Grandes feitos: Bicampeão do Campeonato Brasileiro (2010 e 2012), Campeão da Copa do Brasil (2007), Campeão do Campeonato Carioca (2012), Vice-Campeão da Copa Libertadores da América (2008) e Vice-campeão da Copa Sul-Americana (2009). Conquistou a primeira Copa do Brasil do clube, voltou à uma Libertadores depois de 23 anos e encerrou um jejum de 26 anos sem títulos no Campeonato Brasileiro.
Time-base: Fernando Henrique (Ricardo Berna / Rafael / Diego Cavalieri); Gabriel (Mariano / Bruno), Thiago Silva (Gum / André Luís), Luiz Alberto (Roger / Dalton / Digão / Leandro Euzébio) e Júnior César (Julio César / Carlinhos / Marquinho); Fabinho (Ygor / Romeu / Diguinho / Edinho), Arouca (Maurício / Diogo / Valencia / Jean), Conca (Carlos Alberto / Wellington Nem) e Thiago Neves (Deco / Wagner); Cícero (Alex Dias / Dodô / Alan / Maicon / Emerson / Samuel / Rafael Sóbis) e Washington (Adriano Magrão / Rafael Moura / Fred). Técnicos: Renato Gaúcho (2007-2008 e 2009), Cuca (2008 e 2009-2010), Renê Simões (2008-2009), Muricy Ramalho (2010-2011) e Abel Braga (2011-2012).
“A Saga dos Guerreiros”
Por Guilherme Diniz
Derrota para uma zebra em plena final de Copa do Brasil. Orgulho ferido. Dois anos depois, a volta por cima. Enfim, campeão da Copa do Brasil. No ano seguinte, uma epopeia digna de filme no principal torneio do continente. Os adversários eram batidos, um a um, não importava o peso da camisa. São Paulo? Boca Juniors? Ambos destroçados no Maracanã, lindo como nunca com uma torcida apaixonada. Na grande final, susto, virada, drama e muito choro. Doeu aquela derrota. Eles não mereciam. No ano seguinte, outra final continental, e outra vez aquelas três letrinhas: LDU. Pane geral em Quito. No Maracanã, mais uma vez eles ficaram no quase. Para piorar, uma bagunça de técnicos deu ao clube 98% de chances de ser rebaixado no Campeonato Brasileiro. Mas eles foram guerreiros. E, na última rodada, se salvaram em uma arrancada impressionante. Chega 2010, e o 98% rebaixado virou 100% campeão, com o especialista em pontos corridos, Muricy Ramalho, e o maestro Conca, em sua melhor fase na carreira.
Depois de um ano morno, 2012 chegou e os Guerreiros deram show. Campeões do Rio. E campeões do Brasil, dessa vez com autoridade, antecedência e o instinto predador de Fred, craque do time e grande artilheiro, além do goleiro Diego Cavalieri, responsável por defesas sensacionais. Durante seis anos, a torcida do Fluminense redescobriu como torcer. Buscou lá no fundo o grito de campeão. Foram anos para apagar de vez a difícil virada do século e recolocar o clube entre os grandes do país. Se faltou o sonhado título continental, não faltou raça, jogos emocionantes e entrega. Mesmo com as constantes mudanças no elenco (são mais de 40 jogadores na seção “Os Personagens”, recorde no Imortais!), o time conseguiu vencer títulos e contar, em momentos distintos, com bons treinadores que entenderam bem a situação vivida e o que tinham em mãos.
Renato Gaúcho foi o torcedor em campo, o técnico responsável pelo fim da fila de grandes títulos e por encorajar seu elenco rumo à final da Libertadores. Cuca fechou o time para a tal da arrancada que “aposentou” muito matemático em 2009. Muricy fez valer do conhecimento do tricampeonato que conquistou entre 2006 e 2008 para acabar com o jejum de 26 anos do Flu no Brasileiro. E Abel Braga teve o privilégio de comandar o mais sólido time daquela era. É hora de relembrar os momentos e capítulos de uma das fases mais gloriosas e emocionantes do Tricolor das Laranjeiras.
É preciso recomeçar
O Fluminense entrou no ano de 2007 disposto a dar a volta por cima em um período turbulento e traumático vivido nos dois últimos anos. Em 2005, a equipe teve a alegria da conquista de seu 30º título estadual, mas levou dois baques. O primeiro veio na Copa do Brasil. A equipe despachou os rivais sem grandes problemas até chegar à final. Nela, enfrentou a zebra Paulista, de Jundiaí-SP. Mesmo com a experiência do ano anterior, na qual viu o rival Flamengo perder a decisão do mesmo torneio para o Santo André-SP, o Flu não se impôs e perdeu um título que todos acreditavam que ele venceria. E em pleno Rio de Janeiro. Mais tarde, no Campeonato Brasileiro, o time foi para a última rodada em busca da vaga na Copa Libertadores. Em um jogo eletrizante contra o Palmeiras, no Palestra Itália, a equipe abriu o placar, mas levou a virada e acabou na quinta colocação no torneio, dois pontos atrás do próprio Palmeiras, classificado.
Em 2006, a torcida não guardou nenhuma lembrança por ter sido sofrível: nada de bom no estadual e campanha pífia no Nacional, terminando apenas na 15ª posição e flertando com o rebaixamento. Querendo resultados, a patrocinadora do clube à época decidiu profissionalizar o departamento de futebol com uma comissão técnica específica composta por gestores, coordenadores e pessoas identificadas com o clube. Além disso, foram contratados jogadores para todos os setores, destaque para os laterais Carlinhos e Júnior César, os zagueiros Luiz Alberto e Thiago Silva, os meio-campistas Cícero, Thiago Neves, Fabinho e Carlos Alberto, e os atacantes Soares, Alex Dias e Rafael Moura.
Em campo, os primeiros resultados não foram nada satisfatórios e, para variar, o clube não manteve os técnicos por períodos concretos. PC Gusmão foi demitido depois de quatro jogos. Joel Santana chegou para seu lugar, mas também não resistiu por muito tempo. No Campeonato Carioca, a equipe só colecionou resultados ruins. Na Copa do Brasil, a campanha estava longe de ser regular. Contra a ADESG, do Acre, vitória por 2 a 1 fora e por 6 a 0 em casa. Contra o América-RN, vitória em Natal por 2 a 1 e derrota por 1 a 0 em casa (a classificação veio graças aos gols marcados fora de casa). Já nas oitavas de final, o empate em casa contra o Bahia em 1 a 1 foi a gota d’água para a demissão de Joel Santana.
A esperança surgiu com Renato Gaúcho, velho conhecido da torcida e que ainda engatinhava sua carreira como técnico. O primeiro desafio do treinador seria a classificação para as quartas de final na Copa do Brasil. Nas tribunas da Fonte Nova, o novo técnico viu seu time empatar em 2 a 2 e conseguir, de maneira muito suada, a vaga. Com mais tempo, Renato poderia consertar o time, ajustar o ataque e tentar fortalecer a defesa, ponto fraco da equipe. E, quem sabe, vislumbrar um título inédito.
Enfim, um time!
Renato Gaúcho começou a arrumar a parte tática e percebeu que o elenco poderia, sim, render muito mais do que estava rendendo. A zaga aliava a juventude de Thiago Silva com a experiência de Roger, os laterais Carlinhos e Júnior César tinham boa presença de ataque, o meio de campo marcava relativamente bem com Arouca e Fabinho e o ataque tinha várias opções com Cícero, Carlos Alberto, Alex Dias, Adriano Magrão e Thiago Neves, que ainda não era titular por causa de Carlos Alberto, a “estrela” do time na época. Se no Campeonato Carioca as coisas não foram bem (nada de proveitoso na Guanabara e na Taça Rio), o time apostou todas as suas fichas na Copa do Brasil. Já nas quartas de final, a equipe tinha pela frente o Atlético-PR.
No primeiro duelo, no Rio, o Flu não conseguiu encaixar seu jogo e apenas empatou em 1 a 1. Na volta, na sempre complicada Arena da Baixada, a equipe empatava sem gols até grande parte do segundo tempo, resultado que tirava o Flu da competição. Mas aí entrou um jogador que seria um verdadeiro talismã naquela competição: Adriano Magrão. O atacante entrou, e, aproveitando um bate e rebate na área rubro-negra, fez o gol da vitória por 1 a 0 que colocou o Tricolor na semifinal. Nela, o adversário foi o Brasiliense, que havia despachado Juventude, Cruzeiro e Ipatinga pelo caminho.
No primeiro jogo, no Maracanã, o Flu levou um susto com um gol de Rafael Toledo, aos 18’, mas virou ainda no primeiro tempo com Thiago Silva e Alex Dias. Na segunda etapa, Adriano Magrão ampliou, Warley diminuiu, mas Carlos Alberto decretou a vitória por 4 a 2 que deu uma boa margem para a volta, em Brasília. Na Boca do Jacaré, Allan Dellon abriu o placar para os donos da casa, mas Adriano Magrão, de novo, salvou o Flu, empatou em 1 a 1 e colocou a equipe em mais uma final de Copa do Brasil – a segunda em três anos. O adversário seria o Figueirense do técnico Mário Sérgio e dos jogadores Chicão, André Santos, Cleiton Xavier, Henrique e Victor Simões
Bola pro Magrão!
Assim como nas fases anteriores, o Flu fez o primeiro duelo em casa. Mais de 60 mil pessoas lotaram o Maracanã na esperança de uma boa vitória para o duelo de volta, na fria Santa Catarina. No entanto, quem esperava um duelo fácil viu um Figueirense fechado, totalmente defensivo e jogando pelo empate. O Flu não conseguia construir jogadas de efeito, perdia gols incríveis e ainda sofria algumas investidas dos catarinenses. Na segunda etapa, perto do final do jogo, o susto: Henrique acertou um chutaço de fora da área e marcou o primeiro gol do jogo: 1 a 0 para o Figueirense. Já passavam dos 37’. Será que o Flu conseguiria o empate? Quando se tem o talismã Magrão, sim! Aos 43’, Thiago Neves (que àquela altura já jogava muito mais do que Carlos Alberto, mas continuava no banco) fez bela jogada e cruzou para a área. Adriano Magrão, muito bem colocado, estufou as redes do goleiro Wilson e empatou o jogo: 1 a 1.
A torcida vibrou, mas o resultado não agradou. A volta, no Orlando Scarpelli, seria complicada. Para piorar, o filme de 2005 com a perda do título para uma equipe que também tinha pouco peso no futebol nacional assombrava os torcedores. O Flu teria que superar tudo e todos se quisesse o título inédito da Copa do Brasil e voltar a uma Copa Libertadores depois de mais de duas décadas.
Quem é mesmo o campeão?
Em Santa Catarina, o clima não poderia ser diferente: otimismo exacerbado da torcida do Figueira e favoritismo dos donos da casa por conta do empate conquistado no Maracanã. A empolgação era tanta que até mesmo um pôster de campeão já era comercializado pela cidade. O problema é que esse tal pôster chegou aos olhos dos jogadores e comissão técnica do Fluminense e serviu como inspiração para reverter o placar. E, logo aos três minutos de jogo, o zagueiro Roger recebeu de Adriano Magrão (olha ele de novo!), matou no peito e estufou as redes do goleiro Wilson, abrindo o placar para o Tricolor: 1 a 0.
O gol deu muito conforto para a equipe carioca e obrigou o Figueira a sair para o jogo – e fazer com que o técnico do time, Mário Sérgio, queimasse duas substituições ainda no primeiro tempo. O Flu teve alguns bons momentos, principalmente com Arouca e Alex Dias, mas a bola não quis mais entrar. Jogando com muita raça, o Tricolor segurou o placar e, ao apito do árbitro, soltou o grito de campeão da Copa do Brasil.
