Grandes feitos: Campeão da Copa Libertadores da América (2017), Campeão da Recopa Sul-Americana (2018), Campeão da Copa do Brasil (2016), Campeão Gaúcho (2018) e Vice-campeão do Mundial de Clubes da FIFA (2017). Reconquistou a Libertadores após 22 anos de jejum e um grande título nacional após 15 anos de jejum.
Time-base: Marcelo Grohe; Edílson (Léo Moura), Pedro Geromel, Kannemann (Bressan / Paulo Miranda) e Bruno Cortez (Marcelo Oliveira); Arthur (Walace / Maicon) e Jailson (Michel); Ramiro (Alisson), Luan e Fernandinho (Everton Cebolinha / Douglas / Bolaños); Lucas Barrios (Pedro Rocha / Cícero / Jael). Técnico: Renato Portaluppi.
“A Volta do Copeiro Imortal”
Por Guilherme Diniz
Medellín, Colômbia, agosto de 1995. Após arrancar um empate em 1 a 1 contra o Atlético Nacional de Higuita e Aristizábal, o Grêmio de Danrlei, Arce, Rivarola, Dinho, Paulo Nunes, Jardel e companhia vence a Libertadores. No ano seguinte, fatura o Brasileirão, a Recopa Sul-Americana e o Gauchão. E, em 1997, levanta uma Copa do Brasil. Foi o auge do tricolor copeiro, um time raçudo, aguerrido, competitivo ao extremo e que elevou como nunca a mística de uma das camisas mais tradicionais do futebol. No entanto, os anos se passaram e o tão valente Grêmio viu sua força esmaecer. Houve um momento de glória lá em 2001, com outra Copa do Brasil para a coleção, além de uma disputa de final de Libertadores em 2007, mas o clube não conseguia formar um time que fizesse jus à sua força, à sua história.
Para piorar, o rival Inter colecionou títulos entre 2006 e 2010 e igualou o tricolor em número de taças da Libertadores (duas) e também de Mundial de Clubes (uma para cada). Era um pesadelo para os gremistas. Mas até quando? Bem, até um ídolo do passado voltar e arrumar de vez a casa: Renato Portaluppi, o Gaúcho, aquele que deu show pra cima dos uruguaios do Peñarol na decisão da Libertadores de 1983, e, meses depois, entortou os alemães do Hamburgo e virou o herói do título Mundial. Com ares messiânicos, Renato voltou a mudar para sempre a história do Grêmio. Conduziu o time ao título da Copa do Brasil de 2016, em casa. Com ela, a vaga na Libertadores foi garantida.
E, longe de casa, assim como em 1995, o Grêmio venceu sua terceira Liberta dentro da Argentina, algo raro, coisa que só o Santos de Pelé conseguiu entre os clubes brasileiros. No Mundial, não deu para bater o super Real Madrid de Cristiano Ronaldo, mas o Grêmio seguiu com apetite para faturar outra Recopa e um Gaúcho em 2018. E tudo isso aconteceu bem no período em que o rival Inter estava vivendo o drama da segunda divisão, para a qual ele foi parar em 2016 e a disputou em 2017, justamente os anos mágicos daquele tricolor, uma história bem típica da própria tradição de um dos maiores clássicos do mundo. É hora de relembrar o retorno triunfal do copeiro imortal.
A dupla pé-quente
Vice-campeão brasileiro em 2013 e buscando retomar o caminho das grandes glórias – que não vinham desde 2001 -, o Grêmio anunciou em setembro de 2016 o retorno de Renato Gaúcho como técnico, o mesmo que conduziu o tricolor à boa campanha no torneio nacional de 2013. Além de Renato, o time trouxe também Valdir Espinosa como coordenador. Era simplesmente a dupla que tanto brilhou no tricolor lá em 1983, ano dos títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes. Na época, Espinosa era o treinador e Renato o atacante principal de um timaço que fez história. O contrato da dupla de ouro era apenas até o final da temporada, com renovação automática para 2017 dependendo dos resultados obtidos. A missão principal seria conduzir o time – então na 8ª colocação do Campeonato Brasileiro – a pelo menos uma vaga na Libertadores e ir bem na reta final da Copa do Brasil, que teria a conclusão das oitavas de final exatamente no final de setembro.
Renato e Espinosa precisavam também retomar a confiança do elenco tricolor, que não vencia há cinco jogos no Brasileiro quando era comandado por Roger Machado, que fez um bom início de trabalho, mas perdeu o rendimento no decorrer da temporada e acabou deixando o clube. Quando chegou, Renato disse que o Grêmio “merecia estar em uma melhor colocação no Campeonato Brasileiro por ter um grupo muito bom”. Ele encontrou um elenco de talento e que poderia render ainda mais. Na zaga, Pedro Geromel já era uma grata revelação, demonstrando muita frieza e regularidade. No meio, Walace virou uma das referências no toque de bola e marcação ao lado de Jailson e Maicon. E, no ataque, os jovens Everton Cebolinha e Pedro Rocha foram incorporados e ganharam chances no time principal, mas era Luan o grande destaque e quem crescia cada vez mais com sua técnica apurada, atuando como um “falso nove” ou também mais aberto pelas pontas. As atuações do jogador o levaram à seleção olímpica, pela qual venceu a medalha de Ouro na vitória sobre a Alemanha no Maracanã naquele ano de 2016.
Por ser de tiro curto, a Copa do Brasil virou objetivo principal do segundo semestre gremista. E a chance de retomar o orgulho e devolver o protagonismo do futebol ao Rio Grande do Sul no Brasil, pois desde 2011 que apenas clubes de São Paulo, Rio e Minas Gerais davam as cartas nas principais competições, inclusive na Libertadores, com os títulos do Santos em 2011, Corinthians, em 2012, e Atlético-MG, em 2013.
Em busca do penta
A estreia de Renato no comando do Grêmio não poderia ser mais decisiva: a partida de volta das oitavas de final da Copa do Brasil, na Arena tricolor, contra o Athletico-PR. Com a vitória por 1 a 0 no duelo de ida, em Curitiba, o Grêmio jogava pelo empate para se garantir nas quartas de final. Mas o jogo foi bem mais difícil do que o torcedor imaginava. André Lima aproveitou uma falha do goleiro Marcelo Grohe e abriu o placar para o Furacão no primeiro tempo, e o 1 a 0 permaneceu até o final, com o Athletico bastante recuado e satisfeito com o resultado. Vaiado durante boa parte do jogo, o goleiro gremista conseguiu se redimir nas cobranças de pênaltis ao defender três chutes e garantir o 4 a 3 que classificou o time gaúcho. Quatro dias depois, a equipe venceu a Chapecoense por 1 a 0 e encerrou um jejum de sete jogos sem vitórias, um alívio para o torcedor e que servia de alento para os meses seguintes. Embora a equipe ainda não estivesse jogando bem, era apenas o início do trabalho de Renato no comando do tricolor.
Após o sorteio dos duelos das quartas, o Grêmio teve pela frente o Palmeiras, que caminhava a passos largos rumo ao título Brasileiro daquele ano. No primeiro jogo, em Porto Alegre, Ramiro e Pedro Rocha (este vivendo grande fase) marcaram os gols da vitória por 2 a 1 do tricolor. Na volta, em São Paulo, o tricolor levou um gol no começo da segunda etapa, mas Everton Cebolinha empatou 25 minutos depois e garantiu a classificação para a semifinal.
