelo meu futuro no Liverpool. Eu não sou um lutador. No fim, deixei quieto e segui a vida”. – Riise, em entrevista ao Bleachreport, 27 de janeiro 2016.

Tacada e vaga na próxima fase! (Foto: Alex Livesey/Getty Images).
 

 

Passadas as “tacadas”, o Liverpool foi com uma ótima vantagem para a partida de volta, em Anfield. Nela, a equipe perdeu por 1 a 0, mas conseguiu a classificação graças aos gols marcados no Camp Nou. O triunfo embalou de vez os Reds, que viajaram até a Holanda para enfrentar o PSV. Mesmo fora de casa, os ingleses deram show e venceram por 3 a 0, gols de Gerrard, Riise e Crouch. Na volta, Crouch fez mais um e o Liverpool venceu por 1 a 0, com um acachapante 4 a 0 no agregado. Era hora da semifinal. E, adivinhe: encarar o Chelsea. De novo.

 

Nova alegria diante do freguês

Reina defende o chute de Robben: goleada nos pênaltis!
 

 

Já velhos conhecidos, Chelsea e Liverpool fizeram um duelo muito esperado naquela semifinal de Liga dos Campeões. A competição europeia era uma verdadeira obsessão para os Blues, em especial para Mourinho e o dono do time, Roman Abramovich. O problema, porém, é que o Liverpool era um dos poucos times na época que complicava as coisas para os Blues, que não tinham boas recordações em fases eliminatórias diante dos Reds. No primeiro jogo, em Stamford Bridge, Joe Cole fez o gol solitário que deu a vantagem ao Chelsea. Na volta, em Anfield, Agger fez o gol do Liverpool e a vitória por 1 a 0 levou a decisão da vaga para os pênaltis.

Com a torcida toda a seu favor, o Liverpool transformou seu estádio em um caldeirão e o goleiro Pepe Reina mostrou sua força. O espanhol defendeu os chutes de Robben e Geremi, viu seus companheiros acertarem todas as cobranças e o Liverpool goleou o rival por 4 a 1, garantindo mais uma vez a vaga na decisão continental. Era o segundo triunfo em uma semifinal diante dos Blues em apenas três anos. É como um velho dito do futebol: em determinadas ocasiões, camisa e experiência contam muito. E pesam. Naquela ocasião, a favor do gigante Liverpool.

 

E o filme não se repetiu

No dia 23 de maio de 2007, em Atenas, na Grécia, o Liverpool queria sua sexta Liga dos Campeões. Pela frente, novamente o Milan, um pouco diferente da final de 2005 e calejado. Os italianos sabiam que fazer muitos gols poderia ser um problema, afinal, deu no que deu dois anos antes. Por isso, Inzaghi marcou o primeiro para os rossoneros no último minuto do primeiro tempo. Na segunda etapa, o atacante fez mais um, Kuyt descontou, e o jogo foi só 2 a 1. Placar normal. Nada de epopeias, viradas, Sobrenatural de Almeida em campo… O Liverpool deu mais chutes a gol (12 a 5), foi mais perigoso, conseguiu conter Kaká (que vivia sua melhor fase na carreira), mas não repetiu 2005. A taça ficou mesmo com o Milan, que, naquele ano, acertou contas não só com o Liverpool, mas também com o Boca Juniors (leia mais clicando aqui). Ali, no gramado grego, terminaria uma era de ouro do time de Anfield Road.

 

O fim de um time para a história

A derrota na Liga foi um divisor de águas para os Reds. Na temporada seguinte, a expectativa até foi boa com a chegada de Fernando Torres – se o atacante tivesse vindo um pouco antes a história desse time teria muito mais títulos – e do volante brasileiro Lucas Leiva, mas o time mais uma vez decepcionou nas competições nacionais e perdeu nas semifinais da Liga dos Campeões para, enfim, o Chelsea, que quebrou o estigma e chegou à final (os Blues acabariam derrotados pelo Manchester United). Benítez deixou o clube posteriormente e a torcida teve que esperar mais de uma década para uma nova safra surgir e dar ao clube o hexacampeonato da Liga dos Campeões em 2019 e o sonhado título da Premier League, em 2020, após 30 anos de jejum, com novos jogos históricos e muita emoção, como o time de 2004-2007 que, assim como vários na história do clube, nunca andou sozinho. Um esquadrão imortal.

 

Os personagens:

Dudek: foi um dos heróis na conquista da Liga dos Campeões de 2005 e dono da meta dos Reds no auge daquele time. Além de defender dois pênaltis na decisão contra o Milan, fez um milagre na prorrogação ao defender um gol quase certo de Shevchenko. Acabou perdendo espaço com a chegada de Reina, mas mora no coração da torcida.

