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Craque Imortal – Michel Platini

Michel Platini in 1987

Nascimento: 21 de Junho de 1955, em Joeuf, França.

Posição: Meia

Clubes: Nancy-FRA (1972-1979), Saint-Étienne-FRA (1979-1982) e Juventus-ITA (1982-1987).

Principais títulos por clubes:

1 Copa da França (1977-1978) e 1 Campeonato Francês da Segunda Divisão (1974-1975) pelo Nancy.

1 Campeonato Francês (1980-1981) pelo Saint-Étienne.

1 Mundial Interclubes (1985), 1 Liga dos Campeões da UEFA (1984-1985), 1 Recopa da UEFA (1983-1984), 1 Supercopa da UEFA (1984), 1 Copa da Itália (1982-1983) e 2 Campeonatos Italianos (1983-1984 e 1985-1986) pela Juventus.

Principais títulos por seleção:

1 Eurocopa (1984) pela França.

Principais títulos individuais:

Bola de Ouro da revista France Football: 1983, 1984 e 1985

Onze d´Or: 1983, 1984 e 1985

Guerin d´Oro: 1984

Melhor Jogador do Mundo pela revista World Soccer: 1984 e 1985

Melhor Jogador da Eurocopa: 1984

MVP do Mundial Interclubes: 1985

Jogador Francês do Ano: 1976 e 1977

FIFA 100: 2004

Eleito para o English Football Hall of Fame: 2008

Eleito para a Seleção dos Sonhos da França do Imortais: 2020

 Artilharias:

Artilheiro do Campeonato Italiano: 1982-1983 (16 gols), 1983-1984 (20 gols) e 1984-1985 (18 gols)

Artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA: 1984-1985 (7 gols)

Artilheiro da Eurocopa: 1984 (9 gols)

 

 

“Simplement Magique”

Por Guilherme Diniz

Quem conheceu aquele garoto franzino e pequenino da cidade de Joeuf, na França, jamais poderia imaginar que ele se transformaria num dos maiores gênios do futebol mundial. Michel François Platini, o Platoche, o Simplesmente mágico, fez de tudo com a bola nos pés no final da década de 70 e em quase toda a de 80, época em que reinou absoluto no futebol europeu e mundial. Capaz de dar passes com uma qualidade absurda, cobrar faltas com extrema perfeição e marcar gols maravilhosos, Platini venceu quase todos os torneios que disputou, seja com a camisa do Nancy ou Saint-Étienne, seja com a da inesquecível Juventus. Pela seleção, Platini venceu apenas um título, a Eurocopa de 1984, e jamais pôde levantar a maior de todas as taças: a Copa do Mundo, por culpa da falta de sorte e da Alemanha, carrasco nos Mundiais de 1982 e 1986, quando a França alcançou as semifinais em ambos. Mesmo sem uma Copa no currículo, Platini conseguiu façanhas históricas, como ser o primeiro jogador a faturar três Bolas de Ouro em sequência. É hora de relembrar a carreira de um ícone que superou gerações e não saiu até hoje da memória dos amantes do futebol que tiveram o privilégio de ver o maestro francês em campo.

Craque precoce

Michel Platini

Descendente de italianos e desde muito cedo habituado ao futebol, o jovem Platini começou a jogar nas ruas de sua cidade natal, Joeuf, mostrando habilidade e amplo controle de bola, com uma precisão cirúrgica na hora de driblar os adversários em pequenos espaços. Em 1966, conseguiu uma vaga nas equipes juvenis do Joeuf e aprendeu com seu pai, Aldo Platini (que fora jogador também), a importância em se antecipar aos adversários e saber para quem passar e o que fazer com a bola antes mesmo de recebê-la. Ainda adolescente, o garoto chamava atenção não só pelo futebol, mas também pelo porte físico, ou melhor, pela ausência dele, por ser muito franzino e magro. Esse foi um dos motivos para que o Metz, primeira equipe a se interessar pelo garoto, se recusasse a levá-lo de Joeuf. Algum tempo se passou até que Platini conseguisse, enfim, uma transferência para um clube de peso, o Nancy, em 1972.

