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Jogos Eternos – Fluminense 5×1 River Plate 2023

Foto: AFP.
Cano: 3 gols e uma atuação de gala. Foto: Mauro Pimentel / AFP via Getty Images.

 

Data: 02 de maio de 2023

O que estava em jogo: a vitória, claro, e três pontos cruciais na fase de grupos da Copa Libertadores da América de 2023.

Local: Estádio Jornalista Mário Filho (Maracanã), Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

Árbitro: Esteban Ostojich (URU)

Público: 62.505 pessoas

Os Times:

Fluminense Football Club: Fábio; Samuel Xavier, Felipe Melo (Vitor Mendes), Nino e Marcelo (John Kennedy); Alexsander e André; Ganso; Arias, Cano (Lelê) e Keno (Lima). Técnico: Fernando Diniz.

Club Atlético River Plate: Armani; Herrera, González Pirez, Mammana (Solari) e Casco; Enzo Pérez (Palavecino), De La Cruz (Paradela) e Aliendro; Nacho Fernández (Robert Rojas), Beltrán (Santiago Simón) e Barco. Técnico: Martín Demichelis.

Placar: Fluminense 5×1 River Plate (Gols: Cano-FLU, aos 29’ e Beltrán-RIV, aos 39’ do 1º T; Cano-FLU, aos 7’ e aos 41’, e Arias-FLU, aos 30’ e aos 45’ + 1’ do 2º T).

 

“A noite da Máquina Tricolor – versão século XXI”

 

Por Guilherme Diniz

 

Nos anos 1970, o Fluminense encantou plateias no Brasil e na Europa com um esquadrão lendário que ficou conhecido como Máquina Tricolor. Embora não tenha vencido o Brasileirão, aquele time reuniu craques da mais alta estirpe e apresentou um futebol exuberante, plástico, inesquecível. Com lendas como Renato, Carlos Alberto Pintinho, Rubens Galaxe, Rodrigues Neto, Gil, Doval, Dirceu, Carlos Alberto Torres e o piloto da máquina, Rivellino, aquele Flu é cultuado até hoje como um dos maiores esquadrões da história do esporte nacional. E, quase 50 anos depois, na noite do dia 02 de maio de 2023, um desavisado que chegasse ao Maracanã e visse o placar apontando uma goleada tricolor pra cima do todo-poderoso River Plate poderia imaginar que a Máquina havia aparecido por ali, como num revival. Só que os personagens eram outros. O cenário era outro. Mas a essência era a mesma. 

Com voracidade, toques rápidos e golaços, o Fluminense apresentou ao seu torcedor a versão moderna da Máquina. A equipe comandada por Fernando Diniz trouxe os elementos dos anos 1970, acrescentou alguns ingredientes e impôs ao River sua maior derrota na história da Libertadores. Mais do que isso, o clube argentino levou pela primeira vez cinco gols em um só jogo de um torneio da Conmebol. Uma noite de gala de Cano, autor de três gols. De Arias, com dois. De Ganso, o maestro que não se cansa de dar passes perfeitos. De André, o que solta e prende no meio de campo. De Fábio, absoluto e que se tornou o brasileiro com mais jogos em Libertadores – 90 partidas – na carreira exatamente naquela noite. E de Fernando Diniz, mentor de um time que arrancou aplausos no Maracanã, em Buenos Aires e de todos os amantes do futebol bem jogado. É hora de relembrar.

 

Pré-jogo

Maracanã lotado no dia do jogo. Foto: Leonardo Brasil / Fluminense FC.

 

Depois de alcançar a 3ª colocação no Campeonato Brasileiro de 2022 e ter o artilheiro do torneio, Germán Cano, com 26 gols, o Fluminense sabia que a temporada de 2023 seria essencial para confirmar a boa fase do time dentro e fora de campo. Sabendo de suas limitações financeiras, o clube manteve a base do ano anterior e os jovens talentos de suas douradas categorias de base e iniciou a época de 2023 disposta a vencer o que fosse possível. E, como combustível para as grandes competições, o tricolor levantou o caneco do Campeonato Carioca de maneira categórica ao golear o rival Flamengo na decisão por 4 a 1, com dois gols de Cano, um de Marcelo (de volta ao clube que o revelou) e Alexsander, cria de Xerém. Foi o primeiro troféu de expressão do técnico Fernando Diniz, que há muito tempo perseguia uma taça e batia na trave.

Com o retorno de Marcelo (à esq.), Flu venceu o título carioca de 2023 em cima do rival com uma goleada de 4 a 1. Foto: Armando Paiva / Lance.

