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Campeã da Euro! E fora da Copa do Mundo…

Campeã da Euro! E fora da Copa do Mundo

Por Guilherme Diniz

Ver a Itália ser eliminada na repescagem das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 surpreendeu demais. Além de toda a tradição da Azzurra, com seus quatro títulos mundiais, a equipe ficou de fora da Copa mesmo sendo campeã da Eurocopa (!). Acontece que ter o título de um dos principais torneios continentais do mundo não garante sucesso na sempre hostil etapa eliminatória do Velho Continente. Isso já aconteceu outras vezes. E seguramente acontecerá no futuro. Confira a seguir as seleções campeãs da Europa que também ficaram de fora dos Mundiais posteriores às suas conquistas.

 

Tchecoslováquia: campeã da Euro de 1976 / Fora da Copa do Mundo de 1978

tchecoslovaquia_1976

A República Tcheca passou a existir oficialmente como país em janeiro de 1993, após a dissolução da extinta Tchecoslováquia. Para a sorte dos tchecos, eles herdaram todos os feitos futebolísticos de sua antecessora. E não foram poucos. A seleção da Tchecoslováquia teve exatos 70 anos de vida (1922 até 1992) e alcançou grandes façanhas, como as finais das Copas do Mundo de 1934 e 1962. Ambas foram perdidas (para Itália e Brasil, respectivamente), mas os tchecos revelaram ao mundo grandes talentos como Antonín Puc, Frantisec Plánicka, Oldrich Nejedly e o maior de todos eles, Josef Masopust, simplesmente uma lenda da bola e um dos maiores nomes do mundial de 1962. 

Panenka e a cavadinha que mudou a história das cobranças de pênaltis.

 

Mas o maior feito que a Tchecoslováquia deixou no futebol não foram os vice-campeonatos mundiais. Foi um título. E um senhor título: a Eurocopa de 1976, conquistada na Iugoslávia e sobre a temida e então campeã do mundo Alemanha. Não contentes, os tchecos foram campeões depois de eliminarem os soberbos ingleses nas eliminatórias e a Holanda de Cruyff na semifinal! Ainda não satisfeitos, eles deram uma canseira danada nos alemães na final, que terminou empatada em 2 a 2 e foi para a disputa por pênaltis. Nela, a equipe vermelha mostrou muito sangue frio e garantiu o título.

Mas, nas Eliminatórias para a Copa de 1978, na Argentina, os tchecos decepcionaram ao ficarem apenas na segunda posição em um grupo de três seleções (!) e perderam a vaga para a Escócia. Em quatro jogos, foram duas vitórias e duas derrotas, enquanto a Escócia venceu três e perdeu apenas um. A lanterna do grupo foi País de Gales, que venceu os tchecos por categóricos 3 a 0 jogando em casa – a única vitória dos galeses no grupo… Leia mais sobre a Tchecoslováquia de 1976 clicando aqui!

 

Dinamarca: Campeã da Eurocopa de 1992 / Fora da Copa do Mundo de 1994

Na década de 1980, a Dinamarca encantou o mundo com apresentações incríveis na primeira fase da Copa de 1986. O time venceu os três jogos jogando bem e batendo a Alemanha e o Uruguai, este com um acachapante 6 a 1. Porém, de maneira inexplicável, o time que ficou conhecido como “Dinamáquina” foi goleado logo nas oitavas de final pela Espanha de Butragueño por 5 a 1, com 4 gols do craque espanhol. Os anos se passaram e a Dinamarca voltou a aprontar, dessa vez em 1992. O time conseguiu a maior façanha de sua história ao conquistar a Eurocopa, revelando novas estrelas como o incrível goleiro Schmeichel e o habilidoso atacante Brian Laudrup, irmão da lenda Michael Laudrup. E isso tudo após vencer a Holanda de Van Basten, na semifinal, e a Alemanha, campeã do mundo em 1990, na final.

Mas, nas Eliminatórias, a equipe dinamarquesa até que fez uma boa campanha e acumulou sete vitórias, quatro empates e uma derrota em 12 jogos, mas, por causa do critério de gols marcados, terminou na 3ª posição no Grupo 3 e acabou atrás da Espanha, líder, e da Irlanda, segunda colocada. Ambas foram para os EUA e a Dinamarca teve que ver a Copa pela TV. Leia mais sobre a Dinamarca de 1992 clicando aqui!