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O craque foi melhorando cada vez mais, ganhando físico e resistência e ajudou sua equipe a voltar à primeira divisão em 1975. No ano seguinte, Platini conseguiu sua primeira convocação para a seleção da França, para um amistoso contra a Tchecoslováquia, em Paris, que terminou empatado em 2 a 2, mas com um gol de falta marcado pelo meia francês. No mesmo ano, Platini experimentou o primeiro revés diante de alemães, nas Olimpíadas de Montreal, quando a França foi eliminada nas quartas de final após perder por 4 a 0 e ter dois jogadores expulsos. O craque, porém, não se abalou e sabia que sua carreira ainda teria muitos bons momentos.

 

Nascendo um gênio

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Na temporada 1977-1978, Platini demonstrou muita qualidade e virou a referência maior no time do Nancy, sendo fundamental na conquista da Copa da França, com destaque para as semifinais, quando o time do craque fez 5 a 0 no Sochaux, com um gol de Platini, e avançou para a final, vencida por 1 a 0 sobre o Nice, com gol do craque. O troféu conquistado em 1978 embalou Platini para seu primeiro grande desafio: a Copa do Mundo de 1978, na Argentina. A França voltava a um Mundial desde 1966, mas não tinha grandes chances de classificação por conta de estar em um grupo muito difícil, ao lado dos anfitriões, da Itália e da Hungria. A estreia foi contra os italianos e a França perdeu por 2 a 1. A partida seguinte foi contra a Argentina, que venceu por 2 a 1, com Platini marcando seu primeiro gol em mundiais.

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Praticamente eliminada, a equipe azul encerrou sua participação com uma vitória de 3 a 1 sobre a Hungria. Depois do mundial, Platini reencontrou a Itália num amistoso lendário. O jogo terminou empatado em 2 a 2, mas o craque roubou a cena. Platini bateu uma falta com perfeição no ângulo do goleiro Dino Zoff. O juiz invalidou o lance e mandou o meia francês repetir a cobrança. E, pasme, Platini bateu a falta no mesmo ângulo, com a mesma precisão e perfeição, marcando, agora sim, o gol da França. Simplesmente mágico!

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Sob olhares europeus

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Em 1979, Platini conseguiu uma sonhada transferência para o maior time da França, o Saint-Étienne, depois de outras equipes tentarem contratá-lo (como Internazionale e Paris Saint-Germain). No time alviverde, Platini mostrou que era mesmo um craque com apresentações fantásticas, muitos gols e atuações dignas de gênio. Carismático e brincalhão, o jogador era uma unanimidade entre os colegas de time e ganhava cada vez mais a simpatia da torcida francesa. O principal objetivo do time era, claro, vencer a Liga dos Campeões da UEFA, mas os verdes não conseguiram chegar ao torneio europeu e tiveram apenas alguns bons momentos nas Copas da UEFA de 1979-1980 e 1980-1981, quando Platini teve grandes atuações individuais em goleadas contra PSV-HOL e Hamburgo-ALE.

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Na temporada 1980-1981, o meia conquistou seu primeiro campeonato nacional, marcando 20 dos 68 gols do Saint-Étienne no torneio. Foram apenas quatro derrotas em 38 jogos e o troféu que faltava ao craque no país. Na sequência, Platini viu o time perder duas finais de Copa da França para o Bastia (1981) e PSG (1982), sendo que nesta última Platini marcou os dois gols do empate em 2 a 2 que levou a final para os pênaltis, vencida pelos parisienses por 6 a 5.

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Em 1981, Platini deu mais um show pela seleção da França quando ajudou a classificar a equipe para Copa do Mundo de 1982 ao anotar (de falta, pra variar) um dos gols da vitória por 2 a 0 sobre a Holanda que garantiu os Bleus no Mundial. Platini já era o capitão e camisa 10 do esquadrão comandado por Michel Hidalgo que reunia talentos como Ettori, Battiston, Bossis, Tresor, Girard, Giresse, Lacombe, Rocheteau e Soler, na mais talentosa geração que a França produzia desde o Mundial de 1958. As expectativas eram as melhores e mais positivas possíveis, mesmo com o Brasil de Zico e Sócrates como o grande favorito ao título.

