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Craque Imortal – Pavel Nedved

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Nascimento: 30 de agosto de 1972, em Cheb, Tchecoslováquia (atual República Tcheca).

Posição: Meia.

Clubes: Dukla Praga-TCH (1991-1992), Sparta Praga-TCH (1992-1996), Lazio-ITA (1996-2001) e Juventus-ITA (2001-2009).

Principais títulos por clubes: 1 Campeonato da Tchecoslováquia (1992-1993), 2 Campeonatos Tchecos (1993-1994 e 1994-1995) e 1 Copa da República Tcheca (1996) pelo Sparta Praga.

1 Recopa da UEFA (1998-1999), 1 Supercopa da UEFA (1999), 1 Campeonato Italiano (1999-2000), 2 Copas da Itália (1997-1998 e 1999-2000) e 2 Supercopas da Itália (1998 e 2000) pela Lazio.

2 Campeonatos Italianos (2001-2002 e 2002-2003), 2 Supercopas da Itália (2002 e 2003) e 1 Campeonato Italiano da Série B (2006-2007) pela Juventus.

 

Principais títulos individuais:

Bola de Ouro de Melhor Jogador da República Tcheca: 1998, 2000, 2001, 2003, 2004 e 2009

Eleito o Jogador Tcheco do Ano: 1998, 2000, 2003 e 2004

Eleito para o Time do Ano da ESM: 2000-2001 e 2002-2003

Personalidade do Esporte no Ano na República Tcheca: 2003

Futebolista do Ano na Série A do futebol italiano: 2003

Futebolista Estrangeiro do Ano na Série A do futebol italiano: 2003

Melhor Meio-Campista do Ano da UEFA: 2002-2003

Melhor Jogador do Mundo pela World Soccer: 2003

Ballon d´Or de Melhor Jogador da Europa: 2003

Eleito para o Time do Ano da UEFA: 2003, 2004 e 2005

Eleito para o All-Star Team da Eurocopa: 2004

Golden Foot: 2004

FIFA 100: 2004

 

 “A magnificência do Furia Ceca”

Por Guilherme Diniz

O que aquele tcheco de cabelo louro sempre volumoso mais fez na carreira foi acumular. Ele acumulou fãs por toda República Tcheca, por Roma, por Turim e pelo mundo. Ele acumulou gols sensacionais. Ele acumulou passes e lançamentos dignos do mais perfeito meia-armador. Ele acumulou a sabedoria que um Meio-Campista maiúsculo deve ter. E ele acumulou prêmios, títulos, nomeações e lugares cativos nas memórias das pessoas que tiveram o privilégio de vê-lo jogar. Pavel Nedved, ou simplesmente Nedved, escreveu seu nome na história como um dos mais completos meias de todos os tempos e por encantar o futebol mundial mesmo atuando na mesma época que diversos “concorrentes” de puro talento. Após despontar para o futebol internacional como o maestro da Seleção Tcheca que chegou à final da Eurocopa de 1996, Nedved provou ser especial jogando o fino na melhor Lazio da história, aquela que venceu quase tudo o que disputou no final dos anos 90 e teve a honra de ser a última campeã da nostálgica Recopa da UEFA (leia mais clicando aqui).

Nos anos 2000, o craque topou o desafio de suplantar a saída de Zidane na Juventus e virou ídolo dos bianconeri com atuações de gala e dominância total no meio de campo da Velha Senhora que dominou o futebol italiano e só não conquistou a Europa por causa do Milan e também pela ausência de seu cerebral meia justamente na final continental de 2003. Habilidoso, raçudo, dono de chutes poderosíssimos com as duas pernas e com uma visão de jogo privilegiada, Nedved foi encantado e encantou por onde passou, além de ter sido um quase herói para centenas de milhares de jovens que ligavam a TV nos finais de semana só para vê-lo jogar no Campeonato Italiano para depois tentar repetir o que ele fazia em campo no futebol dos videogames.  É hora de relembrar a carreira do célebre “Furia Ceca” (Fúria Checa, como gritavam os italianos).

