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Esquadrão Imortal – Fortaleza 2018-2023

Em pé: Marcelo Boeck, Roger Carvalho, Patrick, Derley, Nathan, Paulo Roberto, Wellington Paulista, Juan Quintero, Tinga, Bruno Melo, Gabriel Dias e Felipe Alves. Agachados: Felipe Araruna, Romarinho, Matheus Alessandro, Carlinhos, Santiago Romero, Marcinho, Dodô, Marlon, Felipe, Osvaldo e Edinho.

 

 

Grandes feitos: Campeão do Campeonato Brasileiro – Série B (2018), Bicampeão da Copa do Nordeste (2019 e 2022 – Invicto), Pentacampeão do Campeonato Cearense (2019, 2020, 2021-Invicto, 2022-Invicto e 2023), Vice-campeão da Copa Sul-Americana (2023), 4º colocado no Campeonato Brasileiro (2021) e 12º colocado na Copa Libertadores da América (2022). Conquistou os mais expressivos resultados da história do clube.

Time-base: Marcelo Boeck (Felipe Alves / Fernando Miguel / João Ricardo); Tinga (Gabriel Dias / Yago Pikachu), Quintero (Jussani / Jackson / Benevenuto / Landázuri / Brítez), Roger Carvalho (Ligger / Paulão / Titi) e Carlinhos (Bruno Melo / Lucas Crispim / Bruno Pacheco); Felipe (Derley / Hércules / Calebe), Juninho (Araruna / Éderson / José Welison), Marlon (Osvaldo / Matheus Vargas / Lucas Lima / Matheus Jussa / Pochettino) e Dodô (Romarinho / Edinho / Ronald / Juninho Capixaba / Caio Alexandre); Wellington Paulista (Marcinho / Moisés / Silvio Romero / Pedro Rocha / David / Marinho / Guilherme) e Júnior Santos (Gustavo Henrique / Thiago Galhardo / Robson / Lucero). Técnicos: Rogério Ceni (2018-2019 e 2019-2020), Zé Ricardo (2019), Marcelo Chamusca (2020-2021), Enderson Moreira (2020-2021) e Juan Pablo Vojvoda (2021-atual).

 

“A Saga do Leão do Pici”

 

Por Guilherme Diniz

 

Foram 8 amargos anos na Terceira Divisão. Zero perspectiva de sucesso ou volta por cima. A torcida via a novíssima Arena Castelão e se perguntava: “qual o sentido de ter um estádio desse porte se meu time está na Série C?” “De que adianta tudo isso?” Os anos iam passando e o sonhado 2018 batia à porta. Seria o ano do centenário do Leão do Pici. Mas as chances de ele ser comemorado no limbo eram enormes. Bem, isso até tudo mudar. Foi feito um sério planejamento, pés no chão e sem extrapolias financeiras. Com o acesso à Série B em 2017, veio a esperança da volta à elite bem em 2018. E ela surgiu da melhor maneira possível: com o inédito título nacional, incontestável e nove pontos sobre o vice-campeão. 

Em 2019, a ascensão foi confirmada com a conquista inédita da Copa do Nordeste, um título estadual e a classificação para a Copa Sul-Americana. Depois do atípico ano de 2020, o Leão seguiu rugindo alto e, em 2021, voltou a fazer história com um impressionante 4º lugar no Campeonato Brasileiro, altas médias de público, classificação inédita para a Copa Libertadores da América de 2022, um pentacampeonato estadual e o vice-campeonato da Copa Sul-Americana de 2023. De fato, o trabalho dentro e fora de campo foi recompensado e colocou o Fortaleza no topo do futebol nordestino e virou um exemplo de sucesso em todo futebol brasileiro. Sem loucuras financeiras e sem estrelas, o tricolor provou que planejamento é tudo e seus resultados vêm com o tempo. É hora de relembrar o período de ouro do Tricolor do Pici.

 

A estruturação

Depois de superar o Tupi, nas quartas de final da Série C de 2017, Fortaleza subiu para a Série B depois de um calvário que parecia não acabar nunca. Foto: Bruno Ribeiro.

 

O chamado ponto de virada na história do Fortaleza aconteceu em 2017, quando o clube, enfim, conseguiu o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro ao ficar com o vice-campeonato da competição, após derrota por 2 a 1 e empate em 0 a 0 com o CSA na decisão. Foi naquele ano, também, que o clube cearense passou a ser presidido por Marcelo Paz, que tratou de mudar completamente o modo como o Fortaleza era conduzido. Com profissionalização dos dirigentes, que passaram a ser remunerados, planejamento estratégico e maior integração com a torcida, fiel e líder na média de público na Série C de 2017, o clube começou a pensar grande e queria o acesso à elite já em 2018, ano do centenário do Leão. Marcelo Paz iria aperfeiçoar, também, o CIFEC (Centro de Inteligência do Fortaleza Esporte Clube), departamento criado quando ele ainda era diretor de futebol como setor de inteligência no clube, com análises, banco de dados de atletas que podem ser contratados, análise de mercado e desempenho do Fortaleza como um todo. 

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza. Foto: Fabiane de Paula / SVM

 

Para tentar o sonho da Série A, a diretoria contratou o ex-goleiro Rogério Ceni, que iniciava sua carreira de treinador e vinha de um trabalho relâmpago no São Paulo. Ele assinou contrato ainda em novembro de 2017, aceitou receber menos do que ganhava no SPFC e teve tempo para conhecer o clube e pensar no trabalho do ano seguinte. O novo técnico levou consigo vários profissionais de sua confiança e, pouco a pouco, foi mudando várias coisas dentro do Fortaleza com sugestões e exigências típicas de um diretor. Dentre as melhorias feitas pelo clube após os “pitacos do professor”, destaque para:

 

  • construção de um campo adicional na sede do clube;
  • construção de uma academia nova;
  • mudança do local de treinamentos do estádio Alcides Santos para o CT em Maracanaú, a 24 km do centro de Fortaleza, mesmo local das categorias de base;
  • reforma do refeitório, sala de imprensa, vestiários e melhorias nos campos do CT em Maracanaú.
Rogério Ceni começou a mudar toda a estrutura do clube em sua chegada.

 

Ceni pediu mudanças até mesmo na alimentação dos jogadores, levando sua experiência de mais de 25 anos de carreira como profissional para o tricolor do Pici. Em entrevista à Folha de S.Paulo, na edição do dia 03 de novembro de 2018, Marcelo Paz comentou sobre as mudanças propostas por Ceni. 

 

“O CT em Maracanaú era muito grande, mas estava subutilizado. O Ceni pediu para que os treinos fossem realizados lá para ter mais isolamento. Fizemos um investimento de aproximadamente R$ 300 mil em estrutura, mas foi importante. Fica como legado”.

 

Com relação ao elenco, o Fortaleza trouxe vários nomes a custo zero, seja por empréstimo, seja com jogadores de contratos encerrados. Vieram os zagueiros Roger Carvalho e Jussani, o volante Jean Patrick, os meias Osvaldo, Dodô e Edinho, e os atacantes Gustavo Henrique e Marcinho. Com apenas dois torneios no radar da temporada – Campeonato Cearense e Campeonato Brasileiro da Série B – o Fortaleza almejava o título em casa e o acesso na competição nacional. Mas o início não seria nada fácil.

 

Tenham paciência!

Fortaleza, 15 de novembro de 2017. Apresentação de Rogerio Ceni como novo treinador do Fortaleza. Evento aconteceu na Arena Castelão. Foto: O Povo.

 

O primeiro desafio do Fortaleza na temporada 2018 foi o Campeonato Cearense, que seria disputado a unha com o rival Ceará, que na época estava na primeira divisão e tirava onda dos tricolores pelo bom momento que vivia. Sem sustos, o tricolor alcançou a decisão do Estadual, mas acabou derrotado nos dois jogos pelo Ceará por 2 a 1, amargando o vice-campeonato. Perder o Estadual foi um balde de água fria para o clube e para o técnico Rogério Ceni, que foi criticado na época pelas exigências que fez em sua chegada, mas que ainda não haviam gerado os louros esperados, em um clássico exemplo da falta de paciência de dirigentes e torcedores no futebol brasileiro. Marcelo Paz, porém, não caiu na vala comum e bancou Ceni para a sequência da temporada. O foco era o Brasileiro da Série B e o acesso à elite. E foi isso que o treinador e o grupo trataram de buscar.