 

Susto no início e vaga nas semis

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A França estreou na Copa da Espanha contra a Inglaterra, em Bilbao. Os ingleses venceram por 3 a 1 e deram um susto nos franceses. Porém, a derrota serviu para acordar os Bleus, que golearam a seleção do Kuwait por 4 a 1, com gols de Genghini, Platini, Six e Bossis. No jogo seguinte, empate em 1 a 1 contra a Tchecoslováquia, com outro gol de Six, e vaga na segunda fase da Copa garantida. No Grupo D da segunda fase, a França conseguiu duas vitórias: 1 a 0 sobre a Áustria (gol de Genghini) e 4 a 1 na Irlanda do Norte (com dois gols de Giresse e dois de Rocheteau). Líder, a equipe se garantiu nas semifinais ao lado de Itália, Alemanha e Polônia.

 

Eliminada no apito

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Nas semifinais, a França encarou a sempre perigosa Alemanha em uma das mais emocionantes partidas da história das Copas. Littbarski abriu o placar para os alemães aos 17´do primeiro tempo. Tempo depois, Platini empatou, de pênalti, aos 26´. Mesmo jogando melhor, a França não conseguiu furar a retranca alemã. Para piorar, o brucutu goleiro Schumacher nocauteou, literalmente, o jogador francês Battiston em um lance deplorável, que deixou o jogador inconsciente e com o maxilar quebrado. O juiz holandês Charles Corver entendeu (?) que a jogada foi normal e deu apenas tiro de meta para os alemães. O caso revoltou demais os franceses e a todos no estádio, que passaram a torcer contra a Alemanha.

Na prorrogação, a França abriu 3 a 1 com Tresor e Giresse, mas Rummenigge e Fischer igualaram o placar. Pela primeira vez na história das Copas, uma partida eliminatória teria que ser decidida nos pênaltis. E foi nela que o goleiro alemão Schumacher, que deveria ter sido expulso, fez a diferença e pegou (se adiantando demais…) os pênaltis de Six e Bossis. Acabava ali o sonho francês de conquistar o tão sonhado título mundial. Na disputa pelo terceiro lugar, extremamente abatida, a França foi derrotada pela Polônia por 3 a 2. Para Platini, aquele era o primeiro grande baque da carreira. Mas aquele ano ainda teria boas notícias.

 

Maestro em Turim

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Em 1982, com 50 gols marcados em três temporadas de Ligue 1, jogadas de efeito já consagradas e um pé preciso em cobranças de falta, Platini era uma estrela do futebol na Europa. Tanta qualidade despertou o interesse da Juventus, que via no jogador a peça que faltava para um time que já era formidável (com Zoff, Scirea, Cabrini, Gentile, Tardelli e Paolo Rossi, todos campeões mundiais com a Itália naquele ano) ficar ainda melhor. Platini chegou com grande festa e muita expectativa, mas sua primeira temporada não foi nada boa.

 

Decepções que assustam

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Na primeira temporada de Platini na Itália, o craque demorou para se adaptar à cidade e ao estilo de jogo do Calcio. E isso custou as glórias tão esperadas. No Campeonato Italiano, o time não conseguiu superar a Roma de Falcão, que conquistou o Scudetto. Na Liga dos Campeões da UEFA, a equipe fez uma boa campanha, eliminando Hvidovre (SUI), Standard Liège (BEL), Aston Villa (ING) e Widzew Lódz (POL). Paolo Rossi, Boniek e Platini se entendiam demais e dominaram a artilharia do torneio, com Rossi no topo com seis gols e Platini na vice-liderança com cinco. Porém, na decisão, tudo deu errado e a Juventus sucumbiu diante do Hamburgo (ALE) e do talento de Félix Magath, autor do único gol do jogo.