Enfim, o clube encerrava um jejum de grandes títulos e conquistava, também, uma vaga na Copa Libertadores depois de 23 anos. Na campanha do título nacional, em 12 jogos, o Flu venceu seis, empatou cinco e perdeu apenas um, com 22 gols marcados (melhor ataque) e 11 gols sofridos. Adriano Magrão, talismã do time, foi o artilheiro do Flu com quatro gols. Muitos acreditavam que a equipe iria apenas “curtir” o Brasileirão. Mas o torneio serviria para Renato Gaúcho fazer testes, entrosar o elenco e para a explosão da melhor fase na carreira de um reserva que viraria titular absoluto: Thiago Neves.
Vaga “dupla” na Liberta!
Com a atenção voltada apenas para o Campeonato Brasileiro, o Fluminense se reforçou com o lateral-direito Gabriel e os atacantes Somália e Jean (que não renderam o esperado), e viu Carlos Alberto voltar para o futebol europeu. Com isso, Thiago Neves ganhou a vaga de titular, renovou seu contrato após um período turbulento e virou uma peça chave no time de Renato Gaúcho. Com habilidade, bons dribles e faro goleador, o meia seria o principal jogador do time ao longo da competição.
Embora tenha feito um primeiro turno mediano, o time acordou depois de broncas do técnico e calou quem falava que a equipe iria apenas “treinar” no torneio nacional. O Flu terminou na 4ª colocação com 16 vitórias, 13 empates, nove derrotas, 57 gols marcados e 39 gols sofridos em 38 jogos. Na zona de classificação para a Libertadores, a torcida brincou dizendo que o time havia conseguido uma “vaga dupla” na competição continental pelo fato de já ter sua presença garantida com o título da Copa do Brasil. Os pontos altos da campanha foram as vitórias categóricas fora de casa sobre Sport (2 a 0), Botafogo (2 a 0), Figueirense (2 a 0), Internacional (4 a 1), Santos (4 a 2) e até sobre o campeão São Paulo (1 a 0).
A grande arrancada do time aconteceu a partir da 24ª rodada, na qual venceu o Sport, fora, por 2 a 0, e só subiu de posições até a última rodada. Nesses últimos 15 jogos foram nove vitórias, três empates e apenas três derrotas, com 27 gols marcados e 17 sofridos. E teve ainda uma saborosa vitória por 2 a 0 sobre o rival Flamengo em um jogo com um dos recordes de público do torneio (mais de 61 mil pessoas no Maracanã, no duelo válido pela 30ª rodada).
Thiago Neves jogou tanta bola que abocanhou a Bola de Ouro de melhor jogador do Campeonato pela revista Placar, além de ter sido um dos principais artilheiros do torneio com 12 gols. No fim do ano, o torcedor tricolor era só alegria: fim de jejum de títulos, time entrosado, craque do campeonato e ótimas perspectivas para 2008. A Libertadores era um sonho, mas muito possível.
Ajustes e reforços
Nas Laranjeiras, o primeiro semestre de 2008 só tinha um objetivo: a Libertadores. Por causa dela, todo o planejamento da equipe foi baseado na competição e reforços de peso foram contratados. Para o meio de campo, o argentino Conca foi a novidade. O meia era um sonho antigo da diretoria desde 2005, quando ajudou seu time à época, a Universidad Católica-CHI, a eliminar o Tricolor da Copa Sul-Americana daquele ano. Para o ataque, a diretoria trouxe Washington, Leandro Amaral e Dodô. Com a base do ano anterior mantida, Renato Gaúcho tinha um plantel muito bom do meio de campo para frente, mas um pouco frágil na defesa, pois os laterais não eram eficientes na marcação e o goleiro Fernando Henrique era irregular. No começo do campeonato estadual, a equipe fez bons jogos, o treinador testou a equipe com três atacantes e gostou do que viu. No entanto, um imbróglio na justiça tirou Leandro Amaral do time. Com isso, Washington e Dodô viraram titulares e Renato teve que mudar o esquema de jogo mais uma vez.
Em fevereiro, o time estreou na Libertadores pelo Grupo 8 contra a LDU-EQU (guarde bem esse nome. Você ainda vai ler muito sobre ele…), em Quito. Diante de apenas 12 mil pessoas, o time brasileiro empatou sem gols, resultado considerado normal àquela altura. A segunda partida foi contra o Arsenal-ARG, e, diante de sua torcida, o Flu deu show: 6 a 0, com dois gols de Dodô, um de Thiago Neves, um de Gabriel, um de Washington e outro de Cícero. Dodô, aliás, deu show com dois golaços de primeira e fazendo jus à fama de “artilheiro dos gols bonitos”. Aquele jogo foi uma síntese do que viria pela frente. Renato Gaúcho havia montado uma equipe muito forte no ataque, leve, rápida e perigosíssima no jogo aéreo.
Washington, Luiz Alberto e Thiago Silva sempre subiam nas bolas paradas e marcavam gols. Falando em bola parada, a equipe não tinha apenas um bom batedor de faltas ou escanteios. Tinha vários! Thiago Neves, Conca, Gabriel, Cícero e Washington podiam tranquilamente chutar com categoria qualquer falta contra os adversários. Enfim, era um time ótimo para torneios de tiro curto como a Libertadores. Pena que, dias depois, Dodô, que estava começando a engatilhar uma sequência de bons jogos, sofreu uma contusão na face que o deixaria de molho por dois meses.
Esqueça o Carioca! Foco na Liberta
Embora tenha feito uma campanha irrepreensível na primeira fase da Taça Guanabara, com direito a goleada de 4 a 1 sobre o rival Flamengo (com três gols de Thiago Neves e um de Maurício), a equipe foi eliminada na semifinal pelo Botafogo. Mais tarde, na Taça Rio, outra vez o time passeou na primeira fase, mas caiu na decisão novamente diante do Botafogo. O fato é que o torneio servia apenas para Renato Gaúcho testar seu time para a Libertadores, o que ficava bem claro nas escalações distintas quando jogava no Rio (mescla de atletas e variações táticas) e no torneio continental (um “onze” titular mais coeso, com poucas mudanças nos nomes).
Na continuação da fase de grupos, em março, a equipe viajou até Assunção, no Paraguai, e venceu o Libertad por 2 a 1 (dois gols de Washington) e ficou muito próxima da vaga. Em abril, o time venceu mais uma vez o Libertad, por 2 a 0 – gols de Thiago Silva e Cícero, e chegou aos 10 pontos. No quinto jogo, o primeiro tropeço: derrota por 2 a 0 para o Arsenal, na Argentina. A classificação foi carimbada no último jogo, com uma vitória por 1 a 0, em casa, sobre a LDU – gol de Cícero. Em seis jogos, foram quatro vitórias, um empate e uma derrota, 11 gols marcados e três sofridos, retrospecto que rendeu ao time a melhor campanha na fase de grupos entre todos os classificados. Mas agora não era mais hora de brincar nem testar. Era hora de mata-mata.
Começa a magia do Maracanã
Nas oitavas de final, o time brasileiro encarou o tradicional Atlético Nacional-COL. No primeiro duelo, na Colômbia, a equipe não se importou com a pressão da torcida e abriu o placar com Thiago Neves, de pênalti, aos 21’ do primeiro tempo. No segundo tempo, Arrué empatou, mas Conca, num belo chute de fora da área, fez o gol da vitória do Tricolor por 2 a 1. Mesmo com a vantagem do empate no jogo de volta, a equipe freou o ímpeto dos colombianos e venceu por 1 a 0, com gol do zagueiro Roger após cobrança de falta de Thiago Neves. Vaga nas quartas de final! E hora de mais um adversário complicado e tradicional: o São Paulo-BRA.
No jogo de ida, no Morumbi, mais de 61 mil pessoas lotaram o estádio paulista para empurrar o time de Muricy Ramalho. O Flu sabia da força do rival em seu estádio, ainda mais pela Libertadores, e tentaria levar pelo menos um empate para a volta, no Rio. Já com Dodô, que foi titular no lugar de Conca, o Flu tentou, mas não conseguiu furar a meta de Rogério Ceni. Já o dono da casa fez seu gol logo aos 20’ do primeiro tempo, com Adriano. No segundo tempo, o time carioca tentou armar faltas para perto da área paulista, mas nenhuma tentativa deu certo contra um time cheio de defensores altos como o São Paulo. E o placar ficou mesmo 1 a 0.
Na volta, quase 70 mil pessoas lotaram o Maracanã para empurrar o Fluminense. O time precisava de pelo menos dois gols e não levar nenhum se quisesse ir para a semifinal. Com o considerado “onze titular” ideal, a equipe foi com tudo pra cima do São Paulo e não deixou o time paulista respirar. Já aos 12’, Washington aproveitou a sobra na área e abriu o placar: 1 a 0. O São Paulo tentou reagir, mas a falta de pontaria e o barulho da torcida do Flu atrapalhavam a equipe. Aos 38’, Conca viu Rogério Ceni adiantado e arriscou de longe. A bola bateu no travessão e Thiago Neves, no rebote, quase ampliou. No segundo tempo, a torcida da casa emudeceu momentaneamente quando Adriano empatou o jogo, aos 26’. Faltavam menos de 20 minutos para o fim e o Flu teria que fazer dois gols. No entanto, Dodô não deixou o jogo esfriar, e, após lançamento de Conca, fez 2 a 1. Fogo de novo! A partir dali, a equipe de Renato Gaúcho ficou toda no ataque e tentou de todas as maneiras o gol, mas a bola não queria entrar.
O jogo já estava nos acréscimos quando o Flu ganhou um escanteio. O cronômetro marcava 46 minutos. Thiago Neves foi para a bola com foco total no grandalhão Washington. Era a jogada deles. A jogada tão ensaiada nos treinos e uma das armas mais letais daquele time. Thiago cobrou com precisão. Washington subiu mais alto do que todo mundo e cabeceou no ângulo de Rogério Ceni. Indefensável! Golaço! O Maracanã explodiu. E o Fluminense, pela primeira vez em sua história, estava na semifinal. A festa varou a noite no Rio e Washington se derreteu em lágrimas. Com emoção e paixão, aquele Tricolor mostrava que podia, sim, alcançar a decisão. Mas ainda tinha um obstáculo. E era o maior de todos: o Boca Juniors-ARG, atual campeão, com Riquelme, Palermo e companhia. Será que dava?
Show! Como o Santos de Pelé!
A torcida do Flu estava eufórica após a classificação épica sobre o São Paulo, mas muitos colocaram os pés no chão ao saber que o Boca seria o adversário na semifinal. E não era para menos. O time era o campeão vigente da competição e tinha o craque Riquelme, além de jogadores perigosos e toda a hostilidade de sua torcida. Para amenizar aquela situação, o Flu jogaria o primeiro duelo em Avellaneda, e não na Bombonera, por causa de uma punição da Conmebol imposta ao clube argentino após incidentes no estádio no duelo contra o Cruzeiro-BRA, nas oitavas de final daquela mesma Libertadores. Mesmo assim, o estádio do Racing era bem complicado e quase tão infernal quanto a Bombonera.
Com a marcação adiantada, o Boca pressionou o Flu desde o início e foi logo abrindo o placar com Riquelme: 1 a 0. Dois minutos depois, Thiago Neves cobrou falta e Thiago Silva, de cabeça, empatou o jogo. A reação rápida esfriou os argentinos, que perceberam que aquele esquadrão brasileiro era bem diferente dos que eles estavam acostumados a vencer nos últimos tempos. Muito seguro, o Flu jogava de igual para igual e levava perigo ao gol argentino. A partida era muito boa e bem jogada, e, na segunda etapa, o Boca fez mais um com Riquelme, de falta, aos 19’. Pouco tempo depois, nova reação do Flu. Thiago Neves chutou da entrada da área, o goleiro Migliore falhou feio e a bola entrou: 2 a 2. Ao fim do jogo, o empate foi considerado sensacional e deu muito mais tranquilidade para a volta.
