Por Guilherme Diniz
A rixa: fundado na virada do século XIX, o Olympique viu sua cidade-natal, Marselha, passar de importante centro portuário essencial para o comércio entre as colônias francesas a renegada diante da capital Paris, que década após década se transformou na cidade mais importante e dominante do país em todos os aspectos – sociais, políticos, econômicos e culturais. Essa “subordinação ao Norte” doeu demais no orgulho dos marselheses, que precisavam de outros campos para extravasar. Até que, nos anos 1970, um novo clube surgiu na Cidade-Luz: o Paris Saint-Germain. Era o Norte versus o Sul. E, com hegemonias consideráveis no futebol por ambas as partes no final dos anos 1980 e boa parte dos anos 1990, além de ásperos conflitos entre torcidas e muita pancadaria, o duelo entre parisienses e marselheses se transformou no maior clássico do país. E virou o Le Classique.
Quando começou: no dia 12 de dezembro de 1971, na vitória do Olympique sobre o PSG por 4 a 2.
Maior artilheiro: Zlatan Ibrahimovic (PSG) – 11 gols
Quem mais venceu: PSG – 50 vitórias (até abril / 2024). O Olympique venceu 34. Foram 23 empates.
Maiores goleadas: PSG 5×1 Olympique, 08 de janeiro de 1978
Olympique 1×5 PSG, 26 de fevereiro de 2017
Olympique 4×0 PSG, 28 de novembro de 1986
PSG 4×0 Olympique, 27 de novembro de 2019
PSG 4×0 Olympique, 24 de setembro de 2023
Por décadas, o Olympique duelou, na maioria das vezes, contra Saint-Étienne, Bordeaux e Stade de Reims pelos principais títulos do futebol francês. Era difícil fazer alguma parada na capital. Os Olympiens tinham orgulho de representar Marselha por todo país e mostrar que a cidade não era apenas forte economicamente, mas também esportivamente. Prova disso foram os títulos nacionais de 1928-1929, 1936-1937 e 1947-1948, além das Copas da França de 1923-1924, 1925-1926, 1926-1927, 1934-1935, 1937-1938, 1942-1943 e 1968-1969. Só que Paris começou a tomar o protagonismo para si em todos os âmbitos. Culturalmente. Economicamente. Socialmente. Só faltava o futebol. E, em agosto de 1970, o Paris FC e o Stade Saint-Germain se uniram para formar o Paris Saint-Germain, curiosamente nascido durante a temporada na qual o Olympique venceria outro campeonato francês.
Aquele novo rival seria a representação máxima da capital. E o oponente de Marselha. Os anos se passaram e a rivalidade foi crescendo até explodir de vez no final dos anos 1980, quando o PSG venceu seu primeiro título nacional e começou a duelar pelas principais taças do país com o OM, que não ficou atrás em termos de conquistas. O embate Norte x Sul, as questões ideológicas e a briga para ver quem é o mais vencedor sempre guiaram o Le Classique, que cresce a cada ano como um dos mais quentes da Europa e também do mundo. O sucesso de um é a raiva do outro. E a derrota de um é a alegria do outro. Sempre foi assim. E sempre será. É hora de conhecer essa história.
O rival agora vem da capital
Os ânimos dos marselheses em relação aos parisienses foram esquentando ao longo das décadas por conta da ascensão de Paris citada acima. A imagem de que o Sul era subordinado ao Norte ganhou força, e a dominação econômica da capital sobre as outras cidades, incluindo a segunda maior do país, Marselha, foi clara. Isso motivou inclusive a criação de um movimento separatista em Provença (onde fica Marselha) em prol da independência da região e criação de um novo país. Com o nascimento do PSG, em 1970, essa rivalidade ganhou um novo ingrediente. O primeiro duelo entre a dupla aconteceu um ano depois da fundação do PSG, em dezembro de 1971, no estádio Vélodrome. E os donos da casa venceram por 4 a 2, com dois gols do iugoslavo Josip Skoblar, artilheiro implacável que conseguiu a proeza de marcar 100 gols em seus 100 primeiros jogos pelo Olympique! Os marselheses confirmaram outro título francês na temporada 1971-1972 e não imaginavam na época que o novo clube pudesse interferir em sua hegemonia.
