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Craque Imortal – Alan Shearer

 

Nascimento: 13 de agosto de 1970, em Newcastle upon Tyne, Inglaterra.

Posição: Atacante

Clubes: Southampton-ING (1988-1992), Blackburn Rovers-ING (1992-1996) e Newcastle United-ING (1996-2006).

Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Inglês (1994-1995) pelo Blackburn Rovers.

Principais títulos individuais e Artilharias:

Artilheiro e Chuteira de Ouro do Campeonato Inglês: 1994–1995 (34 gols), 1995–1996 (31 gols) e 1996–1997 (25 gols)

Artilheiro e Chuteira de Ouro da Eurocopa: 1996 (5 gols)

Maior Artilheiro da história da Premier League: 260 gols

5º Maior Artilheiro da história do futebol inglês (somando First Division e Premier League): 283 gols em 559 jogos

2º Maior Artilheiro em uma só temporada da Premier League: 34 gols

Jogador que mais fez gols de pênalti na história da Premier League: 56 gols

Maior Artilheiro em um só jogo da história da Premier League: 5 gols

Maior Artilheiro da história do Newcastle United: 206 gols em 405 jogos

Eleito para o All-Star Team da Eurocopa: 1996

Eleito para o Time do Ano da ESM: 1994-1995

3º Colocado no Ballon d’Or: 1996

3º Colocado no Prêmio de Melhor Jogador do Mundo da FIFA: 1996

PFA Team of the Year: 1991–1992, 1992–1993, 1993–1994, 1994–1995, 1995–1996, 1996–1997 e 2002–2003

Jogador do Ano da PFA: 1994-1995 e 1996-1997

Jogador do Ano da FWA: 1993-1994

Jogador do Ano do Campeonato Inglês: 1994-1995

FWA Tribute Award: 2001

Incluído no Hall da Fama do Futebol Inglês: 2004

FIFA 100: 2004

Melhor Jogador dos primeiros 10 anos da Premier League: 2002

Eleito para o Time do Século (1907-2007) da PFA: 2007

 

“The King of the Goals”

 

Por Leandro Stein e Equipe Trivela

 

Ele nunca teve muito sucesso na Liga dos Campeões da UEFA. Nunca defendeu um clube tão badalado internacionalmente. Seu único título de expressão é o Campeonato Inglês de 1994/95, numa das maiores zebras da história. Mesmo na seleção, atravessou um período de altos e baixos da Inglaterra. Pouco importa. É impossível não classificar Alan Shearer como uma lenda. Se não dá para medir sua grandeza por taças, ela se transforma nos muitos e muitos gols que marcou ao longo da carreira. Maior artilheiro da história da Premier League, também foi eleito o melhor jogador da primeira década do torneio. A trajetória marcante de um matador, que abriu mão de viver ainda mais no topo, apenas para defender o clube de seu coração, o Newcastle e se tornou o Rei dos Gols do futebol inglês. É hora de relembrar.

 

Das ruas de Gosforth à seleção inglesa

Alan Shearer em ação na temporada 1987-1988. Foto: Ross Kinnaird/EMPICS Sport.

 

Shearer nasceu numa família de operários no bairro de Gosforth, na região de Newcastle. Seu pai, um metalúrgico, era quem mais o incentivava a apostar em seu talento no futebol. O garoto começou a ganhar destaque com os times escolares, inicialmente atuando como meio-de-campo, uma vez que isso significava que “poderia participar mais dos jogos”. Shearer logo se destacou entre os garotos de sua idade, sendo contratado para a equipe amadora do Wallsend Boys Club, um clube especializado em categorias de base no norte da Inglaterra. No entanto, de lá, a promessa partiu ao sul do país. Descoberto pelo Southampton, mudou-se para o clube quando tinha 16 anos.

Depois de passar apenas dois anos nos juniores do clube, Alan Shearer, já atuando como atacante, conseguiu ser promovido para o time principal, fazendo sua estreia nos profissionais dos Saints em março de 1988, contra o Chelsea. Duas semanas depois, marcou um hat-trick que deu a vitória ao Southampton por 4 a 2 contra o Arsenal, tornando-se o jogador mais jovem a conseguir marcar três gols em um só jogo na Premier League, aos 17 anos e 240 dias. Atuando como o atacante de área entre os pontas Rod Wallace e Matt Le Tissier, Shearer obteve resultados discretos em suas duas primeiras temporadas pelos Saints, marcando apenas 7 gols em 62 jogos.

Mesmo assim, foi um dos destaques da Inglaterra Sub-21 no torneio de Toulon, realizado no verão de 1991, conseguindo, no ano seguinte, se consolidar no cenário nacional ao marcar 13 gols em 41 aparições pelo Southampton. O desempenho o levou à seleção inglesa principal em fevereiro daquele ano. Na estreia, Shearer conseguiu marcar em um amistoso contra a França, garantindo seu lugar nas convocações seguintes. Dono de um bom porte físico, Shearer era um goleador nato, daqueles capazes de resolver o jogo em um único toque na bola, com um chute poderoso rumo às redes. Combinava também bom senso de posicionamento e presença de área. Mas ia além. O explosivo centroavante tinha a sua qualidade técnica inegável, de saber pegar na bola como poucos, desenvolvida ainda na juventude. Só que o ofício incontestável como artilheiro acabou moldando o prodígio tempos depois.