Gustagol foi o grande nome do ataque do Leão em 2018.

 

Com Gustavo Henrique, o Gustagol, em grande fase – ele foi artilheiro do Cearense com 16 gols – uma eficiente dupla de laterais – Tinga e Bruno Melo – e Marcelo Boeck muito firme no gol, o Fortaleza podia, sim, brigar pelas primeiras posições. Jogando quase sempre em um 4-2-3-1, o tricolor tinha eficiência no ataque e solidez na zaga e conseguia impor seu jogo tanto fora de casa quanto no Castelão. Tudo começou no dia 13 de abril, em casa, na vitória por 2 a 1 sobre o Guarani, gols de Tinga e Gustavo Henrique, em bela cobrança de falta – característica que o atacante iria explorar bastante naquele ano graças às dicas do técnico e especialista no assunto, Rogério Ceni.

Uma das (muitas) escalações do Fortaleza em 2018: com Gustagol em grande fase, o time jogava por ele e criava oportunidades para o artilheiro.

 

Nos oito jogos seguintes, o tricolor emendou seis vitórias e dois empates, desempenho que o colocou na liderança já a partir da 5ª rodada do torneio. A equipe conseguiu vitórias marcantes, incluindo um 3 a 0 sobre o Goiás, em casa, um 3 a 1 sobre o Figueirense, fora, e 1 a 0 no Sampaio Corrêa, em casa, no primeiro jogo com mais de 40 mil pessoas no Castelão naquele torneio. Gustagol anotou sete gols nesse início de campeonato e provou a fase brilhante que vivia na época. Com um elenco muito disciplinado, rotina de treinos controlada e preparo físico em alta, o Fortaleza impunha um ritmo forte nos jogos e dominava seus adversários na maioria das vezes. A primeira derrota só veio na 10ª rodada, nos 2 a 1 para o São Bento, fora de casa. Nos cinco jogos seguintes, três tropeços, mas vitórias fundamentais sobre Brasil-RS (2 a 0, em casa) e Paysandu (1 a 0, fora).

Depois de empatar com CSA e Avaí, o tricolor venceu quatro jogos seguidos – Juventude (3 a 0), Coritiba (2 a 1), Guarani (3 a 2) e Boa Esporte (2 a 1), e atingiu os 43 pontos na 21ª rodada. Depois de uma nova sequência ruim, com quatro derrotas em seis jogos, o tricolor se recuperou na 28ª rodada e venceu três seguidas. Aliás, da 28ª rodada até a penúltima, o time de Rogério Ceni não iria perder mais. E tal embalo seria fundamental para o acesso e o título inédito.

 

Leão campeão!

Foto: O Povo

 

A torcida do Fortaleza abraçou de vez o time nas rodadas finais da Série B e deu show nos jogos disputados no Castelão. Com média de quase 30 mil pessoas, o tricolor superou vários clubes da série A e atingiu 57.223 pessoas na vitória sobre o Paysandu, por 1 a 0, na 32ª rodada. Duas rodadas depois, o tricolor venceu o Atlético-GO por 2 a 1, fora de casa, e garantiu o acesso antecipado à elite do futebol brasileiro. Até que, na 36ª rodada, o tricolor viajou até Santa Catarina para derrotar o Avaí por 1 a 0 e ficar com o título antecipado da Série B, no primeiro título de um clube nordestino na competição desde a implementação dos pontos corridos, em 2006. A festa diante da torcida aconteceu na rodada seguinte, quando mais 57.223 pessoas lotaram o Castelão e viram o show tricolor na vitória por 4 a 1 sobre o Juventude que valeu a taça, a volta olímpica e a alegria máxima no ano do centenário do Leão.

Após o término da competição, o Fortaleza foi campeão com 71 pontos em 38 jogos – nove pontos sobre o vice -, totalizando 21 vitórias, oito empates, nove derrotas, 54 gols marcados e 33 gols sofridos, um aproveitamento de 62%. O tricolor liderou 36 das 38 rodadas, tendo assumido a liderança já na segunda rodada, perdendo na quarta rodada e reassumindo a ponta na quinta rodada e até o final da competição. Gustavo Henrique, com 14 gols, foi o artilheiro da equipe na competição e o maior artilheiro do Brasil no ano com 30 gols – vale lembrar que o atacante tricolor sofreu uma lesão no segundo semestre que o tirou de vários jogos -, superando todos os concorrentes da elite e das outras séries, alguns que disputaram, inclusive, mais torneios do que o atacante – que anotou 16 gols no Cearense e 14 gols na Série B. Atrás de Gustavo Henrique ficaram Gabriel Barbosa, na época jogador do Santos, com 27 gols, e Arthur, do Ceará, com 24 gols. 

Gustagol, maior artilheiro do Brasil em 2018. Foto: Pedro Chaves / Canal da Bola-CE.

 

Após o título, Ceni comentou sobre a alegria de levantar seu primeiro troféu como treinador. “A emoção é a mesma de quando eu fui campeão brasileiro como atleta. Aliás, até maior, porque você consegue botar o teu trabalho em prática e ver o sucesso final. Eu acho que é muito do talento do jogador, da cabeça boa de cada atleta. Eles são os grandes astros do espetáculo”. A temporada terminou de maneira histórica para o Fortaleza. Com o dobro de sócios que começou o ano – de 14 mil, saltou para mais de 28 mil – e receitas em alta, o clube atingia o sonho de retornar à Série A e com um grupo unido e que soube se reinventar mesmo com as saídas de jogadores importantes como o ponta Osvaldo e o meio-campista Edinho – ambos retornaram depois.

 

Mantendo o embalo

Para a alegria da torcida, Rogério Ceni renovou contrato com o Fortaleza para 2019 e a diretoria prometeu mais melhorias e novas contratações. Chegaram o goleiro Felipe Alves, o zagueiro Quinteros, o lateral-esquerdo Carlinhos, o lateral-direito Araruna, o volante Juninho, o ponta Romarinho e o experiente atacante Wellington Paulista. Com tais reforços, Rogério Ceni conseguiu formar mais de um time para os compromissos da temporada, que seria mais longa por causa da disputa da Copa do Nordeste. 

A temporada começou com a disputa do Estadual e, de maneira protocolar, o tricolor alcançou a reta final. Na semifinal, despachou o Guarany de Sobral com duas vitórias por 1 a 0 e foi para a final contra o Ceará. Querendo vingança pela derrota em 2018, o Fortaleza venceu o primeiro jogo por 2 a 0 (dois gols de Edinho) e tinha a vantagem do empate no jogo seguinte. Porém, o Leão não quis dar margem para o azar e venceu de novo (1 a 0, gol de Roger Carvalho) e faturou o 42º título cearense de sua história.

 

A inédita Lampions League!

Wellington Paulista, talismã da conquista da Copa do Nordeste de 2019.

 

Durante a disputa do Estadual, o Leão iniciou a campanha na Copa do Nordeste no Grupo A. O tricolor foi dominante, terminou líder e perdeu apenas um dos oito jogos que disputou. A equipe de Ceni derrotou Náutico (3 a 1), Confiança (4 a 1) e ABC (1 a 0), empatou com CSA (0 a 0), Bahia (2 a 2), Ceará (1 a 1) e Moto Club (1 a 1) e perdeu para o Botafogo-PB por 1 a 0. 

Nas quartas de final, o Fortaleza encarou o Vitória e deu show: 4 a 0, com dois gols do artilheiro Júnior Santos, um de Edinho e outro de Dodô, resultado que colocou o tricolor na semifinal. Nela, a equipe encarou o Santa Cruz e venceu por 1 a 0 (gol de Romarinho), garantindo a inédita vaga na decisão justamente contra o único algoz no torneio até aquele momento: o Botafogo-PB.