 

Para continuar a tradição

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Nascido na charmosa cidade de Cheb, perto do rio Ohře, Pavel Nedved teve desde pequeno o apoio dos pais, Anna e Václavu, para praticar o que ele mais gostava: o futebol. Com apenas cinco anos, o menino já podia vibrar com a incrível conquista da Eurocopa de 1976 pela Tchecoslováquia (leia mais clicando aqui) e corria em busca do sonho de um dia vestir o manto tcheco no TJ Skalná, onde ficou até os oito anos. Em seguida,  Nedved passou pelo RH Cheb, pelo Skoda Plzen (atual Viktoria Plzen) e pelo Dukla Tàbor até conseguir um espaço no Dukla Praga, em 1990, mesma época que teve de prestar o serviço militar. Nesse período, o jovem recebeu grandes conselhos do treinador Josef Zaloudek, fundamental para seu crescimento como jogador e como pessoa segundo o próprio Nedved. Atuando pelas equipes de juniores, Nedved causou frisson no clube da capital pelo futebol de chutes poderosos, muita força física, grande visão de jogo e passes estonteantes, além de muita concentração dentro de campo e competitividade. Os mais entusiasmados até diziam que ele era o maior talento no clube desde Masopust, até hoje considerado o maior jogador tcheco de todos os tempos.

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Em uma temporada pelo Dukla Praga, Nedved jogou 19 vezes, marcou três gols e fez o suficiente para chamar a atenção do gigante Sparta Praga, que o contratou já para a temporada 1992-1993. Com apenas 20 anos, o meia cravou seu espaço entre os titulares rapidamente e foi campeão do Campeonato da Tchecoslováquia de 1992-1993, quando o Sparta Praga ficou cinco pontos à frente do Slavia Praga após 23 vitórias, dois empates e cinco derrotas em 30 jogos. Vale lembrar que aquele foi o último campeonato nacional com os tradicionais times do país. Motivo? Em 1993, a Tchecoslováquia se desfez e virou dois países: a Eslováquia e a República Tcheca, esta última a nação de Nedved e pela qual ele iria trabalhar para vestir a camisa da seleção. Afinal, assim como Masopust foi o mais lendário craque da Tchecoslováquia, Nedved seria o mais fenomenal jogador da República Tcheca.

 

Multicampeão e o debute para o mundo

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Entre 1993 e 1995, Nedved  colecionou títulos pelo Sparta Praga e virou um dos principais jogadores de seu país. Na temporada 1993-1994, o craque foi campeão do Campeonato Tcheco e fundamental com seus passes e belas jogadas para transformar Horst Siegl em artilheiro da competição com 20 gols. Em 1994, o meia realizou um antigo sonho e foi convocado para a primeira partida da Seleção da República Tcheca, em 05 de junho, contra a Irlanda, fora de casa. Os tchecos venceram por 3 a 1 e Nedved começou com o pé direito sua trajetória com a camisa vermelha (embora o pé não importasse, afinal, ele era ambidestro!).

Na temporada 1994-1995, o meia foi bicampeão nacional e marcou seis gols nos 27 jogos que disputou, além de atuar em quatro jogos da seleção nas Eliminatórias para a Eurocopa de 1996. Na temporada seguinte, o craque jogou muito, foi campeão da Copa da República Tcheca, vice-artilheiro do Campeonato Tcheco com 14 gols em 30 jogos (ele atuou em todas as partidas do time na competição, embora o Sparta tenha terminado na 4ª posição) e marcou cinco gols na campanha do Sparta na Copa da UEFA, na qual a equipe chegou até as oitavas de final.

Com a camisa da seleção, em 1996...
Com a camisa da seleção, em 1996…

 

... E figurinha no álbum da Eurocopa do mesmo ano.
… E figurinha no álbum da Eurocopa do mesmo ano.

 

Virtuoso e cerebral, Nedved ganhou a chance da carreira quando foi convocado para a disputa da Eurocopa de 1996, na Inglaterra. Era a primeira grande vitrine que ele aparecia para um público muito maior e mais atento que poderia ajudá-lo em um contrato com um clube de mais nome na Europa. A Seleção Tcheca tinha feito uma boa campanha nas Eliminatórias, mas não era considerada favorita, ainda mais diante de Alemanha, Itália e Rússia, seus adversários no Grupo C. Na estreia, a equipe perdeu para a Alemanha por 2 a 0 e os prognósticos de uma eliminação já na primeira fase pareciam se confirmar.