 

Surge o artilheiro

Mesmo fazendo parte do vexame da Inglaterra na Eurocopa de 1992, quando o selecionado não passou da primeira fase, Shearer continuou em alta no futebol inglês, o que fazia muitos se perguntarem se atuar pelo Southampton era o suficiente para um atacante de tamanho potencial. A história, no entanto, mudou logo após a Euro, quando Shearer, mesmo sendo alvo do Manchester United, decidiu se transferir para o Blackburn Rovers, em um momento endinheirado da equipe, recém-comprada por um torcedor milionário. Então, o centroavante se tornou o símbolo da ascensão dos Rovers. 

Sua primeira temporada no Ewood Park foi de altos e baixos. Uma lesão adquirida em dezembro daquele ano fez com que o avante perdesse boa parte dos compromissos do Blackburn no campeonato. Ainda assim, marcou 16 gols nos 21 jogos em que conseguiu atuar. Recuperado para o campeonato 1993-94, Shearer mostrou o auge da sua forma e porque era um dos melhores atacantes de seu tempo. Jogando um futebol de força e composição física, aliado a uma grande potência de chute e admirável habilidade no cabeceio, Alan Shearer marcou 31 gols em 40 jogos pela Premier League, liderando os Rovers na excelente campanha que culminou com o segundo lugar no torneio.

Sutton e Shearer, dupla de ataque do Blackburn.

 

A chegada do atacante Chris Sutton a Ewood Park para a temporada 1994-95 deu o impulso que faltava para o Blackburn estabelecer a sua força no cenário nacional. Juntos, Sutton e Shearer formaram uma dupla imbatível que levou o clube à conquista de seu primeiro título inglês. O chamado SAS (Shearer and Sutton) marcou 49 gols naquele campeonato, sendo 15 de Chris e outros 34 de Alan Shearer, artilheiro máximo daquele ano.

Shearer continuou encantando os torcedores do Blackburn na temporada seguinte, marcando mais 31 gols em 35 jogos, feito que lhe deu novamente a artilharia do campeonato, mas que não foi o suficiente para salvar os Rovers de uma mediana sétima posição. Nem mesmo a Champions League serviu de consolo para a equipe, que acabou sendo eliminada ainda na primeira fase. 

Em 138 jogos na recém-criada Premier League, marcou incríveis 112 gols. Em três temporadas seguidas, terminou como artilheiro da competição. Acabou apontado como terceiro melhor do mundo em 1996, pela FIFA, e terceiro melhor da Europa, pela France Football. Sem contar com bons resultados no clube, apesar de apresentar grandes atuações, Alan Shearer parecia fadado a ter o mesmo destino na seleção inglesa. Mesmo sendo artilheiro da Euro 1996 com 5 gols, o atacante não conseguiu levar a Inglaterra ao título do torneio, que ficou nas mãos da Alemanha, algoz dos ingleses na semifinal.

O mito do Newcastle

Apesar de ter ficado sem o troféu continental, Shearer retornou à Inglaterra ainda mais valorizado do que tinha saído. Naquele momento, Shearer poderia ir ao clube que quisesse. Aos 26 anos, era reconhecido como o melhor centroavante do mundo. Mas teve sorte de receber uma proposta irrecusável justamente do time que mais sonhava defender – que, diga-se, vivia ótimo momento financeiro e havia sido vice-campeão inglês na temporada que acabava de se encerrar. Pretendido por Juventus, Milan e Barcelona, chegou a negociar com o Manchester United, onde prometia uma dupla infernal com Cantona. Mas preferiu o Newcastle, o seu time de infância, no qual tinha sido até mesmo gandula.

Por £15 milhões, Shearer desembarcou em St. James’ Park, na maior transferência da história até então – superando em poucas semanas o recorde estabelecido por Ronaldo rumo ao Barcelona, um ano antes que o próprio brasileiro voltasse a quebrar a marca em sua ida para a Internazionale. Obviamente, havia um salário suntuoso oferecido ao inglês, mas o valor sentimental também era imenso. E que já começou a ser pago com a recepção de milhares de alvinegros em sua apresentação.

“Eu me lembro de meu primeiro jogo em St. James’ Park como se fosse ontem. Era agosto de 1982, eu tinha 12 anos, e o Newcastle enfrentaria o Queens Park Rangers. Pegamos o metrô e chegamos bem cedo para absorver a atmosfera. Comprei um cachecol no caminho e não podia acreditar quando meu pai me disse que guardou ele até hoje. Eu nunca esqueceria o que senti ao entrar na Gallowgate. Não vi muito o jogo, mas quando fizemos o gol, me senti flutuando. Vencemos por 1 a 0 e nunca senti nada assim antes. O melhor é que Kevin Keegan estava estreando naquele dia e marcou o gol da vitória. Ao vê-lo correr rumo a nós com os braços abertos, em puro êxtase, tive certeza de que me tornaria jogador de futebol”, declarou, anos depois, relembrando a sua primeira vez nas arquibancadas do Newcastle.