 

Adepto do futebol ofensivo, do toque de bola e do espetáculo, o treinador virou manchete até no jornal The New York Times, quando o jornalista Rory Smith escreveu uma coluna intitulada “Broken Systems” (Sistemas Quebrados), citando “uma queda técnica de equipes que priorizam a ocupação de espaços, como exemplo o Liverpool e o Manchester City, ambos da Inglaterra”. E diz que “o futuro parece pertencer às equipes e treinadores que estão dispostos a ser um pouco mais flexíveis e veem seu papel como uma plataforma na qual seus jogadores podem improvisar”. Como exemplo, Smith destacou o Real Madrid, da Espanha, e os técnicos Luciano Spalletti, do Napoli, da Itália, e o brasileiro Fernando Diniz, do Fluminense. Smith escreveu:

 

“Diniz, como Spalletti, não acredita em atribuir posições ou papéis específicos aos seus jogadores, mas em permitir que eles se troquem à vontade, para responder às exigências do jogo. Ele não se preocupa com o controle de áreas específicas do campo. A única zona que interessa a ele, e ao seu time, é aquela perto da bola. Na sua visão, o futebol não é um jogo definido pela ocupação do espaço. Em vez disso, é centrado na bola: desde que seus jogadores estejam próximos a ela, a posição teórica em que jogam não importa nem um pouco. Eles não precisam se apegar a uma formação específica, a uma série de números codificados em suas cabeças”.

 

Fernando Diniz, técnico tricolor.

 

E, de fato, era isso mesmo. O Fluminense impunha seu jogo e controlava as ações como poucos, além de ter um volume de jogadas marcantes e criatividade plena de seus atletas, em especial Paulo Henrique Ganso, um virtuose como nos tempos de Santos – ou até superior – e que arrumava espaços para dar os passes que na maioria das vezes viravam gols pelos pés de Arias, Keno e, claro, Germán Cano, artilheiro da equipe na temporada e com média superior a um gol por partida. O tricolor começou sua caminhada na Libertadores em grande estilo ao vencer o Sporting Cristal-PER fora de casa por 3 a 1, com dois gols de Cano e um de Vitor Mendes. Na sequência, a equipe derrotou o The Strongest-BOL, em casa, por 1 a 0 (gol de Nino) e chegou à terceira rodada com a chance de se isolar na liderança em caso de vitória. Só que o adversário seria o grande titã do grupo: o River Plate, tetracampeão continental, um dos mais consistentes e temidos times da América do Sul nos últimos anos e com vários nomes já consagrados no clube como Armani, Casco, Enzo Pérez, De La Cruz e Nacho Fernández. 

Era o grande jogo do tricolor naquela etapa da Libertadores e a torcida esgotou os ingressos dias antes da partida, o que levou mais de 62 mil pessoas ao Maracanã. Pensando exclusivamente na partida, Diniz preferiu escalar um time misto na partida anterior ao duelo contra o River, pelo Brasileirão, contra o Fortaleza, e perdeu de 4 a 2, resultado que poderia ser ainda maior tamanha dominância do time cearense. Isso acabou gerando algumas dúvidas quanto ao rendimento do Flu para o duelo contra os argentinos, experientes e que sempre levam perigo em suas visitas aos clubes do Brasil. Por isso, não havia favorito e qualquer resultado era esperado. Mas, quando a bola rolou, a tal da igualdade iria ruir miseravelmente…

 

Primeiro tempo – Jogo quente e golaço

Nervos à flor da pele no começo do jogo. Foto: Thiago Ribeiro / AGIF

 

Os técnicos Fernando Diniz e Martín Demichelis levaram a campo seus melhores jogadores – embora Demichelis tivesse os desfalques do zagueiro Paulo Díaz e o lateral-direito Enzo Díaz – e apostaram, no plano tático, em situações parecidas, com quatro jogadores atrás, meio de campo mais povoado e atacantes pelas pontas. A diferença é que o Flu tinha dois volantes fixos – André e Alexsander – e um meia central – Ganso -, enquanto o River tinha três meio-campistas mais centralizados – Pérez, De La Cruz e Aliendro -, com dois meias pelas pontas – Nacho e Barco – e um centroavante – Beltrán. A partida começou sem espaços, quente, com faltas e o Flu tentando manter a bola sob seu domínio. Logo aos 2’, o torcedor tricolor levou um susto quando Germán Cano levou a pior em uma dividida com Enzo Pérez e sentiu bastante. Depois de quatro minutos de apreensão, o argentino se levantou e seguiu no jogo. 

Carrinho de Felipe Melo rendeu só cartão amarelo.