No dia 04 de junho, mais de 78 mil pessoas encheram o Maracanã de luzes e fumaça para uma linda festa. Era dia de buscar a vaga na final da Libertadores! Quando a bola rolou, a torcida percebeu uma postura diferente do time no primeiro tempo. Ao invés de buscar o jogo como sempre, a equipe apostava mais no contra-ataque e esperava o Boca em seu campo. Como eram os argentinos que precisavam do resultado, Renato Gaúcho tinha certeza de que mataria a partida em um contra-ataque rápido. Mas não foi bem assim. O Boca foi perigoso e só não abriu o placar por causa das boas defesas de Fernando Henrique. Riquelme não ganhava marcação especial e fazia o que queria – para desespero de Renato Gaúcho, que berrava em campo pedindo uma maior atenção ao argentino.
Na segunda etapa, o Flu mudou sua postura, mas o Boca continuou firme até chegar ao primeiro gol, com Palermo, aos 12’, que cabeceou sozinho após cruzamento de Dátolo. Medo no Maracanã. Será que o Flu seria mais uma vítima do Boca em Libertadores? Não! Renato Gaúcho colocou Dodô no lugar do volante Ygor e mudou a postura do time. Mais ofensivo, o Flu passou a atacar mais e chegou ao empate do jeito que mais gostava: na bola parada. Dodô sofreu uma falta na entrada da área e Washington, magistralmente, colocou a bola no ângulo esquerdo do goleiro: que golaço! Parecia feito com a mão – deixando até Riquelme com inveja! De novo no jogo, o Flu encurralou o Boca e aproveitou as brechas na zaga para matar de vez o rival. Aos 25’, Dodô, endiabrado, roubou a bola no meio de campo e lançou Conca pela esquerda. O argentino saiu em disparada e chutou cruzado. A bola bateu na perna de Ibarra e enganou completamente o goleiro Migliore: 2 a 1. Sabe quando aquele Flu iria perder a vaga na final? Nunca mais!
Palermo tentava, Fernando Henrique defendia. Do outro lado, Dodô enervava os adversários com chutes perigosos e muita movimentação. Aos 46’ e com o Maracanã em polvorosa, Júnior César, após uma jogada toda sua, quase marcou um golaço ao chutar na trave. Um minuto depois, Dodô, grande nome daquela reta final de segundo tempo, aproveitou um passe errado de Palacio no campo de defesa boquense, driblou o zagueiro e fuzilou: 3 a 1. E fim de jogo! O Fluminense estava na final da Libertadores pela primeira vez! E se tornava o primeiro time brasileiro desde o lendário Santos de Pelé a eliminar o Boca em um mata-mata de Libertadores. Foi um show. Foi épico. Aquela campanha merecia um desfecho com o mais nobre título continental. Mas, no futebol, nem sempre as coisas cumprem um roteiro…
Jogo lendário não garante a taça
O Fluminense reencontrou a LDU naquela final de Libertadores e tinha como lembrança o fato do time ter sido o que menos “sofreu” quando enfrentou o clube, afinal, foram um empate sem gols e uma vitória do Flu por apenas 1 a 0. A equipe equatoriana era muito bem treinada por Edgardo Bauza, contava com bons nomes em todos os setores do campo e ainda o habilidoso Guerrón no ataque. Embora não tivesse história na competição, era um adversário forte, mas poucos diziam isso por causa do tamanho da fama que aquele Fluminense tinha alcançado com suas partidas. Letal no ataque, o time vivia uma fase melhor do que o rival e era o favorito, de fato. No entanto, os primeiros 45 minutos daquela decisão foram simplesmente deploráveis para o Tricolor.
A LDU abriu o placar com Bieler, aos dois minutos. Conca empatou, aos 12’, mas Guerrón, aos 29’, e Campos, aos 34’, fizeram 3 a 1. A torcida da casa gritava “olé”. A altitude diminuía o fôlego dos brasileiros. Cada ataque equatoriano era motivo de pânico. O Flu não jogava absolutamente nada. Aos 45’, Urrutia fez 4 a 1. E o juiz encerrou a primeira etapa. Foi um vareio. Os jogadores brasileiros saíram de campo mudos, sem falar com a imprensa. O que estava acontecendo? Ninguém sabia. No segundo tempo, Thiago Neves descontou, aos 12’, e o placar permaneceu intacto por causa da falta de fôlego de ambas as equipes – a LDU acusou o segundo gol e se deu por satisfeita com a vantagem construída. Já o Flu entendeu, após os 30’, que o 4 a 2 estava até que barato pelo que foi a primeira etapa e era melhor não arriscar. Tudo ficaria para o Maracanã. Lá, o Flu teria que vencer por três gols de diferença se quisesse ser campeão da América pela primeira vez.
No dia da decisão, o mais emblemático estádio brasileiro foi decorado por uma torcida apaixonada e vibrante. A energia que emanava daquele colosso de concreto era impressionante. E, em campo, o que se viu foi um jogo emocionante e impróprio para cardíacos. A LDU, acredite se quiser, abriu o placar. Mas o Flu fez um. Dois. Três gols. Todos com Thiago Neves. Poderia ter feito quatro, cinco. Mas não fez. O duelo foi para a prorrogação. E para os pênaltis. Na marca da cal, curiosamente os três principais craques do time tricolor – Conca, Washington e Thiago Neves – perderam suas cobranças. E a LDU foi campeã. Aquele jogo não tem tantos detalhes neste texto por ser grande demais, épico demais. Ele é um jogo eterno. Leia mais clicando aqui.
Até hoje ninguém consegue explicar aquela derrota. Foi muito, mas muito dolorida. Até quem não torcia (com exceção dos adversários do Rio, claro) pelo Flu queria que ele fosse campeão pela campanha, pela superação, pelas viradas e pela torcida que deixou o Maracanã lindo como nunca. Thiago Neves foi vice-artilheiro do torneio com 7 gols (um a menos do que Cabañas, artilheiro principal), craque do time na competição e primeiro jogador a marcar três gols em uma decisão de Libertadores. O time teve, no geral, a melhor campanha e o melhor ataque. Mas não levou a taça em mais um episódio sádico do futebol.
Debandada e os 98% rebaixado
Como sempre acontece com os clubes brasileiros, a visibilidade na Libertadores fez com que o Fluminense vendesse alguns de seus principais atletas no segundo semestre. Cícero, Gabriel e Thiago Neves deixaram o clube e enfraqueceram bastante a espinha dorsal do time vice-campeão da América. Em agosto, Renato Gaúcho não resistiu aos maus resultados no Brasileiro e foi demitido. Para o seu lugar, Cuca chegou para tentar afastar o time da degola, mas foi um desastre. Renê Simões chegou em outubro e pegou o Flu na penúltima posição.
Com ele, a equipe iniciou a recuperação com uma vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-PR, fora de casa, e só subiu de posição dali em diante. Na reta final, a equipe ainda conseguiu segurar um empate contra o São Paulo em 1 a 1, no Morumbi, evitando o título antecipado da equipe paulista, e carimbou uma vaguinha na Copa Sul-Americana ao terminar o campeonato na 14ª posição. Washington, praticamente sozinho no ataque, foi o artilheiro da equipe e do campeonato com 21 gols marcados, um prêmio para um jogador tão importante na equipe naquele ano.
Mas, ao invés de as coisas melhorarem, em 2009, elas pioraram. O time contratou pouco (de peso, apenas o zagueiro Gum e o atacante Fred – que se lesionou e ficou vários meses sem jogar), perdeu Washington, Arouca e Júnior César para o São Paulo e viu o pouco que restava do time de 2008 se esfacelar. Renê Simões, obviamente, não conseguiu bons resultados no Campeonato Carioca e foi demitido em março. Para o seu lugar, chegou o velho conhecido Carlos Alberto Parreira e a equipe continuou inerte, sendo eliminada nas quartas de final pelo Corinthians na Copa do Brasil.
Depois de poucos meses, Renato Gaúcho voltou. E, de novo, nada de progresso. O treinador foi demitido e a diretoria decidiu contratar mais uma vez Cuca para o cargo, que dirigiu a equipe no dia 06 de setembro, no empate em 1 a 1 com o Náutico. Aquele resultado mantinha o clube na zona de rebaixamento do Brasileiro com apenas 17 pontos, três vitórias, oito empates e 12 derrotas em 23 jogos. Aliás, já era a quarta rodada que o time passava na lanterna.
Para piorar, começaria naquele mesmo mês o mata-mata da Copa Sul-Americana (na primeira fase, o Tricolor eliminou o rival Flamengo ao empatar em 0 a 0 e 1 a 1, ficando com a vaga pelo critério de gols marcados fora de casa). Nas semanas seguintes, novos resultados ruins (0 a 0 com o Botafogo, derrota de 5 a 1 para o Grêmio e empate em 2 a 2 com o Alianza Atlético-PER, pela Sul-Americana). Só no dia 27 que o time, depois de 11 jogos, venceu: 3 a 2 pra cima do Avaí.
No dia 01 de outubro, o Tricolor teve um breve momento de alegria com uma goleada de 4 a 1 sobre o Alianza e a classificação para as quartas de final na Sul-Americana. Mas, dias depois, a derrota por 2 a 0 para o rival Flamengo manteve o Flu na lanterna pela sétima rodada seguida. Faltavam apenas 11 rodadas para o fim e a equipe só tinha vencido quatro dos 27 jogos que havia disputado. Os matemáticos davam 98% de chances de ser rebaixado. Diretoria e torcida praticamente se conformavam com a situação. Afinal, que time conseguiria vencer oito ou nove jogos dos 11 restantes se àquela altura só tinha vencido quatro? Era uma situação desastrosa e sem um pingo de esperança. Fred, angustiado, queria voltar a jogar, mas os médicos ainda não queriam liberar o atacante. Ele só foi liberado para o jogo contra o Corinthians, no dia 07 de outubro, mas o camisa 9 sentiu dores no treino e não jogou. Com isso, a equipe empatou em 1 a 1 e seguiu seu calvário. Dias depois, Fred voltou, e, mesmo longe da forma física marcou na vitória por 2 a 1 sobre o Santo André, fora de casa.
Na partida seguinte, empate em casa contra o Inter em 2 a 2, com Fred tendo que ser substituído – para a ira da torcida, que vaiou o atacante. Dias depois, novo compromisso continental e empate em 2 a 2 contra a Universidad de Chile, com dois gols de Fred, que voltava a se recuperar. Três dias depois, a equipe perdia por 2 a 0 para o Goiás, fora de casa, mas uma mexida nos brios do time por parte de Cuca e dos próprios jogadores inspirou a busca pelos empate em 2 a 2. No duelo seguinte, em casa e debaixo de muita chuva, contra o Atlético-MG, outro empate era simplesmente inadmissível.
Mesmo com pouco mais de 13 mil pessoas, o Maracanã ecoava uma torcida que erguia faixas de “lutem até o fim” e começava a acreditar em uma reviravolta. Em campo, Fred e Conca deram a vitória ao Flu por 2 a 1. Tempo depois, a torcida enviou um vídeo com mensagens de apoio e trechos daquela vitória para animar os jogadores naquela reta final. Cuca usou aquilo para fechar o grupo e manter o foco na fuga de um rebaixamento quase certo. A partir dali, começaria uma sequência impressionante do Tricolor.
Aposentando matemáticos!
O próximo jogo do Flu foi contra o Cruzeiro, no Mineirão, e Cuca temia pelo pior quando viu seu time levar dois gols em 30 minutos do primeiro tempo. Era a 33ª rodada. O time estava desde a 21ª na lanterna. E perdia por 2 a 0 fora de casa.