Mas, nas duas finais, brilhou a estrela de Wellington Paulista e a organização tática do tricolor, que venceu a ida por 1 a 0 (gol de Wellington) e também a volta, no caldeirão paraibano tomado por quase 20 mil pessoas, por 1 a 0 (outro gol de Wellington), selando o título inédito e uma campanha irrepreensível:

 

  • 19 Gols Marcados
  • 6 Gols Sofridos
  • 7 Vitórias
  • 4 Empates
  • 1 Derrota
  • Líder absoluto com 25 pontos

Júnior Santos, com 8 gols, foi o artilheiro da competição e o Fortaleza teve de novo a melhor média de público de uma competição de grande porte: 22.539 pessoas por jogo. Edinho, autor de 3 gols e um dos principais atletas do time, foi eleito o craque da competição. E um detalhe: o Fortaleza não levou nenhum gol sequer na fase final!

 

Do susto ao alívio

Mosaico da torcida para o professor!

 

Após a conquista da Copa do Nordeste, o Fortaleza se dedicou ao Campeonato Brasileiro da Série A. Diante de adversários complicados, falta de reforços e desfalques, o Fortaleza fazia uma campanha mediana, dando indícios de que lutaria mesmo para não cair. Só que a torcida ainda vivia uma lua-de-mel com o treinador, que ganhou até um mosaico em um duelo contra o São Paulo, no Castelão. Mas, em agosto, Ceni aceitou o desafio de comandar o Cruzeiro e deixou momentaneamente o tricolor. A torcida sentiu, o time também – venceu apenas um dos sete jogos sob comando de Zé Ricardo -, mas a aventura do ex-goleiro na Raposa durou pouco e, no final de setembro, o técnico retornou ao tricolor.

O estilo de jogo do Fortaleza permaneceu o mesmo em 2019, com um jogador mais isolado na frente e muita movimentação no meio de campo.

 

Precisando de uma sobrevida, o Fortaleza “reestreou” Rogério no duelo contra o Botafogo, no Castelão, e venceu por 1 a 0. Nos 12 últimos jogos do torneio, o Leão só perdeu um, venceu sete e se salvou do rebaixamento. Melhor: com o 9º lugar, conseguiu uma vaga na Copa Sul-Americana pela primeira vez em sua história! Wellington Paulista, com 13 gols, foi o artilheiro do time na competição e o Fortaleza terminou o ano com superávit financeiro de 4 milhões de reais, além de alcançar o faturamento líquido de 115 milhões, recorde na história do clube. Nesta reportagem, é possível perceber como o tricolor cresceu em três anos e atingiu uma situação confortável e impensável para um clube que até pouco tempo estava na terceira divisão.

 

Tempos de mudanças

Em 2020, o Fortaleza não conseguiu o bicampeonato da Copa do Nordeste – foi derrotado pelo rival Ceará na semifinal -, mas levantou o bicampeonato estadual em cima do rival após duas vitórias na decisão – 2 a 1 e 1 a 0. Vale lembrar que o torneio começou em janeiro e terminou só em julho, por causa da paralisação do futebol por conta da pandemia da COVID-19. Em fevereiro, antes da paralisação, o tricolor disputou pela primeira vez uma partida internacional fora do Brasil por uma competição oficial, quando enfrentou o Independiente-ARG na primeira fase eliminatória da Copa Sul-Americana. Valente, o Fortaleza não se intimidou com o Rey de Copas e vendeu caro a derrota por 1 a 0 na Argentina. Na volta, no Castelão, o tricolor venceu por 2 a 1, mas o gol sofrido acabou eliminando o Fortaleza, pois na época ainda valia o critério do gol marcado fora. 

Na sequência daquela temporada atípica e confusa, sem torcedores e sob medo e tensão, o Fortaleza não foi bem e, em novembro, o técnico Rogério Ceni deixou em definitivo o Leão para comandar o Flamengo, pelo qual ele venceria o Campeonato Brasileiro de 2020. Ceni deixou o Fortaleza com mais de 60% de aproveitamento nas duas passagens, além de ter vencido quatro troféus e ganhado o coração do torcedor. Para muitos, o ex-goleiro foi o maior técnico do clube na história por causa do peso dos títulos e pela identidade competitiva criada no tricolor. 

Após a saída de Ceni, Marcelo Chamusca comandou o Fortaleza em nove jogos até ser substituído por Enderson Moreira, que assumiu já em janeiro de 2021 e permaneceu até abril, quando foi demitido após a eliminação na Copa do Nordeste para o Bahia. Precisando de um novo nome, a diretoria decidiu inovar e trouxe em maio de 2021 o argentino Juan Pablo Vojvoda, que vinha de um bom trabalho no Unión La Calera-CHI, clube que ele levou pela primeira vez a uma disputa de Copa Libertadores. O perfil ofensivo, de muita posse de bola, agradou os dirigentes do tricolor cearense. E iria transformar completamente o Leão naquela temporada.

 

Ao ataque! E o triunfo no maior Clássico-Rei da história!

Vojvoda colocou o Fortaleza para frente e também fez história.

 

Destemido, Vojvoda deixou claro desde o início de seu trabalho que iria buscar o gol e impor um ritmo ofensivo em qualquer circunstância. “Vamos treinar dia a dia, cada dia vocês têm que treinar ao máximo, primeiro, por cada um de vocês mesmos, depois pelo clube, que é quem nos paga. E treinar com profissionalismo, com respeito e com responsabilidade”, comentou o técnico na época. No Campeonato Cearense, o torcedor pôde perceber como seria o estilo do Leão dali em diante com várias goleadas nas fases iniciais – 6 a 1 no Crato, 6 a 0 no Icasa e 6 a 0 no Atlético, este já nas semifinais, até a consumação do título diante do Ceará após empate sem gols – o resultado era do tricolor, que tinha melhor campanha. 

O Fortaleza selou o tricampeonato estadual de forma invicta, o que não acontecia há 74 anos – o último caneco sem derrotas do clube foi em 1947. Ainda no primeiro semestre, a equipe começou suas obrigações no Brasileirão e também na Copa do Brasil. Na Série A, um começo dos sonhos com três vitórias seguidas: 2 a 1 no futuro campeão Atlético Mineiro; 5 a 1 no Internacional e 1 a 0 no Sport. Esses resultados deixaram o Fortaleza na liderança do Brasileirão por três rodadas, algo simplesmente inesquecível para o torcedor. 

Yago Pikachu foi uma das estrelas do time em 2021.

 

O Tricolor só foi perder o primeiro jogo na sexta rodada, para o Flamengo, fora de casa, por 2 a 1. Jogando majoritariamente no 3-4-1-2, o Fortaleza demonstrava um futebol de alto nível e um time muito entrosado, além de os reforços Yago Pikachu, Titi e Crispim entrarem bem e dar mais volume e fôlego para a maratona de jogos do tricolor. Mas foi na Copa do Brasil que o Fortaleza viveu um sonho. Depois de eliminar Caxias e Ypiranga-RS nas primeiras etapas, o tricolor teve pela frente o Ceará na terceira fase eliminatória. Quem vencesse, iria para as oitavas de final, o que deu ao Clássico-Rei um peso único, tido como um dos maiores da história. 

No primeiro jogo, empate em 1 a 1. Mas, na volta, o lateral Felipe abriu o placar e David, duas vezes, transformou o clássico em um show do Fortaleza: vitória por 3 a 0 e 5º jogo seguido de invencibilidade do Leão no clássico, além, claro, da vaga para a etapa seguinte da Copa do Brasil. Uma pena que, ainda por conta da pandemia, os duelos não tiveram o público que um jogo desse tamanho merecia.

 

Embalados!