Nesse período, o time gaúcho alternava bons e maus momentos no Brasileirão, com muita economia nos gols e valorização da posse de bola. Parecia que faltava algo para o time deslanchar de vez. Bem, isso aconteceu no primeiro jogo contra o Cruzeiro, na semifinal da Copa do Brasil, quando Luan – num golaço – e Douglas fizeram os gols da vitória por 2 a 0 do Grêmio em pleno Mineirão. Foi um jogo marcante não só pelo resultado, mas pelo ímpeto tricolor durante a partida, jogando pra cima, forçando o erro do adversário e atuando como se ele fosse o dono da casa. Para se ter uma ideia, o primeiro gol tricolor saiu após uma jogada construída com 23 passes, sem qualquer intervenção do Cruzeiro, com o grand finale na triangulação de Pedro Rocha, Marcelo Oliveira e Luan.
Na volta, o Grêmio empatou sem gols e carimbou a vaga na decisão da Copa do Brasil, algo que não acontecia há 15 anos, quando o tricolor venceu o Corinthians em 2001 e faturou o tetra. Era a oitava final do time gaúcho na história, um recorde na época. E ele ainda tinha a chance de se tornar o maior campeão do torneio se alcançasse a quinta taça. O adversário da vez era o Atlético-MG, campeão em 2014 e que havia despachado na reta final Ponte Preta, Juventude e Internacional.
Luto e festa
A força do Grêmio copeiro surgiu logo no primeiro jogo da decisão, no Mineirão, mesmo palco do baile sobre o Cruzeiro nas semifinais. Aos 29’ do primeiro tempo, Pedro Rocha recebeu na entrada da área atleticana, fintou o marcador e chutou na saída do goleiro Victor para abrir o placar. No começo da etapa complementar, aos 9’, Pedro Rocha recebeu mais uma vez e chutou no canto para fazer 2 a 0. Gabriel ainda descontou para o Galo, aos 36’, mas Éverton Cebolinha, aos 45’, recebeu da direita e concluiu um contra-ataque mortal do tricolor, fechando a conta: 3 a 1. Era um placar maiúsculo para o time gaúcho, que poderia até perder por um gol que ainda sim seria campeão.
Veja os gols:
A decisão, no dia 07 de dezembro, na Arena do Grêmio completamente lotada – foram 55.337 pessoas, recorde na história do estádio -, teve lágrimas de emoção antes mesmo da partida começar. É que foram prestadas homenagens às vítimas do voo da Chapecoense, ocorrido na semana anterior. Os times ficaram perfilados no gramado e respeitaram um minuto de silêncio no mesmo instante em que no estádio Couto Pereira milhares de torcedores do Athletico-PR, Coritiba e Paraná também prestavam condolências no local onde seria disputada a decisão da Copa Sul-Americana entre o time catarinense e o Atlético Nacional-COL. Foi um momento único, indescritível. Só vendo para entender:
Com a bola rolando, o Grêmio apostou em sua vantagem e não foi tão agressivo como de costume. Já o Galo tentou reverter em chutes de longa distância, mas sem perigo ao goleiro Marcelo Grohe. No segundo tempo, o Atlético se lançou ainda mais ao ataque e ofereceu espaços ao Grêmio, que aproveitou já perto do final da partida para fazer 1 a 0, com Bolaños. Três minutos depois, Cazares, do Galo, acertou um lindíssimo chute de meio de campo (!) e marcou um gol épico para empatar. Mas era tarde demais.
O empate em 1 a 1 garantiu o título tricolor com quatro vitórias, três empates e uma derrota em oito jogos, 10 gols marcados e cinco gols sofridos. Foi o 5º título gremista na Copa do Brasil e a consolidação dos gaúchos como maiores campeões do torneio na época – até o Cruzeiro chegar ao seis títulos em 2018. Durante a celebração do título, Renato brincou e cobrou da diretoria uma estátua em sua homenagem, algo que não aconteceu naquele primeiro momento. Bem, era só uma questão de tempo…
Foi o primeiro título de Renato Gaúcho como técnico do Grêmio e a segunda taça do treinador na competição – ele venceu o torneio em 2007, com o Fluminense. O troféu garantiu o Grêmio na fase de grupos da Copa Libertadores de 2017 e trouxe certo alívio por causa da campanha final do time gaúcho no Brasileirão – ele terminou apenas na 9ª colocação, bem longe da zona de classificação à Libertadores. Mas o torneio terminou com uma festa: o Internacional foi rebaixado pela primeira vez na história. Imagine o fim de ano dos gremistas em 2016: campeão da Copa do Brasil, classificado para a Libertadores e o rival na segundona. Mais divertido? Impossível!
O foco é a América
O Grêmio manteve a base campeã para a temporada de 2017 e trouxe ainda alguns reforços, como o lateral-direito Léo Moura e o atacante Lucas Barrios, além da volta do atacante Fernandinho, que havia sido emprestado ao Flamengo. Renato Gaúcho não escondeu de ninguém que a atenção da equipe seria a Libertadores, por isso, o Campeonato Gaúcho foi levado “nas coxas” e o time terminou na 4ª posição. A caminhada pelo continente começou em março, com vitória por 2 a 0 sobre o Zamora-VEN, fora de casa, gols de Léo Moura e Luan. Na sequência, o time venceu o Deportes Iquique-CHI por 3 a 2, em casa (dois gols de Luan e um de Bolaños) e empatou em 1 a 1 com o Guaraní-PAR, fora (gol de Pedro Rocha). No returno do grupo, goleada de 4 a 1 sobre o Guaraní-PAR (três gols de Barrios e um de Geromel), derrota para os chilenos do Iquique fora de casa por 2 a 1 e goleada de 4 a 0 sobre o Zamora, em casa, com dois gols de Luan, um de Barrios e outro de Pedro Rocha.
Àquela altura, já era visível a melhora na qualidade do futebol do time de Renato, principalmente com a ascensão de Arthur no meio de campo, assumindo o lugar que era de Walace, vendido ao Hamburgo-ALE. Com uma precisão de passes impressionante e visão de jogo privilegiada, ele era fundamental para a dominância do Grêmio sobre os rivais e opção nas jogadas de ataque. O volante Maicon, mais experiente, ajudou bastante naquela adaptação do jovem no time principal dando conselhos para ele se firmar de vez entre os titulares. Além dele, Barrios também era bastante elogiado pela torcida pelos gols decisivos e o faro artilheiro demonstrado naquela primeira etapa da Libertadores, isso sem contar os sempre eficientes Luan e Pedro Rocha. Em maio, o Grêmio ainda eliminou o Fluminense nas oitavas de final da Copa do Brasil com duas contundentes vitórias – 3 a 1, em casa (dois gols de Barrios e um de Arthur), e 2 a 0, fora (gols de Luan e Pedro Rocha).
No Brasileirão, o Grêmio começou bem a competição, mas a grande sequência do Corinthians no primeiro turno prejudicou o time, que se afastou bastante dos alvinegros. Mesmo assim, Renato acertou quando disse, em julho, que o Timão “iria perder pontos”. De fato, o alvinegro perdeu, mas acabou campeão. O Grêmio terminaria na 4ª colocação e com o segundo melhor ataque do torneio com 55 gols, atrás apenas do Palmeiras, que marcou 61.
Caminho das pedras
Entre junho e agosto, o Grêmio começou o mata-mata da Libertadores e também as fases seguintes da Copa do Brasil. Na competição continental, o tricolor eliminou o Godoy Cruz-ARG com uma vitória por 1 a 0 na Argentina (gol de Ramiro) e vitória por 2 a 1 em casa, com dois gols de Pedro Rocha. Pela Copa do Brasil, o tricolor eliminou o Athletico-PR com uma goleada de 4 a 0 no primeiro jogo, em Porto Alegre (dois gols de Barrios, um de Kannemann e outro de Everton Cebolinha), e triunfo por 3 a 2 de virada em plena Arena da Baixada, com dois gols de Pedro Rocha e um de Everton Cebolinha. Por falar em Pedro Rocha, o jovem acabaria vendido ao Spartak Moscou-RUS em agosto e seria um importante desfalque para a sequência do time na temporada. O último jogo dele com a camisa tricolor foi na derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro pelas semifinais da Copa do Brasil, partida que foi para os pênaltis por causa da igualdade nos dois jogos (o Grêmio venceu a ida por 1 a 0) e acabou com vitória do time mineiro por 3 a 2, pondo fim ao sonho do hexa dos gaúchos.
