Grandes feitos: Campeão Mundial Interclubes (1970), Campeão da Liga dos Campeões da UEFA (1969-1970), Campeão da Copa da UEFA (1973-1974), Tricampeão Holandês (1968-1969, 1970-1971 e 1973-1974) e Campeão da Copa da Holanda (1968-1969). Foi o primeiro clube holandês da história a conquistar os títulos da Liga dos Campeões da UEFA, da Copa da UEFA e do Mundial Interclubes.
Time base: Eddy Treytel (Eddy Graafland); Piet Romeijn (Wim Rijsbergen), Theo Laseroms (Joop van Daele), Rinus Israël e Theo van Duivenbode (Harry Vos); Franz Hasil (Theo de Jong), Wim Jansen e Willem van Hanegem; Henk Wery (Ruud Geels / Peter Ressel), Ove Kindvall (Lex Schoenmaker) e Coen Moulijn (Jorgen Kristensen). Técnicos: Ben Peeters (1968-1969), Ernst Happel (1969-1973) e Wiel Coerver (1973-1974).
“Os Pioneiros da Holanda”
Por Guilherme Diniz
Em 1969, a Holanda pensou que teria pela primeira vez em sua história futebolística um clube de seu ventre campeão europeu. No entanto, o sonho ruiu quando o Ajax de Rinus Michels e Johan Cruyff perdeu de goleada para o Milan-ITA de Nereo Rocco por 4 a 1 na decisão. No ano seguinte, uma equipe de Roterdã muito bem organizada, equilibrada e focada conseguiu apagar o vexame alvirrubro e conquistou a Europa após derrotar o grande Celtic-ESC de Jock Stein na final. Alguns meses depois, os holandeses derrotaram os argentinos do Estudiantes e conquistaram o mundo. Os anos se passaram e lá estavam eles novamente em uma final continental, dessa vez pela Copa da UEFA de 1973-1974, contra o Tottenham Hotspur-ING. E outra vez eles venceram.
Esses três títulos vieram acompanhados de taças nacionais, debute de ídolos e a consagração de um mestre do futebol: Ernst Happel, técnico austríaco que se consolidou como um dos mais inteligentes e brilhantes de todos os tempos. E qual é o time que estamos falando? É claro que é o Feyenoord, o pioneiro holandês e responsável por colocar a Holanda no rol dos países que possuem clubes campeões continentais e mundiais. É hora de relembrar.
Ventos prósperos
Depois de um ótimo começo de década de 60 com três títulos nacionais conquistados e uma semifinal de Liga dos Campeões disputada, o Feyenoord foi para a segunda metade daquela era com o intuito de alcançar voos mais altos e pelo menos tentar ir mais longe em alguma competição continental, à época um sonho distante para os clubes holandeses. Sob o comando do técnico Ben Peeters desde 1967, o time mostrou força na temporada de 1968-1969 e conquistou a Copa da Holanda e o Campeonato Holandês. Na Copa, a equipe precisou realizar uma partida extra contra o PSV na decisão após empate em 1 a 1 no primeiro jogo. Jogando em casa, o time de Roterdã bateu o rival de Eindhoven por 2 a 0 com gols de Wery e van Hanegem. No campeonato nacional, a equipe venceu 26 dos 34 jogos que disputou, empatando cinco e perdendo apenas três. Foram 73 gols marcados e a melhor defesa da competição (21 gols sofridos).
Com a taça, o Feyenoord conseguiu uma vaga na Liga dos Campeões da UEFA de 1969-1970, competição que seria a vedete do clube principalmente após o rival Ajax fracassar no torneio de 1968-1969 e ter uma derrota “dupla” na decisão, afinal, os alvirrubros perderam para o Milan por 4 a 1 e a chance de se tornarem o primeiro clube da Holanda campeão europeu.
