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Craque Imortal – Zamorano

zamorano chile

Nascimento: 18 de janeiro de 1967, em Santiago, Chile.

Posições: Centroavante e Atacante

Clubes: Cobresal-CHI (1985-1988), Cobreandino-CHI (1985-1986-empréstimo), St.Gallen-SUI (1988-1990), Sevilla-ESP (1990-1992), Real Madrid-ESP (1992-1996), Internazionale-ITA (1996-2001), América-MEX (2001-2003) e Colo-Colo-CHI (2003).

Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Chileno da Segunda Divisão (1985) pelo Cobreandino.

1 Copa Chile (1987) pelo Cobresal.

1 Campeonato Espanhol (1994-1995), 1 Copa do Rei (1992-1993) e 1 Supercopa da Espanha (1993) pelo Real Madrid.

1 Copa da UEFA (1997-1998) pela Internazionale.

1 Campeonato Mexicano (2002-Verão) pelo América.

Principal título por seleção: 1 Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000) pelo Chile.

Principais títulos individuais e Artilharias:

Melhor Jogador Estrangeiro do Campeonato Suíço: 1989-1990

Troféu EFE: 1992-1993 e 1994-1995

Artilheiro da Copa Chile: 1987 (13 gols)

Artilheiro do Campeonato Espanhol: 1994-1995 (28 gols)

Artilheiro das Olimpíadas de 2000: 6 gols

Melhor Jogador Estrangeiro de La Liga: 1994-1995

Eleito para o Time do Ano do European Sports Media: 1994-1995

40º Maior Jogador Sul-Americano do Século XX pela IFFHS

Maior Artilheiro Chileno na história do futebol europeu: 201 gols

2º Maior Artilheiro Chileno da história do futebol: 350 gols

FIFA 100: 2004

 

“Bam Bam dos Gols”

Por Guilherme Diniz

O futebol chileno colecionou ao longo das décadas atacantes notáveis que brilharam com a camisa da seleção e de seus clubes. Leonel Sánchez, nos anos 1950 e 1960, Carlos Caszely, Rey del metro cuadrado, nos anos 1970 e 1980, Juan Carlos Letelier, nos anos 1980, e Jorge Aravena, nos anos 1980 e 1990, conseguiram se destacar com gols e artilharias. Porém, nenhum deles chegou aos pés de um atacante destemido, cheio de garra, enorme poder de finalização e liderança como Iván Luis Zamorano Zamora, simplesmente Zamorano, um dos mais talentosos jogadores do futebol sul-americano nos anos 1980 e 1990, estrela da boa seleção chilena que disputou a Copa do Mundo da FIFA de 1998, ídolo no Real Madrid que acabou com a dinastia do Barcelona em La Liga e na Internazionale campeã da Copa da UEFA de 1997-1998.

Mais do que os títulos e o talento inegável, Zamorano foi um craque que não só rompeu defesas e goleiros, como também as barreiras de que jogadores chilenos não poderiam ter sucesso no futebol europeu. Depois dele, vários outros atletas conseguiram espaço no Velho Continente e o país andino passou a figurar no radar de olheiros e empresários. É hora de relembrar a trajetória de Iván, El Terrible.

Artilheiro do deserto

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Um pequenino Zamorano, já petecando a bola.
 

Zamorano nasceu na Aldeia de Maipú, região metropolitana da capital Santiago, e sofreu um enorme baque logo aos 13 anos quando seu pai faleceu. Logo, ele virou o homem da casa e passou a ter mais responsabilidades para ajudar sua irmã e sua mãe, Alicia. Mesmo diante das dificuldades, Zamorano sempre quis ser jogador de futebol e começou a jogar no modesto Benito Juárez, onde deu seus primeiros passos como zagueiro. Porém, o jovem brilhava mesmo marcando gols ao invés de evitá-los e seu instinto artilheiro rapidamente chamou a atenção de outros clubes. Ainda com 13 anos, tentou a sorte no Colo-Colo, maior clube do país e seu time de coração. O problema é que Zamorano era muito franzino e, mesmo indo bem na peneira e marcando três gols, foi dispensado. Ele mesmo comentou sobre o ocorrido anos depois.

“Foi difícil porque eu tinha apenas 13 anos e havia um teste muito importante. Eu fui e tinha outros 3 mil garotos disputando pouquíssimas vagas. Fui passando e superando as etapas. No jogo derradeiro, marquei três gols e havia dois treinadores que me disseram para ficar tranquilo que eu ia passar. Até que chegou o chefe da área técnica dos profissionais do Colo-Colo. Ele disse: ‘(você) tem muitas condições, mas diga a sua mãe para te dar mais cazuelas (cozido ou ensopado de carne ou peixe com uma grande variedade de hortaliças, muito comum no Chile), porque é muito magro e baixo. O mais importante é que volte para casa, se alimente bem e volte aqui no próximo ano’. Isso é muito duro para um jovem, pois me negaram não por causa do meu talento, mas por causa do meu físico”.Iván Zamorano, em entrevista à Rádio ADN (CHI), junho de 2020.