“Ali, naquele momento, eu pensei: agora acabou, estamos rebaixados”. – Cuca, técnico do Fluminense, em entrevista ao Sportv.
No entanto, a garotada Tricolor em campo não jogou a toalha. Na segunda etapa, Digão e Tartá entraram, Cuca neutralizou as principais armas cruzeirenses (entre eles o indigesto Guerrón, ex-LDU), e a equipe jogou 45 minutos inesquecíveis. Gum, aos 09’, Fred, aos 12’ e aos 25’, viraram para 3 a 2 e tiraram o time da lanterna depois de 11 rodadas seguidas. Faltavam cinco jogos. E cinco pontos separavam a equipe do primeiro colocado fora da zona de rebaixamento, o Botafogo. Durante o jogo, a torcida cruzeirense, comovida, gritou “Fred, guerreiro, volta pro Cruzeiro!” em reconhecimento ao talento do atacante. Na partida seguinte, mais de 65 mil pessoas lotaram o Maracanã para empurrar o time contra o Palmeiras de Muricy Ramalho. A presença maciça da torcida em um momento tão delicado foi impressionante e comoveu os jogadores, que jogaram com raça e venceram mais uma: 1 a 0, gol de Fred, de cabeça. Tempos depois, o atacante lembrou do carinho da torcida nesse jogo:
“A nossa torcida empurrou a gente em muitos jogos. E a partir desse aí (contra o Palmeiras)… Foi impressionante o que eles fizeram”. – Fred, em entrevista ao Sportv.
Com três vitórias em três jogos, e todas contra equipes do topo da tabela, a confiança tricolor só aumentou. No dia 15 de novembro, outra vez Maracanã cheio (mais de 55 mil pessoas) e vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-PR, gols de Fred e Maicon. Dias depois, foi a vez de um adversário direto: o Sport, na Ilha do Retiro. E, com autoridade, o Tricolor venceu por 3 a 0, gols de Fred, Conca e Zé Antônio (contra). Naquele jogo, o Flu flertou por alguns minutos com a saída da zona de rebaixamento por causa do empate do Botafogo contra o São Paulo. Os jogadores esperaram em campo até o término da partida do rival, mas, no finalzinho, o alvinegro fez um gol e adiou o sonho tricolor. Os jogadores ficaram bem cabisbaixos no vestiário, mas ainda faltavam duas partidas. E dois pontos de diferença para o Botafogo.
Antes do jogo contra o Vitória, pela 37ª rodada, a equipe mais uma vez foi empurrada por sua torcida, que tratou de preparar o terreno psicológico para os jogadores depois de um jogo atípico pela Sul-Americana (logo mais você vai saber qual foi). Mais de 500 torcedores recepcionaram o time no desembarque do aeroporto gritando “guerreiros, guerreiros, time de guerreiros!” e provaram que estavam com os jogadores não importava o resultado no outro torneio. Aquilo foi incrível. E, claro, levantou mais uma vez o moral do elenco tricolor. No dia 29, mais de 69 mil pessoas no Maracanã viram uma goleada do Flu: 4 a 0 sobre o Vitória, gols de Alan, Fred e dois de Conca. Para melhorar ainda mais, Coritiba e Botafogo perderam seus jogos, e o Flu, enfim, saiu da zona de rebaixamento. Que alívio! Mas ainda faltava um jogo. E justamente contra o Coritiba, na casa do alviverde.
No dia 06 de dezembro, o Flu entrou no Couto Pereira precisando de apenas um ponto para sobreviver. Derrota, jamais. Era o último desafio para sacramentar uma saga de muito suor, resultados improváveis e contra todos os prognósticos do rebaixamento. Os jogadores estavam em seus limites, vindos de duelos conturbados pela Sul-Americana. Gum e Conca estavam gripados, Maurício com dores, Fred exausto, enfim, o time estava em final de temporada, com os nervos à flor da pele e praticamente sem dormir por causa dos fogos de artifício soltados pela torcida do Coritiba na noite anterior ao jogo. Em campo, Cuca foi astuto e esperou o adversário entrar, a torcida fazer a festa para só depois ir à campo.
Quando a bola rolou, Marquinho, de longe, abriu o placar para o Flu. O Coritiba empatou e o jogo seguiu tenso. Todos só tinham ouvidos para o jogo do Botafogo, que interessava diretamente aos dois times. Como o alvinegro estava vencendo, o Coritiba precisava desesperadamente da vitória, e o Flu, manter o resultado. Mas, naquele momento, criar era mais difícil do que defender. E o Tricolor segurou o resultado até o final do jogo. Com a ajuda de Sobrenatural de Almeida e Nelson Rodrigues, o tricolor e mentor do personagem fictício tão famoso na crônica futebolística nacional do século XX, o Fluminense estava livre do rebaixamento.
A equipe ficou 11 jogos sem perder. Venceu sete e empatou quatro, sendo seis vitórias seguidas. Somando a Sul-Americana, foram 13 jogos de invencibilidade, com oito vitórias seguidas. Cuca considera aquele feito um dos maiores de sua carreira. E a façanha provou que nada no futebol é improvável. Aquele mesmo Fluminense soube disso na Libertadores. E provou da teoria um ano depois. O time de Guerreiros entrava definitivamente para a história. Não por causa de uma taça, mas por reverter o irreversível e aposentar matemáticos que cravaram os 98% de chances de rebaixamento…
Na Sul-Americana, tinha uma LDU no caminho (de novo)
Para não perder a linha de raciocínio, deixamos a competição continental para este parágrafo. Lembra que o Flu havia despachado o Alianza nas oitavas, se classificado para as quartas de final e empatado com a Universidad de Chile em casa em 2 a 2 no primeiro confronto, certo? Pois bem. A equipe eliminou os chilenos com uma vitória por 1 a 0, fora, e enfrentou o Cerro Porteño-PAR, nas semis. Na ida, fora de casa, vitória por 1 a 0, gol de Fred, e ambiente hostil com torcida jogando pedras e jogadores tendo que esperar por mais de meia hora para descer aos vestiários, no fim do jogo, até a fúria local cessar.
Na volta, mais selvageria, muita catimba, e nova vitória tricolor: 2 a 1, com direito a gol de Gum com uma enorme faixa na cabeça após um corte no supercilho. Na grande final, adivinhe quem os cariocas enfrentaram? A LDU…ainda mais forte e com Méndez em grande fase. Os jogadores entraram em campo cansados por causa da viagem, com problemas respiratórios devido a altitude (o atacante Fred teve que dormir com respirador) e o estrago em campo não poderia ser outro: derrota por 5 a 1, de virada, e praticamente um adeus ao título.
Profundamente cabisbaixos e preocupados com o peso que aquela derrota poderia ter para a sequência da saga no Brasileiro, os jogadores ganharam ânimo extra naquela recepção calorosa na volta pra casa, no aeroporto. E ela embalou, também, a partida de volta, no Maracanã. Mais de 69 mil pessoas lotaram o Maracanã e viram o Flu marcar mais três gols na equipe equatoriana, mas, quando o placar estava 3 a 0, Fred acabou expulso por discutir com o árbitro, e Cuca teve que colocar o zagueiro Gum na frente nos quinze minutos finais. A LDU também teve jogadores expulsos (De La Cruz e Campos), mas o placar ficou mesmo 3 a 0. Ao final do jogo, a torcida mais uma vez aplaudiu seus guerreiros e os jogadores equatorianos desejaram boa sorte aos tricolores para o duelo do fim de semana, contra o Coritiba, numa mostra do respeito que ficou entre os dois clubes após duas finais tão importantes em pouco tempo. Cuca falou sobre a competição tempo depois:
“Eu não teria ficado tão feliz com o título se eu tivesse sido rebaixado no Brasileiro. Eu preferi muito mais livrar o Flu da queda e ser vice da Sul-Americana”. – Cuca, em entrevista ao Sportv.
Hora de arrumar a casa
Depois de um ano tão difícil, o Fluminense se preparou melhor para não repetir os erros anteriores, tratou de recompor o elenco e manteve os nomes que se destacaram ao invés de só vender atletas e não comprar ninguém. O time se reforçou com os zagueiros Leandro Euzébio e André Luís, o volante Valencia, o lateral Julio César, o falastrão atacante Emerson, e, tempo depois, repatriou o atacante Washington. A torcida esperava uma boa campanha logo no começo do ano, durante o Campeonato Carioca, mas a ausência do time nas fases decisivas da competição minou o técnico Cuca, que foi demitido pela diretoria. Xodó da patrocinadora, Muricy Ramalho chegou com o desafio de comandar o time no Campeonato Brasileiro, que ainda não tinha começado.
Tricampeão da competição pelo São Paulo entre 2006 e 2008, o técnico era visto com bons olhos pela diretoria por poder acabar de vez com um jejum de mais de duas décadas sem títulos no principal torneio nacional. Porém, pouca gente apostava num time que passou quase toda a temporada anterior na zona de rebaixamento. Antes de iniciar os trabalhos, o treinador pegou a equipe no meio da Copa do Brasil, mais precisamente nas quartas de final, contra o Grêmio. E, ainda longe de saber os pontos fracos e fortes do time, acabou eliminado da competição com duas derrotas (3 a 2, em casa, e 2 a 0, fora). Em parte, a eliminação foi boa, afinal, diferente de 2009, o clube não teria mais nenhuma competição para “atrapalhar” e o foco seria total no Brasileiro.
Campeões do turno
Depois da derrota na estreia para o Ceará, fora de casa, por 1 a 0, o Fluminense emendou uma série que afastava de vez rumores de um novo flerte com o rebaixamento, provando que os tempos eram outros. A equipe venceu o Atlético-GO, em casa, por 1 a 0, perdeu para o Corinthians, fora, pelo mesmo placar e venceu quatro jogos seguidos: 2 a 1 no Flamengo, 3 a 1 no Atlético-MG, no Mineirão, 2 a 1 no Vitória, em casa, e 3 a 0 no Avaí, fora. Após a Copa do Mundo, já em julho, o time empatou com o Grêmio Prudente em 1 a 1, venceu o Santos de Neymar, Robinho e André em plena Vila Belmiro por 1 a 0 e o Cruzeiro, em casa, também por 1 a 0, resultado que colocou o time na liderança pela primeira vez. Na 11ª rodada, o Flu empatou em 1 a 1 com o Botafogo e perdeu o topo para o Corinthians, mas retomou a ponta com a vitória por 3 a 1 sobre o Atlético-PR, em casa, diante de 40 mil pessoas no Maracanã, com show da dupla de ataque Washington (que marcou dois em sua volta ao clube) e Emerson.
Com um miolo de zaga muito eficiente, que se alternava entre dois e três zagueiros, a ótima fase do lateral-direito Mariano e o sempre presente meia Conca, aquele Flu enchia os olhos do torcedor com partidas seguras e convincentes, tanto em casa quanto fora dela. No dia 08 de agosto, a equipe foi até Porto Alegre e bateu o Grêmio em pleno Olímpico por 2 a 1, gols de Mariano e Emerson. Com boas peças de reposição, Muricy conseguia manter o foco em um torneio longo e a qualidade no ataque mesmo sem Fred, que voltava a sofrer com contusões e não engatilhava uma boa sequência de jogos. No dia 15 de agosto, mais de 59 mil pessoas fizeram a fez a festa no Maracanã não só com a vitória de 3 a 0 sobre o Internacional (gols de Mariano, Washington e Emerson), mas também com a contratação do badalado meia Deco, outra boa opção de meio de campo para o técnico Muricy.