Mas, em 1975, a primeira mostra de que os duelos entre ambos seriam imprevisíveis aconteceu nas quartas de final da Copa da França. No primeiro jogo, em Marselha, o brasileiro Jairzinho e o francês Georges Bereta abriram 2 a 0 para os alvicelestes. Certo da vitória diante dos azarões da capital, o OM sentou no favoritismo e viu François M’Pelé marcar duas vezes e empatar o jogo. Ao término da partida, os torcedores do OM, revoltados com a arbitragem por causa da marcação de um pênalti, atacaram o ônibus dos jogadores do PSG, causando conflitos com a polícia – foi o primeiro registro de confusão da história do clássico. Na volta, no dia 13 de maio de 1975, o PSG venceu os sulistas pela primeira vez em um jogo que acendeu o pavio da rivalidade. Com gols de Floch e Laposte, os parisienses fizeram 2 a 0 e eliminaram os marselheses da competição. Para piorar, os brasileiros Paulo Cézar Caju e Jairzinho foram acusados de agredir o árbitro e levaram uma suspensão de dois anos, decretando o fim da passagem dos jogadores pelo OM!
Três anos depois, o PSG conseguiu uma vitória histórica sobre o rival: 5 a 1, em partida disputada no Parque dos Príncipes, em 08 de janeiro de 1978, jogo que marcou a despedida do presidente Daniel Hechter do clube, após acusações de corrupção. Designer de moda de sucesso e um dos pioneiros do prêt-à-porter, Hechter foi o principal acionista do PSG naquele começo de anos 1970, presidente entre 1974 e 1978 e, claro, desenhou algumas camisas do clube. Naquela goleada, o capitão do PSG, Mustapha Dahleb, chegou a subir as tribunas do estádio e deu a bola do jogo ao (ex) mandatário parisiense. No ano seguinte, o PSG venceu outro jogo repleto de gols: 4 a 3, com o gol da vitória anotado por Carlos Bianchi (aquele mesmo, que virou o Mago da América…). Foi a partida com maior número de gols da história do confronto.
A rivalidade ganha o mundo
Após os expressivos resultados do final dos anos 1970, o PSG não demorou muito para alcançar suas primeiras glórias. Nas temporadas 1981-1982 e 1982-1983, os parisienses faturaram duas Copas da França e provaram de vez que queriam ser do pelotão de elite do futebol do país. Aquele período contrastou com a seca de troféus do OM, que só voltaria a flertar com taças no final da década. A virada dos marselheses aconteceu exatamente em 1986, ano do primeiro título francês do PSG, quando Bernard Tapie assumiu o comando do Olympique. Audacioso homem de negócios e especialista em salvar companhias economicamente – entre elas a Adidas -, ele catapultou de vez o Olympique ao topo não só da França, mas também do continente.
Contratando grandes nomes e formando um time competitivo, Tapie fez do OM tetracampeão francês, campeão da Copa da França em 1988-1989 e campeão da Liga dos Campeões da UEFA em 1992-1993, troféu que fez a torcida do Olympique criar o bordão “Sempre os Primeiros”, pelo fato de o clube ter sido o primeiro clube francês a levantar o maior troféu do futebol europeu. Um escândalo de manipulação de resultados evitou o pentacampeonato francês dos marselheses com a cassação do título de 1992-1993, mas ainda assim aquele esquadrão entrou para a história. Afinal, entre 1988 e 1993, a equipe sulista teve nomes como Barthez, Amoros, Angloma, Desailly, Mozer, Deschamps, Völler, Cantona, Abedi Pelé, Jean-Pierre Papin, Boksic e Francescoli. Leia mais clicando aqui!
Durante aqueles anos, o Olympique colecionou grandes resultados sobre o PSG e deu o troco nos rivais. Em novembro de 1986, a primeira grande goleada: 4 a 0, no Vélodrome, carimbando a faixa do então campeão nacional. Três anos depois, em maio de 1989, o jejum de 17 anos sem títulos na Ligue 1 do Olympique foi quebrado graças justamente a um triunfo histórico contra o PSG. Faltando três rodadas para o fim e com ambos no topo, a partida era praticamente uma final antecipada.