No entanto, a equipe mostrou força e venceu a Itália, vice-campeã mundial de Maldini, Dino Baggio, Albertini, Donadoni, Ravanelli e do técnico Arrigo Sacchi, por 2 a 1, com um gol de Nedved (que ainda não tinha o cabelão característico), que fez uma ótima partida e levou ao delírio a fanática torcida tcheca. Na última partida, os tchecos fizeram um jogo alucinante contra a Rússia e o empate em 3 a 3 colocou a equipe de Nedved na fase de mata-mata e eliminou os italianos, que terminaram na terceira posição.

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Nas quartas de final, Nedved não jogou por causa dos cartões amarelos que levou na fase de grupos, mas viu seu time vencer por 1 a 0 a Seleção Portuguesa. Na semifinal, o craque voltou e, após 0 a 0 no tempo normal, fez o seu gol na disputa de pênaltis e ajudou a República Tcheca a eliminar a França de Thuram, Blanc, Lizarazu, Desailly, Zidane e vários dos jogadores que seriam campeões do mundo em 1998.

Na grande final, em Wembley, a partida contra a Alemanha foi dura, disputada, e Nedved fez o que pôde para tentar furar o paredão defensivo formado por Mathias Sammer, Dieter Eilts e Thomas Helmer, além do goleirão Köpke. No tempo normal, 1 a 1. Mas, na prorrogação, o reserva Bierhoff fez o “Gol de Ouro” que deu o título continental aos alemães. Mesmo com o vice, Nedved e seus companheiros saíram da Euro com enorme valorização e respeito, causando uma busca frenética dos clubes europeus pelos destaques daquela seleção tais como Nemec, Poborsky, Smicer, Berger e, claro, Nedved, que foi disputado pelo PSV-HOL e pela Lazio-ITA até chegar a um acordo definitivo com os italianos por cerca de 1,2 mi de libras. Era hora de exibir virtudes na Cidade Eterna.

 

Xodó celeste

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Sob o comando de Zdenek Zeman, a Lazio buscava um lugar no topo do estrelado futebol italiano da época graças às consideráveis injeções de dinheiro de sua diretoria e contratações pontuais, além de o próprio Zeman colaborar com o processo lançando no time titular um promissor zagueiro chamado Alessandro Nesta. Compatriotas, Nedved e Zeman se entenderam rapidamente e o meia virou titular da equipe já em setembro de 1996, em partida contra o Bologna, pela Série A. Claro que nem tudo foi fácil, afinal, o tcheco teve que se habituar com a vida em um país diferente, viver a tensão da gravidez de sua esposa e ainda aprender uma nova língua e toda a cultura e o dia-a-dia italianos. Após a adaptação, Nedved jogou o fino na temporada 1997-1998, já sob o comando de Sven-Göran Eriksson, marcou 11 gols em 26 jogos na Série A, ajudou a Lazio a chegar até a final da Copa da UEFA (perdida para a Internazionale-ITA de Ronaldo, Zanetti e Zamorano) e a conquistar o título da Copa da Itália, após triunfo por 3 a 1 sobre o Milan de Weah.

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Na temporada seguinte, o craque foi o cérebro do meio de campo celeste na caminhada da última Recopa da UEFA da história, que seria encerrada por causa do apertado calendário para a permanência apenas da Liga dos Campeões e da Copa da UEFA. A Lazio superou os adversários em todas as etapas eliminatórias, Nedved deixou sua marca duas vezes nas quartas de final, contra os gregos do Panionios, e a equipe italiana chegou à final contra o Mallorca-ESP, em Birmingham. Em apenas 12 minutos, Dani e Vieri marcaram os gols de seus times e o placar em 1 a 1 permaneceu até grande parte do segundo tempo, até que Nedved, aos 34´, aproveitou a sobra de uma bola mascada na entrada da área e, de primeira, mandou a redonda para o fundo do gol: golaço! Do título! A vitória por 2 a 1 fez da Lazio a última campeã em toda a história da Recopa da UEFA. E Nedved teve a honra de ser o último homem a comemorar um gol na lendária competição, que só perdeu para a Liga dos Campeões em termos de prestígio na Europa por 39 anos.