Depois de empatar em 2 a 2 com o Vasco diante de 80 mil pessoas – foi o último jogo com lotação máxima do velho Maracanã antes da reforma para a Copa do Mundo, o Flu foi até Goiás e venceu o time da casa por 3 a 0, gols de Washington, Emerson e Marquinho. Líder incontestável, a equipe acabou relaxando e perdeu pontos em casa nos dois jogos seguintes ao empatar com São Paulo (2 a 2) e Palmeiras (1 a 1), este o último do time no Maracanã, que fechou as portas para a reforma e obrigou o Flu a mudar sua casa para o Engenhão. No último jogo do turno, o time perdeu uma invencibilidade de 15 partidas com a derrota de 2 a 1 para o Guarani, em Campinas (SP). Mesmo assim, o time encerrou o turno na liderança.
Cada vez mais perto
O começo do returno não foi nada bom e acendeu o alerta em todos nas Laranjeiras. A equipe venceu o Ceará, em casa, por 3 a 1, mas perdeu dois jogos na sequência: 2 a 1 para o Atlético-GO, fora, e 2 a 1 para o Corinthians, em pleno Engenhão, considerada uma “final antecipada” pela imprensa. Quatro dias depois, num clássico eletrizante, o Flu empatou em 3 a 3 com o Flamengo e perdeu a liderança para o Corinthians depois de dez rodadas no topo. Muricy tratou de chacoalhar o elenco para uma reação rápida a fim de não perder o foco no título, afinal, um tropeço àquela altura poderia ser fatal. E, em casa, o time goleou o Atlético-MG por 5 a 1, com grande atuação do lateral Carlinhos, que marcou dois gols. Em seguida, mais duas vitórias: 2 a 1 sobre o Vitória, fora, e 1 a 0 sobre o Avaí, em casa.
Nos cinco jogos seguintes, novos tropeços: empate em 1 a 1 com o Grêmio Prudente, fora, derrota de 3 a 0 para o Santos, em casa, numa partida para esquecer, com o time cheio de desfalques e nova contusão de Fred – que voltava depois de cinco rodadas justamente naquela partida e ficou menos de cinco minutos em campo – derrota de 1 a 0 para o Cruzeiro, fora, empate sem gols com o Botafogo e empate em 2 a 2 com o Atlético-PR, fora, com um gol salvador de Conca aos 42’ do segundo tempo. Embora tivesse perdido mais dois pontos, a equipe voltou à liderança graças à derrota do Cruzeiro.
A recuperação veio no dia 28 de outubro, com a vitória por 2 a 0 sobre o Grêmio e show de Conca, que marcou os dois gols. Após o empate sem gols contra o Inter, fora, o time venceu o clássico contra o Vasco por 1 a 0 e manteve um ponto à frente do Corinthians na liderança. Na 35ª rodada, o time empatou em casa com o Goiás em 1 a 1 e perdeu a liderança para o Timão. Era apenas um ponto de diferença para o alvinegro e dois à frente do terceiro colocado, Cruzeiro. O campeonato era muito equilibrado e já considerado à época um dos mais disputados da era dos pontos corridos. No duelo seguinte, o Flu encarou o São Paulo em um jogo curioso. A torcida paulista pedia desde o início para seu time “entregar”, afinal, eles não queriam que o rival Corinthians fosse campeão.
E, quando Gum fez 1 a 0 para o Flu, parecia que o Tricolor carioca jogava em casa tamanha vibração da torcida da casa! O São Paulo empatou, mas o Flu mostrou autoridade, e, embalado pelos torcedores extras, goleou por 4 a 1, com os outros gols marcados por Conca (2) e Fred. A vitória devolveu a liderança ao Flu graças ao empate do Corinthians contra o Vitória. Na sequência, também fora de casa, o time de Muricy Ramalho venceu o Palmeiras por 2 a 1 (gols de Carlinhos e Tartá) e só precisava de mais uma vitória para ser campeão brasileiro depois de 26 anos.
100% campeão!
No dia 05 de dezembro, mais de 40 mil pessoas coloriram o Engenhão para mais uma partida histórica daquele esquadrão. Era dia de acabar de vez com um incômodo jejum, calar os rivais que viviam zombando do time por causa dos vices nas temporadas anteriores e sacramentar a verdadeira odisseia dos Guerreiros iniciada lá em 2009. Muricy mandou a campo o que tinha de melhor: Ricardo Berna; Mariano, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Valencia, Diguinho, Julio César e Conca; Emerson e Fred. Já rebaixado, o Guarani não almejava nada na competição, mas quis complicar a vida carioca durante o jogo. Nervoso, o Flu demorava para engrenar e não conseguia furar a meta do goleiro Emerson.
O gramado ruim e a retranca do Guarani dificultavam ainda mais as ações do time de Muricy. Aos 12’, Washington entrou no lugar de Julio César e fez a torcida vibrar. Embora estivesse há 14 jogos sem marcar gols, ele era muito importante como pivô e também como garçom para os gols tricolores. E, aos 17’, o “Coração Valente” deu a assistência para Emerson, no meio da área, chutar e fazer o primeiro e único gol do jogo: 1 a 0 Flu. O Engenhão tremeu. Com a vitória, a equipe nem precisava se importar com os rivais Cruzeiro e Corinthians. E, depois de contar cada segundo do relógio, a torcida pôde, enfim, comemorar: o Fluminense era campeão brasileiro depois de 26 anos, seis meses e oito dias!
Foi a taça para coroar o Time de Guerreiros, de 98% rebaixado para 100% campeão. Foi o título do time que mais permaneceu na liderança – 23 rodadas – que teve a melhor defesa – 36 gols sofridos – e o melhor aproveitamento – 62%. Foi o título de Conca, presente em todos os 38 jogos da equipe e eleito o Bola de Ouro da competição, além de ter sido o artilheiro do clube com nove gols. A campanha do Flu foi mesmo digna de campeão: 71 pontos, 38 jogos, 20 vitórias – foi o time que mais venceu, ao lado do Cruzeiro, 11 empates, sete derrotas – time que menos perdeu, 62 gols marcados, 36 sofridos e saldo positivo de 26 gols. Merecidamente, o Tricolor teve um fim de ano feliz e muito mais tranquilo do que as últimas temporadas. E o melhor: com uma taça novinha em sua galeria.
Novas aventuras e novo técnico
O “Time de Guerreiros” manteve sua base e ganhou o reforço do goleiro Diego Cavalieri e do volante Edinho para a temporada de 2011. A torcida esperava uma nova boa campanha na Libertadores, mas a classificação para as oitavas de final estava bem complicada. Depois de dois empates e uma derrota no turno de um grupo que tinha Argentinos Juniors-ARG, Nacional-URU e América-MEX, a equipe precisava de qualquer maneira vencer o duelo contra os mexicanos, no dia 23 de março, se quisesse sonhar com uma vaga. No sufoco, a equipe venceu por 3 a 2, mas voltou a perder na sequência (2 a 0 para o Nacional) e precisava de uma goleada para cima do Argentinos Juniors, em Buenos Aires, se quisesse se classificar. Para piorar, o time não tinha mais o técnico Muricy Ramalho, que rescindiu o contrato com o clube. Ele ficou chateado pela falta de investimento em infraestrutura prometido quando chegou, em 2010:
“Quando cheguei ao clube, foram prometidas duas condições: uma equipe para ser campeã e a melhoria na estrutura física do clube. A primeira foi conquistada com o título do Campeonato Brasileiro de 2010, e a segunda, a melhoria na estrutura, não foi realizada. Quero muito agradecer a todos que trabalharam comigo durante esse período e dizer que meu ciclo foi encerrado no clube”. – Muricy Ramalho, em entrevista ao Globoesporte.com, março de 2011.
O ciclo do treinador teve 28 vitórias, 15 empates e 11 derrotas em 54 partidas, além de um “não” ao convite de Ricardo Teixeira para assumir a Seleção Brasileira, na metade de 2010, e o comprometimento com o Flu para a conquista do Brasileiro.
Por esse motivo, os prognósticos não eram nada bons para o duelo da Libertadores. Mas, em um novo capítulo para a coleção de façanhas daquele time, a classificação veio. O Flu abriu o placar ainda no primeiro tempo, mas os argentinos empataram. Fred fez mais um, e, na segunda etapa, novo empate. Rafael Moura fez 3 a 2, e, aos 44’, Fred, de pênalti, fez 4 a 2. Como o Nacional empatou sem gols contra o América, o Flu conseguiu a classificação graças ao saldo de gols. Ou melhor, à quantidade de gols, pois o time fez nove e levou nove, com zero gols de saldo.
O Nacional fez três e levou três, também com zero gols de saldo. Ambas as equipes tinham oito pontos, duas vitórias, dois empates e duas derrotas. Com isso, a quantidade de gols do Flu definiu a vaga. Na comemoração, os brasileiros foram vítimas da intolerância argentina e sofreram agressões dos jogadores rivais, da torcida – que jogou até cadeira – e até mesmo da polícia, fatos que levaram os jogadores a deixar o gramado na base da correria! Nas oitavas, porém, o Tricolor sucumbiu diante do Libertad-PAR e foi eliminado.
Sem bons resultados no Estadual, parecia que aquele time tinha perdido a garra. Mas o clube acertou a contratação do técnico Abel Braga, que chegou ao Flu depois de 87 dias devido ao contrato que ainda tinha com o futebol árabe. Nesse período, o clube foi dirigido por Enderson Moreira no Brasileiro, e, mesmo sem o pique de antes, conseguiu sete vitórias, dois empates e apenas três derrotas em 12 jogos.
Com Abelão, o Flu voltou a jogar bem, mas o título não veio. A equipe terminou o torneio nacional na terceira colocação, com 20 vitórias, apenas três empates e 15 derrotas em 38 jogos, com 60 gols marcados (melhor ataque) e 51 gols sofridos. Se aquele time já não tinha a segurança defensiva dos tempos de Muricy, sobrava eficiência no ataque (mesmo com a perda de Conca para o futebol chinês, em junho) com ótimos jogos de Mariano, Deco e a ótima fase de Fred, que, sem contusões para atrapalhar, foi ao artilheiro do time com 22 gols e vice-artilheiro geral da competição. Aliás, o atacante deu show naquele Brasileiro. Fez gol de bicicleta, hat-tricks, passou dos 200 gols na carreira, voltou a ser convocado para a seleção e capitaneou o Flu em um dos jogos mais sensacionais daquele campeonato: a vitória de 5 a 4 do Tricolor pra cima do Grêmio, com várias viradas no placar e incríveis quatro gols do atacante. Com o fim da temporada, o Flu manteve Abel Braga no comando e apostou alto na temporada de 2012. Mantendo mais uma vez a base e reforçando um pouco o sistema defensivo, o clube poderia brigar por títulos.
Destroçando outro jejum e queda na Liberta
Para continuar “nas cabeças”, a diretoria do Flu tratou de reforçar o elenco com as contratações de Wellington Nem, destaque jovem do último Brasileiro, o polivalente Jean e o lateral Bruno, além da volta do meia Thiago Neves. Nos primeiros meses do ano, a equipe se concentrou na disputa do Campeonato Carioca, torneio que não conquistava desde 2005. E, com o ataque tinindo, encerrou o jejum ao vencer a Taça Guanabara (3 a 1 pra cima do Vasco) e a decisão contra o Botafogo (4 a 1 no primeiro jogo e 1 a 0 no segundo).
Também no primeiro semestre, a equipe disputou a Copa Libertadores, e, para a surpresa de todos, teve em seu grupo a companhia do Boca Juniors-ARG, rival na edição de 2008, além de Arsenal de Sarandí-ARG e Zamora-VEN. Após a vitória na estreia por 1 a 0 contra o Arsenal (gol de Fred), em casa, a equipe viajou para a Argentina e encarou o Boca em La Bombonera. Com autoridade e experiência de batalhas passadas, a equipe não se importou com a tal da camisa, da pressão e outras coisas e venceu por 2 a 1, gols de Fred e Deco. Nos duelos seguintes, contra o Zamora, as vitórias por 1 a 0 em casa e fora colocaram a equipe já nas oitavas de final. Na sequência, o Boca se vingou do Flu e venceu por 2 a 0, no Engenhão. No último duelo da primeira fase, vitória por 2 a 1 do Tricolor sobre o Arsenal, na Argentina (gols de Carlinhos e Rafael Moura) e primeira colocação assegurada, tanto do grupo quanto na geral entre os classificados.