A chegada do mestre
Em 1969, o Feyenoord decidiu recolocar o técnico Ben Peeters no comando das categorias de base do clube e contratou o austríaco Ernst Happel para assumir a equipe principal. O treinador chegou com moral e um passado de muito sucesso no futebol holandês desde 1962, quando dirigiu o ADO Den Haag e conquistou a Copa da Holanda de 1967-1968. Happel encontrou em Roterdã uma base sólida e jogadores muito talentosos que formavam um esquadrão coeso, equilibrado e extremamente competitivo, além de ser difícil de ser derrotado e com várias opções para a construção de jogadas no meio de campo e no ataque. Nomes como Treytel, Romeijn, Laseroms, Israël e van Duivenbode (que era do Ajax, mas foi dispensado por Rinus Michels por “não ter qualidade para ser campeão”) formavam o sistema defensivo que seria a grande arma do time no campeonato nacional e em partidas eliminatórias. Do meio para frente, velocidade, visão de jogo e ótimas trocas de passes eram apenas algumas das características de Franz Hasil, Wim Jansen, van Hanegem, Wery, Kindvall e o driblador Moulijn.
Depois de esquematizar o time num 4-3-3 clássico e traçar a Liga dos Campeões como principal meta da temporada, Ernst Happel tentou, mas não conseguiu o título do Campeonato Holandês, que acabou ficando com o Ajax. Mesmo com o vice, a equipe ganhou destaque ao ter novamente a melhor defesa do torneio com apenas 22 gols sofridos em 34 jogos, dos quais 22 foram vencidos, 11 empatados e apenas um perdido. Sem a coroa nacional, era hora de o time lutar por um ainda inalcançável título europeu.
Ensinando o rival
Bem organizado e já com os objetivos traçados por seu comandante, o Feyenoord começou sua caminhada continental contra o fraquíssimo KR Reykjavík, da Islândia, e simplesmente humilhou o rival nos dois jogos: 12 a 2 (maior goleada na história da competição) e 4 a 0. A partida seguinte foi um teste de fogo: o Milan-ITA, então campeão da Europa e do mundo. No primeiro jogo, em Milão, vitória italiana por 1 a 0. Na volta, mais de 60 mil pessoas empurraram os alvirrubros, que venceram por 2 a 0 (gols de Jansen e van Hanegem) e conseguiram uma apoteótica classificação – e ainda por cima ensinaram ao Ajax como derrotar os italianos.
Nas quartas de final, a classificação veio após vitória por 2 a 1 no agregado sobre os alemães do Vorwärts Berlin. O último desafio antes da final foi o Legia Warsaw-POL, dos craques Gadocha e Deyna. Após um 0 a 0 no primeiro jogo, o Feyenoord voltou a mostrar força futebolística e também do seu alçapão e venceu os poloneses por 2 a 0 (gols de van Hanegem e Hasil). A Holanda estava pelo segundo ano seguido na final da Liga, dessa vez com os vermelhos e brancos de Roterdã. Era hora de apagar o vice do ano anterior e faturar uma taça inédita para o país.
Europa holandesa
A final da Liga dos Campeões de 1970, disputada no estádio San Siro, em Milão-ITA, colocou o Feyenoord de Ernst Happel contra o Celtic-ESC de Jock Stein. Era o futebol técnico, ofensivo e veloz dos holandeses contra a força, talento e precisão dos escoceses, campeões de 1967 e lutando pelo bi. O confronto era aberto e não tinha favorito, mas a mostra da inteligência tática de Happel ao frear completamente o meio de campo escocês com as atuações impecáveis de Hasil, van Hanegem e Jansen no encalço de Murdoch, Connely e Auld, colocou o Feyenoord em vantagem desde o início do jogo.
Mesmo com um gol sofrido aos 30´, o clube holandês igualou o placar apenas dois minutos depois com o zagueirão Israël. Os minutos se passaram, o gol teimou em não sair, e a partida foi para a prorrogação. Nela, o Feyenoord mostrou muita força de vontade e sangue frio para virar o jogo faltando quatro minutos para o fim com um belo gol marcado pelo sueco Kindvall. O placar de 2 a 1 permaneceu até o apito final e a equipe de Happel comemorou, pela primeira vez em sua história e na história do futebol holandês, um título da Liga dos Campeões da UEFA.