A decepção foi enorme, afinal, era a segunda vez que a Juve chegava a uma decisão de Liga e perdia pelo mesmo placar (na década de 70, a Juve perdeu por 1 a 0 para o Ajax de Cruyff). O único caneco de uma temporada que era para ser recheada de glórias foi a Copa da Itália, vencida sobre o Verona, com uma vitória por 3 a 0 (dois gols de Platini e um de Rossi). A torcida ficou ressabiada, ainda mais pelo fato de o goleiro Dino Zoff se aposentar. Mas não era motivo para pânico. Platini mostrava aos poucos que brilharia no futebol italiano ao ser o artilheiro do Campeonato de 1982-1983 com 16 gols.

 

Título nacional e a primeira Bola de Ouro

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Mordida pelo fato de ter perdido o Scudetto em 1983, a Juventus voltou a levantar o caneco nacional em 1984 em cima da Roma, com 17 vitórias, nove empates e quatro derrotas, registrando o melhor ataque (57 gols) e a terceira melhor defesa (29 gols sofridos). Platini foi decisivo e artilheiro do torneio novamente com 20 gols marcados. Em 1983, Platini conquistou ainda sua primeira Bola de Ouro, prêmio mais do que merecido à maior joia do futebol francês. Rei da Europa e campeão italiano, o jogador partiu em busca de mais uma taça naquela temporada, a da Recopa Europeia. Sua Juventus passou por Lechia Gdansk (POL), PSG (FRA), Haka (FIN) e Manchester United (ING) até chegar à final contra o Porto-POR e vencer por 2 a 1, com gols de Vignola e Boniek.

A equipe conquistava pela primeira vez a Recopa da UEFA e tinha apenas a Liga dos Campeões como o caneco que faltava para conseguir a façanha de ter todos os principais troféus do continente. Para encerrar a temporada, Platini e Boniek ajudaram a Juve a derrotar o poderoso Liverpool (ING) na final da Supercopa da UEFA por 2 a 0. Com três troféus na temporada, a Juve estava com tudo e embalada. Bem como Platini, que tinha mais um desafio com a seleção da França: a Eurocopa.

 

Volta por cima

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Depois da dolorosa eliminação na Copa do Mundo, ainda mais pela maneira como aconteceu, a França teve de esperar dois anos para poder dar a volta por cima. O time manteve a base do Mundial e partiu em busca de seu primeiro grande título: a Eurocopa, que seria realizada em 1984 na própria França. Como o país era o anfitrião, não teve que disputar as eliminatórias e já entrou na fase de grupos. A equipe tinha o famoso “carré magique”, com Fernandéz, Tigana, Giresse e Platini, que dava a qualidade e identidade necessárias ao meio de campo francês para brilhar. O time era o grande favorito. E estava pronto para levantar a tão sonhada taça.

A França estreou na Euro contra a forte Dinamarca, que em 1986 daria show na primeira fase da Copa do Mundo do México. O jogo foi difícil para os anfitriões, que venceram por apenas 1 a 0, gol de Platini aos 78´. A segunda partida foi contra a Bélgica (que chegaria ao quarto lugar na Copa de 1986). A França, enfim, pôde demonstrar todo o seu futebol e goleou por 5 a 0, num show de Platini (que marcou 3 gols), Giresse e Fernández. No jogo final da primeira fase, mais uma vitória com a assinatura de Platini, que fez simplesmente todos os gols do triunfo francês por 3 a 2 sobre a Iugoslávia.

Nas semifinais, a França não teve vida fácil contra Portugal, do artilheiro Rui Jordão. Os Bleus abriram o placar com Domergue, aos 24´. No segundo tempo, Jordão empatou para Portugal. O placar se manteve até o final da partida, que foi para a prorrogação. Nela, Jordão virou o jogo para Portugal. Quando todos achavam que os franceses iriam, de novo, cair em uma semifinal, Domergue, aos 114´, e Platini, aos 119´, viraram o jogo de maneira heroica para a França, que se garantiu na decisão da Euro. Muita festa em Marselha! O título estava muito mais perto.