A campanha entusiasmou a torcida, que já via semelhanças com o desempenho de 2008. Nas oitavas, a equipe fez um duelo doméstico contra o Internacional, e, após empate sem gols no Beira-Rio, o time venceu a volta, em casa, por 2 a 1 (gols de Leandro Euzébio e Fred) e garantiu a vaga nas quartas. Nela, porém, outra vez o Boca Juniors pela frente. E, diferente de 2008, o Flu não resistiu. Sem Fred e Deco em La Bombonera, vitória argentina por 1 a 0. Na volta, também sem a dupla, o Flu fez 1 a 0 com Carleto no primeiro tempo e o placar ficou inalterado até os 45’ do segundo tempo quando Santiago Silva fez o gol de empate do Boca e eliminou o Tricolor. Foi dolorido. Mas ainda tinha um Campeonato Brasileiro inteiro pela frente. Com o elenco que tinha, não havia outra coisa para almejar se não o título.
Rumo ao tetra
A trajetória do Flu começou com uma vitória sobre o Corinthians, no Pacaembu, por 1 a 0, gol de Leandro Euzébio. Nos três jogos seguintes, a equipe empatou com Figueirense (2 a 2), Santos (1 a 1) e Internacional (0 a 0) e voltou a vencer com a goleada de 4 a 1 sobre a Portuguesa, em casa. Depois desse jogo, o time emendou mais três vitórias seguidas: 4 a 1 no Atlético-GO, fora, 2 a 0 no Náutico, fora, e 1 a 0 no rival Flamengo justamente na semana de comemoração do centenário do clássico. O gol, claro, foi de Fred, num jogo emblemático visto por mais de 38 mil pessoas no Engenhão. Ainda invicto, o clube manteve o ritmo com o empate em 1 a 1 com o Botafogo, com a goleada de 4 a 0 sobre o Bahia, em casa, e o triunfo por 2 a 1 sobre a Ponte Preta, fora.
Só na 12ª rodada, no dia 25 de julho, que o Flu conheceu a primeira derrota no campeonato. Foi em Porto Alegre, contra o Grêmio, que venceu por 1 a 0. Embora fizesse uma campanha muito boa, a equipe ainda não tinha conseguido chegar à liderança. Culpa do Atlético-MG de Ronaldinho, Bernard e companhia, que se mostrava o grande rival da equipe na busca pela taça. O primeiro duelo entre ambos foi já na 13ª rodada, e terminou empatado em 0 a 0, no Rio, com um gol de Fred anulado pela arbitragem.
Continuando sua caça ao Galo, o Flu venceu mais três seguidas: 2 a 0 no Coritiba, fora, 2 a 1 no São Paulo, em casa – e mesmo com cinco desfalques – e 1 a 0 no Palmeiras, em casa. No final do turno, mais sete pontos com o empate em 1 a 1 contra o Cruzeiro e vitórias sobre Sport (1 a 0, em casa) e Vasco (2 a 1). Após aquelas primeiras 19 rodadas, a equipe estava apenas um ponto atrás do Atlético-MG e já ostentava seu recorde de pontos em um único turno na história do Campeonato Brasileiro – 42 pontos, com 12 vitórias, seis empates e apenas uma derrota – o Galo, líder, já tinha perdido duas vezes.
A equipe ainda tinha o segundo melhor ataque (31 gols) e a melhor defesa (11 gols sofridos). Abel Braga sabia que era preciso manter a concentração no segundo semestre e dosar bem o elenco, ainda mais com as possíveis convocações de jogadores tricolores para a seleção – principalmente Fred – não perder pontos em casa, e, claro, torcer por tropeços do Atlético-MG. Comparando os elencos do time carioca e do mineiro, o Flu levava vantagem. E, por ser mais experiente e entrosado, poderia levar a melhor no fim das contas.
Sorte de campeão!
Após dois empates nas primeiras rodadas do returno (1 a 1 com o Corinthians e 2 a 2 com o Figueirense), o Tricolor bateu o Santos por 3 a 1, em casa (dois gols de Wellington Nem e um de Samuel) e assumiu pela primeira vez a liderança do campeonato graças aos tropeços do Galo. A partir dali, seria bem difícil tirar o Tricolor da ponta, ainda mais com as ótimas partidas do ataque e os talentos de Fred e Wellington Nem. Nas duas partidas seguintes, o time venceu o Internacional por 1 a 0, em pleno Beira Rio, e a Portuguesa, também fora, por 2 a 0. No dia 15 de setembro, o Tricolor foi surpreendido pelo Atlético-GO e perdeu por 2 a 1, em casa, em uma grande partida do goleiro do time goiano. O risco de perder a ponta foi amenizado graças à derrota do Atlético-MG para o Náutico na mesma rodada.
Nas cinco rodadas seguintes, o time de Abel Braga mostrou sua força. Foram cinco vitórias seguidas, sendo duas em clássicos: 2 a 1 no Náutico, em casa, 1 a 0 no Flamengo (o Tricolor venceu as duas partidas na competição no ano do centenário!), 1 a 0 no Botafogo, 2 a 0 no Bahia, fora, e 2 a 1 na Ponte Preta, em casa. Após 28 rodadas, a campanha do Flu era digna de campeão: 10 vitórias em casa, 10 vitórias fora de casa e nove pontos de vantagem sobre o vice-líder, Atlético-MG. Após o empate em 2 a 2 com o Grêmio, em casa, a equipe teve pela frente o Galo no lotado Estádio Independência, em uma “final” antecipada. Se o Flu vencesse, abriria 12 pontos de vantagem a cinco rodadas do fim do torneio. Já o Galo teria que vencer de qualquer maneira e continuar secando o rival.
O duelo foi digno de final, com muita disputa, nervos à flor da pele e vários cartões amarelos, mas também com lances bonitos e dribles. Depois de um primeiro tempo sem gols, o segundo foi simplesmente eletrizante. O Flu abriu o placar com Wellington Nem, aos 10’. Jô empatou 14 minutos depois. Aos 36’, o mesmo Jô virou o jogo. Quatro minutos depois, Fred empatou. Mas, aos 48’, Leonardo Silva fez o terceiro e explodiu o Independência. A vitória por 3 a 2 colocou mais pimenta no campeonato e impediu um distanciamento maior do time Tricolor.
Na rodada seguinte, porém, o Galo voltou a perder pontos (empatou em 1 a 1) e viu a diferença de seis subir para oito pontos com o triunfo do Flu pra cima do Coritiba (2 a 1, em casa). No dia 04 de novembro, o Tricolor empatou em 1 a 1 com o São Paulo, fora, e viu o Atlético-MG perder mais uma (1 a 0 para o Coritiba), resultado que abriu a possibilidade de um título antecipado dos cariocas já na rodada seguinte, contra o Palmeiras, em SP. Era hora de ser tetra!
Tetra incontestável
No dia 09 de novembro, o Flu viajou até Presidente Prudente para encarar um desesperado Palmeiras, quase rebaixado, na busca de seu quarto título brasileiro. Jogando com uma de suas melhores formações táticas (três atacantes e três homens no meio de campo), o time mostrou desde o início que não iria sair dali sem o título. Fred, inspirado, abriu o placar aos 48’ do primeiro tempo. Na segunda etapa, Maurício Ramos, contra, ampliou. Aos 16’, Barcos iniciou a reação alviverde. Aos 19’, Patrick Vieira (não, não é o francês!) empatou e assustou a torcida tricolor.
Mas, quem tem Fred, tem gol. E, aos, 43’, Jean cruzou da direita para o atacante, de primeira, marcar um golaço e sacramentar a vitória e rebaixar o Palmeiras: 3 a 2. Ao apito do árbitro, o Fluminense conquistou, com três rodadas de antecedência, o título brasileiro. Foi a coroação da melhor equipe e da melhor campanha do time de Abel Braga, que manteve o equilíbrio desde o início e não deu chances para os rivais chegarem perto depois que assumiu a liderança, na 22ª rodada, e não a largou mais.
Nas três rodadas seguintes, o Flu foi só festa e, com crédito, caiu um pouco de rendimento. Foram duas derrotas (2 a 0 para o Cruzeiro e 2 a 1 para o Vasco) e um empate (1 a 1 com o Sport). O Tricolor terminou a competição com cinco pontos à frente do Galo, com 77 pontos, 22 vitórias (time que mais venceu), 11 empates e cinco derrotas (time que menos perdeu), com 61 gols marcados (segundo melhor ataque) e 33 gols sofridos (melhor defesa), um aproveitamento de 67%. Fred foi o artilheiro do campeonato com 20 gols, ganhou uma Bola de Prata, foi eleito para a seleção do campeonato e ganhou da CBF o prêmio de Craque do Brasileirão. Além dele, Wellington Nem e Samuel, ambos com cinco gols, e Thiago Neves, maior “garçom” tricolor, com oito assistências, também tiveram sua importância, sem contar o goleiro Diego Cavalieri, autor de defesas sensacionais e vencedor da Bola de Prata de melhor goleiro do campeonato. Assim como em 1984, o Flu terminou o ano com as taças do Estadual e do Brasileiro.
Um esquadrão inesquecível
A apoteose de 2012 marcou o fim da era mais vertiginosa da história do clube em décadas. Em 2013, o time não foi bem no Carioca e sucumbiu mais uma vez nas quartas da Libertadores (derrota para o tradicional Olimpia-PAR, que seria vice-campeão). Abel Braga deixou o comando da equipe e o time se desfez. Mas a torcida já estava feliz, afinal, o Fluminense conseguiu naqueles anos voltar a ser respeitado, ganhou uma enorme projeção internacional como há tempos não ganhava e realizou façanhas impressionantes. É impossível se esquecer da trajetória na Libertadores de 2008, a taça mais merecida que aquele time não venceu. Chega a ser poética a caminhada e nascimento dos Guerreiros, em 2009. Foi uma volta por cima digna de filme o título brasileiro de 2010. E foi a consolidação da mais vertiginosa era da história do clube a taça de 2012.
Mesmo com as mudanças de técnicos e perda de jogadores pontuais, o Flu manteve-se forte em casa, fora dela e soube se virar até mesmo sem o icônico Maracanã. Ganhou novos ídolos, um novo artilheiro e superou números de gerações passadas que muitos não acreditavam que superaria. A Máquina dos anos 70 foi mais emblemática. O time comandado pelo Casal 20 foi festejado. Mas foi o Time de Guerreiros o mais glorioso. Um esquadrão imortal.
Os personagens:
OBS.: Durante sua trajetória, o Flu teve muitos, mas muitos jogadores. Aqui, listamos apenas os principais para a lista não ser tão extensa. Ainda assim, é muita gente – 47 jogadores!
Fernando Henrique: cria das bases, foi o goleiro do Flu durante oito anos, de 2002 até 2010, e alternava ótimas partidas com atuações bem abaixo da média. Foi muito importante na conquista da Copa do Brasil de 2007 e teve bons momentos na Libertadores de 2008. Disputou mais de 250 jogos com a camisa do clube.
Ricardo Berna: foi o preferido de Muricy após a contusão de Fernando Henrique na disputa do Brasileiro de 2010 e não decepcionou. Fez bons jogos, mostrou regularidade e garantiu à equipe a condição de defesa menos vazada do campeonato.