O Feyenoord conseguia naquela noite de 06 de maio de 1970 eclipsar as façanhas domésticas do rival Ajax e fazer o continente inteiro olhar com muito mais atenção para Roterdã, a capital europeia do futebol na temporada de 1969-1970. Na volta para casa, centenas de milhares de torcedores celebraram junto com seus heróis o título continental, com direito a trens especiais no caminho de volta de Milão à Roterdã e inúmeros fanáticos espalhados pelas ruas da cidade.
A brava e heroica conquista do mundo
Ainda em 1970, o Feyenoord disputou contra os temidos e selvagens argentinos do Estudiantes o título do Mundial Interclubes. A equipe de La Plata havia chocado o mundo em 1969 ao tirar sangue, literalmente, do Milan na decisão do torneio naquele ano após partidas extremamente ríspidas e cheias de jogadas violentas. Os argentinos foram derrotados e queriam recuperar o título que eles haviam conquistado apenas em 1968, contra o Manchester United-ING. No primeiro jogo, em La Bombonera, o Feyenoord sentiu a pressão inimiga e levou dois gols em apenas 12 minutos (marcados por Echecopar e Verón). Ainda no primeiro tempo, van Hanegem diminuiu para os holandeses e Kindvall, herói da conquista continental, empatou no segundo tempo. O resultado foi comemorado como uma vitória pela equipe europeia, que só precisaria de uma vitória simples em Roterdã para ficar com a taça.
Em 09 de setembro de 1970, o estádio De Kuip, em Roterdã, estava tomado por mais de 60 mil pessoas para a grande final do Mundial Interclubes. A partida seria complicadíssima para os holandeses, afinal, os argentinos não queriam desperdiçar a chance de ser bicampeões do mundo depois de uma viagem tão longa até a Holanda. O jogo, claro, foi tenso, mas o Feyenoord conseguiu sua glória com um gol do zagueiro van Daele, que chutou forte, rasteiro e de fora da área, aos 18´do segundo tempo. O estádio inteiro explodiu em alegria, bem como os irados nervos dos argentinos.
Logo após o gol, o zagueiro Malbernat correu em direção a van Daele e arrancou de seu rosto os óculos que ele utilizava (simples e sem as parafernálias e presilhas comuns nos anos 90, em especial no holandês Davids). Van Daele ficou sem reação e viu meio que embaçado seu objeto ser quebrado pelo rival. Malbernat teria dito a van Daele que ele “não era permitido jogar de óculos, pelo menos não na América do Sul”. A desculpa não colou e tampouco prejudicou o desempenho do Feyenoord, que segurou o placar até o fim e festejou a conquista inédita do Mundial Interclubes, inédita, também, para o futebol holandês. Restou ao Estudiantes voltar para casa com mais um vice na conta e a fama de mal perdedor ainda mais ressaltada. Os óculos de van Daele foram encontrados e viraram um requisitado artigo no museu do Feyenoord.
Reconquista holandesa e novo comandante
Depois do apogeu, o Feyenoord teve uma natural queda de rendimento a nível continental e não conseguiu repetir o sucesso de antes na Liga dos Campeões. A equipe caiu logo na estreia da competição após partidas sofríveis contra o UTA Arad-ROM (empate em 1 a 1, em casa, e 0 a 0, fora. Os romenos se classificaram pelo critério de gols marcados fora). No entanto, os alvirrubros de Roterdã aproveitaram a concentração do rival Ajax na Liga para faturar o Campeonato Holandês com 26 vitórias, cinco empates, três derrotas, 82 gols marcados e 25 sofridos. Ove Kindvall foi o artilheiro do torneio com 24 gols e a equipe mostrou força ao permanecer invicta contra os dois maiores rivais. Em casa, o Feyenoord empatou em 1 a 1 com o Ajax e venceu o PSV por 2 a 1. Fora, bateu o Ajax por 3 a 1 e o PSV por 3 a 2.