 

Campeões!

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O estádio Parc des Princes, em Paris, recebeu mais de 47 mil torcedores para a final da Eurocopa de 1984. De um lado, a França e seu time extremamente criativo, técnico e goleador, com Platini transbordando magia. Do outro, a Espanha, que se apoiava na eficiência de Maceda, Carrasco e Santillana. A Espanha lutava pelo bicampeonato, já a França queria de uma vez por todas seu primeiro título. No primeiro tempo, o jogo foi disputado, mas as equipes não saíram do zero. No segundo, a França se impôs e o craque maior definiu a partida: Platini. O astro abriu o placar aos 57´, cobrando falta, em um frangaço histórico do goleiro espanhol Arconada. Perto do final do jogo, Bellone marcou o gol do título: 2 a 0.

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A França, pela primeira vez em sua história, conquistava um título de peso: a Eurocopa. Para deixar a festa ainda maior e melhor, a conquista era em casa e com jogadores fantásticos. O título serviu para apagar o drama vivido na Copa de 1982, onde de maneira injusta a França foi eliminada pela Alemanha. E Platini conseguia um feito inédito e histórico ao marcar o maior número de gols em uma só edição de Eurocopa: nove! O craque estava mesmo tinindo, ainda mais depois de conquistar sua segunda Bola de Ouro naquele ano de 1984. Quem poderia parar o francês? Ninguém!

 

Objetivo: Liga dos Campeões

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Platini e sua Juventus não queriam saber de outra coisa na temporada 1984-1985: o foco era a Liga dos Campeões da UEFA. O time menosprezou sem dó o Campeonato Italiano, que ficou com o surpreendente Hellas Verona, mas Platini foi outra vez artilheiro do torneio com 18 gols (superando inclusive Maradona). Na estreia da Liga, o time eliminou o Ilves (FIN) com duas vitórias (4 a 0, com três gols de Paolo Rossi) e 2 a 1 (dois gols de Platini). Nas oitavas de final, mais duas vitórias contra o Grasshopper (SUI): 2 a 0 (gols de Vignola e Rossi) e 4 a 2 (gols de Briaschi, Vignola e Platini, duas vezes). Nas quartas de final, a vitória por 3 a 0 no primeiro jogo contra o Sparta Praga (RCH), com gols de Tardelli, Rossi e Briaschi selaram a classificação da equipe italiana, que perdeu por apenas 1 a 0 na volta.

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Na semifinal, duelo complicado contra o Bordeaux (FRA). No primeiro jogo, na Itália, a Juve passeou e fez 3 a 0, com gols de Boniek, Briaschi e Platini. Na volta, os franceses sufocaram a Juve, fizeram 2 a 0, mas não conseguiram chegar ao terceiro gol, para alívio dos italianos, que chegaram a mais uma decisão de Liga. Era hora de, enfim, levantar a cobiçada Liga dos Campeões.

 

O sonhado título na mais terrível tragédia

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No dia em que os torcedores de Juventus e Liverpool, adversário dos italianos na final, tinham tudo para celebrar, vibrar e torcer, a Europa e o mundo viram uma barbárie. A cidade de Bruxelas, na Bélgica, foi palco de uma tragédia que ficou conhecida como a “Tragédia de Heysel”, quando um confronto dos hooligans ingleses provocou a queda de um alambrado e matou 39 torcedores da Juventus, além de deixar centenas de feridos. Diversos jogadores, dirigentes e organizadores foram punidos pela polícia e pela UEFA. O Liverpool foi banido das competições europeias por seis anos e os clubes ingleses pegaram uma pena de cinco. Em meio a tanto drama, o jogo que tinha tudo para ser espetacular ficou em segundo plano naquele dia 29 de maio de 1985.