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Aquele “esporro” poderia sepultar o sonho de vários garotos, mas não de Zamorano, que foi persistente até Mario Herrera levar o jovem para as divisões inferiores do Cobresal, clube da região de El Salvador, no Atacama. O início no clube não foi nada fácil pelo fato de Zamorano ter que jogar em uma região conhecida por sua aridez e tempo bastante seco. Nos treinamentos, o jovem costumava fazer exercícios específicos para ganho de massa e ainda dava cabeçadas em bolas molhadas, para que fortalecesse seu pescoço. Essa técnica foi aperfeiçoada pelo fato de Zamorano saltar muito e conseguir parar no ar como poucos.

“Eu sabia desde pequeno que era bom de cabeça e me dei conta quando tinha 12, 13 anos. Todos me diziam ‘veja como consegue ficar no ar!’. Nas divisões de base do Cobresal, eu ficava com meu treinador, Reinaldo Hoffman, cruzando bolas para mim contra o goleiro da minha categoria. Essas bolas molhavam um pouco e ficavam pesadíssimas. Talvez isso tenha me ajudado a fortalecer o pescoço. Todo o trabalho que fiz valeu a pena.”, comentou Zamorano.

Aos 18 anos, Zamorano debutou no Cobresal no empate em 2 a 2 contra o Unión La Calera, mas ficou pouco e acabou emprestado ao Trasandino, da região de Valparaíso, onde firmou seu lugar no time titular e anotou 27 gols em 29 jogos, além de seis assistências, desempenho que fez o time ser campeão da segundona chilena e deu a Zamorano a artilharia da competição. O atacante retornou ao Cobresal já em 1987 e registrou 22 gols em 43 jogos, além de dar 10 assistências na temporada que ficou marcada pelo título da Copa Chile, na qual Zamorano foi artilheiro com 13 gols em 15 jogos e marcou um dos gols na final vencida por 2 a 0 sobre o Colo-Colo, uma “revanche” pessoal do jovem ao clube que desdenhou dele anos atrás.

Debute na seleção e ida à Europa

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Ser campeão pelo Cobresal foi um feito e tanto para Zamorano, afinal, aquele foi o primeiro grande troféu do clube de Atacama. Além do atacante, o clube minero tinha também nomes como Sergio Salgado e Rubén Martínez e conseguiu realizar grandes jogos nas competições nacionais da época. Ainda em 1987, Zamorano foi convocado pela primeira vez para a seleção do Chile e logo em sua estreia o jovem marcou um gol na vitória por 3 a 1 sobre o histórico rival Peru, em plena cidade de Lima. Foi também naquela época que o atacante ganhou seu primeiro e mais icônico apelido: Bam Bam, do jornalista Juan Spinosa Cataldo, que queria dar mais sonoridade ao nome do jovem. 

“Juan Espinoza Cataldo, que narrava para a rádio Alicante de El Salvador os partidos do Cobresal, me disse um dia: ‘Sabes, Zamorano é muito comprido, de agora em diante será ‘Bam Bam’”, comentou Zamorano em entrevista de 2010. Foi uma forma criativa para soar com o nome principal do jogador, Iván. O apelido também lembrava o personagem da série animada “Os Flintstones”, Bam Bam, filho adotivo de Betty e Barney, que demonstrava “força e juventude”, assim como Zamorano. O chileno ainda ganharia mais dois apelidos ao longo da carreira: “El Terrible”, durante sua passagem pelo futebol suíço e espanhol, e “Helicóptero”, dado pela revista France Football por conta de sua impressionante impulsão no jogo aéreo.

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Pela seleção, no final dos anos 1980. Foto: @pepealvujar
 

O Cobresal não conseguiu segurar Zamorano por muito tempo e já em 1988 o craque foi jogar no desconhecido St. Gallen, da Suíça, clube que só tinha um título do campeonato nacional na época. Pois Zamorano não se importou com isso e mostrou a que veio já em seus primeiros jogos: 10 gols em 18 partidas, e, em sua primeira temporada completa (1989-1990), 26 gols em 37 jogos, além de 10 assistências, o que fez dele artilheiro do Campeonato Suíço. Pelos alviverdes, Zamorano fez dupla de ataque com o compatriota Hugo Rubio, que tempo depois iria se transferir para o Colo-Colo.