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Na temporada 1999-2000, Nedved e sua Lazio fizeram história. Na Supercopa da UEFA, o time bateu o bicho-papão Manchester United-ING por 1 a 0 e ficou com a taça. Na Copa da Itália, a equipe foi campeã ao derrotar a Internazionale na final por 2 a 1 no primeiro jogo (com um gol de Nedved) e segurar o empate sem gols na partida de volta. Para coroar um ano espetacular, a Lazio celebrou o título do Campeonato Italiano, no qual Nedved marcou cinco gols em 28 jogos (incluindo um na vitória por 2 a 1 sobre a rival Roma) e foi crucial para o título jogando ao lado de jogadores como Verón, Simeone, Sérgio Conceição, Roberto Mancini, Mihajlovic, Nesta e Salas. Premiado em seu país e ídolo da torcida, o craque seguiu na Lazio até 2001, quando acabou negociado com a Juventus por 36,6 milhões de euros (uma das maiores da história) muito por causa da grave crise financeira que passou o clube depois de gastar tanto para montar um time competitivo. A torcida ficou enfurecida com o presidente Sergio Cragnotti e se despediu com enorme tristeza de seu maestro do meio de campo.

 

O auge do tcheco de ouro

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Quando desembarcou em Turim, Nedved tinha a ingrata tarefa de substituir ninguém mais ninguém menos que Zinedine Zidane, francês que havia se mudado para o Real Madrid-ESP. Comandado por Marcello Lippi, Nedved começou longe de seu ideal na equipe alvinegra e atuando em uma posição que não lhe convinha. Só quando o treinador começou a escalá-lo mais centralizado e cobrindo os espaços pela esquerda que ele pôde mostrar para a torcida de Turim todo o seu talento. Já na temporada 2001-2002, o craque participou de 32 jogos da campanha do título italiano da Juventus e marcou quatro gols, sendo peça-chave para o equilíbrio de um ótimo time que tinha, entre outros, Del Piero, Buffon, Thuram, Ferrara, Davids, Zambrotta e Trezeguet. Mas foi na temporada seguinte que o tcheco chegou ao seu pleno auge na carreira.

Com um físico privilegiado, visão de jogo formidável, passes milimétricos, controle de bola exemplar e maestro de todas as jogadas de ataque da Juventus, o meia venceu a Supercopa da Itália de 2002 (vitória por 2 a 1 sobre o Parma) e foi decisivo para o título do Campeonato Italiano, no qual disputou 29 jogos e marcou nove gols, com destaque para o gol que empatou o duelo com a Roma em 2 a 2, fora de casa, em dezembro de 2002; um dos três tentos da goleada de 3 a 0 sobre a Inter e dois na vitória por 3 a 0 sobre o Modena, ambos em março. O craque venceu naquele ano os prêmios de Melhor Jogador Estrangeiro e de Melhor Jogador do Campeonato Italiano, troféus que o coroaram o maior craque da estrelada liga italiana – mesmo com diversos concorrentes no páreo.

Choque de lendas: Zidane e Nedved.
Choque de lendas: Zidane e Nedved.

 

Entre as competições que disputou, a única decepção do tcheco aconteceu na Liga dos Campeões da UEFA. A Juventus mostrou muita força na fase de grupos e se classificou em primeiro lugar, à frente de Feyenoord-HOL, Dynamo Kyiv-UCR e Newcastle United-ING, com um gol de Nedved na goleada de 5 a 0 sobre os ucranianos, em Turim. Na segunda fase de grupos, o time italiano avançou em segundo lugar em um grupo com Manchester United-ING, Basel-SUI e Deportivo La Coruña-ESP. Naquela etapa, o craque voltou a balançar as redes no empate em 2 a 2 contra o Deportivo, fora de casa, e na derrota por 2 a 1 para o Manchester, também fora de casa. Nas quartas, o time italiano encarou o Barcelona-ESP e segurou um empate em 1 a 1, fora de casa, para levar a decisão até Turim. Lá, Nedved marcou um dos gols da vitória por 2 a 1 que colocou a Juve na semifinal.

Nela, após derrota por 2 a 1 para o favorito Real Madrid-ESP, fora de casa, a Juve deu show no jogo de volta diante de mais de 60 mil torcedores no Delle Alpi. Buffon defendeu um pênalti de Figo, a equipe italiana venceu por 3 a 1 e presentou sua torcida com uma atuação de gala do trio Del Piero-Trezeguet-Nedved e de todo o conjunto bianconeri, que “engoliu” os campeões continentais e mundiais como se fossem um time comum de maneira marcante e inesquecível. O terceiro gol do jogo foi marcado, claro, por Nedved, que recebeu de Zambrotta e fuzilou o goleiro Casillas para anotar um golaço comemorado junto com a torcida.