Rafael: foi titular em boa parte da temporada de 2009 e teve atuações importantes na arrancada do time no Brasileiro daquele ano. Ficou no clube até 2010 e sagrou-se campeão brasileiro, mas como reserva de Ricardo Berna.
Diego Cavalieri: há tempos que o torcedor do Flu queria um goleiro seguro e que honrasse tão bem uma posição que já foi de Castilho, Félix e Paulo Vítor. Diego chegou em 2011 para não largar mais a meta tricolor. Com atuações impecáveis, ótima colocação e muita segurança, o goleiro foi peça chave nas conquistas de 2012 e o melhor em sua posição no Brasileirão daquele ano. Entre seus grandes momentos está a defesa de um pênalti nos últimos minutos no clássico contra o Flamengo no returno, garantindo a vitória por 1 a 0 na caminhada rumo ao tetra. Diego disputou 330 jogos com a camisa tricolor e ficou sem levar gols em 104 delas.
Gabriel: o lateral viveu grande fase no Flu e foi uma das maiores armas de ataque pela direita no time de 2007-2008. Pecava na marcação, e, por isso, sobrecarregava o sistema defensivo do time. Após o vice da Libertadores de 2008, deixou o clube.
Mariano: chegou em 2009 e foi uma das grandes revelações do time no período, sendo peça fundamental na arrancada que livrou o Flu do rebaixamento, e, um ano depois, essencial na campanha do título brasileiro. Habilidoso, dono de um fôlego invejável e com muita técnica, foi um dos xodós da torcida e ganhou convocações para a seleção brasileira. Deixou o clube em 2012.
Bruno: virou titular ao longo de 2012 e foi presença marcante no time campeão brasileiro de 2012. Ao contrário de Mariano, não apoiava tanto o ataque e ficava mais no suporte à zaga. Ficou no Tricolor até 2014.
Thiago Silva: foi um dos grandes ídolos da torcida entre 2007 e 2008 e fez partidas memoráveis com a camisa do clube. Com presença de área marcante e perigoso nas bolas aéreas, o zagueiro marcou vários gols importantes e foi titular absoluto do time. Disputou mais de 140 jogos pelo clube até se transferir para o futebol europeu no final de 2008.
Gum: o zagueirão foi um dos maiores símbolos do “Time de Guerreiros” por sua raça, entrega e determinação em campo. Virou titular absoluto em 2009, e, com gols e grandes atuações, ajudou o Flu a sair do rebaixamento e a chega à final da Sul-Americana. Tanto empenho rendeu o título brasileiro em 2010 e 2012 e a idolatria da torcida no período. Disputou mais de 350 jogos pelo Flu e é o jogador com mais jogos pelo clube em campeonatos brasileiros na história: 220 partidas.
André Luís: o zagueirão se destacou como um dos principais defensores na campanha do título brasileiro de 2010, jogando ao lado de Gum e Leandro Euzébio quando Muricy armava o time no 3-5-2 ou como uma das opções nos esquemas com dois zagueiros. Firme nas jogadas aéreas e na marcação, ficou no clube até 2011, quando foi dispensado.
Luiz Alberto: foi titular ao lado de Thiago Silva no time campeão da Copa do Brasil de 2007 e vice da Libertadores de 2008. Alternava ótimas partidas com outras bem fracas, ficando longe da regularidade do companheiro. Deixou o Flu no começo de 2010.
Roger: o experiente zagueiro não era titular absoluto, mas foi peça chave durante a conquista da Copa do Brasil, na qual marcou o gol do título, na decisão contra o Figueirense. Fez boas partidas, também, em 2008, até se aposentar no mesmo ano.
Dalton: cria do Flu, foi um dos jovens que ajudaram o time a se livrar do rebaixamento em 2009 e alcançar a final da Sul-Americana. Fez partidas com muita segurança e ganhou a simpatia da torcida. Após deixar o clube, em 2010, esqueceu o bom futebol e sumiu da mídia.
Digão: zagueiro muito bom no jogo aéreo e na marcação, fez ótimas partidas em 2009, principalmente na reta final do Brasileiro. Sofreu com as contusões em 2010 e 2011 e acabou perdendo espaço no time titular. Mesmo assim, foi bem quando exigido e ficou no clube até 2013.
Leandro Euzébio: outro grande nome do bom sistema defensivo do Flu entre 2010 e 2012, o zagueiro fez ótimas partidas e foi peça fundamental nas conquistas do Tricolor no período. Bom no jogo aéreo e na marcação, foi muito regular e disputou mais de 160 jogos com a camisa do clube.
Júnior César: assim como Gabriel, era uma grande arma na lateral do Flu entre 2007 e 2008, com velocidade, dribles e bons cruzamentos. Pecava na marcação e, por isso, sobrecarregava a zaga da equipe. Cria do Flu, deixou a equipe em 2009 para atuar no São Paulo.
Julio César: depois de ser eleito o melhor lateral-esquerdo do Brasileiro de 2009, foi contratado pelo Flu em 2010 e fez várias partidas como titular, atuando, também, no meio de campo. Por não ter repetido o futebol dos tempos de Goiás, acabou emprestado ao Grêmio, em 2011.
Carlinhos: chegou em 2010 e conseguiu cravar seu espaço com lateral-esquerdo do time durante as campanhas dos títulos nacionais de 2010 e 2012 e do Carioca de 2012. Rápido e habilidoso, viveu sua melhor fase da carreira justamente no Flu, fazendo bons jogos e não só atuando bem no ataque, mas também na marcação. Deixou o Flu em 2014 após 216 jogos disputados.
Marquinho: jogando no meio de campo e até na lateral, foi um dos destaques do time entre 2009 e 2011, mostrando muita disposição e técnica, principalmente nas bolas paradas. Fez o gol salvador que livrou o Flu do rebaixamento em 2009. Depois de mais de 150 jogos pelo clube, foi jogar no futebol europeu.
Fabinho: volante muito bom na marcação e no desarme, Fabinho foi um dos destaques do meio de campo tricolor na conquista da Copa do Brasil de 2007. Ficou no clube até 2009, até se aposentar.
Ygor: fez poucas partidas no Flu em 2008, mas o bastante para ser titular no meio de campo durante a Libertadores. Não tinha a qualidade do companheiro Arouca, mas cumpriu seu papel.
Romeu: cria do Flu, jogou de 2005 até 2009 na equipe e foi uma boa opção para o meio de campo. Não foi titular absoluto, mas participou da campanha do título na Copa do Brasil de 2007 e nas outras competições disputadas pelo Flu no período. Se transferiu para o futebol grego em 2009.
Diguinho: chegou em 2009 e viveu a melhor fase na carreira no Flu. Participou da fuga contra o rebaixamento, foi um dos titulares na campanha do título brasileiro de 2010 e disputou mais de 200 jogos pelo clube. Não era de ajudar muito o ataque, ficando mais na marcação e na troca de passes.
Edinho: depois da ótima fase vivida no Internacional, chegou ao Flu em 2011 e foi um dos destaques do time campeão brasileiro em 2012. Polivalente, podia atuar no meio de campo ou na zaga, sempre com muito vigor na marcação e ótima colocação. Disputou mais de 160 jogos pelo Tricolor.
Arouca: cria do clube e volante muito bom na marcação e nos passes, Arouca foi o principal nome do setor na campanha do título da Copa do Brasil de 2007 e em boa parte da temporada de 2008. Disputou 200 jogos com a camisa tricolor até se transferir para o São Paulo, em 2009.
Maurício: teve poucas chances quando chegou ao clube, em 2007, mas ganhou mais espaço depois de 2008 ao fazer boas partidas durante a campanha da arrancada no Brasileiro de 2009. Em 2010, ficou sem lugar no time e deixou o clube.
Diogo: chegou em 2009 e foi uma boa peça do meio de campo até 2010. Foi titular em boa parte de 2010 e demonstrou muita qualidade na marcação e no apoio à defesa nas partidas que jogou. Disputou quase 100 jogos pelo Flu e deixou a equipe em 2011.
Valencia: veio em 2010, a pedido de Muricy, e foi um dos principais nomes do meio de campo tricolor na campanha do título brasileiro daquele ano. Atuava mais à frente da zaga, dando muita proteção e combate, além de ser muito bom na marcação. Ficou no Flu até 2014.
Jean: depois de ótimas temporadas no São Paulo, o polivalente jogador chegou ao Flu em 2012 e foi crucial na campanha do tetra. Técnico, com boa visão de jogo e capaz de jogar na lateral no meio ou como meia, foi um coringa muito útil para a parte tática do técnico Abel Braga. Ficou no Flu até 2015 e chegou aos 216 jogos com a camisa tricolor.
Conca: foi um dos maiores ídolos da torcida naquela Era de dramas e glórias. Raçudo, inteligente, técnico, veloz, driblador e endiabrado com sua perna esquerda e até goleador quando necessário, ele foi o líder do time na conquista do Brasileiro de 2010 ao participar de todos os 38 jogos da campanha, um feito exuberante. Foi brilhante, também, na Libertadores de 2008 e na arrancada de 2009. Acabou indo para o futebol chinês em 2011. Disputou 272 jogos (sendo 148 só no Brasileirão) e marcou 56 gols. Está na galeria dos imortais do Fluminense em todos os tempos.
Carlos Alberto: cria tricolor, o meia veio em 2007, por empréstimo, após uma ótima passagem pelo Porto-POR e um período conturbado pelo Corinthians da MSI. A expectativa foi grande com o seu retorno, mas seu desempenho ficou abaixo da média. Fez poucos gols e esteve longe da forma ideal. Ainda sim, teve algum destaque na campanha do título da Copa do Brasil. Logo após a taça, voltou ao futebol europeu.
Wellington Nem: o baixinho foi um dos grandes nomes do ataque tricolor na campanha do título brasileiro de 2012. Rápido e driblador, fez a alegria de Fred com suas assistências e passes, além de ele mesmo anotar vários tentos importantes.
Thiago Neves: o meia viveu os melhores momentos da carreira com a camisa do Fluminense, mais precisamente entre 2007 e 2008. Após a saída de Carlos Alberto, Thiago Neves assumiu de vez a titularidade e mostrou que podia fazer história no clube. E fez. Com atuações dignas de um camisa 10, foi o condutor do time na boa campanha do Brasileiro de 2007 e na caminhada impressionante da Libertadores de 2008. Sua atuação contra a LDU na grande final está entre as melhores de um jogador em toda a história do torneio e fez dele o primeiro – e até hoje único – a marcar três gols em uma decisão. Pena que ele errou seu chute na disputa de pênaltis e viu o Flu ficar com o vice. Alguns anos depois, o meia voltou para vencer o Brasileiro de 2012, mas já sem o grande brilho de 2007 e 2008.
Deco: o meia que fez história no Barcelona chegou com grande status ao Flu, em 2010, sofreu com as contusões, mas conseguiu cravar seu nome no clube com os títulos conquistados. Quando estava 100%, era titular e um dos principais nomes do meio de campo do time com passes precisos, boa visão de jogo e presença de ataque, além de impor respeito e temor nos adversários. Viveu sua melhor fase na equipe em 2012, quando brilhou no Carioca e no Brasileiro, ambos vencidos pelo Flu.
Wagner: sofreu com a concorrência no meio de campo e não se firmou como titular quando chegou, em 2012. Mas, quando Deco não estava 100%, ele ganhava espaço na articulação e no elo do meio com o ataque. Nunca foi uma unanimidade por não demonstrar o mesmo futebol dos tempos de Cruzeiro. Ficou no clube até 2015.
Cícero: ficou no Flu de 2007 até 2008 e foi crucial para o título da Copa do Brasil e para o vice da Libertadores. Fez boas partidas como um “falso” atacante, ajudando Washington, Thiago Neves e Conca nas investidas de ataque. Cobiçado pelo futebol alemão, deixou o time logo após a Liberta de 2008 e foi jogar no Hertha Berlim-ALE.