 

Até os 10’, o Flu foi todo ao ataque e teve algumas chances em bolas paradas, mas a zaga e o goleiro Armani afastaram os perigos em cruzamentos de Marcelo, aos 5’, e Ganso, aos 6’. Sem espaços, o Flu minguou um pouco e permitiu chegadas do River, que assustou aos 12’, em lance com De La Cruz interceptado por Nino, e aos 14’, quando Beltrán chutou da meia-esquerda e Fábio espalmou, na primeira grande e real chance do jogo. A resposta tricolor veio dois minutos depois, quando Ganso cobrou falta direta e obrigou Armani a espalmar e afastar o perigo. Um minuto depois, Barco chutou de fora da área e Fábio outra vez defendeu bem, no centro do gol. Com chances lá e cá, aos 26’, Felipe Melo chegou de carrinho em Nacho Fernández e levou o amarelo. O zagueiro tricolor ficou irado, mas na verdade foi até barato, pois um árbitro mais rígido poderia até expulsar o brasileiro. Porém, um minuto depois, o zagueiro González Pirez também foi amarelado e deixou os dois times em alerta. Era um momento crucial do jogo, no qual um gol poderia indicar o rumo. E, aos 29’, eis que o craque apareceu. Marcelo lançou na frente para Keno, que tocou para Cano. O argentino escapa da marcação, ajeita e chuta forte, sem chance alguma para Armani, e marca um golaço: 1 a 0. 

O Flu dominou as ações em praticamente todo o jogo, com o River levando perigo em momentos pontuais. Expulsão de Pirez acabou prejudicando bastante o time argentino, que ficou com muitos espaços na zaga.

 

O Maracanã cantou ainda mais alto. A torcida, em êxtase, inflou seu time em busca de mais. O River tentou permanecer mais com a bola, mas não conseguia criar chances claras. Até que, aos 39′, Arias não foi bem na disputa de bola com De La Cruz, que cruzou rasteiro para Beltrán finalizar no alto do gol, sem chances para Fábio: 1 a 1. O River estava vivo. E, para piorar a situação tricolor, Keno, com dores, teve que ser substituído por Lima justo em um momento no qual o atacante estava bem. Aos 44’, Samuel Xavier lançou buscando Cano, mas o zagueiro González Pirez tocou de cabeça no meio do caminho e facilitou para Armani, que defendeu. Após os acréscimos, o primeiro tempo terminou com o Flu mais presente no ataque, mas pecando um pouco nas finalizações e encontrando poucos espaços.

 

Segundo tempo – O despertar da Máquina

Cano marca seu segundo gol no jogo. Foto: Mailson Santana / Fluminense FC

 

As equipes voltaram sem alterações para a etapa complementar e o River tentou a virada nos primeiros seis minutos, mas o setor defensivo do Flu conseguiu neutralizar bem com André, Felipe Melo e Ganso. E, falando em Ganso, foi o meia quem arquitetou a jogada do segundo gol tricolor, aos 8’. O camisa 10, com a bola dominada, esperou a chegada de Samuel Xavier pela direita e rolou com uma facilidade assombrosa, digna da camisa que vestia, digna de Rivellino. O lateral cruzou e Germán Cano, sozinho e muito bem posicionado, só empurrou para o gol: 2 a 1. Um gol pensado, detalhado. A torcida tricolor se inflou mais uma vez e o Flu seguiu ávido, respondendo aos cânticos com a bola dominada, no ataque, sem defensivismo, sem toques para o lado. Em busca do gol, da essência do futebol.

Ganso, maestro tricolor. Foto: Gazeta Press.

 

Arias começou a aparecer mais no jogo e passou a levar muito perigo à zaga do River, que se abria mais por conta da busca pelo empate. Entre os 14’ e os 16’, o Flu teve três grandes chances com Arias, Ganso e Cano, mas a bola não entrou por causa de Armani e do impedimento em um chute de Cano, após grande jogada de Ganso. Demichelis, em busca do resultado, mexeu duas vezes no time aos 17’, pensando em uma reviravolta principalmente no meio de campo, dominado pelo Fluminense com seu trio André, Alexsander e Ganso. O técnico tirou um zagueiro (Mammana) e colocou um atacante (Solari). O único zagueiro de ofício que permaneceu foi González Pirez, que compunha o trio defensivo com os improvisados Enzo Pérez (volante) e Milton Casco (lateral).

Mas, aos 22’, essa mudança tática de Demichelis pagou um preço quando Pirez levou o segundo amarelo e acabou expulso. Os jogadores do River ficaram revoltados e contestaram o critério do árbitro por conta do lance de Felipe Melo lá no primeiro tempo. Sabendo da situação do jogo e da possibilidade do uruguaio poder expulsar um atleta do Flu a qualquer momento, Felipe Melo sinalizou para o banco e pediu para sair, afinal, ele já tinha cartão amarelo. Diniz colocou Vitor Mendes no lugar do zagueiro, enquanto Demichelis tentou contornar a situação com a entrada de Rojas no lugar de Nacho, muito nervoso e cometendo faltas bobas. Só que, a partir dos 25’, o Flu ligou sua máquina. Passou a atacar e atacar o River. E começou um baile.