Em setembro, as atenções do Grêmio voltaram-se completamente para a Libertadores e o adversário da vez era o Botafogo. No primeiro jogo, no estádio Nilton Santos, muita raça e pouca técnica no empate sem gols que deixou o confronto aberto para a volta, na Arena do Grêmio. Mais de 50 mil pessoas lotaram o caldeirão tricolor e viram o Botafogo criar as melhores chances no primeiro tempo, mas o alvinegro parou nas defesas de Marcelo Grohe e também na trave. Louco da vida, Renato decidiu mexer no time ainda no primeiro tempo e tirou Léo Moura do meio, aos 37’, para a entrada de Everton Cebolinha, que ainda não era titular absoluto.
Após o intervalo, o Grêmio mudou a postura e passou a atacar mais, além de ter mais posse de bola. Gatito, goleiro do Botafogo, salvou logo no primeiro minuto um gol certo do tricolor, mas, aos 17’, ele não conseguiu evitar o 1 a 0 anotado por Lucas Barrios, que confirmava a cada jogo sua grande fase com a camisa gremista. O estádio foi à loucura, mas o placar era perigoso, pois um gol do Botafogo obrigaria o time da casa a fazer mais um. Só que o Grêmio seguiu firme e carimbou a vaga para a semifinal. O tri da América era uma realidade! Mas faltavam quatro jogos. E os dois próximos seriam contra o tradicional Barcelona, do Equador.
A aula e o milagre
No dia 25 de outubro, o Grêmio viajou até Guayaquil, no Equador, para enfrentar o Barcelona, carrasco de Palmeiras (nas oitavas) e Santos (nas quartas) naquela Libertadores. Muitos acreditavam que um empate já era ótimo para o time gaúcho. Mas o que se viu no caldeirão do time equatoriano foi um baile. O Grêmio jogou com uma autoridade impressionante e em nenhum momento sentiu a pressão da fanática torcida local. Logo aos 8’, Luan abriu o placar em chute de primeira. Aos 21’, Edilson, cobrando falta, ampliou. E, aos 6’ do segundo tempo, Luan fez mais um e decretou a acachapante vitória por 3 a 0 do time brasileiro.
Além de jogar muito e mostrar enorme aproveitamento nas conclusões, o tricolor ainda viu Marcelo Grohe ter outra atuação de destaque e fazer, para muitos, a defesa do ano de 2017. Após uma bola cruzada na área, o atacante Ariel estava pronto para anotar o gol. Ele chutou à queima roupa e o gremista, com um só braço, conseguiu interceptar inacreditavelmente. E não foi um chutinho qualquer, não! Se ele fosse com braço mole, certamente levaria a pior. Mas o goleirão foi firme, preciso, e salvou o Grêmio de uma possível reação dos equatorianos quando o jogo ainda marcava 2 a 0.
Mais importante que o terceiro gol anotado por Luan foi, sem dúvida, aquela defesa histórica de Marcelo Grohe. Simplesmente para a eternidade! O feito do arqueiro tricolor ganhou as manchetes de todo o mundo e vários jornais compararam a defesaça do brasileiro com a célebre defesa de Gordon Banks na cabeçada de Pelé, na Copa de 1970.
“Foi muito rápido. A bola passou por todo mundo. Vi o Ariel sozinho se armando para fazer o chute. Fiz a leitura de me jogar. Consegui esticar o braço, e a bola, graças a Deus, tocou nele. Na hora, a gente pensa em milésimo de segundo para definir o que fazer. O que tinha para fazer era me atirar. […] Foi, sem dúvida (a maior defesa da carreira). É o gol do goleiro, poder ajudar em uma bola que praticamente todo mundo achava que era gol. É o momento que conseguimos ajudar de uma forma legal, um gol que fatalmente iria acontecer. Pela importância do 2 a 0 também. Logo em seguida fizemos o 3 a 0”. – Marcelo Grohe, em entrevista ao globoesporte.com, 26 de outubro de 2017.
Veja a defesa:
Renato Gaúcho salientou que sua “equipe esteve muito bem e jogou de maneira tranquila, valorizando a posse de bola e sendo mortal nas chances criadas”. No entanto, ele lembrou que nada estava ganho e que o Barcelona poderia vencer em Porto Alegre, principalmente pelo retrospecto positivo nas duas fases anteriores contra os brasileiros Palmeiras e Santos. E, de fato, mesmo com mais de 54 mil pessoas na Arena do Grêmio, o Barcelona conseguiu vencer o duelo de volta, mas foi por apenas 1 a 0, resultado insuficiente para tirar os gaúchos da decisão, a primeira depois de dez anos. O clube se transformou ainda no primeiro time brasileiro a alcançar finais de Libertadores em quatro décadas distintas (1980, 1990, 2000 e 2010)! Faltava pouco para o copeiro imortal alcançar o mais alto degrau do continente. E, assim como em 1995, o time teria que fazer jus à sua imortalidade decidindo fora de casa o segundo duelo. E contra um adversário argentino: o Lanús, carrasco do favorito River Plate nas semifinais.
La Copa se mira y se (tri) toca!
Enfrentar um time argentino sempre é um problema na Libertadores. Em final, mas ainda. E quando o adversário vem embalado após derrotar o poderoso River Plate e com a possibilidade de decidir na Argentina, aí o negócio fica feio! Bem, apenas grandes clubes e com sina vencedora conseguem reverter um cenário como esse. E o Grêmio provou tudo isso na decisão da Libertadores de 2017. No primeiro duelo, em Porto Alegre, mais de 55 mil pessoas (quase quebrou o recorde da final da Copa do Brasil, foram 55.188 pessoas) transformaram a Arena em um caldeirão para inflamar o Grêmio em busca de um bom resultado.
Jogando claramente pelo empate, o Lanús esperou o time brasileiro em seu campo e deu míseros dois chutes a gol contra 11 do tricolor em todo o jogo. Muito faltosa, a partida foi típica de Libertadores, com muita tensão e nervosismo. No primeiro tempo, o Grêmio não conseguiu impor seu ritmo e ficou preso na marcação argentina. Para piorar, foi do Lanús as melhores chances de gol, com Martínez e Braghieri, mas ambos pararam no goleiro Marcelo Grohe, vivendo fase esplendorosa.
Na segunda etapa, Renato tirou Jailson, Fernandinho e Barrios e colocou Cícero, Everton Cebolinha e Jael, aumentando a velocidade e movimentação do ataque. E a tática deu certo. Aos 37’, Edílson levantou, Jael desviou de cabeça e Cícero só escorou para definir a vitória por 1 a 0. Que sufoco! Para a volta, a única baixa do time seria o zagueiro Kannemann, que levou o terceiro cartão amarelo.