Na temporada 1971-1972, o Feyenoord deu pinta de que iria alcançar uma nova final europeia depois de destroçar os gregos do Olympiacos Nicosia na primeira fase da Liga com um incrível 17 a 0 no placar agregado (8 a 0 em casa e 9 a 0 fora) e após bater o Dinamo Bucareste-ROM por 5 a 0 no agregado. No entanto, os holandeses enfrentaram o Benfica-POR e não viram a cor da bola na partida de volta das quartas de final (a ida foi 1 a 0 para o Feyenoord) e perderam por 5 a 1 em Lisboa, dando adeus à competição e vendo o rival Ajax faturar o bicampeonato.
O time passou em branco naquela temporada e na seguinte, fato que levou o técnico Ernst Happel a se demitir do cargo por acreditar que a simetria entre ele e o elenco, bem como a disciplina, terem acabado. Para o lugar do austríaco a diretoria trouxe o holandês Wiel Coerver, um estudioso do esporte que ficaria conhecido como o “Albert Einstein do futebol” por fazer diversas análises de jogadores de talento e levar para campo o conceito que o aprendizado no futebol não é apenas “genético”, mas sim progressivo e capaz de ser ensinado de forma estruturada, dos fundamentos básicos de domínio de bola e passes até os ataques rápidos, dribles complexos e ataques em grupo.
Com toda essa filosofia, Coerver passou a aperfeiçoar cada vez mais as habilidades dos jogadores do Feyenoord e a ensiná-los como melhorar suas técnicas de chute, passes, dribles e conhecimento tático. Todos ficaram encantados com o jeito de trabalho do holandês e viam uma nova era de sucesso começar em Roterdã.
Nova taça nacional e apetite pela Europa
O trabalho de Coerver deu resultado logo de cara e levou o Feyenoord ao título do Campeonato Holandês da temporada 1973-1974. A equipe aprendeu bem rápido os ensinamentos de seu professor e teve, depois de muito tempo, o melhor ataque da competição com 96 gols marcados em 34 jogos (e apenas 28 gols sofridos). Os alvirrubros venceram 25 partidas, empataram seis e perderam apenas três. Paralelo à disputa do torneio nacional, o Feyenoord disputou a Copa da UEFA, torneio que jamais havia sido conquistado por um clube holandês. Sabendo disso, o técnico Coerver não menosprezou a competição e fez com que seus jogadores se dedicassem em ambas as competições.
Na primeira fase, o time bateu o Öster-SUE por 3 a 1 e 2 a 1. Em seguida, triunfo sobre o Gwardia Warszawa-POL por 3 a 2 no agregado, 3 a 3 no Standard Liège-BEL (a classificação veio graças ao gol marcado fora na derrota por 3 a 1 contra os belgas. Na volta, vitória holandesa por 2 a 0) e 4 a 2 no Ruch Chorzów-POL. Na semifinal, duelo equilibrado contra o Stuttgart-ALE. No primeiro jogo, em Roterdã, Brenninger abriu o placar para os alemães aos 24´do primeiro tempo, mas Schoenmaker virou para o Feyenoord aos 17´e aos 23´do segundo. A volta foi na VfB Arena, em Stuttgart, mas o time holandês não se intimidou e abriu 2 a 0 com gols de Ressel e Schoenmaker. Os alemães até empataram, mas o resultado de 2 a 2 colocou o Feyenoord na grande final da Copa.
A força de um campeão europeu
Naquela época, a Copa da UEFA era decidida em duas partidas, uma na casa de cada time. O Feyenoord iria começar a final fora de seus domínios, visitando o Tottenham Hotspur na Inglaterra. Mais de 46 mil pessoas estavam presentes no White Hart Lane, em Londres, para empurrar a trupe de Pat Jennings e Martin Peters rumo à vitória. Só que os ingleses tiveram pela frente não só o Feyenoord e seus talentosos jogadores, mas também a força de uma camisa que já tinha conquistado um título mundial e um europeu. Mike England abriu o placar para os Spurs aos 39´, mas van Hanegem empatou quatro minutos depois. No segundo tempo, van Daele fez contra e colocou os ingleses na frente, mas de Jong anotou mais um e sacramentou um ótimo empate para os holandeses.