Shearer atingiu nos Magpies o status de ídolo que carrega até hoje. Na primeira temporada foi, pela terceira vez consecutiva, o artilheiro da Premier League, com 25 gols marcados em 31 jogos, desempenho que levou o Newcastle a seu segundo vice-campeonato seguido. Já na temporada 1997-98, uma grave contusão logo na pré-temporada afastou Shearer e diminuiu consideravelmente as chances de um novo bom desempenho dos Magpies. O atleta demorou a voltar aos campos, e quando o fez não repetiu o alto nível de outrora.

 

Ainda assim, conseguiu chegar bem à Copa do Mundo de 1998, formando dupla com Michael Owen no ataque do English Team. Apesar de boas atuações, Shearer terminou o torneio com apenas dois gols, sendo um deles na fatídica derrota para a Argentina, nos pênaltis, em partida válida pelas oitavas-de-final. Em 2000, aos 30 anos, decidiu se aposentar da seleção inglesa após uma fraca participação do English Team na Eurocopa, quando a equipe foi eliminada na primeira fase e ficou, novamente, sem o título. 

De volta ao seu clube, Shearer continuou sendo o jogador-chave e ídolo máximo do Newcastle, mas o mau momento dos Magpies e as constantes mudanças de comando acabaram minando seus esforços para levar o clube às glórias almejadas. Shearer nunca ganhou um grande título com o Newcastle, por mais que o clube vivesse um bom momento entre o final dos anos 1990 e o início dos 2000, frequentando as primeiras posições na tabela. Em sua primeira temporada, treinado justamente por Kevin Keegan, passou muito perto de reconquistar a Premier League, mas os Magpies perderam a ótima vantagem que tinham na liderança e acabaram superados pelo Manchester United.

Ao final daquela campanha, o centroavante poderia ter quebrado outra vez o recorde de maior transferência, com Bobby Robson oferecendo £20 milhões para substituir Ronaldo no Barcelona. Entretanto, o craque já não tinha mais motivos para se mudar ou ganhar mais dinheiro. Sua felicidade estava mesmo em St. James’ Park, perto da família. A decisão permitiu a Shearer se transformar num dos maiores ídolos de uma das torcidas mais fanáticas da Inglaterra. Os títulos, porém, não vieram. Os melhores resultados da equipe de St. James Park nas temporadas que se seguiram acabaram sendo um quarto e um terceiro lugar nos campeonatos de 2001-02 e 2002-03, respectivamente.

 

Últimos anos e recordes intactos

A partir de 2002, a carreira de Shearer começou a entrar em uma rota descendente, o que, no entanto, não significou menos gols para o artilheiro do Newcastle. Na temporada 2003-04 marcou 22 tentos em 37 aparições, mas não conseguiu evitar que o clube terminasse o campeonato na quinta posição e acabasse fora da Champions League do ano seguinte. Frustrado e sentindo os anos pesarem, Alan Shearer chegou a anunciar que 2004-05 seria a sua última temporada em campo, mas voltou atrás depois de pedidos do técnico Graeme Souness e da 14ª colocação obtida no Campeonato Inglês. 

O campeonato seguinte, no entanto, foi o derradeiro de Shearer, que se despediu do futebol, aos 36 anos, em grande estilo, ao marcar em fevereiro de 2006 o seu gol de número 201 pelo Newcastle, tornando-se o maior artilheiro da história do clube – ele alcançou a marca de 206 gols. “Quando o Newcastle me contratou em 1996, eles me deram a chance de representar meu clube de infância. De viver os melhores anos da minha carreira. Eu sempre irei agradecer a maneira como eles me tornaram o que sou hoje em dia”, afirmou. Uma gratidão que também será sempre compartilhada por cada torcedor do Newcastle.

Mesmo sem muitos títulos, Alan Shearer ainda hoje é considerado um dos grandes atacantes da história do futebol, sendo o maior artilheiro da Premier League, com 260 tentos e dono de marcas que seguem intocadas no disputadíssimo futebol inglês. Alguns já chegaram perto – como Wayne Rooney e Andy Cole – e outros tentam superar o craque, como Harry Kane e, num futuro, Erwin Haaland, mas Shearer continua como o King of the Goals na Premier League. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 158 jogos e marcou 43 gols pelo Southampton.

Disputou 171 jogos e marcou 130 gols pelo Blackburn Rovers.

Disputou 405 jogos e marcou 206 gols pelo Newcastle United.

Disputou 63 jogos e marcou 30 gols pela Seleção da Inglaterra.

Disputou 797 jogos e marcou 409 gols na carreira.

 

 

Este texto foi publicado pelo magnífico site Trivela e cedido ao Imortais. Se você gosta de textos bem escritos e é apaixonado por futebol, ler o Trivela é quase uma obrigação. Acesse o site https://trivela.com.br/ e siga o portal no Facebook (https://www.facebook.com/sitetrivela/) e no Twitter (https://twitter.com/trivela).

 

 

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