O tricolor viajou até o estádio La Fortaleza em busca de uma glória que não vinha há 22 anos. Era a hora de escrever a história, de acabar com a angústia. E, mesmo com a vantagem do empate, Renato descartou qualquer retranca. “A melhor defesa é o ataque. Não é por ter a pequena vantagem que vamos nos acovardar. O regulamento vai entrar em jogo na hora certa. Respeito muito o Lanús, mas o Grêmio tem a sua maneira de jogar. Treinamos ela no domingo pela manhã e vamos colocar em prática. Não adianta ficar comentando muito, falando muito. Aí eu posso falar algo que não devo. O Grêmio veio aqui para buscar a vitória e não para se defender”, disse o treinador em coletiva de imprensa antes do jogo.
E, quando a bola rolou, o Grêmio se esbaldou nos espaços concedidos pelo Lanús, que partiu pro ataque e deu a liberdade que tanto Renato queria para seus jogadores aproveitarem. Aos 26’, após um recuo mal feito do time argentino, Fernandinho roubou a bola no meio de campo e saiu em disparada num contra-ataque mortal. Sozinho, ele foi até a entrada da área e encheu o pé, sem chance alguma para o goleiro Andrada: 1 a 0. Festa dos 5 mil gremistas no estádio! Relaxar no placar? Jamais! Aos 40’, Luan recebeu de Jailson, invadiu a área, driblou dois e deu um toque por cobertura para fazer um golaço: 2 a 0. No agregado, 3 a 0 para o tricolor! O time brasileiro dava show, dominava as ações do meio de campo, marcava muito e contava com uma partidaça de Luan e Arthur.
Na segunda etapa, Arthur não aguentou mais de dores no tornozelo esquerdo e teve que deixar o gramado para a entrada de Michel. Sem ele, o Grêmio recuou um pouco e o Lanús descontou com Sand, de pênalti. O nervosismo tomou conta do torcedor tricolor, que ficou ainda mais tenso quando Ramiro foi expulso, aos 37’. Mas o Grêmio tomou as rédeas da partida novamente, Luan ainda teve a chance de fazer mais um, mas o placar de 2 a 1 era o suficiente para o tri. Grêmio campeão da América pela terceira vez! Luan, com oito gols, foi o artilheiro do time na competição e vice-artilheiro no geral, atrás apenas de Sand, do Lanús, que marcou nove. Barrios, com seis gols, também figurou entre os goleadores. O Grêmio venceu 10, empatou dois, perdeu dois, marcou 25 gols e sofreu nove nos 14 jogos da campanha.
Veja os gols:
A festa na Argentina foi ainda mais histórica pelo fato de o tricolor ser apenas o segundo clube brasileiro na história a celebrar um título de Libertadores em solo argentino. Apenas o Santos de Pelé havia conseguido a proeza! E quem também entrou para a história foi Renato Gaúcho, o primeiro brasileiro a vencer a Libertadores como jogador (1983) e treinador, além de ser apenas o 8º a conseguir o feito no geral. Os outros foram:
- Humberto Maschio (ARG): como jogador do Racing-ARG, em 1967, e como treinador do Independiente-ARG, em 1973;
- Roberto Ferreiro (ARG): como jogador do Independiente-ARG, em 1964 e 1965, e como treinador do Independiente-ARG, em 1974;
- Luis Cubilla (URU): como jogador do Peñarol-URU, em 1960 e 1961, e do Nacional-URU, em 1971, e como treinador do Olimpia-PAR em 1979 e 1990;
- Juan Martín Mujica (URU): como jogador do Nacional-URU, em 1971, e como treinador do Nacional-URU, em 1980;
- José Omar Pastoriza (ARG): como jogador do Independiente-ARG, em 1972, e como treinador do Independiente-ARG, em 1984;
- Nery Pumpido (ARG): como jogador do River Plate-ARG, em 1986, e como treinador do Olimpia-PAR, em 2002;
- Marcelo Gallardo (ARG): como jogador do River Plate-ARG, em 1996, e como treinador do River Plate-ARG, em 2015 e 2018.
Na coletiva, o técnico brincou, como sempre, e voltou a cobrar sua estátua:
“Eu queria que alguém agora acordasse o prefeito. Com todo respeito ao seu Marchezan (Nelson Marchezan Júnior), desculpa prefeito, sei que o senhor é uma autoridade, mas eu, Renato Portaluppi, estou declarando amanhã feriado em Porto Alegre. Facultativo. Eu tenho certeza que o prefeito vai atender esse nosso pedido porque o mundo todo está falando de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, onde tem um grande clube, que é campeão do mundo e tricampeão da América. […] Ontem mesmo a pressão começou. Eu acredito que vai sair. Os homens que mandam no clube, para quem eu posso pedir a estátua, estão aqui. Os ouvidos deles estão bastante quentes. Se a estátua não sair dessa vez, realmente eu desisto.” – Renato Gaúcho, em coletiva de imprensa pós-jogo. Trecho extraído do site da revista Veja (leia mais clicando aqui).
Ele ainda alfinetou o rival Inter, que disputou a segundona naquele ano e havia conseguido o acesso. “Com todo respeito, quero dar os parabéns aos colorados também por terem subido para a Série A. Eles também podem pegar essa beirinha do feriado amanhã”. O troféu desempatou a disputa com o rival em número de títulos da Libertadores – 3 a 2 – e igualou o tricolor aos maiores campeões do torneio no Brasil – São Paulo e Santos, cada um com três taças também.
CR7 enterra sonho
Dias depois da glória na Libertadores, o Grêmio viajou até Abu Dhabi para a disputa do Mundial de Clubes da FIFA. O principal desfalque do tricolor no torneio seria Arthur, que se lesionou na decisão contra o Lanús e não tinha condições de jogo. Renato Gaúcho escalou Michel no lugar do jogador, ao lado de Jailson e Ramiro no meio de campo. Na semifinal, o tricolor teve dificuldades, mas conseguiu vencer o Pachuca, do México, por 1 a 0, gol de Everton Cebolinha, que mostrava cada vez mais personalidade e futebol para garantir uma vaga no time titular. A vitória colocou o Grêmio na decisão contra um titã: o Real Madrid, então bicampeão consecutivo da Liga dos Campeões da UEFA, detentor do título Mundial e com Cristiano Ronaldo jogando muito, além de Modric, Kroos, Benzema, Isco e toda uma trupe que já fez história neste século XXI.
Antes do duelo, Renato Gaúcho “provocou” o principal astro do Real dizendo que “jogou mais do que ele em seus tempos de atleta profissional”. Foi uma apimentada para o jogo, mas que não surtiu efeito algum. O Real dominou as ações, teve mais de 60% de posse de bola, engoliu o time brasileiro principalmente no meio de campo, deu 20 chutes a gol contra apenas um (!) dos tricolores e só não fez mais gols por causa das grandes atuações de Geromel, Kannemann e do goleiro Marcelo Grohe, autor de pelo menos quatro defesas dificílimas. Foi uma diferença técnica gritante. O placar de 1 a 0 (justamente um gol de Cristiano Ronaldo, cobrando falta) não refletiu o que foi a partida. Sem forçar, o Real Madrid conquistou seu sexto título mundial, o terceiro organizado pela FIFA. Após o jogo, CR7 foi questionado sobre a declaração de Renato. Ele ironizou, mas também salientou o currículo do técnico brasileiro:
“Ah, o que você quer que eu te diga? Há coisas que não merecem resposta. Estou contente, fiz gol. Estou muito feliz. […] A melhor resposta é rir. Se ele pensa assim, que você quer que eu te diga? Tem que escutar. Me contaram também. E fiquei curioso em ver um pouco do currículo dele. Teve um currículo bonito”. – Cristiano Ronaldo, em entrevista publicada no globoesporte.com, 16 de dezembro de 2017.