Jogando na Europa, Zamorano passou a aperfeiçoar ainda mais suas técnicas de finalização e também suas cabeçadas, em especial a conhecida como “cabeçada suspensa”, estilo de alta dificuldade que consiste em correr em linha reta, cabecear a bola de forma erguida com um impulso, girando repentinamente a cabeça e mantendo os braços flexionados lateralmente, gerando um voo intenso e flutuando por um instante, daí o apelido de “helicóptero” dado pela France Football ao chileno. Além disso, Zamorano era um atacante rompedor, que não temia zagueiro algum, sabia se colocar muito bem perto da área e dava arrancadas fulminantes em direção ao gol, além de chutar muito bem de média e curta distâncias. Outro fato em destaque eram suas assistências, sempre notáveis na época do futebol chileno e ainda mais em sua estadia no Velho Continente.

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Em 1990, o chileno se transferiu para o Sevilla-ESP, onde manteve a qualidade, ganhou o apelido de “El Terrible” e marcou 10 gols em 32 jogos na temporada 1990-1991 e 13 gols em 33 jogos na temporada seguinte. Jogando em um dos campeonatos mais famosos do planeta, La Liga, obviamente que o futebol de Zamorano entrou no radar de outros clubes europeus. E ainda mais após o jogador ser o vice-artilheiro da Copa América de 1991, na qual o Chile terminou na 3ª colocação e Zamorano marcou 5 gols em 7 jogos. Mas seria na temporada 1992-1993 que a carreira do chileno mudaria para melhor e para sempre.

Ídolo merengue e carrasco blaugrana

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Precisando de força para brigar contra o rival Barcelona, que vivia um momento mágico com seu Dream Team dirigido por Johan Cruyff, o Real Madrid foi às compras na temporada 1992-1993 e, entre os contratados, trouxe por cerca de 3,5 milhões de euros Iván Zamorano. Alguns duvidaram do desempenho do chileno no clube merengue, mas o atacante foi simplesmente devastador: marcou 37 gols em 45 jogos, sendo 26 gols em 34 partidas no Campeonato Espanhol.

Bam Bam foi decisivo na final da Supercopa da Espanha vencida pelo Real em cima do Barça, ao anotar um gol nos 3 a 1 da ida, no Bernabéu, e outro gol no empate em 1 a 1 no Camp Nou que garantiu o caneco. Ele ainda foi campeão da Copa do Rei e balançou as redes 6 vezes ao longo da campanha, com destaque para mais dois gols nos dois jogos semifinais contra o rival Barcelona: um gol no empate em 1 a 1, em casa, e outro gol na vitória por 2 a 1, fora. Bam Bam não jogou a final, mas viu o veterano Butragueño e Lasa anotarem os gols da vitória por 2 a 0 sobre o Real Zaragoza.

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Na temporada seguinte, o chileno viveu uma crise de gols e balançou as redes apenas 17 vezes em 46 jogos, bem abaixo de seu debute. Para piorar, na temporada 1994-1995, o técnico madrileno Jorge Valdano não demonstrou muita simpatia com Zamorano e disse que o chileno “estava fora dos seus planos, seria última opção entre os estrangeiros e teria que lutar se quisesse ter chances de jogar”. Pois Zamorano ficou sabendo disso e, na pré-temporada, era o que mais corria, o que mais jogava, o que mais fazia gols. Certo dia, Valdano se aproximou do atacante e perguntou se ele jogava sempre daquela maneira ou somente quando estava zangado. Bam Bam disse que aquele “era seu ritmo” e Valdano, feliz, disse que a dupla iria “se dar muito bem”.

Aquela força de vontade e determinação foram fundamentais para Zamorano brilhar ainda mais em 1994-1995. O chileno viveu sua melhor fase na carreira e marcou 28 gols em 38 jogos na campanha do título do Campeonato Espanhol do Real, que acabou com a sequência de cinco títulos seguidos do Barcelona. O melhor momento foi, sem dúvida, a goleada de 5 a 0 do Real sobre o Barcelona no Santiago Bernabéu, em janeiro de 1995, com três gols de Zamorano e assistências do craque nos outros dois, de Luis Enrique e Amavisca. Um jogo histórico e tido como um dos melhores da carreira do jogador.

“Minha melhor partida foi os 5 a 0 no Barcelona. Fiz um jogo perfeito, marquei três gols e estive nos outros dois. Quando saí, 110 mil pessoas me aplaudiram de pé no Santiago Bernabéu”.Iván Zamorano.

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O Real dos 5 a 0: Zamorano destruiu o Barça.
 