Pepe Reina: chegou ao Liverpool na metade de 2005 e foi titular no Mundial de Clubes, colocando Dudek no banco. Bom pegador de pênaltis e considerado o melhor goleiro do Liverpool na era da Premier League, Reina jogou de 2005 até 2014 no clube inglês.

Finnan: lateral direito irlandês, foi muito prejudicado por causa de lesões. Não era um dos mais badalados na equipe, mas foi fundamental no seu papel.

Arbeloa: o lateral espanhol não foi titular absoluto, mas fez bons jogos atuando tanto na direita quanto na esquerda. Com mais poder de marcação do que apoio ao ataque, era utilizado quando a equipe enfrentava times com atacantes perigosos.

Carragher: Sinônimo de fidelidade, raça, motivação… Assim pode ser definido Carragher, um dos maiores ídolos dos Reds onde, junto a Gerrard, era um dos líderes da equipe. Com incríveis 737 jogos disputados pelo Liverpool, Carragher, de garoto da base a titular do profissional, até chegar ao papel de ídolo, foi um dos pilares das conquistas do clube.

Hyypiä: o finlandês chegou a ser capitão da equipe por um tempo e mostrou-se um zagueiro seguro e bom na bola aérea. Junto com Carragher, formou uma das duplas de zaga mais respeitadas da Europa entre 2004 e 2005.

Agger: canhoto, rápido, seguro e com bom passe. Foi titular em boa parte da temporada 2006-2007. Sofreu com várias lesões, mas se tornou o substituto de Hyypiä na zaga.

Traoré: podia jogar como zagueiro ou lateral-esquerdo e, em ambas, cumpria seu papel com eficiência, marcando bem e apoiando bem o meio de campo. Não era muito de atacar.

Warnock: cria das bases, o defensor jogou de 2002 até 2007 no Liverpool, mas nunca foi titular absoluto por causa da concorrência com Traoré e Riise. Sem espaço, foi emprestado para alguns clubes até ir jogar no Blackburn Rovers.

Fabio Aurélio: o lateral brasileiro chegou trazendo boas esperanças ao torcedor, mas sofreu com lesões e infelizmente não pôde mostrar seu bom futebol.

Xabi Alonso: meio-campista defensivo com um passe e uma visão de jogo invejável, um dos favoritos da torcida naquele time e um dos pilares para a era campeã. Marcou o 3° gol na final de Istambul em um rebote de pênalti batido por ele mesmo. Após cinco anos de clube, foi jogar no Real Madrid. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Mascherano: meio-campista defensivo, dinâmico e de muita raça conquistou a confiança da torcida rapidamente e foi titular na reta final da Liga dos Campeões de 2006-2007. Teve ótima atuação na final contra o Milan.

Luis García: teve a missão de suprir a ausência do craque e ídolo Michael Owen. No início, foi bastante irregular, mas, com o aprimoramento do técnico Benítez, virou ídolo e decisivo, deixando sua marca em jogos importantes e sendo até artilheiro do time em várias ocasiões.

Hamann: o pitbull de Liverpool, chegou ao clube no início do século, sempre mostrou regularidade e muita garra dentro de campo, participando constantemente nos títulos do Liverpool até sua saída, em 2006.

Pennant: o ponta-direita começou bem a temporada 2006-2007 e foi uma boa opção do técnico Benítez para diversos jogos do Campeonato Inglês e, também, da Liga dos Campeões, na qual foi titular. Jogou de 2006 até 2009 no clube.

Steven Gerrard: rei de Liverpool, um dos maiores ídolos da história do clube, técnico, com ótima visão de jogo, artilheiro, craque. Gerrard foi o Liverpool em pessoa e um torcedor em campo naqueles anos de ouro. Sem ele, dificilmente o time vermelho teria conquistado tanto. Ele quem fez a torcida jogar junto naquele segundo tempo de final de Liga em 2005. Ele quem fez o gol que manteve o Liverpool vivo na final da Copa da Inglaterra de 2006. Ele que apareceu como elemento surpresa tantas e tantas vezes nas áreas dos adversários. Enfim, ele foi o cara. Começou na equipe titular em 1998 e só saiu do time em 2015, quando foi jogar nos EUA. Disputou 710 jogos e marcou 186 gols pelo clube. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Bišćan: versátil, chegou ao clube em 2000 e conseguiu se destacar jogando como zagueiro e volante. Deixou o time já em 2005 para defender o Panathinaikos-GRE.

González: chegou ao clube em 2006 e ficou apenas uma temporada, o bastante para vencer a Supercopa da Inglaterra e ser vice-campeão da Champions League.

John Arne Riise: era um motorzinho em campo, rápido, habilidoso e versátil. Riise chegou ao clube em 2001, sendo disputado por três times da Inglaterra na época, e foi fundamental na histórica final contra o Milan dando uma assistência para o gol de Steven Gerrard. Além disso, foi decisivo em muitos outros jogos e um dos jogadores mais utilizados pelo técnico Benítez. Jogou de 2001 até 2008 nos Reds e disputou mais de 200 jogos com a camisa vermelha.

