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Julio Iglesias – Do gol aos palcos

Foto: Divulgação / Acervo Marca.
 

Por Guilherme Diniz

 

Julio Iglesias, um dos maiores cantores de todos os tempos e que já vendeu mais de 300 milhões de discos na carreira, completou 80 anos neste mês de setembro. Que ele é talentosíssimo e uma personalidade ímpar, isso todos sabem. Mas você sabia que ele queria ser futebolista e jogou no Real Madrid? Pois é! Nascido na capital espanhola em 23 de setembro de 1943, Julio José Iglesias de la Cueva foi o primogênito de Julio Iglesias Puga e María del Rosario de la Cueva y Perignat. Torcedor do Real Madrid desde pequeno, Iglesias teve o privilégio de ver de perto os tempos de ouro do clube nos anos 1950, época dos cinco títulos consecutivos na Copa dos Campeões da Europa (atual UCL) e de craques como Di Stéfano, Gento, Santamaría, Kopa, Puskás e companhia. 

 

Em 1959, ano do 4º troféu continental merengue, Iglesias, com 16 anos, iniciou sua trajetória nas categorias de base do Real Madrid com o sonho de ser goleiro. Ele começou a jogar no time B do clube – conhecido como Castilla – e atuou ao lado de nomes que viriam a ser constantes no Real na década de 1960 como Manuel Velázquez, Ramón Grosso, Pedro de Felipe e Luis Costa. Dia após dia, Julio Iglesias foi conseguindo seu espaço e demonstrava personalidade no gol, coragem e boa colocação. Tinha 1,85m de altura, boa envergadura e arrojo. Julio “se sentia em casa” e adorava o ambiente do futebol, sua paixão. 

Além do futebol, Julio Iglesias conciliava os treinamentos com os estudos no curso de Direito da Universidade San Pablo CEU, universidade privada pertencente à Associação Católica de Propagandistas. Embora não fosse um goleiro fora de série, ele foi subindo de nível no Castilla e era presença certa na equipe principal dentro de alguns anos. Mas, em 1962, a vida do jovem iria mudar para sempre.

 

O acidente e a nova vida

Nos tempos de Real, no começo dos anos 1960 e antes do fatídico acidente.

 

Pouco após completar 20 anos, Julio Iglesias se envolveu em um trágico acidente de carro com os amigos. A colisão esmagou a coluna vertebral de Iglesias e suas pernas ficaram, naquele momento, permanentemente enfraquecidas. Ele ficou um ano e meio sem poder andar e se submeteu a intensas terapias para recuperar o movimento das pernas. Nesse período, o Real Madrid prestou todo o apoio ao jovem, que teve sua carteirinha de futebolista mantida até 1964, quando o registro foi oficialmente cancelado. Internado, Julio Iglesias sabia que não poderia voltar a jogar profissionalmente. E, para passar o tempo, começou a escrever poemas que serviriam como base de suas primeiras canções do álbum “Yo Canto…”, de 1969.

Certa vez, o enfermeiro Eladio Magdaleno (conhecido de Iglesias da faculdade) deu um violão a Julio para que ele pudesse recuperar também os movimentos plenos das mãos e tivesse um companheiro para aquele período de solidão. Iglesias aprendeu a tocar o instrumento e descobriu seu dom. Após sair do hospital, estudou idiomas por três meses em uma escola em Cambridge (Reino Unido) e terminou o curso de Direito na Universidade Complutense de Madri. 

Aos gramados, não pôde retornar, pois seguiu com alguns problemas de equilíbrio que iriam lhe acompanhar por toda vida, principalmente quando se levanta da cama ou de uma cadeira, mas tal adversidade jamais foi empecilho para Iglesias. “A música foi a maneira que eu encontrei para curar meu físico e meu emocional”, disse Iglesias certa vez, em entrevista ao site La Higuera (ESP). E foi ela que fez Iglesias se transformar em um dos maiores artistas do século XX, em ícone de seu país e um torcedor símbolo, claro, do Real Madrid. Se Iglesias teria tido sucesso no gol? Isso nunca saberemos, embora ele tenha dito que “tinha mais coragem e atitude do que talento”. Bem, talento ele sempre teve. Nasceu com ele. E, assim, viveu e vive como a letra de seu primeiro sucesso, “La vida sigue igual”

 

Siempre hay porque vivir

Porque luchar

Siempre hay por quien sufrir

Y a quien amar 

Al final las obras quedan

Las gentes se van

Otros que vienen las continuaran

La vida sigue igual

 

Parabéns, Julio Iglesias! 🙂

Divulgação

 

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