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Aliás, Zamorano foi um notável carrasco do Barcelona. Na carreira, ele marcou 8 gols nos blaugranas vestindo a camisa do Real Madrid e outros dois gols com a camisa do Sevilla! Ele foi ainda o primeiro jogador do Real Madrid a marcar gols em quatro jogos seguidos contra o Barça! Bam Bam venceu naquela temporada o prêmio de melhor jogador estrangeiro de La Liga e o Troféu Pichichi de artilheiro do Campeonato Espanhol. O chileno fez uma parceria memorável ao lado do dinamarquês Michael Laudrup, de um jovem Raúl González e do meia Luis Enrique. 

Para coroar uma época maravilhosa, Zamorano ainda balançou as redes em quatro jogos seguidos pela seleção chilena, da qual já era capitão desde 1993. O desempenho de Zamorano pelo Real naquela temporada encheu de orgulho o povo chileno. O craque virou uma espécie de embaixador do país no esporte e provava a vários futebolistas e aos jovens que era possível um jogador do país ter sucesso no futebol internacional e ainda vestir a camisa do clube mais poderoso do planeta. Um ídolo em Madri e também em todo Chile.

Ida à Milão e Copa do Mundo

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Após uma temporada bem abaixo das expectativas pelo Real em 1995-1996, Zamorano acabou se transferindo para a Internazionale na época seguinte. O clube italiano estava disposto a voltar a ser protagonista no futebol italiano e europeu com grandes investimentos e contratações sob o comando de Massimo Moratti. Além de Zamorano, a Inter trouxe naquela temporada o nigeriano Kanu, o francês Djorkaeff, o holandês Aron Winter e o veterano Angloma. A primeira temporada de Bam Bam em Milão foi mediana, com 14 gols em 48 jogos. A nerazzurri até chegou à final da Copa da UEFA, mas acabou derrotada pelo Schalke 04. No primeiro jogo, na Alemanha, os alviazuis venceram por 1 a 0. Na volta, em Milão, Zamorano fez o gol da vitória da Inter por 1 a 0, mas o empate no agregado levou o jogo para os pênaltis. Na marca da cal, Zamorano desperdiçou uma das cobranças e os alemães venceram por 4 a 1.

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Salas e Zamorano, dupla afiada do Chile nos anos 1990.
 

Por outro lado, o chileno vivia grande fase pela seleção, em especial com a parceria ao lado de Marcelo Salas, outro atacante que iria brilhar no futebol europeu após passagem de destaque pelo River Plate. Com a dupla, o Chile fez Eliminatórias brilhantes e conseguiu sua vaga graças aos gols de Zamorano, que fez 10 tentos, cinco deles nos 6 a 0 sobre a Venezuela, o que fez dele o primeiro jogador a marcar cinco gols em um só jogo de Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo na história. No Mundial, Zamorano não balançou as redes, mas foi sempre uma referência do Chile nos jogos da primeira fase contra Itália (2 a 2), Áustria (1 a 1) e Camarões (1 a 1). Classificada, a seleção chilena enfrentou o forte Brasil nas oitavas de final e acabou derrotada por 4 a 1. Aquela foi a única Copa de Zamorano.

Título e a camisa 1 + 8

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Zamorano corre para o abraço: Inter conseguiu o título que escapou! Foto: AFP.
 

Na temporada 1997-1998, Zamorano ganhou a companhia de Ronaldo no ataque da Inter. E a dupla foi simplesmente essencial para que a nerazzurri voltasse à final da Copa da UEFA. Com o moral elevado, a Inter foi para a final do dia 06 de maio de 1998 – a primeira em jogo único do torneio na época – contra um rival doméstico: a fortíssima Lazio de Nedved, Nesta e Roberto Mancini. A partida foi disputada no Parque dos Príncipes, em Paris (FRA), e havia certo equilíbrio antes do jogo. Mas, quando a bola rolou, a superioridade nerazzurri prevaleceu. Logo aos 5’, Zamorano venceu Marchegiani e fez 1 a 0. O gol desmoronou a Lazio, que sofreu um bocado com as investidas de Zamorano e Ronaldo, que carimbaram as traves romanas em busca de mais gols, que acabaram não saindo no decorrer daquela primeira etapa. 

No segundo tempo, Javier Zanetti, aos 15’, encheu o pé no ângulo e marcou um belo gol: 2 a 0. A Lazio teve que se mandar para o ataque e isso começou a abrir espaços na zaga celeste. Melhor para a Inter, que chegou ao terceiro gol dez minutos depois com ele, claro: Ronaldo. O brasileiro recebeu absolutamente livre, saiu em disparada sem marcação alguma, driblou o goleiro Marchegiani ao seu estilo clássico e tocou para o gol vazio: 3 a 0. Passeio milanista! E título continental para a Inter, o primeiro e único de Zamorano com a camisa azul e negra. 