Alex Dias: grande cigano do futebol brasileiro, Alex Dias marcou seus tradicionais gols, como de praxe, em sua passagem pelo Flu, em 2007, e teve sua importância na conquista da Copa do Brasil daquele ano. Rápido e oportunista, levava perigo sempre que pegava na bola. Como não se dava muito bem com o técnico Renato Gaúcho, deixou o Flu para jogar no Goiás, em 2008.
Dodô: o artilheiro dos gols bonitos merecia mais sorte no Flu. Começou 2008 com tudo, mas sofreu uma contusão que o tirou de combate por meses. Quando voltou, não era mais titular, mas entrava no decorrer dos jogos e colocava fogo nos adversários. Na Libertadores, foi um dos destaques do time com seus gols decisivos e boas atuações. No entanto, a reserva não lhe agradava. Na fase de mata-mata, Dodô deixou isso bem claro ao não comemorar seus gols contra São Paulo e Boca. Deixou o clube logo após o término da competição.
Alan: após se destacar na Copa SP de Futebol Júnior de 2007, chegou ao Flu em 2008, mas só começou a jogar com mais frequência em 2009. Naquele ano, fez grandes jogos, marcou gols e ajudou o tricolor na luta contra o rebaixamento. Em 2010, foi jogar na Europa.
Maicon: velocista e muito habilidoso, fez uma grande parceria com Fred no Brasileiro de 2009 nas oportunidades que teve e ganhou o apelido de “Maicon Bolt” em referência ao multicampeão do atletismo Usain Bolt. Acabou deixando a equipe em 2010 para jogar no futebol russo.
Emerson: fez uma ótima temporada em 2010, na qual ajudou o tricolor a sair da fila no Brasileiro. Marcou gols importantes e realizou grandes partidas com sua velocidade e oportunismo. Acabou perdendo espaço e credibilidade com a torcida por ter supostamente cantado um funk do rival Flamengo no ônibus do clube antes do jogo contra o Argentinos Juniors, pela Libertadores, em 2011. O atacante foi afastado e se transferiu para o Corinthians no mesmo ano.
Samuel: o atacante chegou em 2012 e foi um dos destaques do setor ofensivo tricolor na temporada. Oportunista e bom no jogo aéreo, marcou gols importantes e foi titular em alguns jogos. Deixou o clube em 2014.
Rafael Sóbis: não foi o mesmo dos tempos de Inter e, por isso, nunca foi titular absoluto do time de Abel Braga. Fez alguns bons jogos e ajudava a abrir espaços no ataque para o artilheiro Fred. Ficou até 2014, quando se transferiu para o futebol mexicano.
Washington: o “Coração Valente” foi um dos atacantes mais queridos da torcida e viveu sua melhor fase na temporada de 2008. Com gols em profusão, muita disposição, oportunismo e perigo constante nas jogadas aéreas e até em cobranças de falta, Washington foi titular em boa parte de sua passagem no clube e um dos maiores atacantes do Brasil nos anos 2000. Na Libertadores de 2008, fez gols antológicos e foi essencial para a chegada do tricolor à final. No Brasileiro, continuou firme e foi o artilheiro do time com 21 gols em 28 jogos. Só naquele ano, Washington disputou 58 jogos e marcou 36 gols. Seu trabalho só foi coroado dois anos depois, com o título brasileiro de 2010. Encerrou a carreira no próprio Flu, em 2011.
Adriano Magrão: o atacante viveu uma fase iluminada na disputa da Copa do Brasil de 2007. Seus gols decisivos e de oportunismo foram vitais para o título tricolor. Não era técnico, mas se colocava muito bem na área. Após a taça, deixou o clube para jogar no futebol português.
Rafael Moura: não foi titular absoluto, mas marcou seus gols nas duas passagens que teve no Flu, em 2007 (quando ganhou a Copa do Brasil) e 2011-2012, período no qual venceu o Carioca (foi dele o gol da vitória na finalíssima contra o Botafogo) e o Brasileiro. Disputou pouco mais de 80 jogos pelo clube e marcou 28 gols.
Fred: terceiro maior artilheiro da história do clube com 172 gols em 288 jogos. Maior artilheiro da história do clube em jogos oficiais com 172 gols. Maior artilheiro da história do clube em Campeonatos Brasileiros com 91 gols. Artilheiro do Campeonato Carioca de 2011 com 10 gols. Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2012 com 20 gols. Tempo depois, artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2014 com 18 gols. Autor de golaços. Temido pelos adversários. Ídolo. Fred foi tudo isso e é tudo isso na história do Fluminense. O atacante viveu a melhor fase da carreira no tricolor e se identificou de maneira intensa com o clube. Depois de superar momentos difíceis repletos de contusões quando chegou ao clube, em 2009, o atacante superou a desconfiança da torcida com atuações de gala e um poder de decisão impressionante. Quando o Flu mais precisava, lá estava Fred. Quando o jogo estava empatado, lá ia o Fred colocar o Flu de novo na frente. Ele foi um dos maiores símbolos daquela geração campeã. E está para sempre no coração do torcedor. Ficou de 2009 até 2016 no clube carioca. Mas está para sempre na galeria de imortais do Fluminense.
Renato Gaúcho, Cuca, Renê Simões, Muricy Ramalho e Abel Braga (Técnicos): diferentes eras, diferentes times. Os cinco principais técnicos do Flu no período tiveram suas importâncias de maneiras distintas. Renato foi o precursor, o torcedor em campo, o campeão da Copa do Brasil e o mentor do time mais atrevido daquela era. Com ele, o Flu não teve medo de camisa pesada, de torcida contra. Transformava o Maracanã em um templo sagrado que intimidava os adversários. E, se ele tivesse a zaga do time de 2010 ou 2012, a história na Libertadores teria sido bem diferente. Renê Simões ajudou o time a se recuperar na temporada de 2008 e evitou o pior. Cuca, em 2009, conseguiu extrair o máximo dos jovens e capitaneou uma arrancada digna de filme. Muricy foi o responsável pelo fim do jejum no Brasileiro, o técnico que comandou uma das melhores defesas da história do clube em Brasileiros e que ensinou como ganhar um torneio tão longo. Já Abel Braga teve o privilégio de contar com a melhor fase de Fred, a experiência dos “guerreiros” de batalhas passadas e de treinar o time mais equilibrado e coeso de todos aqueles anos. Todos foram brilhantes. E todos ajudaram a construir a saga desse esquadrão imortal.
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Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Sou redator e tricolor, e faço questão de deixar um comentário aqui pela qualidade do seu artigo.
Não sei nem se você é tricolor, mas está de parabéns pelo excelente trabalho em resgatar a memória do Fluminense e com todo o cuidado que você teve com a pesquisa e os detalhes. Sensacional mesmo.
Olá Stephano! Muito obrigado pelos elogios e prestígio. Esse artigo foi um dos mais trabalhosos que fiz, mas também um dos mais prazerosos, pois sempre tive simpatia pelo Flu. Não torço para nenhum clube, mas confesso que sou simpático ao tricolor e a vários outros. Foi uma saga histórica que mereceu muitos detalhes. Obrigado! Abraço!
Ótima matéria , vcs poderiam fazer um texto sobre o Barcelona do trio MSN
Obrigado! Esse Barça está aqui! 🙂 https://www.imortaisdofutebol.com/2019/04/15/esquadrao-imortal-barcelona-2014-2017/
Muito legal e completo o conteúdo, parabéns!
Só tenho algumas observações:
– O campeão carioca de 2008 foi o Flamengo, não o Botafogo.
– O empate contra a Universidad de Chile em 2009 foi no Rio. A vitória por 1 a 0 foi em Santiago.
– O titular do time-base da arrancada de 2009 era o Maicon. O Alan (que também foi muito importante) só assumiu a vaga após a lesão do mesmo, no segundo jogo contra o Cerro Portenho.
Enfim, só acrescentando esses detalhes, nada que tire os méritos do texto muito bem narrado. Abraços!
Tudo alterado, Gabo! E muito obrigado pelos toques e elogios! Vocês, leitores, são muito importantes para o Imortais. São tantos detalhes, tantas informações e dados que às vezes alguns escapam mesmo! Abraços! 😀
Grande artigo, foi um texto realmente emocionante. Estive com o Fluminense como torcedor em cada um desses momentos e foi um texto realmente fantástico para mim, obrigado.
Muito obrigado pelo comentário e elogios, Abraão! Foi uma saga impressionante mesmo. Dava para fazer um filme com tanta coisa pela qual o Flu passou! Obrigado mais uma vez! 😀
Parabéns pessoal!
Eu havia comentado no especial sobre o Atlético Mineiro, que seria interessante fazer um do Fluminense dessa época e fui respondido com a justificativa que o time de 2008 seria se ganhasse a Libertadores mas de resto não. Legal ver que repensaram.
Mantenham a pegada! Um abraço!
Não tinha como não imortalizar esse time, Mateus! Foram grandes feitos. Obrigado! 😀
Muito feliz por essa pagina ter voltado a postar, depois de 3 anos se nao me angano. e uma das melhores paginas do futebol na internet, amo escolher um time e ficar lendo. poderiam fazer sobre o corinthians do tite 2015, o cruzeiro de marcelo oliveira 2013 – 2014 o real atual e o barça do trio msn fora outros.
Muito obrigado pelos elogios, Gabriel! 😀
Otimo texto, no aguardo do boro finalista da liga europa na decada passada e tambem do bom stuttgart campeão da bundesliga
Otimas publicações, parabens pelo conhecimento, voces podiam fazer um esquadrão imortal sobre aquele timaço do Flamengo na decada de 80, abraço
Obrigado pelos elogios, Henrique! O Flamengo já está no Imortais há tempos! Leia aqui https://www.imortaisdofutebol.com/2012/04/21/esquadrao-imortal-flamengo-1980-1983/
Eu gostaria que vocês fizessem um Jogos Eternos sobre o jogo Barcelona 6 x 1 PSG. E essa do Fluminense foi muito boa, parabéns.
Obrigado pelo elogio! 😀
O jogo está aqui: https://www.imortaisdofutebol.com/2018/10/29/jogos-eternos-barcelona-6×1-psg-2017/
texto bacana que lembra bem um período mais vitorioso dos últimos 30 anos, desde o fim do time do tri 83-85.
Ao longo do século 20 o Fluminense (e outros clubes brasileiros) teve diversos confrontos contra times do resto do mundo.
O Fluminense enfrentou o Barcelona do Maradona em 1984 e empatou em 2×2; venceu o Bayern de munique em 1975, com os campeões mundiais de 74 pela Alemanha (algo parecido como vencer esse Bayern em 2015); venceu o Penarol em 1952 com os campeões mundiais de 1950 do Uruguay;
só para citar alguns feitos históricos.
Só queria deixar um complemento para esse belo texto, com belas recordações.
concordo com o site..que nós devemos sim valorizar nossos clubes e nossa História!
Caramba! o texto ficou ótimo e super completo! Cada dia mais o blog se supera!!!
Muito obrigado pelos elogios, Larissa! 😀 😀
Grande time do Fluminense, achei terrível o time ter perdido para a LDU tanto na Libertadores quanto na Sul-Americana. Torci para o time em ambas.
Parabéns pelo texto e site. Continue assim.
Deixo aqui como curiosidade e sugestão para a seção JOGOS ETERNOS a partida entre Sevilha e Barcelona válida pela Supercopa da UEFA 2015. O Sevilha abriu 1 a 0, o Barcelona fez 4 a 1, o Sevilha empatou e o jogo terminou 5 a 4!
Acompanho o site há muito tempo.
Abraços
Obrigado pelos elogios e pela sugestão, Cristiano! 😀