O golaço da classificação contra o Real...
O golaço da classificação contra o Real…

 

... Contrastou com o fatídico cartão que tirou o craque da final.
… Contrastou com o fatídico cartão que tirou o craque da final.

 

O único “porém” daquela partida sensacional para o craque tcheco foi que ele levou um cartão amarelo perto do final do jogo, após lance com McManaman, que o tirou da grande decisão. No dia 28 de maio de 2003, a Juventus encarou o rival Milan na primeira final italiana da história da Liga dos Campeões. Sem seu maestro, a Velha Senhora não conseguiu furar o bloqueio rossonero e o jogo terminou 0 a 0. Nos pênaltis, o Milan venceu por 3 a 2 e celebrou mais um título continental. Muitos dizem que, se Nedved tivesse jogado, a história teria sido bem diferente… No final de 2003, para apagar o amargo vice na Liga, Nedved foi condecorado com a Bola de Ouro da revista France Football de melhor jogador da Europa, sendo o primeiro jogador tcheco a receber o prêmio desde Masopust, em 1962. Além do prestigiado troféu, o meia ganhou vários outros títulos da UEFA e do Calcio e era, sem dúvida, um dos melhores jogadores do mundo na época.

Nedved e a Bola de Ouro de 2003.
Nedved e a Bola de Ouro de 2003.

 

Euro e a única Copa

Nedved e Poborsky, grandes nomes da seleção tcheca dos anos 2000.
Nedved e Poborsky, grandes nomes da seleção tcheca dos anos 2000.

 

Em 2004, Nedved viajou até Portugal com sua seleção para a disputa da Eurocopa a fim de apagar a má campanha de 2000, quando os tchecos foram eliminados ainda na primeira fase. A equipe era uma das favoritas ao título em solo lusitano não só por contar com o astro, que era capitão do time, mas também com o goleiro Petr Cech, o defensor Jankulovsky, o ponta Poborsky, o meia Rosicky e os atacantes Milan Baros e Jan Koller. Na primeira fase, a equipe provou que queria o bicampeonato ao vencer a Letônia, por 2 a 1, a Holanda, por 3 a 2 (partida que Nedved foi eleito o melhor em campo), e Alemanha, por 2 a 1. Nas quartas de final, a equipe deu mais um show e venceu a Dinamarca por 3 a 0. Mas, na semifinal, Nedved sentiu uma contusão no joelho aos 40´do primeiro tempo e enfraqueceu demais a equipe tcheca, que acabou perdendo por 1 a 0 para a “zebra eterna”: a Grécia, que seria campeã da Europa em 2004 (leia mais clicando aqui).

Com a braçadeira de capitão: líder.
Com a braçadeira de capitão: líder.

 

Após o inesperado revés, Nedved foi eleito um dos melhores jogadores da Euro, mas anunciou sua aposentadoria da seleção, aos 32 anos. A decisão durou pouco, pois o técnico Karel Brückner conseguiu persuadir ele e outros jogadores para ajudarem a seleção tcheca no play-off das Eliminatórias para a Copa de 2006, contra a Noruega. Com a chance de disputar uma Copa pela primeira vez desde o fim da Tchecoslováquia, a República Tcheca, com Nedved, venceu as duas partidas contra os noruegueses e se classificou para o Mundial da Alemanha.

Nele, Nedved e os companheiros venceram os EUA, na estreia, por 3 a 0, e encheram de boas expectativas os torcedores. Nas partidas seguintes, contra Gana e Itália, os tchecos sofreram com a má condição física de várias de suas estrelas e acabaram perdendo por 2 a 0 ambos os jogos, culminando com a eliminação já na primeira fase. Aquela foi a primeira e única Copa de Nedved na carreira. O craque se despediu em definitivo de sua seleção em agosto de 2006, em um amistoso contra a Sérvia. No total, foram 91 jogos e 18 gols com a camisa da República Tcheca.