No Brasileirão, muito se enganou quem pensou que o Fortaleza não iria aguentar as 38 rodadas. A equipe na verdade não saiu em nenhum momento do G5 e mostrou que, se não poderia brigar pelo título por causa da dianteira conquistada pelo Galo de Hulk e companhia, era candidatíssimo a uma vaga na Copa Libertadores. E na fase de grupos! Na reta final do primeiro turno, por exemplo, o Leão emendou quatro vitórias seguidas: 4 a 0 no América-MG (em casa), 1 a 0 no Corinthians (em casa), 1 a 0 no São Paulo (fora) e 1 a 0 no RB Bragantino (em casa), mostrando que era forte não só no ataque, mas também na defesa. Na 14ª rodada, o tricolor levou um baque com a derrota por 3 a 1 para o rival Ceará, mas ficou mais quatro jogos sem perder e ainda venceu o Palmeiras de Abel Ferreira em pleno Allianz Parque por 3 a 2. 

Leão derrotou o Palmeiras dentro do Allianz Parque! Foto: Perfil Oficial do Fortaleza no Instagram.

 

Na abertura do returno, o Fortaleza tropeçou três vezes seguidas, mas conseguiu vitórias importantes sobre Sport (1 a 0, fora), Fluminense (2 a 0, fora), Grêmio (1 a 0, em casa), Chapecoense (2 a 1, fora) e Athletico-PR (3 a 0, em casa), todos já com retorno gradual do torcedor nos estádios. Na Copa do Brasil, o tricolor eliminou o CRB nas oitavas com duas vitórias (2 a 1 e 1 a 0) e encarou nas quartas de final o São Paulo. Na ida, no Morumbi, o time da casa vencia por 2 a 0 até os 84’ quando Yago Pikachu diminuiu e, já nos acréscimos, Romarinho empatou, levando para o Castelão um resultado enorme para o time de Vojvoda. Na volta, o Fortaleza outra vez mostrou sua força e derrotou o São Paulo por 3 a 1, com gols de Ronald, David e Ángelo Henríquez, resultado que colocou o Fortaleza na semifinal da Copa do Brasil pela primeira vez na história! Vojvoda comentou sobre a vitória após o jogo, na coletiva de imprensa.

 

“Sou totalmente sincero: acho que a principal arma do Fortaleza foi o espírito combativo em todo momento. Isso foi o que nos deu a classificação. (…) Estou muito feliz, também, pelo torcedor. Hoje, quando nós saímos do Pici, havia muitos torcedores. Os torcedores, em um momento de dúvidas, apoiaram muito mais. Esse é o torcedor do Fortaleza. Me sinto identificado com essa maneira de torcer. A torcida nos deu muita energia. Eles são parte disso”.

Show do Leão em cima do SPFC! Foto: LC MOREIRA / ESTADÃO CONTEÚDO.

 

O tricolor teve pela frente o Atlético-MG, embaladíssimo e rumo ao Triplete na temporada. E, diante de um rival muito forte, o Fortaleza não conseguiu se impor. No primeiro jogo, no Mineirão, passeio atleticano e placar de 4 a 0. Na volta, no Castelão, mais uma vitória do Galo (2 a 1), que seguiu rumo ao título. A eliminação, porém, não deixou a sensação de terra arrasada, afinal, chegar até aquela etapa da Copa do Brasil já havia sido histórico para o clube.

 

G4 de lenda

Após a eliminação na Copa do Brasil, o Fortaleza batalhou para permanecer entre os melhores do Brasileirão e carimbar sua vaga na Libertadores. A equipe caiu de rendimento na reta final, isso é fato, e não conseguiu emendar duas, três vitórias seguidas. Para piorar, o time foi goleado pelo rival Ceará na 33ª rodada por 4 a 0, um revés que exigiu resposta imediata. E ela veio: vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras, em casa. Nas rodadas seguintes, o time perdeu para o Santos (2 a 0), venceu o Juventude (1 a 0), perdeu para o Cuiabá (1 a 0) e derrotou o Bahia na rodada final por 2 a 1, resultado que sacramentou a 4ª posição do clube na Série A e a vaga na fase de grupos da Libertadores de 2022. E, de quebra, rebaixou o rival nordestino. 

Com Vojvoda, o Fortaleza podia jogar em diferentes estilos, mas sempre com ímpeto ofensivo e agredindo o adversário.

 

Nesse jogo, a torcida tricolor – mais de 51 mil pessoas! – fez uma festa espetacular nas arquibancadas com um imenso mosaico iluminado representando a vaga na maior competição de clubes do continente, fechando de maneira épica um ano mágico. O Fortaleza terminou com 58 pontos em 38 jogos, somando 17 vitórias, sete empates, 14 derrotas, 44 gols marcados e 45 gols sofridos. O Leão foi o primeiro time Nordestino a terminar a competição no G4, o primeiro time Nordestino a se classificar para a Libertadores da América pelo Brasileirão na era dos pontos corridos e o primeiro time cearense a se classificar para a Libertadores.

 

Reis do Nordeste!

Mais uma Laaaampioooons pra coleção! Foto: MARLON COSTA / FUTURA PRESS / ESTADÃO CONTEÚDO.

 

O Fortaleza trouxe vários jogadores para a temporada 2022, entre contratações definitivas e empréstimos. Com praticamente a mesma base, o time sobrou no Campeonato Cearense e venceu a competição de maneira invicta, com cinco vitórias e um empate em seis jogos. Na final, o tricolor encarou o Caucaia , empatou o primeiro jogo (0 a 0) e venceu por 4 a 0 a finalíssima com dois gols de Yago Pikachu, um de Ronald e outro de Silvio Romero. O rival Ceará nem sequer disputou a semifinal, pois foi eliminado nos pênaltis nas quartas de final para o Iguatu. O 45º troféu fez o Fortaleza se igualar ao Ceará como maior campeão do estado.

O tricolor seguiu disputando no período a Copa do Nordeste e provou que era mesmo o maior da região na época. Com quatro vitórias e quatro empates na fase de grupos, a equipe se classificou em primeiro lugar para a reta final. Nas quartas, goleou o Atlético de Alagoinhas por 5 a 1, e, na semifinal, despachou o Náutico por 2 a 0. Na grande final, contra o Sport, a equipe segurou o rubro-negro na Arena de Pernambuco ao empatar em 1 a 1 e levou a decisão para o Castelão, lotado com 60.045 pessoas. Com um gol de pênalti do xodó Yago Pikachu, o Fortaleza venceu por 1 a 0 e faturou o bicampeonato da Copa do Nordeste. E de maneira invicta! Em 12 jogos, foram sete vitórias e cinco empates, com 26 gols marcados e apenas oito gols sofridos.

 

Ressurreição continental

Depois de dois troféus, a torcida, claro, se encheu de confiança para a campanha do Fortaleza na Copa Libertadores. A tarefa do clube não seria nada fácil, afinal, ele teria pela frente os tradicionais Colo-Colo-CHI e River Plate-ARG, além do Alianza Lima-PER. A estreia foi diante de 50.429 pessoas no Castelão, mas nada deu certo e o tricolor perdeu para o Colo-Colo por 2 a 1. No duelo seguinte, contra o River Plate, em Buenos Aires, mais uma derrota (2 a 0) e a classificação para a fase seguinte ficou ainda mais difícil. O triunfo por 2 a 1 sobre o Alianza Lima, na última rodada do turno, deu um sopro de esperança, mas o empate em casa diante do River Plate (1 a 1) fez muito torcedor jogar a toalha, afinal, as partidas finais do time seriam fora de casa. Só que o Fortaleza parece ter encarnado o espírito da Libertadores e do impossível nos dois jogos seguintes. 

Contra o Alianza Lima, no Peru, Moisés e Yago Pikachu fizeram os gols da vitória por 2 a 0 que deixaram a esperança viva pela vaga, principalmente depois da goleada do River Plate sobre o Colo-Colo por 4 a 0. Com os argentinos já garantidos em primeiro lugar, o Fortaleza iria duelar com os chilenos pela vaga restante no estádio Monumental David Arellano, em Santiago, com portões fechados por conta de incidentes ocorridos no jogo do Cacique contra o River Plate, quando a delegação do River foi alvejada com morteiros e a torcida millonaria foi agredida por torcedores locais.

Com Moisés inspirado, Fortaleza fez história no Chile! Foto: AFP.