Na volta, os pouco mais de 59 mil torcedores presentes em Roterdã viram uma partida irrepreensível do Feyenoord, que derrotou o Tottenham por 2 a 0 (gols de Rijsbergen e Ressel) e conquistou a inédita Copa da UEFA. O único fato negativo daquele jogo foi a baderna causada pelos hooligans ingleses, que armaram uma confusão nas arquibancadas após o jogo. Porém, o mais importante foi o triunfo histórico do Feyenoord, que voltou a deixar os rivais domésticos loucos de inveja ao levantar mais uma taça inédita para o futebol holandês. Ser torcedor do clube de Roterdã naquela época era fácil. E uma maravilha.
Seca, títulos esporádicos e lembranças eternas
Depois de conquistar praticamente tudo naquela primeira metade dos anos 70, o Feyenoord perdeu força no cenário nacional, viu suas estrelas envelhecerem e teve que esperar até 1984 para voltar a levantar uma taça do Campeonato Holandês. Depois disso, o clube teve alguns bons momentos nos anos 90 e um mágico 2002, quando conquistou, em casa, o bicampeonato da Copa da UEFA ao bater o Borussia Dortmund-ALE por 3 a 2 na final graças ao talento de Van Hooijdonk, Tomasson e Van Persie.
Depois disso, o clube só faturou uma Copa da Holanda em 2008 e vive momentos bem complicados, passando longe de brigar por títulos tanto em casa quanto fora dela. Enquanto a má fase não vai embora, a torcida vive das lembranças de uma época em que o Feyenoord era uma potência do futebol europeu e mundial, dono de uma das equipes mais organizadas e competitivas do planeta e responsável por transformar o futebol holandês em vencedor a nível internacional. Um esquadrão imortal.
Nota importante: o Imortais agradece a colaboração do leitor Koos Guis, holandês e torcedor do Feyenoord, que nos forneceu preciosas informações sobre este esquadrão imortal. Muito obrigado! 🙂
Os personagens:
Eddy Treytel: chegou ao Feyenoord em 1968 e só saiu mais de uma década depois. Era muito ágil, seguro e titular do gol da equipe em praticamente todos os jogos. Só não jogou a final da Liga dos Campeões de 1970 por estar em um mau momento e ser preterido por Ernst Happel. Ganhou quase tudo com o clube de Roterdã e foi ídolo da torcida.
Eddy Graafland: estava prestes a se aposentar quando teve a honra de jogar a final da Liga dos Campeões de 1970 pelo Feyenoord. Tinha grande presença física e jogou de 1958 até 1970 em Roterdã. Encerrou a carreira da melhor maneira possível: como campeão da Europa.
Piet Romeijn: jogou uma década no Feyenoord e deu muita força física ao excelente sistema defensivo do time naquele final de anos 60. Era implacável na marcação e demonstrava muita vontade em campo. Disputou mais de 250 partidas pelo clube.
Wim Rijsbergen: jogou de 1971 até 1978 em Roterdã e foi um dos principais defensores do futebol holandês no período. Foi convocado constantemente para a seleção da Holanda no período e teve papel fundamental no título holandês e da Copa da UEFA na temporada 1973-1974, marcando um gol na decisão contra o Tottenham.
Theo Laseroms: o “Tanque” formou, ao lado de Israël, uma das mais temidas e fortes duplas de zaga da história do futebol holandês em todos os tempos. Tinha ótima noção de posicionamento, era impecável na marcação e nas bolas aéreas e transmitia muita segurança à frente da defesa. Marcou época no Feyenoord e virou ídolo da torcida.