 

Grécia: Campeã da Eurocopa de 2004 / Fora da Copa do Mundo de 2006

Ao apito do árbitro Markus Merk (ALE), o estádio da Luz, em Lisboa (POR), praticamente emudeceu no dia 04 de julho de 2004. Com uma aplicação tática impressionante, frieza extrema e um sistema defensivo praticamente impenetrável, a seleção grega de futebol conseguiu o impossível naquele ano de 2004: vencer a Eurocopa, o mais importante torneio de seleções do velho continente. Muito mais do que o título, o que mais chamou a atenção e espantou o planeta foi a maneira como eles conquistaram aquele troféu épico: eles venceram os anfitriões na estreia e na final (Portugal), bateram os atuais campeões (França), venceram uma das melhores seleções europeias da época (República Tcheca) e ainda aprontaram com uma tradicional seleção nas Eliminatórias fora de casa (Espanha). Se alguém ainda acreditava que o futebol era um esporte lógico e previsível, as crenças caíram por grama a partir daquele título tingido de azul e branco com toques genuinamente alemães do técnico Otto Rehhagel.

Mas, nas Eliminatórias para a Copa de 2006, os gregos ficaram apenas na 4ª colocação no Grupo 2, atrás de Ucrânia, Turquia e Dinamarca, e nem sequer foram para a repescagem. A epopeia grega tinha ficado mesmo restrita à Euro. Leia mais sobre a Grécia de 2004 clicando aqui!

 

Itália: Campeã da Eurocopa de 2020 / Fora da Copa do Mundo de 2022

Photo by Claudio Villa/Getty Images)

 

Do dia 10 de outubro de 2018 até a final da Euro de 2020 (disputada em 2021), a Seleção Italiana não perdeu. Jogo após jogo, foi derrubando seus adversários até conseguir a vaga na Eurocopa de 2020 e também na fase final da Liga das Nações da UEFA 2020-2021. Jogando para frente, sem pragmatismo, sem futebol burocrata. Em Roma, começou sua jornada na Euro com vitória por 3 a 0. E para Roma levou a sonhada taça de campeã da Europa depois de mais de 50 anos. Troféu conquistado em Wembley, contra a anfitriã Inglaterra. Além do título, aquela Azzurra completou 34 jogos sem perder e superou a lenda do time de Vittorio Pozzo lá dos anos 1930. Algo inimaginável.

Festa azul em Wembley! Foto: Eddie Keogh – The FA/The FA via Getty Images.

 

E terror em Palermo. Foto: AP.

 

Mas, ainda mais inimaginável foi a maneira como a Azzurra perdeu a vaga para a Copa do Mundo de 2022. Em um grupo relativamente fácil, a Itália venceu os três primeiros jogos. Ah, tá fácil. Tá não… Veio o empate em 1 a 1 com a Bulgária, em casa. Outro empate, fora, contra a Suíça. Uma vitória sobre a Lituânia. Mais um empate, em casa, contra a Suíça. E, na última rodada, outro empate, fora, contra a Irlanda do Norte. A Suíça foi para a Copa com a vaga direta. E a Itália teve que tentar a sorte na repescagem… A adversária foi a Macedônia do Norte, em casa. Ah, fácil. Aham… A Itália não foi nem sombra do time campeão europeu e, nos acréscimos do segundo tempo, levou um gol. A Macedônia do norte se classificou para tentar a vaga contra Portugal. E a Itália, pela segunda vez seguida, ficou fora do Mundial. De fato, ser campeão da Europa nem sempre garante um futuro de sossego… Leia mais sobre a Itália de 2020-2021 clicando aqui!

 

 

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2 Comentários

  1. Texto interessante! E que mostra como o mundo pode dá muitas voltas como uma bola de futebol. Realmente uma seleção ganhar a Euro não significa sucesso garantido no Mundial que vem depois, podendo até mesmo não conseguir se classificar! O futebol é um esporte empolgante, mas às vezes, consegue ser maluco e até muito cruel!

    Admito que fiquei com pena da Azzurra. Ela mereceu ganhar a Euro, mas depois, passou a jogar muito mal e o resultado foi ‘il Disastro di Palermo’. Deu dó! Abraço, Imortais!

Técnico Imortal – Bill Shankly

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