 

Com mais ímpeto ofensivo desde o início, o tricolor abriu o placar logo aos 3’, após jogadaça de Moisés e finalização de Romero. Aos 25’, Moisés ampliou e, no final do primeiro tempo, Juan Martín Lucero concluiu dentro da área para diminuir. No começo do segundo tempo, Moisés, outra vez, apareceu bem para fazer 3 a 1. Sete minutos depois, Romero tocou e Pikachu fez 4 a 1, praticamente liquidando o jogo e deixando o Fortaleza com os dois pés na fase final. Porém, Ceballos fez gol contra minutos depois e o jogo pegou fogo. Leonardo Gil fez mais um para o Colo-Colo e o placar de 4 a 3 obrigou o Fortaleza a se defender nos dez minutos finais e cadenciar o jogo para evitar o empate desastroso, isso mesmo com um jogador a mais. No fim, o tricolor conseguiu a vitória histórica e a ainda mais épica vaga nas oitavas de final.

 

Tempos difíceis e a volta por cima

 

Nas oitavas de final, o Fortaleza teve pela frente outra equipe clássica do continente: o tetracampeão Estudiantes-ARG. Na ida, em casa, o tricolor só empatou em 1 a 1 com os argentinos e precisaria de uma vitória na casa dos alvirrubros. Porém, a equipe da casa venceu por confortáveis 3 a 0 e encerrou o sonho da América do Leão. Naquele período, o Fortaleza começou sua caminhada no Brasileirão e na Copa do Brasil. Enquanto que na Série A o time foi simplesmente pífio, com seis derrotas e dois empates nas primeiras oito rodadas, na Copa do Brasil o Leão despachou o Vitória (3 a 0 e 1 a 0), na terceira fase, e encarou o rival Ceará na fase de oitavas de final. 

Em outro confronto marcante do Clássico-Rei, o tricolor venceu o duelo de ida por 2 a 0, com dois gols de Yago Pikachu, e a derrota por 1 a 0 na volta foi insuficiente para prejudicar o tricolor, que se classificou pela segunda vez seguida diante do rival. Nas quartas de final, porém, a equipe foi eliminada pelo Fluminense após derrota por 1 a 0 no Castelão e empate em 2 a 2 no Maracanã.

Com apenas o Brasileirão no radar, o Fortaleza se viu em um cenário tenebroso. A equipe ficou na zona de rebaixamento do torneio durante todo primeiro turno e foi lanterna durante 14 rodadas – dez delas seguidas. Com apenas três vitórias em 19 jogos, parecia certo o rebaixamento. Só que tudo começou a mudar a partir da 20ª rodada. A equipe emendou cinco vitórias seguidas:

 

  • 1 a 0 no Cuiabá (fora)
  • 3 a 0 no Internacional (casa)
  • 1 a 0 no Ceará (fora)
  • 1 a 0 no Corinthians (casa)
  • 1 a 0 no São Paulo (fora)

 

E, com essa sequência, saltou para a 12ª colocação, saindo do Z4 pela primeira vez e em definitivo. Após dois tropeços nas rodadas 25 e 26, o Fortaleza permaneceu oito jogos sem perder, com cinco vitórias e três empates. Nessa série, destaque para os triunfos sobre o Flamengo, em casa, por 3 a 2 (dois gols de Pedro Rocha e um de Caio Alexandre); 1 a 0 no Goiás, fora de casa; 2 a 1 no América-MG, fora; e 3 a 1 no Coritiba, em casa. Na 35ª rodada, a equipe tricolor perdeu para o campeão Palmeiras, em SP, mas somou mais sete pontos nos três jogos finais – 1 a 1 com o Atlético-GO, 6 a 0 no RB Bragantino (4 a 0 só no primeiro tempo!) e 2 a 0 no Santos em plena Vila Belmiro, resultados que deixaram o Leão na 8ª colocação e classificado para a fase preliminar da Copa Libertadores de 2023. Simplesmente inacreditável! 

Foto: Felipe Cruz / Fortaleza EC

 

Um time que havia terminado o turno na lanterna, sem perspectiva qualquer, conseguiu uma reviravolta impressionante e terminou entre os oito melhores! No returno, o aproveitamento do Leão foi de 70%, com 12 vitórias, quatro empates e apenas três derrotas em 19 jogos, além de 31 gols marcados e 16 sofridos. Foi a primeira vez na história dos pontos corridos que um clube que terminou na lanterna o primeiro turno não caiu para a Série B! Até então, o máximo que um lanterna do 1º turno conseguiu foi ficar na 17ª colocação (Vitória-2014) ao término do campeonato. O torcedor pôde, mais uma vez, sorrir e terminar o ano com alegria e orgulho de seu time. E um bônus: o rival Ceará foi rebaixado para a segundona…

 

Por novas proezas

Para conseguir disputar os vários torneios que teria pela frente em 2023, o Fortaleza manteve boa parte de seu elenco e trouxe novos nomes para quase todos os setores. Chegaram o goleiro João Ricardo, o lateral Bruno Pacheco, o meio-campista Calebe, o centroavante argentino Lucero e os atacantes Guilherme e Marinho. Com isso e um novo contrato para o técnico Vojvoda, o Fortaleza entrou como favorito ao inédito pentacampeonato cearense e cumpriu com as expectativas: foi campeão com apenas uma derrota em 9 jogos, derrotando o rival Ceará na decisão após vitória por 2 a 1 na ida e empate em 2 a 2 na volta. Na sequência, o time tricolor terminou em segundo lugar a primeira fase da Copa do Nordeste e passou pelo Ferroviário (4 a 0) nas quartas de final. na semifinal, porém, o Leão perdeu para o rival Ceará por 3 a 2 e não conseguiu a vaga na final.

Naquele começo de ano, o Fortaleza teve compromissos nas fases preliminares da Copa Libertadores. Primeiro, despachou o Deportivo Maldonado-URU após empate sem gols na ida e goleada por 4 a 0 na volta. Depois, encarou o Cerro Porteño-PAR e acabou perdendo o duelo de ida, em casa, por 1 a 0. Na volta, em Assunção, o Cerro venceu de novo (2 a 1) e o Fortaleza teve que se contentar com uma vaga na Copa Sul-Americana. E, com um time entrosado e competitivo, o Fortaleza viu no torneio uma enorme oportunidade para buscar voos altos em um torneio continental. Ainda no primeiro semestre, o Leão também teve compromissos na Copa do Brasil, na qual foi eliminado nas oitavas de final pelo Palmeiras.

 

Em busca da América

Muito ofensivo, até mais do que em 2022, o Fortaleza mostrou suas garras na Copa Sul-Americana. Thiago Galhardo, Marinho, Tinga, Titi, Caio Alexandre, Guilherme, Zé Welison, Lucero e Calebe formaram a espinha dorsal do time que fez uma campanha memorável no torneio continental. Na fase de grupos, o time tricolor não tomou conhecimento dos rivais e se classificou em primeiro lugar de maneira categórica: 6 jogos, 5 vitórias, 1 derrota, 17 gols marcados e apenas cinco sofridos. A campanha foi:

 

  • Fortaleza 4×0 Palestino-CHI
  • San Lorenzo-ARG 0x2 Fortaleza
  • Fortaleza 6×1 Estudiantes de Mérida-VEN
  • Fortaleza 3×2 San Lorenzo-ARG
  • Estudiantes de Mérida-VEN 1×0 Fortaleza
  • Palestino-CHI 1×2 Fortaleza

 

O Fortaleza avançou à etapa seguinte como 3º melhor classificado geral e encarou o Libertad-PAR nas oitavas de final. Na ida, no Paraguai, o Leão venceu por 1 a 0 (gol de Zé Welison) e foi para a volta com a vantagem do empate. Porém, o Libertad deu sufoco, abriu 1 a 0 e o jogo parecia que ia para os pênaltis. Foi então que Marinho, em cobrança de falta magistral aos 90’+1’, marcou o gol do empate e da classificação! Nas quartas, o Fortaleza teve um confronto doméstico contra o América-MG e venceu sem grandes sustos: 3 a 1 na ida, em Minas, com dois gols de Guilherme e um de Pochettino, e 2 a 1 em casa, gols de Guilherme e Marinho.