Joop van Daele: o zagueiro saiu do banco para entrar na história do Feyenoord ao marcar o gol do título mundial do clube em 1970, na tensa partida contra os argentinos do Estudiantes. Além de ter anotado o tento da vitória naquele jogo, van Daele ainda ganhou status de herói ao ter seus óculos quebrados pelos argentinos logo após o gol. O objeto virou peça de museu e o zagueiro um mito em Roterdã. Depois da conquista, o jogador virou titular e foi companheiro de Israël na zaga do time comandado por Wiel Coerver.
Rinus Israël: era um dos líderes do time e principal nome da defesa ao aliar técnica, força física e espírito vencedor. Costumava deixar a zaga para se aventurar no ataque, marcando vários gols. Tinha grande visão de jogo, dava bons lançamentos e se impunha perante os adversários, fato que lhe deu o apelido de Iron Rinus (Rinus de Ferro). Conquistou sete títulos pelo Feyenoord de 1966 até 1974 e marcou presença em 47 jogos pela seleção holandesa. Ídolo eterno da torcida.
Theo van Duivenbode: Rinus Michels dispensou o defensor em 1969 por acreditar que ele não tinha espírito de campeão. Pobre treinador… Theo van Duivenbode não só provou o contrário como foi um dos principais jogadores do Feyenoord na conquista da Liga dos Campeões de 1970, a taça que ele perdeu com a camisa do Ajax no ano anterior. Era muito bom nos passes e na marcação. Jogou de 1969 até 1973 no time de Roterdã.
Harry Vos: o lateral encerrou a carreira no Feyenoord jogando muito bem e sendo um dos principais jogadores nas conquistas de 1974 sob o comando do técnico Coerver. Dava ótimos lançamentos e suporte ao meio de campo pelo lado esquerdo com muita eficiência.
Franz Hasil: o meio campista austríaco formou, ao lado de Wim Jansen e Willem van Hanegem, o fabuloso trio criativo do Feyenoord naquela inesquecível temporada de 1969-1970. Foi um dos principais jogadores de seu tempo ao aliar técnica, precisão nos passes e ótima visão de jogo. Jogou de 1969 até 1973 no time de Roterdã.
Theo de Jong: com a saída de Hasil, o holandês assumiu a titularidade do meio de campo do Feyenoord em 1973 para se tornar um dos principais jogadores do time durante as conquistas do Campeonato Holandês e da Copa da UEFA de 1974. Fez o gol de empate no primeiro jogo da final contra o Tottenham e se notabilizou pelos gols marcados: foram mais de 60 em 163 jogos só na Eredivisie com a camisa do Feyenoord.
Wim Jansen: era um dos jogadores mais versáteis do Feyenoord, podendo jogar tanto como volante clássico quanto um meia armador de jogadas. Foi simplesmente o motor do time naqueles anos de ouro e um símbolo da era mais fantástica da história do Feyenoord. Foram mais de 15 anos vestindo a camisa do clube de Roterdã. Teve a honra de ser titular da incrível Holanda que disputou a Copa do Mundo de 1974.
Willem van Hanegem: outro membro da Laranja Mecânica de 1974 e de qualquer time dos sonhos do Feyenoord, van Hanegem foi um dos jogadores mais completos do futebol europeu em todos os tempos. Podia atacar, marcar, driblar e comandar o time com velocidade e talento tanto no ataque quanto na defesa. Tinha uma perna esquerda letal e precisa em cobranças de falta, lançamentos em profundidade e com efeitos fantásticos. Foi um dos maiores craques de seu tempo e referência máxima no esquema de jogo daquele Feyenoord imortal. Jogou de 1968 até 1976 na equipe e voltou para encerrar a carreira em Roterdã no ano de 1983.
Henk Wery: formou o ataque do Feyenoord naquele final de anos 60 ao lado de Kindvall e Moulijn. Marcou gols importantes e teve destaque no veloz esquema montado pelo técnico Ernst Happel.