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Fidelidade à Turim e aposentadoria     

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No período pré-Copa, Nedved e sua Juventus dominaram o Campeonato Italiano entre 2004 e 2006 e faturaram o bicampeonato nacional, com exuberantes partidas do craque, que voltou a jogar bem após a chegada do técnico Fabio Capello e a exibir o futebol que tanto o torcedor adorava. No entanto, com o escândalo de manipulação de resultados que chocou o futebol italiano, conhecido como Calciopoli, os títulos alvinegros foram revogados, causando até o rebaixamento da equipe para a segunda divisão. Durante aquele mar de polêmicas e revelações, vários jogadores da Juve (tais como Vieira, Ibrahimovic, Zambrotta, Thuram, Cannavaro, entre outros) assinaram com outros clubes. Mas não Nedved, que decidiu permanecer e ganhou incontáveis pontos perante a torcida. Com ele, Del Piero, Buffon e Trezeguet como remanescentes principais do grande time alvinegro de outrora, a Juventus sobrou na Série B de 2006-2007 e ficou com o título, com Nedved marcando 11 gols em 33 jogos disputados.

No adeus, Nedved ganhou uma camisa com o número de jogos que disputou pela Juventus: 327.
No adeus, Nedved ganhou uma camisa com o número de jogos que disputou pela Juventus: 327.

 

De volta à primeira divisão, a Juventus não conseguiu impedir a hegemonia da Internazionale e Nedved começou a sentir o peso da idade e a diminuir a intensidade com a qual disputava os jogos, embora continuasse firme nas divididas. Na temporada 2008-2009, o craque decidiu se aposentar de vez do futebol e disputou seu último jogo da carreira contra a Lazio, a mesma onde ele tanto brilhou. Jogando em Turim, a Juventus venceu por 2 a 0, Nedved deu uma assistência e foi aplaudido de pé pelas centenas de milhares de torcedores, além de ter visto nas arquibancadas uma faixa de agradecimento com os dizeres “Grazie, Pavel” por tudo o que ele havia feito pela Juventus e também pela Lazio. Curiosamente, naquele mesmo dia, Paolo Maldini e Luís Figo também se aposentaram do futebol e deixaram o futebol muito mais pobre em arte e qualidade. Após pendurar as chuteiras, o tcheco curtiu férias por um tempo e voltou ao mundo esportivo como membro do conselho da Juventus, clube onde ele foi o estrangeiro com maior número de jogos da história.

 

Eterno mago tcheco

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Os feitos e o futebol de Nedved seguem presentes até hoje na memória dos torcedores dos clubes por onde ele passou e também dos rivais. Com habilidade, força, inteligência e muita garra, o craque conseguiu ser um dos maiores meias da história e colecionou os mais diversos prêmios individuais e nomeações em seleções dos mais diversos tipos. Numa época em que diversos mitos do futebol esbanjavam suas categorias nos gramados europeus, Nedved cravou seu espaço e também se imortalizou com gols, passes, lançamentos, títulos e muita arte. Assim como Masopust, o meia foi Bola de Ouro da Europa e segue como o maior jogador da história da República Tcheca, assim como Masopust foi o maior jogador da história da Tchecoslováquia. Quem foi o melhor? Impossível dizer, pelas características técnicas e temporais. Mas, para quem acredita ser Nedved, razões não faltam. Sobram. Como ele sobrou em campo naqueles anos 2000. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 117 jogos e marcou 28 gols pelo Sparta Praga.

Disputou 207 jogos e marcou 51 gols pela Lazio.

Disputou 327 jogos e marcou 65 gols pela Juventus.

Disputou 91 jogos e marcou 18 gols pela Seleção Tcheca.

Disputou 761 jogos na carreira e marcou 165 gols.

É o estrangeiro com maior número de partidas na história da Juventus.

 

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Comentários encerrados

10 Comentários

  1. Monstruoso. Ainda assim, considero ele um jogador subestimado, como Michael Laudrup. Todos o chamam de gênio, mas a genialidade dele é maior do que titulada hahahahahaha

    • Totalmente. A FIFA deveria ser processada pelo fato de não ter considerado Nedved o melhor do ano de 2003. Tem que rir! o Zidane não jogou mais nem que o Henry na seleção e o Ronaldo no Real, e, ainda assim, foi considerado por essa entidade corrupta o melhor daquele ano. Totalmente político. E o confronto Juve x Real da UCL 2003 não conta ? o Nedved destruiu naquele jogo, metendo um golaço para calar qualquer torcedor do Real até hoje.

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