O vice foi doloroso para o time gaúcho, ainda mais pelo fato de o Grêmio não ter oferecido dificuldades ao Real Madrid como muitos esperavam por causa do futebol apresentado ao longo da temporada. Esperava-se mais ofensividade, mais posse de bola. Mas o time madrileno estava muito acima, o famoso “outro patamar” que acabou distanciando tanto os clubes sul-americanos dos europeus principalmente após as disputas pós-2007 dos Mundiais da FIFA.
O alento naquele fim de temporada foi a nomeação de Luan como melhor jogador das Américas em 2017 e também de Renato Gaúcho como melhor treinador do continente. Ele também quebrou uma escrita do tricolor ao se tornar o primeiro técnico desde Mano Menezes, em 2007, a começar e terminar um ano no comando do Grêmio.
Base mantida e novas taças
O Grêmio conseguiu manter seus principais jogadores para o início da temporada de 2018, trouxe Alisson para o setor ofensivo e só tinha a incerteza de Arthur, que estava negociando com o Barcelona-ESP – ele iria deixar o clube em março. Já em fevereiro, o tricolor teve seu primeiro grande compromisso: a decisão da Recopa Sul-Americana, contra o Rey de Copas Independiente, campeão da Sul-Americana de 2017. Seria um reencontro cheio de história entre a dupla, que já havia decidido dois títulos internacionais na história: em 1984, na Libertadores, com triunfo dos argentinos, e em 1996, na mesma Recopa, com vitória do Grêmio.
A “nega” começou no dia 14 de fevereiro, no “inferno”, digo, na casa do Independiente, o estádio Libertadores de América, em Avellaneda. Valente, o Grêmio não se intimidou com o ambiente criado pelos torcedores dos diablos e abriu o placar logo aos 22’ do primeiro tempo, com Luan. Minutos depois, o Independiente teve um jogador expulso, mas conseguiu o empate em lance infeliz de Bruno Cortez, que fez contra. No segundo tempo, o time teve mais controle de bola, mas os argentinos dificultaram bastante as investidas ofensivas dos tricolores e o placar permaneceu 1 a 1.
Na volta, o filme do primeiro jogo foi praticamente repetido: o Independiente teve um jogador expulso na etapa inicial, se fechou completamente e o Grêmio não conseguiu ser incisivo com a bola no pé. Além disso, o goleiro Campaña fez defesas milagrosas e até a trave ajudou o time argentino de levar um gol. Depois de 120 minutos, a partida foi para os pênaltis e os batedores foram convertendo suas cobranças até Benítez parar no goleiro Marcelo Grohe, que defendeu, garantiu o 5 a 4 e mais um título internacional do Grêmio! Outra festa na Arena! E outra copa para o tricolor! Era o mesmo filme do lendário time dos anos 1990, que faturou Copa do Brasil, Libertadores e Recopa em três anos distintos, assim como aquele Grêmio de Renato Gaúcho, que completou 200 jogos no comando do tricolor, somando suas outras passagens, exatamente naquela final contra o Independiente.
Após o título, o tricolor voltou suas atenções para o Campeonato Gaúcho, que não era conquistado pelo imortal há oito anos. E o time conseguiu se recuperar de um mau início no torneio, avançou para as quartas de final e eliminou o rival Internacional com uma vitória por 3 a 0 na Arena, gols de Everton Cebolinha, Jael e Arthur. Mesmo com a derrota por 2 a 0 na volta, no Beira-Rio, o time se classificou para as semifinais e venceu o Avenida por 3 a 0, fora, e empatou em 1 a 1, em casa. Na decisão, contra o Brasil de Pelotas, duas vitórias fáceis – 4 a 0 e 3 a 0 – garantiram mais uma taça ao tricolor e o fim de outra escrita. A taça serviu não só para confirmar a grande fase do time de Renato, mas também a ascensão de Everton Cebolinha no time principal. O atacante já era o principal nome ofensivo do time e mostrava um entrosamento notável com Luan. Quem também mostrava serviço era Alisson, que podia atuar tanto como meia articulando jogadas como um terceiro atacante, pelas pontas.
Após o Gauchão, muitos especularam que Renato Gaúcho pudesse deixar o Grêmio e comandar o Flamengo, mas a diretoria tricolor valorizou o trabalho do treinador, renovou seu contrato e ele permaneceu em Porto Alegre, aumentando ainda mais a idolatria da torcida gremista. Com essa manutenção do professor, mais as alternativas ofensivas e padrão de jogo definido aliado à posse de bola e futebol incisivo, o Grêmio era um dos favoritos ao título da Libertadores. E a fase de grupos iria aumentar ainda mais essa expectativa.
Shows, classificação e novos épicos
No Grupo A da Liberta, o Grêmio teve pela frente Cerro Porteño-PAR, Defensor-URU e Monagas-VEN, uma chave relativamente fácil para o tricolor. E, jogo a jogo, o time confirmou o favoritismo. Na estreia, empate em 1 a 1 com o Defensor, fora de casa (gol de Maicon). Em seguida, goleada de 4 a 0 sobre o Monagas (gols de Jael, Everton Cebolinha, Luan e Cícero). Contra o Cerro Porteño, fora, empate sem gols, e goleada de 5 a 0 em casa contra os paraguaios (dois gols de Everton Cebolinha, um de Ramiro, um de Jael e outro de Cícero). Na quinta rodada, vitória por 2 a 1 sobre o Monagas, fora (gols de Ramiro e Jailson), e vitória por 1 a 0 sobre o Defensor, em casa, gol de Luan. O tricolor avançou com 14 pontos, quatro vitórias, dois empates, 13 gols marcados e apenas dois sofridos, somando a segunda melhor campanha da fase de grupos.
Nas oitavas, o Grêmio teve pela frente o sempre perigoso Estudiantes, tetracampeão da América e com uma das camisas mais temidas do continente. Na ida, fora de casa, o Grêmio perdeu a invencibilidade com a derrota de 2 a 1, que não foi pior por causa do gol salvador de Kannemann ainda no primeiro tempo quando o placar apontava 2 a 0. Na volta, quase 50 mil pessoas lotaram a Arena para ver um jogaço, digno de Libertadores e para entrar no rol das grandes e dramáticas partidas do copeiro imortal. Em um começo avassalador, com direito a chapéu de Everton Cebolinha, o Grêmio abriu o placar aos 5’, após jogada construída por Jael e Maicon e concluída por Everton, que aproveitou o goleiro adiantado e tocou sutilmente por cobertura: 1 a 0. A fase do atacante era incrível e ele tomava o protagonismo que era de Luan em 2017. Mas, três minutos depois, um erro na saída de bola ofereceu ao Estudiantes o gol de empate, que obrigava o Grêmio a marcar dois se quisesse avançar ainda no tempo normal.
Dono do jogo, o tricolor tinha mais de 70% de posse de bola, mas o Estudiantes era dureza, não deixava espaços. Na segunda etapa, Alisson entrou no lugar de Ramiro e deu mais movimentação ao time da casa, que não se abatia, queria o gol. Jael e Jailson tentaram várias vezes, em chutes de dentro e fora da área, mas parecia que a sorte estava com o Estudiantes. Até que, já nos acréscimos, Luan cobrou falta e Alisson, de cabeça, fez o gol da explosão da Arena: 2 a 1. Sem mais tempo para o terceiro, o jogo acabou e a decisão foi para os pênaltis.
Nela, o Grêmio foi 100% e viu o alvirrubro Campi perder. Com isso, o placar de 5 a 3 garantiu o tricolor nas quartas de final e outra festa histórica na Arena. A torcida não poupou gritos e apoio a um time que foi raçudo como manda a cartilha do tricolor durante todo o jogo e jamais desistiu do resultado. Foi um jogo em que prevaleceram a fibra e a garra, contrapondo o lado técnico. Típicos do copeiro imortal.