Jogando em casa, o Olympique contou com o apoio maciço de sua torcida e também nervos à flor da pele após o presidente do PSG, Francis Borelli, acusar Bernard Tapie de arranjar partidas a favor do OM. Em campo, o placar seguiu 0 a 0 até os segundos finais quando Franck Sauzée acertou um chute de longe que surpreendeu o goleiro Joël Bats, decretando a vitória por 1 a 0 e, nas rodadas finais, o título dos marselheses, que terminaram com apenas três pontos à frente dos rivais.
Em 1991, com a torcida sem paciência com o presidente Borelli, o clube passando por dificuldades e sem conseguir vencer o rival desde o ano anterior, foi aprovada a venda do PSG para o Canal +, que assumiu o controle societário do clube e passou a investir em grandes contratações para fazer do PSG reconhecido além da França. A primeira iniciativa foi buscar um técnico experiente que havia conseguido oito grandes títulos – incluindo uma Liga dos Campeões da UEFA – com o FC Porto: o português Artur Jorge. Depois dele, era preciso contratar bons jogadores para compor um elenco que pudesse brigar por títulos. E o Canal + foi buscar o goleiro Lama, os defensores Alain Roche e Paul Le Guen, o lateral Colleter, o meio-campista Guérin, o atacante e meia David Ginola, os brasileiros Ricardo Gomes, para a zaga, e Valdo, para o meio de campo, e, pouco tempo depois, o atacante George Weah, craque liberiano que já despontava como uma estrela após grandes partidas pelo Monaco.
Tão popular na mídia quanto o Olympique, o PSG passou a encarar o duelo contra os marselheses como o jogo da temporada. E a rivalidade chegou ao estopim em 18 de dezembro de 1992, no Parque dos Príncipes, em um duelo que ficou conhecido como o “açougue de 1992” (!). Do lado parisiense, o técnico Artur Jorge disse que seus jogadores iriam “caminhar sobre os rivais”, enquanto o meia Ginola prometeu “guerra ao OM”. Do lado sulista, o presidente Bernard Tapie comprou dezenas de jornais com as provocações dos parisienses e espalhou todos eles nos vestiários, para enervar os jogadores. Como não poderia deixar de ser, a partida foi uma pancadaria geral com mais de 50 faltas (!), jogadas ríspidas e até uma agressão do Olympien Di Meco contra o parisiense Colleter. Apesar de toda a selvageria, houve um gol: Boksic fez o tento da vitória por 1 a 0 do OM. Aquele jogo foi, de fato, um divisor de águas. Por mais que já existisse a rivalidade, ele serviu para consolidar de vez toda a ira que Marselha sentia de Paris e vice e versa.
Meses depois, o OM venceu o PSG mais uma vez (3 a 1), apenas três dias após ser campeão da Europa, resultado que seria fundamental para garantir outro título nacional ao Olympique – e que transformou Marselha, uma cidade já em festa, na terra do carnaval. No entanto, o caneco francês de 1993 dos marselheses foi cassado, em história que você pode ler aqui. Curiosamente, ali terminou a era de ouro do OM e começou a do PSG, que levantou o campeonato francês de 1993-1994, três Copas da França, duas Copas da Liga Francesa, duas Supercopas da França e uma Recopa da UEFA, até hoje o maior título continental dos parisienses e que colocou o PSG ao lado do Olympique como um dos dois clubes da França com títulos continentais em suas galerias.
Após ser rebaixado por conta do escândalo de 1993, o Olympique retornou na temporada 1996-1997 à Ligue 1. E matou a “saudades” de vencer o rival. Aconteceu em novembro de 1997, quando Laurent Blanc converteu um pênalti “encenado” por Fabrizio Ravanelli e deu a vitória por 2 a 1 em pleno Parque dos Príncipes aos marselheses. A torcida parisiense ficou revoltadíssima com o árbitro e, claro, com o atacante italiano, que aumentou ainda mais sua adoração por parte da torcida do OM.