Sissoko: energético, com um fôlego invejável… Comparado por Benítez a Patrick Vieira não rendeu tanto quanto o esperado apesar de se destacar em vários momentos pelo clube.

Zenden: teria jogado mais não fosse uma grave contusão que o tirou de ação na temporada 2005-2006. Meia habilidoso e com boa visão de jogo, voltou em 2006-2007 e foi titular em vários jogos, ajudando Gerrard e companhia no meio de campo e no elo ao ataque.

Kewell: Chegou ao clube em 2003 com o prêmio de melhor jogador jovem na Premier League na temporada 1999-2000 no currículo. Conquistou diversos títulos até ir para Turquia, em julho de 2008.

Šmicer: Chegou ao clube em 1999, fez uma boa temporada, depois disso teve uma série de lesões que atrapalharam sua passagem pelo Liverpool. Porém, em 2005, deu a volta por cima e foi fundamental na conquista da Liga dos Campeões, quando marcou um dos gols na final contra o Milan.

Kuyt: o holandês foi o artilheiro de Liverpool na temporada 2006-2007 com boa presença de ataque, velocidade e entrosamento com o meio de campo. Posteriormente, com a chegada de Fernando Torres, Kuyt atuou mais como ponta direita.

Bellamy: o polêmico atacante poderia ter tido mais espaço no clube não fosse o episódio do taco de golfe. Tal caso prejudicou sua estadia pelas bandas de Anfield Road e ele deixou o clube ao término daquela temporada de 2006-2007.

Baroš: Chegou ao Liverpool em 2002, mas, no geral, jogou muito abaixo do esperado. Deixou a desejar em vários jogos e, se fosse mais prolífico, teria ajudado o Liverpool a ter uma média de gols maior nos anos de 2004 e 2005.

Cissé: depois de ser especulado em vários clubes, chegou ao Liverpool em 2004, fez ótimos jogos, sofreu uma grave lesão, voltou, mas não conseguiu repetir os bons jogos anteriores. Foi transferido em 2006.

Morientes: emprestado pelo Valencia, o atacante atuou de maneira mais incisiva na temporada 2005-2006, na qual fez bons jogos e uma boa dupla de ataque com Luís García.

Fowler: foi um dos maiores atacantes que jogou no clube, fez um total de 183 gols em duas passagens pelo Liverpool (1993-2001 e 2006-2007). Já era veterano em 2006, mas ainda sim teve tempo para anotar gols importantes.

Peter Crouch: o grandalhão parecia desengonçado com a bola nos pés e foi até contestado no começo, mas conseguiu ganhar espaço no time e virar artilheiro em várias ocasiões, marcando gols bonitos e decisivos. Jogou de 2005 até 2008 nos Reds, com 42 gols em 134 jogos.

Rafael Benítez: Saudado pelo clube como “Messias espanhol”, com táticas geniais conseguiu resgatar o respeito em Liverpool comandando uma longa era vitoriosa do clube. Soube, mesmo sem um grande centroavante, vencer títulos e jogos memoráveis utilizando todo o elenco, criando linhas de impedimento inteligentes e explorando ao máximo o talento dos craques do time. No período em que ficou no clube acumulou 194 vitórias, 77 empates e 79 derrotas em 350 jogos entre 2004 e 2010, além de quatro títulos.

Leia mais sobre a final entre Liverpool e Milan em 2005 clicando aqui.

 

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12 Comentários

  1. “Existem jogos que ficam guardados na memória do torcedor. E a final entre Liverpool e Milan, com certeza, permanece intacta na memória de qualquer admirador de futebol que viu na TV ou ouviu no rádio aquele duelo no estádio Olímpico de Atatürk, em Istambul, no dia 25 de maio de 2005 (eu, que vos escrevo, iria completar 17 anos no mês seguinte e assisti no sofá de casa aquela final. Era uma quarta feira. Confesso que torcia para o Milan, mas…). O clima daquela decisão estava realmente diferente. Estádio dividido, torcidas cantando, uma cidade com aura, que recebia uma final de Liga pela primeira vez. Algo estava no ar…”

    Incrível sua descrição… meu nome é Thiago, sou do Rio de Janeiro. Eu também vi essa final do sofá da minha casa, e por incrível que pareça eu tmb sou de 1988 que nem vc, e no mês seguinte eu também faria 17 anos. E também sou fanático por Futebol. Fiquei impressionado com as coincidências. Também sempre sonhei em ter um Blog de futebol. Se quiserem ajuda em algo podem me avisar que vou amar ajudar nas informações!! Abraço

Esquadrão Imortal – Liverpool 1975-1984

Jogos Eternos – Peñarol 4×2 River Plate 1966