Na semifinal, o Leão teve um duelo enorme contra o Corinthians. Vojvoda sabia que um bom resultado em São Paulo seria fundamental para manter as chances vivas para a volta. E, sem se intimidar, o Fortaleza foi pra cima e marcou o primeiro gol aos 22’, com Zé Welison. Yuri Alberto empatou ainda no primeiro tempo, mas o placar de 1 a 1 foi todo do Fortaleza, que levou para a Arena Castelão a decisão. Lá, uma linda festa da torcida empurrou desde o início o Leão – foi o jogo com maior público em toda a Sul-Americana, 60.451 pessoas -, que soube controlar a ansiedade e a falta de gols do primeiro tempo para liquidar na segunda etapa com uma verdadeira blitz: aos 49’, Yago Pikachu fez 1 a 0. Seis minutos depois, o ídolo Tinga ampliou para 2 a 0. E o Fortaleza carimbou sua inédita e histórica vaga em uma final continental. O sonho de um título sul-americano e ser o primeiro nordestino campeão da América era possível. Tudo estava a favor do Leão. Mas três letrinhas iriam transformar a fábula em um pesadelo…

 

A tragédia

A decisão, contra a LDU-EQU, foi disputada em Punta del Este, Uruguai. A torcida do Fortaleza foi em grande número e fez uma linda festa no acanhado estádio uruguaio – com direito a mosaico, menor, claro, mas mantendo a tradição dos outros jogos. A final foi bastante equilibrada, com o Fortaleza tomando a iniciativa, mas sem chutar ao gol. Só na segunda etapa que a partida pegou fogo quando Lucero abriu o placar logo aos 5′. A LDU teve que sair mais, só que o Fortaleza aproveitou para explorar os contra-ataques e levou perigo ao goleiro Dominguez, que fez grandes defesas. Até que Alzugaray, em linda jogada individual, encheu o pé na entrada da área e marcou um golaço. O empate persistiu e o jogo foi para a prorrogação. Nela, o cansaço começou a atingir as duas equipes e o Fortaleza ficou os 8 minutos finais com o zagueiro Titi apenas fazendo número, pois ele se lesionou e o técnico Vojvoda já havia feito as seis alterações permitidas.

Nos pênaltis, Dominguez encarnou a lenda de Cevallos e defendeu 3 cobranças, garantindo a vitória por 4 a 3, o bicampeonato da LDU e o segundo título consecutivo do futebol equatoriano na competição. Era o fim do sonho do Leão. O técnico Vojvoda, abatido, comentou sobre o revés na coletiva pós-jogo. 

 

“Sabíamos que o adversário já tinha ganhado essa competição, mas cada vez que jogamos no Castelão contamos com o apoio de 60 mil pessoas. Nós disputamos o Brasileirão, que é um dos campeonato mais fortes do mundo. Temos que valorizar nosso campeonato interno. Nossa proposta era ganhar a Copa Sul-Americana. Não viemos pensando como uma equipe debutante, viemos como uma equipe que passou por grandes adversários como o Corinthians, o América-MG, o Libertad (do Paraguai) e na competição ganhamos partidas em casa e partidas fora. […] 

 

E quanto aos torcedores é parabenizar pela festa que fizeram. O esforço de percorrer mais de 5 mil quilômetros, sentimos o apoio e a energia de cada um deles. Agora, é valorizar o caminho percorrido nesse vice-campeonato. Essa é a palavra. Se há que olhar para trás é pra reforçar o que fizemos e corrigir os erros que cometemos. Estamos todos com muita dor, jogadores, clube, mas a instituição vai continuar crescendo. Tem uma estrutura sólida, bons jogadores e um trabalho no dia a dia que seguramente vai fortalecer todo o clube”.

 

Perder uma final da maneira como perdeu mexeu bastante com o psicológico do Fortaleza. O time demorou para se encontrar no segundo turno do Brasileirão e ficou sete jogos sem vencer, ligando o alerta para um possível rebaixamento. Porém, o time venceu o RB Bragantino na antepenúltima rodada (2 a 1), bateu o Goiás (1 a 0) e rebaixou o Santos com uma vitória por 2 a 1 em plena Vila Belmiro para permanecer na elite e terminar a competição na 10ª posição, com 54 pontos, garantindo uma vaga na Copa Sul-Americana de 2024. O Leão disputou 78 jogos na temporada, o que fez do Fortaleza o clube da Série A com mais partidas disputadas em 2023 no Brasil.

Para sempre na história

A trajetória de Vojvoda segue viva no Fortaleza (ele alcançou um vice-campeonato da Copa Sul-Americana em 2023), mas esse período 2018-2023 merece um capítulo à parte por ter sido o mais vitorioso e transformador de toda a centenária história do Fortaleza Esporte Clube. Justamente quando completou 100 anos, o Tricolor cravou seu lugar entre os principais clubes do país com trabalho árduo, profissionalismo, união e resultados expressivos, maiores do que muitos dos conquistados pelos chamados grandes do futebol brasileiro. Em 2021 e 2022, por exemplo, o Fortaleza enfrentou 23 equipes diferentes em dois anos na Série A e só não conseguiu vencer o Botafogo. Sair da Série C e chegar à Libertadores em tão pouco tempo foi incrível. Sair da lanterna do torneio continental e conseguir a classificação para as oitavas foi épico. Vencer os títulos que venceu, ainda mais. Ficar no top 4 de um torneio tão difícil como o Brasileirão, excepcional. E sair da lanterna da Série A no primeiro turno e terminar entre os oito melhores, coisa de time sobrenatural. Coisa de imortal.

O trio de troféus de 2018-2019: Copa do Nordeste, Brasileirão da Série B e Cearense.

 

Os personagens (OBS.: como acontece em muitos clubes brasileiros, o Fortaleza teve inúmeros jogadores nesses quatro anos. Por isso, listamos abaixo os principais e que tiveram mais jogos no período):

 

Marcelo Boeck: o goleirão chegou ao Fortaleza no início da temporada 2017 e foi um dos destaques do time que conseguiu o acesso para a Série B após 8 anos na terceirona. Mesmo com as contratações de outros goleiros, Boeck seguiu como um dos mais utilizados no elenco e marcou seu nome no clube com sete títulos e atuações muito seguras, além de ter sido capitão em diversas oportunidades, incluindo na conquista da Copa do Nordeste de 2019. Se aposentou em 2022, na goleada de 6 a 0 sobre o RB Bragantino, com muita festa da torcida no Castelão.

Felipe Alves: chegou a pedido de Rogério Ceni em dezembro de 2018, pela habilidade com os pés. Disputou quase 50 jogos na temporada de 2019 e foi um dos destaques do time naquela temporada. Deixou o clube em 2021 para jogar no Juventude.

Fernando Miguel: chegou em 2022 para compor o elenco e atuou em alguns jogos do Brasileirão, principalmente no segundo turno, quando ajudou a equipe a sair da zona de rebaixamento e figurar entre os oito primeiros. Foram 20 jogos e 15 gols sofridos.

João Ricardo: o experiente goleiro assumiu a titularidade em 2023 e foi muito consistente na temporada. Disputou 50 jogos e ficou 13 deles sem sofrer gols.

Tinga: um dos maiores ídolos recentes do Leão, o defensor teve uma passagem por empréstimo em 2015 e retornou em definitivo para a temporada de 2018. Com muita regularidade, força na marcação e apoio ao ataque, o lateral-direito, que podia atuar também como zagueiro e até meia pela direita, se transformou em um pilar do sistema defensivo do time em diversos momentos. Disputou mais de 40 jogos por temporada e atingiu a marca de 256 jogos pelo clube, com 20 gols marcados e 21 assistências. Faturou nove títulos pelo tricolor.

Gabriel Dias: o lateral-direito chegou em 2019 e demonstrou polivalência ao atuar, também, como volante e também meia pela direita. Participou de toda a campanha do tricolor na Série A daquele ano, além de alguns jogos nas temporadas 2020 e 2021. Deixou o clube em 2021 para jogar no rival Ceará.