O troco veio em 1999, no triunfo por 2 a 1 do PSG sobre o OM, em Paris, com uma atmosfera elétrica antes, durante e depois da partida. Para se ter uma ideia, alguns torcedores conseguiram invadir o gramado do estádio e trocaram sopapos antes mesmo de a bola rolar! Foi a primeira vitória do PSG sobre o rival em uma partida da Ligue 1 após 9 anos – a última datava de abril de 1990. Após o jogo, houve confronto nas ruas de Paris e ataques a ônibus no 15º arrondissement. Naquela temporada, os parisienses ainda fizeram festa com uma derrota do time na última rodada, quando o Bordeaux bateu o PSG em Paris sob os cânticos da torcida para “entregar”, afinal, o OM brigava pelo título. Com a vitória, o Bordeaux foi campeão e os parisienses vibraram junto com os girondinos.
Século XXI: muitas brigas e decisões
A virada do século não mudou em nada a relação dos clubes. Pior: o duelo ficou ainda mais tenso. Em fevereiro de 2000, na goleada de 4 a 1 do OM sobre o PSG em Marselha, o árbitro do jogo teve que mostrar oito cartões amarelos e dois vermelhos diretos por conta da intensidade das faltas. No lance mais hostil do jogo, Laurent Leroy, do PSG, reagiu a uma falta dura sofrida por Jérôme Leroy, do OM, com um chute. Eles continuaram brigando e foram expulsos. Meses depois, em outubro do mesmo ano, torcedores do PSG arremessaram um assento do estádio Parque dos Príncipes contra a torcida do OM. O objeto acabou atingindo um jovem de apenas 18 anos, que ficou paraplégico.
Em 2002 e 2003, o PSG voltou a vencer o clássico com dois triunfos categóricos por 3 a 0, tanto em casa quanto fora, ambos com shows do brasileiro Ronaldinho, que marcou dois gols em Paris e um em Marselha. O triunfo no sul em 2003 foi o primeiro do PSG no Vélodrome desde 1988 e com a maior margem de gols até aquele momento.
Em novembro de 2004, na vitória do PSG por 2 a 1 sobre o OM, em Paris, mais hostilidade da torcida quando Sylvain Armand, do PSG, foi expulso após falta ríspida em Fiorèse – que havia se transferido do PSG para o OM, “traição” que aumentou ainda mais a hostilidade. Com isso, sempre que Fiorèse ia cobrar um escanteio, a polícia tinha que escoltá-lo com escudos para evitar que objetos e todo o tipo de coisa caísse sobre o jogador marselhês. Três dias depois, o PSG venceu mais uma vez os rivais (3 a 2) e completou oito vitórias seguidas sobre os Olympiens, série conhecida pela torcida parisiense como “Le Grand Huit” (O Grande Oito).
A sequência vitoriosa foi quebrada em outubro de 2005, quando o OM venceu por 1 a 0, em casa, um duelo marcado pelo “estranho” cheiro de amônia que acometeu os vestiários do PSG duas horas antes da partida e obrigou o time da capital a se preparar fora dele. Os parisienses reclamaram bastante e pediram explicações sobre o ocorrido, mas ouviram uma resposta bem direta do presidente do Olympique, Pape Diouf, após o jogo: “eles precisam aprender a aceitar a derrota”…
Com o aumento da hostilidade, a prefeitura da capital francesa teve que aumentar de maneira considerável o policiamento em dias de clássico. E a quantidade de assentos destinados a torcida visitante no Parque dos Príncipes foi reduzida para evitar conflitos maiores, algo que gerou protestos dos marselheses antes de uma partida em 05 de março de 2006, motivando o presidente dos sulistas a enviar para o jogo uma equipe reserva que disputava a quarta divisão. Quem esperava uma goleada do PSG, porém, viu um heroico empate de 0 a 0 arrancado pelos jovens marselheses, que foram recebidos como campeões na volta para casa, no jogo que ficou conhecido como “o clássico dos garotos”.
Mas, naquele ano, aconteceu a tão esperada primeira final entre a dupla: na Copa da França de 2006, em um Stade de France tomado por quase 80 mil pessoas. A ânsia do Olympique de acabar com o jejum de títulos que perdurava desde 1993 era enorme, mas o PSG aproveitou a oportunidade para consolidar sua boa fase. Com gols de Kalou e Dhorasoo, os parisienses venceram por 2 a 1 e conquistaram o título no primeiro Le Classique decisivo de toda a história.