Na fase seguinte, o Grêmio encarou outro adversário argentino: o Atlético Tucumán, que havia eliminado o Atlético Nacional-COL. Na ida, em solo argentino, o tricolor mostrou maturidade e venceu por 2 a 0, em uma grande partida de Alisson, que marcou o primeiro e deu o passe para Everton Cebolinha deixar o seu. Além do triunfo, o time gaúcho quebrou uma invencibilidade de 11 jogos do Atlético Tucumán em seu estádio. Na volta, a Arena viu outro show tricolor: 4 a 0, com gols de Luan, Cícero, Sánchez (contra) e Jael. Classificação incontestável para a semifinal! E mais um teste de fogo para o tricolor: o River Plate-ARG de Marcelo Gallardo…
Pane geral
Mais uma vez o Grêmio viajou até a Argentina para um duelo de ida naquela fase de mata-mata. O adversário era hostil, forte e buscava a final que escapou pelos dedos na semifinal de 2017, no revés para o Lanús. Em um Monumental efervescente, o River esperava a vitória, ainda mais com o Grêmio desfalcado de Luan e Everton Cebolinha. No entanto, o time brasileiro mais uma vez jogou como um legítimo copeiro, neutralizou as principais jogadas do rival e venceu por 1 a 0 (gol de Michel), destroçando a invencibilidade de quase um ano sem derrotas do River jogando em casa – a última havia acontecido no dia 26 de novembro de 2017, contra o Newell’s Old Boys, pelo Campeonato Argentino. Orgulhoso, Renato enalteceu a postura de seu time no Monumental.
“A qualidade do River é indiscutível. Tem jogadores que sabem jogar Libertadores, mas o Grêmio soube se comportar contra esse time. Por isso digo que o Grêmio deixou um pouco de lado seu jogo e competiu. Tínhamos que competir pela qualidade do time deles”, comentou o técnico ao UOL Esporte.
Além do prejuízo no placar, o River ainda viu seu técnico, Marcelo Gallardo, ser punido pela Conmebol por atrasar a entrada de seus jogadores no segundo tempo daquele duelo. Ele não poderia ficar no banco de reservas na partida de volta, no Brasil.
Em Porto Alegre, a torcida tricolor estava crente na classificação. Ainda mais pelo fato de o time jogar pelo empate. Ainda sem Luan, lesionado, e Everton Cebolinha se recuperando de contusão (ele poderia jogar parte do jogo, não a partida completa), Renato colocou Jael, Alisson e Cícero para movimentar o ataque tricolor, com Michel e Maicon na proteção do meio de campo e Paulo Miranda na zaga no lugar de Kannemann, suspenso. Quando a bola rolou, o Grêmio saiu na frente ainda no primeiro tempo e deixou a classificação muito bem encaminhada. Veio a segunda etapa e Everton Cebolinha entrou aos 8’, no lugar de Maicon.
A entrada do atacante deu ainda mais velocidade ao tricolor, mas desprotegeu o meio de campo. Mas, aos 21’, o atacante recebeu de Jael, avançou sozinho, e, no mano a mano com Armani, tinha a chance de decretar a vaga na final. Mas o camisa 11 não chutou bem e o goleiro argentino evitou o gol de maneira impressionante. Era um gol que ele não perderia se estivesse 100% fisicamente. Mas perdeu. Foi um combustível para o River. Três minutos depois, Paulo Miranda sentiu cãibras e teve que sair para a entrada de Bressan.
Sem nem tocar na bola, o zagueiro levou amarelo logo de cara por ficar agarrando o zagueiro Pinola. Aos 36’, Borré empatou para o River. E, aos 41’, Bressan tocou com a mão a bola dentro da área e, após consulta do VAR, o árbitro marcou pênalti e ainda expulsou o zagueiro, simplesmente desastroso naquela noite. Aos prantos, ele deixou o gramado. Na cobrança, Pity Martínez fez o gol da virada e da classificação millonaria pelo critério de gols marcados fora de casa.
Foi um desmoronamento para o tricolor. Ninguém, absolutamente ninguém imaginava uma derrota como aquela, nos minutos finais e ainda mais com o retrospecto positivo do time em mata-mata desde 2016. Mas tudo ruiu. Houve ainda a esperança de a vaga vir nos tribunais, pelo fato de o técnico argentino Marcelo Gallardo ter sido flagrado na tribuna se comunicando com o assistente via rádio e ido ao vestiário disfarçado – ações proibidas pela suspensão que levou. Inconformado, o Grêmio imediatamente foi à Conmebol reivindicar uma severa punição ao técnico e até a eliminação do River da competição. Mas, no julgamento, o treinador foi punido em 50 mil dólares e três jogos de suspensão. Era o fim do sonho do tetra. E também de alguma taça no segundo semestre de 2018, afinal, o tricolor acabou em 4º lugar no Brasileirão e caiu nas quartas de final na Copa do Brasil.
O fim do esquadrão copeiro
A temporada de 2019 marcou o início da derrocada do time tão competitivo e vencedor do Grêmio. Marcelo Grohe, principal nome defensivo da equipe, foi vendido e o clube não conseguiu suprir sua ausência à altura. O atacante Jael e o meia Cícero também deixaram o time, Luan passou a sofrer com contusões e a Arena não impôs mais a pressão dos anos anteriores.
Na Copa do Brasil, a equipe foi eliminada nas semifinais para o Athletico-PR após vitória em casa por 2 a 0, derrota por 2 a 0 na volta e revés nos pênaltis por 5 a 4. No Brasileiro, o time colecionou resultados ruins em casa (derrota por 2 a 1 para o Santos, 5 a 4 para o Fluminense e 1 a 0 para o Bahia, além dos empates em 3 a 3 com a Chapecoense e 0 a 0 com o Corinthians) e muitos tropeços fora muito por causa do técnico Renato Gaúcho alternar demais os jogadores do time titular e poupá-los demasiadamente. Até o dia 21 de outubro, a equipe estava na 7ª posição com 11 vitórias, oito empates e oito derrotas que praticamente minaram as pretensões tricolores no torneio, afinal, perder oito jogos é muita coisa para um clube que tinha total condição de brigar pelo título nacional.
Na Libertadores, a equipe se classificou em segundo lugar no Grupo H, com 10 pontos e duas derrotas, incluindo uma de 1 a 0 para o Libertad-PAR em plena Arena. Com apenas a 12ª melhor campanha entre os 16 classificados, o tricolor conseguiu a vingança contra os paraguaios nas oitavas ao vencer tanto o duelo da ida (2 a 0) quanto da volta (3 a 0). Nas quartas, nova apresentação abaixo da média em casa e derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, em reedição de um clássico marcante nos anos 1990. Mas, na volta, os gaúchos decidiram a classificação ainda no primeiro tempo com o placar de 2 a 1, de virada, em pleno Pacaembu. O Grêmio se mostrava mais perigoso fora de casa do que dentro dela. Conseguia os resultados que precisava, mas ainda longe do futebol praticado em parte de 2018 e principalmente em 2017.
A gota d’água veio na semifinal, quando o tricolor encarou o Flamengo de Jorge Jesus. Na ida, em Porto Alegre, o time rubro-negro simplesmente “amassou” o rival com uma velocidade impressionante, toques envolventes e várias alternativas no ataque. Foram quatro gols. Mas apenas um valeu, de Bruno Henrique, no segundo tempo. Os outros três foram anulados pelo VAR. O Grêmio só conseguiu seu gol faltando três minutos para o fim do jogo, com Pepê. Na volta, no Maracanã, um jogo histórico terminou com goleada de 5 a 0 do Flamengo. O tricolor ainda conseguiu se recuperar no Brasileiro e terminou mais uma vez na 4ª posição, garantindo outra vaga na fase de grupos da Liberta de 2020.