Yago Pikachu: outro jogador polivalente do time, Yago chegou em 2021 e virou titular absoluto do técnico Vojvoda. Habilidoso, muito regular e decisivo, disputou 96 jogos, marcou 29 gols e deu 16 assistências entre 2021 e 2022, além de ter sido um dos destaques na brilhante campanha da Série A de 2021, na qual foi um dos melhores do torneio. Muito querido pela torcida, faturou os títulos estaduais de 2021 e 2022 e da Copa do Nordeste de 2022. Foi o artilheiro do time em 2022 com 17 gols e atingiu 13 gols e 9 assistências em impressionantes 70 partidas em 2023.

Quintero: o zagueiro colombiano chegou em 2019 e fez uma boa temporada nas campanhas vitoriosas do Cearense e da Copa do Nordeste. Foram 56 jogos naquele ano e dois gols marcados. Em 2020, perdeu espaço, mas ainda sim atuou em 27 partidas. Acabou deixando o time em 2021.

Jussani: fez uma temporada constante em 2018, ajudando o time a conseguir o acesso à primeira divisão. Após 49 jogos e três gols, acabou deixando a equipe no ano seguinte para atuar no Vila Nova-GO.

Jackson: o zagueiro não foi titular absoluto, mas disputou 28 jogos na temporada 2020, superando os 11 jogos de 2019. Em 2021, também jogou pouco (11 partidas) e foi negociado em 2022.

Benevenuto: o zagueiro chegou em 2021 e rapidamente se adaptou ao esquema com três zagueiros do técnico Vojvoda para fazer uma temporada muito boa pelo leão, demonstrando força na marcação e na antecipação. Foram 43 jogos em 2021 e outros 60 em 2022. 

Landazuri: o defensor equatoriano chegou em 2022, credenciado pela boa passagem no Independiente Del Valle, mas não conseguiu cravar seu espaço no Fortaleza. Embora tenha disputado 7 jogos na campanha do título da Copa do Nordeste, foi irregular e acabou retornando ao Del Valle já em 2023. 

Roger Carvalho: o zagueiro ficou três anos no tricolor e viveu sua melhor fase em 2019, quando fez uma boa dupla de zaga com Quintero na campanha do título da Copa do Nordeste. Foram 31 jogos naquela temporada. Ele deixou o Leão em 2021 para jogar na Tombense.

Brítez: fez a dupla principal de zaga ao lado de Titi em 2023, atuando em 54 jogos. Embora não seja tão alto (1,78m), cumpriu bem seu papel com boa colocação e raça na marcação.

Ligger: o defensor atuou no período de transição d clube, da série C para a série B, e foi titular em boa parte dos jogos das temporadas de 2017 e 2018. Foram quase 100 jogos no período.

Paulão: outro zagueiro que atuou ativamente entre 2019 e 2020 no tricolor, Paulão viveu sua melhor fase em 2020, quando atuou em 49 jogos na temporada, com destaque para os 31 jogos na Série A, sete na Copa do Nordeste e sete no Cearense. Fez dupla de zaga com Quintero.

Titi: identificado com o Bahia, chegou ao Fortaleza em 2021 e virou titular absoluto na grande temporada do tricolor atuando com muita regularidade, força no jogo aéreo e na marcação. Foram 46 jogos em 2021, outros 62 em 2022 e 61 jogos em 2023, fazendo dele um dos atletas com mais jogos pelo Fortaleza no período.

Carlinhos: jogou entre 2019 e 2021 no Fortaleza e alternava a posição na esquerda com Bruno Melo. Tinha características mais de marcação e proteção no setor defensivo, mas também apoiava bem quando necessário. Foram 100 jogos pelo Leão até se transferir para o Botafogo, em 2022.

Bruno Melo: cria do Fortaleza, foi emprestado diversas vezes até conseguir seu espaço a partir de 2017. Fez bons jogos como lateral e também meia-esquerda, ajudando na construção de jogadas e fazendo gols. Entre as idas e vindas no período de 2015 até 2021, disputou 202 jogos e marcou 29 gols.

Bruno Pacheco: foi o principal lateral-esquerdo do Leão em 2023 e disputou 50 jogos, marcando dois gols e dando cinco assistências.

Lucas Crispim: o meia, que podia atuar também como lateral-esquerdo e ponta-esquerda, foi utilizado constantemente pelo técnico Vojvoda em 2021 e atuou em 36 jogos na temporada, marcando cinco gols e dando oito assistências. 

Felipe: volante e capaz de jogar também um pouco mais à frente, pela direita, foi um dos pilares do meio de campo do Fortaleza entre os anos de 2018 e 2021. No clube desde 2015, participou da rápida ascensão do clube e criou uma grande identificação com a torcida. Foram 251 jogos e 10 gols até deixar o tricolor em 2022. 

Derley: jogou três temporadas no Fortaleza, de 2018 até 2020, e brilhou principalmente na campanha do acesso à elite do Brasileirão. Podia jogar como volante, zagueiro ou meio-campista um pouco mais avançado pelo meio. Fazia o papel de verdadeiro “cão de guarda” do setor central do time de Rogério Ceni.

Hércules: o meio-campista chegou em 2022 ao clube e caiu nas graças do técnico Vojvoda, que escalou o jovem em 48 jogos. Com bom passes, eficiência no desarme e boas aparições no ataque, anotou sete gols na temporada e ajudou o time a conquistar o Cearense e alcançar as oitavas de final da LIbertadores, além de disputar 28 jogos no Brasileirão.

Calebe: outro jogador muito importante no meio de campo do Leão, deu 9 assistências na temporada e marcou quatro gols em 54 jogos. Acabou ausente da final da Copa Sul-Americana por lesão.

Juninho: com muito fôlego, bons passes, chutes poderosos e ativa participação no ataque, o meio-campista brilhou no ano de 2019 e foi um dos destaque do time naquela temporada e também no início de 2020. Foram 75 jogos, sete gols e 14 assistências com a camisa tricolor no período.

Araruna: meio-campista que podia atuar, também, como lateral-direito, Felipe Araruna veio por empréstimo ao Fortaleza em 2019 a pedido de Rogério Ceni, que o conhecia das categorias de base do São Paulo. Foi importante na caminhada do título da Copa do Nordeste, na qual atuou em sete jogos. No mesmo ano, foi negociado ao Reading-ING.

Éderson: com 58 jogos, três gols e três assistências, o volante foi outro destaque da grande temporada do Fortaleza em 2021. Fazendo dupla com Ronald, Éderson tinha como principal virtude o desarme, além de ter bom passe e grande visão de jogo. Se transformou completamente sob o comando de Vojvoda e acabou se transferindo para o futebol italiano já em 2022.

José Welison: volante de muita força física, chegou em 2022 para suprir a saída de Éderson e atuou em 44 jogos, em especial na Copa Libertadores. Não tinha a habilidade de seu antecessor, mas foi muito regular e ajudava bastante na marcação. Manteve a regularidade em 2023 e foi titular absoluto do time.

Marlon: atuava como meia, pela esquerda, e foi um dos destaques do time campeão brasileiro da Série B em 2018. Foram 30 jogos e três gols naquele ano. Nas duas temporadas seguintes, não foi titular absoluto, mas entrou bem quando exigido. Em três anos, disputou 93 jogos pelo tricolor.

Pochettino: um dos recordistas em jogos pelo Fortaleza em 2023, disputou 69 jogos, marcou seis gols e deu 10 assistências. Com bom passe e polivalente, podia atuar mais avançado ou recuado, ajudando na marcação.

Osvaldo: o ponta era um velho conhecido de Rogério Ceni, afinal, jogou com ele no São Paulo do começo dos anos 2010. Habilidoso, jogou pouco em 2018, mas retornou em 2019 para ser um dos atletas que mais jogaram pelo clube naquele ano (46 jogos e nove gols) e também em 2020 (54 jogos). Costumava abrir espaços nas zagas rivais e dar passes precisos aos companheiros.

Matheus Vargas: meio-campista central, atuava como articulador no time de 2021, com Pikachu pela direita e Osvaldo pela esquerda na maioria das vezes. Foi um dos mais atuantes do time – 53 jogos – e seguiu em alta em 2022, quando jogou 31 partidas. 