Abriu a porteira! Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

 

Aos 25’, Cano recebeu de Ganso na área, chutou cruzado e a bola bateu na trave de Armani. Aos 28’, Marcelo tentou passe em elevação para Arias, mas Casco se antecipou e cortou. E, aos 29’, Arias apareceu pela direita, tabelou com Alexander, que devolveu e o colombiano apareceu como um fantasma por entre a zaga para tocar e fazer 3 a 1. A vitória estava encaminhada. Mas o Flu queria mais. Ganso, aos 36’, recebeu livre dentro da área, cortou um marcador e tinha tudo para fazer um golaço, mas acabou chutando em cima da zaga. Na sequência, o goleiro Armani foi tirar satisfação com o camisa 10 brasileiro por causa do enfeite todo na jogada. Valente, o River tentava ao menos descontar, e teve grande chance aos 39’, em chute de Palavecino, mas Fábio, absoluto, defendeu. 

Foto: Buda Mendes / Getty Images.

 

Aos 41’, Arias tabelou com Lima pela direita e cruzou na área. A bola foi ao encontro do artilheiro Cano, que finalizou de primeira, sem deixar a bola cair, e fez o quarto gol, o terceiro dele: 4 a 1. O argentino era o primeiro atleta do Flu desde Thiago Neves, lá na fatídica, mas histórica, final da Libertadores de 2008 a marcar três gols pelo Flu em um jogo na competição continental. A torcida entrou em transe profundo após aquele gol. Cantava, cantava e cantava. Diniz aproveitou para descansar seus atletas, sacando Marcelo e Cano para as respectivas entradas de Lelê e Kennedy. Mas tinha mais. Aos 47’, Ganso cobrou falta rápida para Lelê, que tocou de primeira para Kennedy e este serviu também de primeira a Jhon Arias, que dominou no peito, avançou e chutou cruzado para não dar qualquer reação a Armani, parado no meio do gol e a bola lá no cantinho: 5 a 1. 

Arias deu show e marcou dois gols. Foto: Mailson Santana / Fluminense FC.

 

A história estava escrita. O Flu aplicava uma goleada impiedosa em cima do poderoso River, que levava pela primeira vez em uma competição da Conmebol cinco gols em um jogo. Era ainda a maior derrota do clube argentino desde os 4 a 0 para o Grêmio na Libertadores de 2002, pasmem, também em um dia 02 de maio e com Demichelis na zaga do River na época (!). Ao apito do árbitro, a torcida não arredou pé do Maracanã. Ficou ali, curtindo a goleada, o momento, entorpecida pelo espetáculo que seu time lhe presenteou. E, se deixassem, ficaria ali a noite toda, relembrando cada lance, cada drible, cada gol de um time que, por 90 minutos, fez o tricolor relembrar a Máquina dos anos 1970. E percebeu que ela ainda pode existir neste século XXI em versão turbo e modernizada. Um jogo para a eternidade.

 

Pós-jogo: o que aconteceu depois?

 

Fluminense: a aula tricolor provou ainda mais o poder do time para a temporada e que o clube é um dos favoritos ao título, principalmente pela ótima fase do elenco e do artilheiro Cano, que chegou após o duelo aos 23 gols em 21 jogos na temporada, o “Haaland da Libertadores” como disse a imprensa argentina. Na sequência, o tricolor conseguiu a vaga nas oitavas de final em primeiro lugar e despachou na fase final Argentinos Juniors, Olimpia e Internacional até alcançar a decisão, no Maracanã. Contra o Boca Juniors, o Flu venceu por 2 a 1 e garantiu seu primeiro título continental, confirmando a reedição da Máquina Tricolor. Leia mais clicando aqui!

 


River Plate: desorientados, os argentinos reconheceram a superioridade do rival e o técnico Demichelis atribuiu a derrota principalmente à expulsão de Pirez como determinante, mas disse que o Flu era o “melhor time brasileiro no momento”. A imprensa argentina também enalteceu o tricolor dizendo até que “saiu barato” o 5 a 1, pois caberia mais gols. A derrota deixou o River em estado de atenção, pois o time precisou se recuperar nos jogos seguintes para buscar a vaga na próxima fase. No returno do grupo, os millonarios somaram os pontos que precisavam – venceram, incusive, o Flu, por 2 a 0, no Monumental, e se classificaram em segundo lugar. Nas oitavas, o River enfrentou o Internacional e acabou eliminado nos pênaltis.

Foi um trator? Não, uma Máquina Tricolor mesmo… Foto: Sergio Moraes / Reuters.

 

 

 

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