As boas notícias do ano foram o título do Campeonato Gaúcho de maneira invicta, algo que não acontecia há 54 anos, e as congratulações à Renato, que recebeu com bastante atraso da Conmebol o troféu de melhor treinador da América de 2017, e a grande honraria da diretoria gremista, que, enfim, inaugurou a famosa estátua do treinador na Arena, imortalizando de vez o personagem principal do renascimento tricolor no cenário futebolístico nacional e sul-americano. Renato conseguiu moldar um time à sua maneira, se mostrou um técnico muito mais maduro, jamais deixou o lado provocador de lado, claro, mas respondeu a tudo e a todos com títulos e vitórias que estão perpetuadas na memória do torcedor. Os jogadores, claro, foram fundamentais nessa caminhada tricolor. Mas o trabalho de Renato foi imortal. Como foi esse novo Grêmio copeiro imortal.
Os personagens:
Marcelo Grohe: já está no rol de maiores goleiros da história do Grêmio, onde estão nomes como Lara, Leão, Mazarópi e Danrlei. Milagrohe, como ficou conhecido, fez defesas sensacionais e mostrou uma regularidade impressionante durante toda essa caminhada gremista. Foi fundamental em todos os títulos, principalmente na Libertadores de 2017 e na Recopa de 2018. Revelado pelo próprio Grêmio, Grohe jogou de 2005 até 2018 no tricolor e disputou 408 jogos com a camisa tricolor, chegando ao 11º lugar entre os que mais vestiram o manto do imortal. Um fato de destaque é que ele permaneceu 833 minutos sem levar gols no Brasileirão de 2018, recorde na história do Grêmio. Faturou ainda os prêmios de melhor goleiro das Américas em 2017 e as Bolas de Prata dos Brasileirões de 2014 e 2015. Sua saída no final de 2018 curiosamente culminou com o fim do esquadrão copeiro. Ídolo incontestável da torcida.
Edílson: o lateral-direito já havia jogado no Grêmio entre 2010 e 2012, mas foi na segunda passagem, entre 2016 e 2017, que ele conseguiu destaque no time gaúcho. Perigoso nas bolas paradas, aparecia bastante no ataque e foi uma das armas do time em cruzamentos e passes. Marcou gols importantes nas campanhas vencedoras do tricolor. Ao final de 2017, foi contratado pelo Cruzeiro.
Léo Moura: já veterano, chegou ao Grêmio em 2017 e atuou em algumas partidas durante a campanha do título da Libertadores e também na trajetória tricolor no Brasileirão. Podia atuar não só na lateral-direita, mas também no meio de campo.
Pedro Geromel: chegou em 2013 ao tricolor e passou a atuar como titular em 2015. Cresceu demais de produção sob o comando de Renato Gaúcho e demonstrou enorme segurança no miolo de zaga, eficiência no posicionamento, no desarme e até em investidas ao ataque, como no cruzamento que deu para o gol de Everton Cebolinha na vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-MG, na final da Copa do Brasil de 2016. Venceu quatro Bolas de Prata de melhor zagueiro do Brasileirão e foi eleito duas vezes o melhor zagueiro das Américas, em 2017 e 2018. Além disso, foi convocado para a Copa de 2018.
Kannemann: o zagueiro argentino virou ídolo instantâneo da torcida por causa de sua raça, vigor e entrega em todos os jogos. Mostrou um entrosamento notável com Geromel e foi fundamental nos títulos do tricolor. Seu problema é que o excesso de raça custam muitos cartões e expulsões, o que acabou atrapalhando também o time em algumas ocasiões.
Bressan: foi uma alternativa nas ausências de Geromel ou Kannemann, mas acabou saindo do clube pela porta dos fundos por conta das falhas que custaram a eliminação do Grêmio na semifinal da Libertadores de 2018, que se somaram a uma outra atuação ruim do zagueiro também em uma Libertadores, mas em 2013.
Paulo Miranda: polivalente, podia atuar na zaga ou na lateral-direita com muita eficiência e regularidade. Fez grandes jogos em 2018, principalmente na campanha da Libertadores daquele ano.
Bruno Cortez: chegou em 2017 ao Grêmio e assumiu a titularidade na lateral-esquerda, desbancando o titular da temporada anterior, Marcelo Oliveira. Acumulou mais de 150 jogos pelo Grêmio entre 2017 e 2019. É um dos poucos jogadores a ter no currículo as três competições da Conmebol: Libertadores e Recopa, pelo Grêmio, e Copa Sul-Americana, pelo São Paulo, em 2012.
Marcelo Oliveira: polivalente do time, Marcelo podia atuar como zagueiro, lateral-esquerdo e volante. Não tinha muitas características ofensivas e se destacava mais pela eficiência defensiva. Chegou em 2015, mas sua melhor temporada foi em 2016, quando ajudou o tricolor a sair da fila com o título da Copa do Brasil. Com a chegada de Cortez, perdeu espaço.
Arthur: volante de muito talento, foi uma das maiores criações do Grêmio nos últimos tempos. Com ampla visão de jogo, passes precisos, muita movimentação e ótimo nos desarmes, foi o grande nome do meio de campo do time campeão da América em 2017. Não por acaso, acabou contratado pelo Barcelona-ESP já em 2018 e foi direto para o time titular dos blaugranas. Jogou muito pouco pelo tricolor – 70 jogos e seis gols -, mas o suficiente para entrar no rol dos ídolos do clube gaúcho.
Walace: outro que despontou para o futebol pelo tricolor, a partir de 2014, Walace foi o grande nome do meio de campo do Grêmio na conquista da Copa do Brasil de 2016. Forte, com bons passes e opção para as jogadas de ataque, foi fundamental para aquela ascensão do time gaúcho. Acabou deixando a equipe em 2017 para jogar no futebol alemão e não fez parte do time campeão da América.
Maicon: chegou em 2015 e virou o grande xerife do meio de campo do tricolor, além de ser um líder e capitão da equipe ao longo da temporada 2016. Sua principal virtude era a precisão nos passes e a facilidade em encontrar espaços para construir jogadas. Possui 200 jogos pelo Grêmio. Acabou perdendo muitas partidas em 2017 por causa de uma lesão.
Jailson: promovido ao time profissional em 2016, o volante fez vários jogos como titular e foi também opção para o caso de algum titular se lesionar, casos de Maicon e Michel. Mas foi em 2017 que ele começou a se destacar com bons passes e muita regularidade, principalmente nas conquistas da Libertadores e da Recopa. Acabou negociado com o futebol turco em 2018.
Michel: outro jogador polivalente do elenco tricolor, Michel podia atuar como volante, meia e lateral-esquerdo. Ajudava bastante no combate, na marcação e até aparecendo no ataque como elemento surpresa. Figurou entre os titulares em 2017 e se alternou no time principal com Jailson.
Ramiro: como volante, meia e até lateral, Ramiro disputou mais de 250 jogos pelo Grêmio entre 2013 e 2018 e foi um dos jogadores mais utilizados por Renato Gaúcho no período vitorioso do tricolor. Ganhou a confiança do treinador e fez grandes partidas na Libertadores de 2017, no Gaúcho de 2018 e na Recopa do mesmo ano. Muito forte fisicamente, ajudava tanto na marcação quanto nos passes e construção de jogadas. Foi jogar no Corinthians em 2019.
Alisson: uma das principais armas ofensivas do Grêmio em 2018, foi o 12º jogador do time na temporada, entrando em quase todos os jogos ou mesmo iniciando no time titular. Meia de muita habilidade e técnica, marcou gols importantes e deu passes para outros também. Em 2019, com a saída de Ramiro, virou titular absoluto. Mostrou muito entrosamento com Everton Cebolinha.