Lucas Lima: chegou em 2021, por empréstimo, mas nunca foi uma unanimidade no time. Alternou bons jogos com outros fracos, e não teve o espaço que buscava. Retornou ao Santos, onde viveu seus melhores anos lá entre 2013 e 2017.

Matheus Jussa: outro bom volante da equipe de 2021, disputou 45 jogos naquela temporada e se destacou pelos desarmes e posse de bola. Permaneceu no Fortaleza até 2022, quando teve uma breve passagem pelo futebol do Catar. Em 2023, foi jogar no Cruzeiro. Disputou ao todo 80 jogos pelo Fortaleza.

Dodô: o meia fez uma grande temporada em 2018 e atuou em 35 jogos da campanha do título da Série B do Leão. Participava ativamente do setor ofensivo do time de Rogério Ceni e marcava alguns gols. Deixou o Fortaleza em 2019 para atuar nos EAU.

Romarinho: outro jogador muito identificado com o clube, o meia/atacante chegou em 2018 e atuou em praticamente todos os setores ofensivos da equipe, além de ajudar na recuperação da bola. Já tem mais de 200 jogos pelo clube e 22 gols.

Edinho: craque da Copa do Nordeste de 2019, o atacante viveu seu melhor momento no clube nas temporadas de 2018 e 2019 (sem dúvida sua melhor época, quando anotou oito gols e disputou 51 jogos), tendo um papel muito importante na equipe de Rogério Ceni. Além de marcar gols, dava passes para os companheiros e era muito participativo no setor ofensivo do Leão. Depois de um período no futebol sul-coreano, retornou ao Fortaleza em 2021, mas perdeu espaço e acabou emprestado ao Juventude.

Ronald: chegou em 2020 e acumulou 110 jogos em três temporadas pelo Leão. Na temporada de 2021, atuou muito bem no meio de campo ao lado de Matheus Vargas e Matheus Jussa, fortalecendo a marcação e a proteção da zaga com para os avanços de Bruno Melo e Pikachu. 

Caio Alexandre: foi o principal nome do meio de campo do Fortaleza, esbanjando criatividade, bons passes, intensa movimentação e visão de jogo. Disputou 61 jogos na temporada, marcou três gols e deu seis assistências.

Juninho Capixaba: viveu ótima fase em 2022, quando assumiu a ala esquerda da equipe e foi um dos principais destaques da arrancada do time no Brasileirão. Disputou 34 jogos, marcou 3 gols, deu 5 assistências e efetuou 77 desarmes.

Wellington Paulista: experiente, o atacante foi o grande herói do primeiro título da Copa do Nordeste do Fortaleza, em 2019, ao anotar os gols das duas vitórias por 1 a 0 sobre o Botafogo-PB que selaram o título do tricolor. Além disso, foi uma figura marcante na trajetória do Fortaleza entre 2019 e 2021 com grandes jogos, gols decisivos e muita disposição. Em 2020, foi o artilheiro do time no ano com 15 gols e, em 2021, foi o artilheiro do time tanto no Campeonato Cearense (4 gols) quanto na Copa do Brasil (4 gols). Disputou 148 jogos pelo Fortaleza no período e marcou 48 gols. Grande ídolo da torcida tricolor.

Marinho: chegou como a principal contratação do Fortaleza na temporada, mas algumas lesões atrapalharam seu rendimento. Mesmo assim, fez bons jogos, deu seis assistências e marcou quatro gols, um deles o da classificação diante do Libertad pela Copa Sul-Americana.

Marcinho: o ponta participou de 25 jogos da campanha do Fortaleza na Série B e anotou três gols na caminhada do título nacional. Permaneceu até 2019, quando acabou negociado ao futebol chinês. Entre 2018 e 2019, disputou 49 jogos e marcou sete gols.

Moisés: o atacante virou uma referência no ataque do Fortaleza em 2022 com a boa fase e o entrosamento com Pikachu e companhia. Fez uma partidaça no épico 4 a 3 sobre o Colo-Colo, pela Libertadores, embarcou 12 gols em 52 jogos na frenética temporada do Leão. No começo de 2023, acabou sofrendo uma fratura no pé que o tirou dos gramados por alguns meses.

Silvio Romero: o atacante argentino veio emprestado do Independiente em 2022 e fez uma ativa dupla de ataque com Moisés. Em 57 jogos na temporada, marcou 14 gols. Em 2023, não jogou tanto e marcou 8 gols em 40 jogos.

Pedro Rocha: chegou na metade de 2022 e teve tempo para se integrar ao time e ajudar na caminhada de recuperação do Brasileirão. Marcou três gols em 12 jogos, dois deles nos 3 a 2 sobre o Flamengo no Castelão.

Júnior Santos: artilheiro da Copa do Nordeste de 2019 com 8 gols, o grandalhão (1,88m) atacante jogou muito em 2019 e foi referência do time na temporada. Mesmo alto, demonstrava velocidade e agilidade no ataque e na hora de se desvencilhar dos marcadores. Foram 10 gols em 27 jogos pelo tricolor.

Gustavo Henrique: o Gustagol foi o artilheiro do Brasil em 2018 com 30 gols em 45 jogos e um dos maiores goleadores do Fortaleza nos últimos tempos. Além de marcar gols de todos os jeitos, aperfeiçoou as cobranças de falta a pedido de Rogério Ceni e viveu uma temporada de sonhos naquele ano. Retornou ao Corinthians em 2019.

Guilherme: outro que se destacou no setor ofensivo do Leão, pela ponta-esquerda, Guilherme anotou 10 gols em 52 jogos, além de contribuir com seis assistências. Quatro gols foram na campanha da Sul-Americana.

Thiago Galhardo: o atacante veio em 2022, após grandes momentos no Internacional. No Brasileirão, foi um dos responsáveis pela grande recuperação do time no segundo turno ao marcar sete gols em 19 jogos. Em 2023, disputou 64 jogos, marcou 17 gols (vice-artilheiro do time) e deu seis assistências.

David: contratação mais cara da história do futebol cearense na época (R$ 5 milhões), em 2020, o atacante correspondeu com boas atuações, regularidade e, claro, gols. Disputou 56 jogos, marcou 12 gols e deu cinco assistências. Em 2021, mesmo com a concorrência no setor, seguiu no time titular e participou de 41 jogos, marcando mais 12 gols e contribuindo com cinco assistências. 

Robson: fez uma boa dupla de ataque com David na temporada de 2021 e marcou 15 gols em 57 jogos pelo tricolor. No ano seguinte, não manteve a boa fase goleadora e anotou seis gols em 48 jogos.

Lucero: foi o homem-gol do Fortaleza na temporada ao anotar 21 gols e dar cinco assistências em 59 jogos. Com boa presença de área, foi uma referência no esquema ofensivo do técnico Vojvoda em 2023.

Rogério Ceni, Zé Ricardo, Marcelo Chamusca, Enderson Moreira e Juan Pablo Vojvoda (Técnicos): o Fortaleza 2018-2022 foi o que foi graças a dois nomes: Rogério Ceni e Juan Pablo Vojvoda. Ceni iniciou a revolução, mudou a maneira de como o clube geria seu dia a dia e seus atletas e tirou o tricolor da série B de uma vez por todas com o título inédito da competição. No ano seguinte, manteve-se na elite e ainda faturou o título inédito da Copa do Nordeste. Sua saída criou uma lacuna que fez o torcedor temer pelo pior, mas a chegada de Vojvoda significou a volta por cima de maneira categórica, com mais títulos e uma campanha simplesmente inesquecível em 2021 no Brasileirão. Essa dupla é, de fato, a mais importante da história do Fortaleza. E simboliza uma revolução sem precedentes que o torcedor jamais esquecerá.

 

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Comentários encerrados

4 Comentários

  1. Digo a mesma coisa que o Israel comentou.
    Este site é tão gigante e ter um time cearense, além do mais ser o meu clube do coração, é uma alegria imensa!
    Tomara que o Fortaleza continue fazendo mais e mais história.
    Obrigado pelo belo texto!

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