No final da primeira década dos anos 2000, o OM voltou a vibrar com as conquistas da Ligue 1 e da Copa da Liga Francesa de 2009-2010, encerrando de vez o interminável jejum de quase 20 anos sem títulos. Na campanha do título francês, os marselheses venceram os rivais em ambos os turnos: 1 a 0, em casa, e 3 a 0 em plena capital, na maior vitória do Olympique dentro do Parque dos Príncipes em toda a história. Neste jogo, porém, aconteceu uma grave briga entre organizadas do próprio PSG que ocupavam as arquibancadas Boulogne e Auteuil. Cerca de 15 pessoas foram presas e uma acabou morrendo. Ainda em 2010, o OM venceu a final da Supercopa da França sobre o rival após empate sem gols no tempo normal e vitória nos pênaltis por 5 a 4, em clássico disputado na Tunísia diante de quase 60 mil torcedores.
Hegemonia parisiense
Em 2011, o PSG foi adquirido pelo Qatar Sports Investments, negociação que mudou para sempre o clube. Com muito dinheiro disponível e o projeto de se tornar uma potência mundial, o clube começou a contratar os mais diversos jogadores sem poupar esforços. E essa mudança provocou uma enorme disparidade no clássico. Embora tenha perdido o primeiro duelo na “era catariana” por 3 a 0, em novembro de 2011, o PSG iniciou uma série de 20 jogos sem uma única derrota para o OM. Isso mesmo. De abril de 2012 até setembro de 2020, foram quase nove anos de alegrias para os parisienses e muito sofrimento do lado alviceleste.
Para piorar, o PSG acumulou goleadas marcantes, como o 4 a 2 na final da Copa da França de 2016 (com dois gols do artilheiro do clássico, o sueco Ibrahimovic), em duelo mais uma vez marcado por brigas entre os arruaceiros dos dois clubes, com 30 pessoas presas; os 5 a 1 em pleno Vélodrome de 26 de fevereiro de 2017; e os 4 a 0 de 27 de outubro de 2019, com dois gols de Icardi e dois de Mbappé. No quesito títulos, a diferença entre os rivais ficou abissal entre 2011 e 2020: o PSG venceu 7 Campeonatos Franceses (todos de maneira consecutiva), 5 Copas da França, 6 Copas da Liga Francesa e 7 Supercopas da França. Já o Olympique venceu apenas duas Copas da Liga Francesa e uma Supercopa da França.
Em compensação, no ano de 2020, a torcida do Olympique fez uma festa absurda pelas ruas de Marselha sem seu time sequer entrar em campo. Motivo? A vitória do Bayern München-ALE sobre o PSG na decisão da Liga dos Campeões da UEFA, resultado que manteve o OM como único clube francês campeão da maior competição de clubes do continente! Foi uma verdadeira loucura que a polícia não conseguiu conter e que nem a pandemia da COVID-19 impediu. O jogador do Olympique, Dimitri Payet, publicou inclusive uma criativa provocação em sua rede social. Dias antes da final, a prefeitura de Marselha chegou até a proibir camisas do PSG pelas ruas, mas voltou atrás e pediu moderação aos possíveis torcedores do clube parisiense que estivessem por lá – no fim, eles nem deram as caras… rsrsrs.
Aquela festa do Olympique diante da desgraça do rival somada à provocação de Payet em sua rede social que você viu acima refletiram no primeiro encontro da dupla pelo Campeonato Francês de 2020-2021, em 13 de setembro de 2020. Jogando em Paris, os times fizeram um jogo tão violento quanto os dos anos 1990. Foram 19 cartões e cinco expulsões (recorde no Campeonato Francês neste século XXI), trocas de farpas entre jogadores e ainda uma tensa discussão entre o brasileiro Neymar e o espanhol Álvaro González, com o brasileiro acusando o rival de racismo. Ambos estavam entre os expulsos e a federação francesa acabou arquivando a acusação por falta de provas na “Batalha de Paris”, como ficou conhecido esse clássico.