Luan: jogou de 2014 até 2019 no tricolor e se transformou em um dos principais jogadores do futebol brasileiro. Podia atuar em qualquer lado do campo de ataque, aberto pela esquerda, pela direita, mais centralizado ou mesmo como falso 9. Viveu sua melhor fase entre 2016 e 2017, com gols decisivos, pinturas e dribles desconcertantes que ajudaram o Grêmio a levantar os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores. Ganhou o prêmio de melhor jogador da América em 2017, melhor jogador da Libertadores no mesmo ano e ainda duas Bolas de Prata (2015 e 2017). Acumulou 288 jogos, 77 gols (é o 13º maior artilheiro da história do Grêmio) e 56 assistências em sua passagem pelo tricolor.
Fernandinho: após idas e vindas, retornou em 2017 para ser campeão da Libertadores e colocar seu nome na história marcando um belo gol na finalíssima contra o Lanús. Além do golaço, o jogador não deixou o torcedor ficar com saudades de Pedro Rocha – negociado justamente na reta final da temporada – e supriu muito bem a ausência do meia com grandes atuações e entrosamento com Luan e Barrios. Disputou 57 jogos e marcou 12 gols pelo clube naquele ano.
Everton Cebolinha: no tricolor desde 2014, começou já em 2016 a mostrar que merecia um lugar no time titular com gols importantes na campanha do título da Copa do Brasil – como nas quartas de final, contra o Palmeiras, e no primeiro jogo da final, contra o Atlético-MG. Em 2017, seguiu como coringa, mas foi em 2018 que ele cravou de vez seu espaço no time titular com as saídas de Barrios e Fernandinho. Rápido, driblador e imprevisível, virou ídolo da torcida e referência máxima do ataque tricolor naquele ano, principalmente por causa das contusões que Luan passou a sofrer e que tiraram o atacante de boa parte da temporada. Foi o artilheiro do time em 2018 com 19 gols e passou a ser convocado para a seleção brasileira, pela qual venceu a Copa América de 2019 e levou o prêmio de artilheiro do torneio, além de ser eleito para a seleção dos melhores da competição.
Douglas: meia articulador e perito em bolas paradas, foi um dos xodós da torcida naquele início de era de ouro. Compôs o meio de campo ao lado de Walace, Maicon e Ramiro e era o homem dos passes precisos e dos lançamentos, o legítimo camisa 10. A partir de 2017, perdeu espaço por conta do estilo mais ofensivo e rápido proposto pelo técnico Renato Gaúcho, contrapondo a cadência da temporada anterior.
Bolaños: o equatoriano chegou em 2016 e foi outro coringa do técnico Renato Gaúcho para o setor ofensivo. Disputou 28 jogos e marcou sete gols naquela temporada, incluindo na finalíssima da Copa do Brasil contra o Atlético-MG. Sem espaço em 2017, foi jogar no futebol mexicano.
Lucas Barrios: o paraguaio jogou apenas a temporada de 2017 no tricolor, mas o suficiente para se destacar com gols importantes na Libertadores – foram seis – e boa movimentação no setor de ataque do time. Foi artilheiro da Copa do Brasil com cinco gols. Deixou a equipe em 2018 para jogar no futebol argentino. Marcou 18 gols em 45 jogos no tricolor.
Pedro Rocha: destaque das categorias de base do Juventus-SP, o meia desembarcou em Porto Alegre em 2014 e desabrochou de vez com o técnico Renato Gaúcho em 2016. Com faro artilheiro e decisivo, foi fundamental na campanha do título da Copa do Brasil e também em parte da trajetória na Copa Libertadores de 2017. Demonstrou muita determinação, movimentação e foi um dos destaques nas criações de jogadas de ataque, além de dar passes precisos e ele mesmo aparecer na frente para concluir. A torcida sentiu bastante sua saída no meio de 2017. Ele disputou 126 jogos e marcou 32 gols com a camisa tricolor.
Cícero: velho conhecido de Renato Gaúcho nos tempos de Fluminense, em 2007 e 2008, Cícero foi um dos coringas do treinador para o meio de campo e também ataque. Fez o gol salvador na primeira partida da final da Libertadores de 2017 contra o Lanús e teve destaque, também, em vários jogos durante o ano de 2018. Deixou a equipe em 2019 para jogar no Botafogo. Foram 50 jogos e sete gols pelo tricolor.
Jael: o “Imperador dos Pampas” jogou de 2017 até 2019 no Grêmio e foi outro coringa bastante utilizado pelo técnico Renato Gaúcho para o setor ofensivo. Disputou 67 jogos e marcou 14 gols pelo clube.
Renato Portaluppi (Técnico): o retorno triunfal do Grêmio no cenário futebolístico se deve principalmente e sem dúvida alguma ao talento de Renato Gaúcho no comando do time. Muito mais maduro e experiente, ele se revelou um dos melhores treinadores do Brasil no período e transformou o tricolor no time que praticou o melhor futebol do país entre 2016 e 2018. Renato colocava seu time para frente, de maneira intensa, e sabia mexer quando a circunstância exigia, tendo o controle do grupo e valorizando demais seus atletas, confiando no potencial de cada um e explorando o que de melhor eles tinham. Com isso, jovens como Luan, Pedro Rocha, Walace, Arthur, Everton Cebolinha e Pedro Geromel – isso só para citar alguns – cresceram em suas carreiras graças ao treinador, que teve um aproveitamento superior a 60% no período de 2016 até 2019. Ele acumulou 241 jogos, com 129 vitórias, 60 empates e 52 derrotas. Com mais de 345 jogos no comando do Grêmio somando suas três passagens, Renato Gaúcho já é o 3º na lista de técnicos com mais jogos no tricolor. Além disso, ele é um dos maiores (ou seria o maior?) treinadores da história do clube. Renato virou estátua. Lenda. E um verdadeiro imortal tricolor.
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Danrlei, Arce, rivarola , Adilson e Roger; Dinho, goiano , Arilson e Carlos Miguel; Paulo nunes e Jardel. Saudades desse time briosissimo.
Vi grandes jogos na década de 80 do imortal tricolor, gostaria de mais um time imortal do tricolor gaúcho ,hexacampeão gaúcho 85 a 90 e campeão invicto da 1° edição da copa do Brasil
Grandes jogadores: Cuca,Assis,Paulo Egídio Edinho, Mazaropi, Alfinete, Lino, Adilson Heleno
Bonamigo, Cristóvão, Jandir,Luís Eduardo,Hélcio
Nando,Almir,Trasante. TREINADOR: Cláudio Duarte.
Um jogo imortal 6 x1 no Flamengo nas semifinais da copa do Brasil 89.
Dei o maior vacilo de ficar na internet e não acompanhar o segundo jogo da final nem no tempo real, achando que o Grêmio ia vacilar e perder (argentinos, né…). Me arrependi quando comecei a escutar o hino do clube.
Renato Gaúcho tem uma identificação surreal com o grêmio. Nas três oportunidades que teve essa última superou todas e quaisquer expectativas. Não existe no Brasil um técnico de futebol mais identificado com um clube do que ele .
Pois é, e ele mesmo reconhece isso permanecendo no clube apesar do assédio do Flamengo. Não é comum um técnico ficar tanto tempo em um clube por causa das demissões, claro, mas também por querer sair por cima e não desgastar sua imagem. Renato sabe o que construiu e confia no seu taco pra ficar.
Simbiose no futebol: grêmio e Renato Gaúcho. Isso é um espanto guri!