Sem vibração alguma, a Juventus jogou o básico para vencer o Liverpool por 1 a 0, gol de pênalti de Platini, e levantar sua primeira Liga dos Campeões da história. Naquele dia trágico, a equipe prestava uma justa homenagem aos seus falecidos fãs ao se tornar a primeira equipe da Europa a conquistar todos os principais torneios da UEFA. O feito fez a Juve vencer o “The UEFA Plaque”, que eternizou o feito com os dizeres:

“Tribute

The UEFA to Juventus F.C.

First club having won the three international UEFA club competitions

European Champions Clubs’ Cup

European Cup of the Winners’ Cup

UEFA Cup.”

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Mesmo com a taça e a artilharia do torneio com sete gols, Platini se mostrou muito abatido após a conquista da Europa. A tragédia em Heysel mexeu com o jogador, que já começava a mostrar certa desmotivação com o futebol.

“Recebemos a taça no vestiário. Não é assim que eu concebo o futebol”, Platini.

 

 

Apogeu

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Em 1985, a Juventus completou sua festa com o título do Mundial Interclubes, ao derrotar o Argentinos Juniors (ARG) em um jogo emocionante. A equipe argentina abriu o placar com Ereros, aos 55´. Platini, de pênalti, empatou aos 63´. José Antonio Castro deixou os argentinos na frente novamente aos 75´, mas Michael Laudrup empatou de novo, aos 82´. Depois de uma prorrogação sem gols, as equipes foram para as penalidades e a Juventus venceu por 4 a 2. Platini foi eleito o homem do jogo e a Juventus escrevia mais um feito inédito e histórico no futebol: o clube se tornava o primeiro (e até hoje único) a vencer todos os títulos continentais e internacionais possíveis para um clube, o que inclui Liga dos Campeões da UEFA, Recopa da UEFA, Copa da UEFA, Copa Intertoto, Supercopa da UEFA e Mundial Interclubes. Com a modernização do Mundial, vale lembrar que falta à Juve vencer o torneio nos moldes atuais, organizado pela FIFA.

 

O recorde

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No final da temporada de 1985, Platini conseguiu um feito inédito e histórico na época: se tornou o primeiro jogador a ser eleito três vezes consecutivas como o melhor jogador da Europa pela France Football, acumulando as Bolas de Ouro de 1983, 1984 e 1985. Nem Cruyff, nem Beckenbauer, nem Di Stéfano, nem Kevin Keegan haviam conseguido o que o mágico francês conseguiu. Era o ápice na carreira de Platini, então com 30 anos. Depois de vencer tudo, o craque viu a sua Juventus se enfraquecer para a temporada 1985-1986. O time venceu “apenas” o Campeonato Italiano e o atacante da Roma Pruzzo acabou com a hegemonia de Platini no torneio ao ser o artilheiro com 18 gols. Na Liga dos Campeões, o time de Turim foi eliminado nas quartas de final pelo Barcelona (ESP), que seria vice-campeão ao perder uma final incrível contra o Steaua Bucareste (ROM).

 

A última Copa  

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Em 1986, Platini já ostentava três Bolas de Ouro e quase todos os títulos possíveis por clubes quando foi para o México disputar sua última Copa na carreira. A França, com quase todos os grandes jogadores de 1982, ainda era favorita, mas teria que mostrar isso em campo. Platini não estava 100% fisicamente e sofria há meses com uma inflamação no tornozelo. A França estreou na Copa com vitória sobre o Canadá por 1 a 0, gol de Papin. Na sequência, empate em 1 a 1 com a URSS e vitória por 3 a 0 sobre a Hungria. Platini não balançou as redes nessas partidas, mas comandou a equipe com passes precisos e sua liderança em campo como capitão. Classificada, a França encarou a então campeã mundial Itália nas oitavas de final e venceu por 2 a 0, com um gol de Platini e outro de Stopyra. O próximo adversário seria o Brasil, de Zico.