Ruud Geels: foi um dos mais prolíficos atacantes do futebol holandês nos anos 70 e um dos principais do Feyenoord entre 1966 e 1970. Marcou seis gols na Liga dos Campeões de 1969-1970 e se tornou um dos destaques da campanha do título. Teve destaque em várias equipes do futebol europeu e foi quatro vezes seguidas o artilheiro do campeonato nacional entre 1975 e 1978 com a camisa do Ajax.
Peter Ressel: atacante muito habilidoso e rápido, Ressel foi um dos destaques do Feyenoord entre 1972 e 1975 e um dos heróis do título da Copa da UEFA de 1974, quando marcou o gol do título. Formou um trio de ataque inesquecível ao lado de Schoenmaker e Kristensen.
Ove Kindvall: no trio de ataque do Feyenoord naquele final de anos 60, cabia ao sueco Ove Kindvall o status de matador. E ele cumpriu à risca a função. Foram três artilharias da Eredivisie (1968, 28 gols; 1969, 30 gols; 1971, 24 gols), a artilharia do time na Liga dos Campeões de 1969-1970 (7 gols) e 129 gols em 144 jogos do Campeonato Holandês entre 1966 e 1971. Conquistou quase tudo com a camisa vermelha e branca do Feyenoord, fez o gol do título europeu de 1970 e se consagrou como um dos grandes atacantes de seu tempo com muita precisão nos chutes e ótimo posicionamento.
Lex Schoenmaker: o atacante holandês teve grandes atuações na reta final da campanha do título da Copa da UEFA de 1974, na qual foi artilheiro com 11 gols. Jogou quatro anos em Roterdã e manteve a sina de bons goleadores do time no período.
Coen Moulijn: tinha uma velocidade alucinante e imensa facilidade para o drible. De seus pés, nasceram dezenas de gols do Feyenoord entre 1955 e 1972, período de sua permanência no clube de Roterdã. Encantou os torcedores com seu futebol técnico e sempre ofensivo e virou uma lenda digna de estátua. Disputou mais de 500 partidas com a camisa do clube (sendo 487 pelo Campeonato Holandês) e é considerado por muitos como o melhor jogador da história do Feyenoord.
Jorgen Kristensen: como ponta ou meia, o dinamarquês dava show em campo com muita habilidade, técnica e visão de jogo. Foi um dos destaques da campanha do título da Copa da UEFA de 1974 e só não brilhou pela seleção dinamarquesa pelo fato de concorrer com vários outros jogadores na época, tais como Jensen, le Fevre, Rontved e Simonsen.
Ben Peeters, Ernst Happel e Wiel Coerver (Técnicos): o trio teve enorme destaque para a história do Feyenoord, mas Ernst Happel é, sem dúvida, a maior estrela pelo fato de conquistar as taças mais importantes do período (Mundial e Liga dos Campeões) e por dar ao clube uma competitivade enorme em qualquer torneio. Wiel Coerver inovou com suas táticas e treinamentos e também marcou época com as taças de 1974, além de dar ao ataque do time (totalmente reformulado) mais poder de fogo e precisão na hora de concluir.
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O Feyenoord foi o 1º e também o último Clube Holandês a conseguir um Título Internacional. E esse Feyenoord 1968-1974, um grande esquadrão que conseguia tirar títulos do maior esquadrão Europeu de todos os tempos.
Muito interessante esse post. Como eu pensava, o Feyenoord não era somente uma equipe competitiva, mas além disso, praticava um futebol estupendo. Aí que vemos a grandeza do Ajax ao ofuscar um pouco essa grande equipe.
A história dos óculos cada vez mais força a reputação do Estudiantes, o colocando, talvez, como um dos times mais carniceiros de todos os tempos.
Aproveitando o embalo, penso que seria muito interessante você falar mais sobre Van Hanegem. Assim, poderemos medir qual era realmente seu nível. Confesso que pelo pouco dito sobre ele, já pude perceber que é o suficiente pra despertar interesse.
Van Hanegem estará no Imortais em breve, Alexandre. Fique ligado e obrigado pelo comentário!