Com um enredo digno de filme, Paris Saint-Germain e Olympique de Marselha seguem em um dos mais hostis climas de rivalidade do planeta neste século, não deixando em nada a desejar para outros grandes clássicos do futebol. E, no que depender dos titãs de Paris e Marselha, essa briga Norte x Sul não tem data para acabar…
Curiosidades
- A partida com maior número de gols aconteceu em 07 de abril de 1979: 7 tentos, no PSG 4×3 Olympique;
- A maior série invicta da história do clássico pertence ao PSG: foram 20 jogos sem perder para o rival entre 08 de abril de 2012 e 13 de setembro de 2020. Nesse período, o PSG venceu 10 jogos seguidos (entre outubro de 2012 e maio de 2016);
- A maior série invicta do Olympique foi entre 08 de setembro de 1990 até 11 de abril de 1995, com 9 jogos (seis vitórias e três empates) sem derrotas para os parisienses. Contando apenas jogos pelo Campeonato Francês, foram 13 partidas sem derrotas, entre setembro de 1990 e novembro de 1998;
- O maior público em um clássico na história aconteceu em 21 de maio de 2016, na final da Copa da França daquele ano, disputada no Stade de France, em Saint-Denis, com 80 mil pessoas;
- Até então, o maior público em um clássico havia sido em 26 de fevereiro de 2017, no Vélodrome, em Marselha: 65.252 pessoas presenciaram a sapecada de 5 a 1 do PSG sobre o rival pelo Campeonato Francês daquele ano;
- Em 2015, uma pesquisa do Instituto Kantar apontou o Olympique como o dono da maior torcida da França, com 13% da preferência, enquanto o PSG ficou na segunda colocação com 12%. Em 2019, outra pesquisa, realizada pela liga de futebol profissional do país, mostrou o PSG como líder, com 22%, seguido do Olympique, com 20% da preferência. Pesou bastante, claro, a popularidade do clube da capital conquistada entre os mais jovens, além dos títulos e contratações de atletas famosos do futebol mundial pós-2011;
- O goleiro Steve Mandanda (Olympique), é o recordista em clássicos disputados na história: 28 partidas. A segunda colocação é do defensor Sylvain Armand (PSG), com 18 jogos;
- Ángel Di María (PSG) é o recordista em passes para gols na história do Le Classique: seis assistências;
- Acredite se quiser: nunca um jogador anotou um hat-trick em toda a história do Le Classique (Ce n’est pas possible!);
- Apenas dois jogadores jogaram pelos dois clubes e marcaram gols por ambos: o senegalês Boubacar Sarr e o argentino Gabriel Heinze;
- Em 11 de abril de 1995, 146 pessoas foram presas e nove policiais hospitalizados por causa de confrontos entre torcidas;
- Os torcedores do Olympique ficaram quatro anos sem poder visitar o Parque dos Príncipes, entre 2014 e 2018. Quando foram permitidos, em fevereiro de 2018, quebraram 137 assentos do estádio e vandalizaram os banheiros…
- Mesmo com tanta violência e problemas, apenas uma vez um clássico teve que ser cancelado: em março de 2020, por conta da paralisação do Campeonato Francês em decorrência da pandemia da COVID-19. Como o torneio foi encerrado sem a disputa das partidas que restavam, o duelo nunca aconteceu.
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PSG vs Olympique de Marseille, Norte vs Sul… Realmente, um não vive sem o outro. As rivalidades são muito fortes no futebol e não poderia faltar na França, que é um dos países mais notáveis e icônicos no mundo futebolístico. Vive Le Classique!
Gosto muito desse site porque é muito bom para pesquisar sobre futebol. Tem sempre um bom texto atrás do outro. Adoro o site e o esporte! Mas quero dá um sugestão: deveria ter mais algum grande clássico entre seleções. Brasil VS Argentina foi ótimo, mas ainda tem muita rivalidade entre seleções que o Imortais pode checar. Abraço, Guilherme! E sempre de olho!
Muito obrigado pelo prestígio, Miguel! Verdade, preciso fazer mais sobre os clássicos entre seleções. Vou dar prioridade! 😀