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No dia do seu aniversário de 31 anos, em 21 de junho de 1986, Platini marcou um gol e ajudou a França a empatar o jogo com o Brasil em 1 a 1 no primeiro tempo de um jogo dramático em Guadalajara. Depois da igualdade no marcador (e de Zico desperdiçar um pênalti quando o jogo estava 1 a 1) os times decidiram o semifinalista daquela Copa nos pênaltis. Nas cobranças, Platini errou seu chute, mas viu o Brasil perder dois pênaltis e a França conseguir a classificação com a vitória por 4 a 3. Na semifinal, outra vez a Alemanha esteve no caminho da França e mais vez os frios jogadores vestidos em branco e negro derrotaram os Bleus: 2 a 0. Pela terceira vez, Platini perdia para a Alemanha em uma partida eliminatória. Na disputa pelo terceiro lugar, o craque viu do banco a vitória da França sobre a Bélgica por 4 a 2. O jogador ainda vestiria a camisa da seleção até abril de 1987, pouco antes de tomar a decisão de abandonar o futebol.

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A aposentadoria

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Maradona e Platini, símbolos dos tempos de ouro do Campeonato Italiano.

 

Em 1987, já sem o vigor físico de antes e muito abalado por ter sucumbido mais uma vez em uma Copa do Mundo, Platini decidiu se aposentar do futebol, passando o protagonismo no futebol da época a outro gênio: Maradona. O craque dava adeus aos gramados como ídolo em todos os clubes por onde passou e como o maior craque da história do futebol francês. A única amargura de sua carreira foi mesmo não ter vencido uma Copa, como ele mesmo disse após se aposentar:

“Se houvesse Copa do Mundo todos os anos entre 1982 e 1986, a França teria vencido duas ou três”, Platini.

Michel Platini deixou o futebol como o maior artilheiro da seleção francesa, com 41 gols em 72 jogos, recorde que só foi superado anos mais tarde por Thierry Henry. Deixou também números fantásticos, como a quantidade de gols que marcou, mais que muitos centroavantes ou atacantes consagrados: 353 gols em 652 jogos, contabilizando as partidas na França, na Itália e na seleção. Com o surgimento de Zidane, muitos começaram a contestar e a comparar os dois mitos e a dizer que Zidane era melhor. Pura bobagem, afinal, não se compara jogadores como esses por “n” fatores, sejam as épocas em que jogaram, os adversários que enfrentaram, etc.

Platini foi rei durante quase uma década e conseguiu a incrível façanha do tricampeonato da Bola de Ouro, que não foi nem igualado nem superado por Zidane, por exemplo, aos “comparadores de plantão”. Ambos foram craques e indiscutíveis, cada um em sua época. Platini resolvia partidas sozinho, ora com chutes de longe, ora enfileirando zagueiros. De bola parada, sua especialidade, marcava gols antológicos e tinha sempre consigo a inteligência e habilidade que diferenciam os jogadores comuns dos jogadores fora de série.

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Depois de pendurar as chuteiras, Platini se arriscou na carreira de técnico, sem sucesso, até ver que seu futuro estava na cartolagem, quando venceu, em 2007, a eleição de presidente da UEFA, posição que ele exerceu por muito tempo até um escândalo de corrupção encerrar de vez sua passagem no mundo burocrático da bola. Com a aposentadoria de Platini, dizem que as laterais do estádio Parc des Princes, em Paris, foram diminuídas em um metro cada. Motivo? Ninguém mais poderia aproveitar aqueles espaços para lançamentos ou dribles… Somente Platini. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 72 jogos pela seleção da França e marcou 41 gols.

Disputou 222 jogos pela Juventus e marcou 103 gols.

Disputou 652 jogos na carreira e marcou 353 gols.

 

Leia mais sobre a Juventus de Platini clicando aqui.

Leia mais sobre a França dos anos 1980 clicando aqui.

Leia mais sobre o duelo Alemanha e França na Copa de 1982 clicando aqui.

 

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Comentários encerrados

3 Comentários

  1. é dificil escolher quem foi o melhor: se foi ele ou o Zidane. mas os dois estao no melhor meio campo que já vi jogar ao lado de Falcão e Maradona.

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