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Bam-Bam e a camisa “9”.
 
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Foto: imago/Alternate
 

Na temporada 1998-1999, a estrela de Ronaldo e sua proximidade com a Nike rendeu à Internazionale um vertiginoso contrato de patrocínio que beirou a casa dos 110 milhões de dólares para vestir a nerazzurri pelos próximos 10 anos na época. Com isso, o brasileiro voltou a vestir a camisa 9 – a Nike queria o craque com o número principalmente por ter a marca R9 associada a ele – e Zamorano acabou com a camisa 18. Quer dizer, com a camisa 1+8, uma jogada de marketing que deu bastante resultado e ajudou a popularizar ainda mais o clube milanista com seus “dois camisas 9”.

“Minha camisa 1+8 da Inter é algo insólito na história do futebol. Todos os torcedores italianos me lembram dessa camiseta. Ronaldo para mim foi o melhor 9 da história e dar a ele minha camisa 9 era o que tinha que fazer. Assim, me reinventei com a 1+8. Tanto na vida como no futebol, temos que nos reinventar”.Zamorano, em entrevista reproduzida no site Trivela, parceiro do Imortais.

Curiosamente, aquela temporada foi uma das melhores de Zamorano pela Inter, mesmo sem títulos, e ele marcou 14 gols em 38 jogos, além de dar cinco assistências. A partir de 1999, porém, ele sofreu com problemas no joelho e só marcou 9 gols em 38 jogos na época 1999-2000. A volta por cima veio pela seleção, quando Zamorano foi um dos convocados com mais de 23 anos para disputar os Jogos Olímpicos de Sydney em 2000. E, com 6 gols e três assistências, o craque foi o destaque e artilheiro da competição. Na fase de grupos, ele fez três gols nos 4 a 1 sobre Marrocos, fez outro nos 4 a 1 sobre a Nigéria, nas quartas de final, e dois na vitória por 2 a 0 sobre os EUA que garantiu o Bronze à equipe roja.

Ida ao México e aposentadoria

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Em 2000, Zamorano entrou em conflito com o técnico da Inter, Marco Tardelli, acusando-o de boicotá-lo, e decidiu deixar a equipe nerazzurri. Em 2001, o craque foi jogar no América do México, onde também brilhou ao marcar gols decisivos e ajudar o clube amarelo a conquistar o título do Campeonato Mexicano de 2002. Em 2001, marcou 11 gols em 17 jogos e, em 2001-2002, 23 gols em 50 jogos, além de 9 gols na campanha do título nacional. Pela seleção, Zamorano se despediu em 2001, em amistoso disputado na capital Santiago, com vitória por 2 a 1 sobre a França.

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Em 2003, já veterano, Zamorano retornou ao futebol chileno, onde vestiu a camisa de seu clube do coração, o Colo-Colo. Foram apenas 18 jogos, mas Bam Bam marcou 8 gols e deu duas assistências, até pendurar as chuteiras aos 36 anos. Ícone do esporte, Zamorano não deixou o futebol de lado após se aposentar e virou embaixador da boa vontade da Unicef no Chile, além de sempre aparecer em eventos de seus ex-clubes e de ajudar várias entidades. Carismático, ídolo e um ícone do futebol, Iván Zamorano foi um dos melhores atacantes do planeta no século XX e exemplo para vários atletas chilenos. Afinal, só vimos o brilho de Salas, Vidal, Alexis Sánchez, Claudio Bravo e David Pizarro no Velho Continente graças ao rompimento de barreiras de Bam Bam, o guerreiro dos Andes que virou craque imortal.

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Foto: Acervo / Footboom
 

Números de destaque:

Disputou 62 jogos, marcou 37 gols e deu 17 assistências pelo Cobresal.

Disputou 61 jogos, marcou 37 gols e deu 15 assistências pelo St. Gallen.

Disputou 65 jogos, marcou 23 gols e deu 11 assistências pelo Sevilla.

Disputou 173 jogos, marcou 101 gols e deu 22 assistências pelo Real Madrid.

Disputou 148 jogos, marcou 40 gols e deu 16 assistências pela Internazionale.

Disputou 78 jogos, marcou 38 gols e deu 10 assistências pelo América.

Disputou 69 jogos, marcou 34 gols e deu 8 assistências pela seleção do Chile.

Disputou 631 jogos, marcou 311 gols e deu 99 assistências por clubes na carreira.

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