Grandes feitos: Campeão Mundial Interclubes (1986), Campeão da Copa Libertadores da América (1986), Campeão da Copa Interamericana (1986) e Campeão Argentino (1985-1986).
Time base: Nery Pumpido (Sergio Goycochea); Jorge Gordillo (Rubén Gómez), Nelson Gutiérrez (Jorge Borelli), Oscar Ruggeri e Alejandro Montenegro (Eduardo Saporiti); Héctor Enrique, Américo Gallego (Néstor Gorosito / Mario Saralegui), Norberto Alonso (Claudio Alberto Morresi) e Roque Alfaro (Claudio Caniggia); Antonio Alzamendi (Luis Antonio Amuchástegui) e Juan Gilberto Funes (Enzo Francescoli / Ramón Centurión). Técnicos: Héctor Veira (1985-1987) e Carlos Timoteo Griguol (1987).
“Quando os soberanos da Argentina dominaram o mundo”
Por Guilherme Diniz
A década de 80 se encaminhava para sua segunda metade e a história permanecia a mesma. Dos chamados grandes do futebol argentino, apenas Boca Juniors, Independiente e Racing ostentavam em suas galerias de troféus as portentosas taças da Copa Libertadores e do Mundial Interclubes. Em 1985, o Argentinos Juniors também conquistou sua Libertadores, mas caiu diante da Juventus-ITA na final do Mundial. Mas você deve se perguntar: onde está o River Plate nessa história? Pois é. A torcida do maior campeão de campeonatos argentinos da história não aguentava mais ser motivo de chacota dos rivais pelo fato de ser “apenas” grande dentro de casa e um fracasso fora dela. Em 1966 e 1976, o clube perdeu duas finais continentais e parecia que jamais conquistaria um troféu internacional. No entanto, tudo começou a mudar graças a uma safra de ouro que deu ao River um fantástico título nacional na temporada 1985-1986, a primeira “europeia” da Argentina, e que abriu caminho para os maiores troféus da equipe de Buenos Aires: a Libertadores e o Mundial de 1986, conquistados de maneira categórica e com vitórias inesquecíveis sobre Boca Juniors-ARG, Peñarol-URU, América de Cali-COL e Steaua Bucareste-ROM.
Desde os tempos de “La Máquina”, nos anos 40, que a torcida não vibrava e não via um elenco tão bom vestindo o manto branco e vermelho dos millonarios, que tinha goleiros seguros e ágeis (Pumpido e Goycochea), defensores imponentes (Borelli, Gutiérrez e Ruggeri), meio-campistas com enorme visão de jogo e impecável poder de marcação (Gallego, Enrique, Alfaro e Alonso), e atacantes habilidosos, rápidos e goleadores (Francescoli, Amuchástegui, Alzamendi e Funes). É hora de relembrar as façanhas de um River mágico e que sabia jogar muito futebol.
Época de transição
Depois de conquistar sete títulos nacionais entre 1975 e 1981 e revelar para o mundo do futebol um brilhante zagueiro – Daniel Passarella, o River Plate passou por maus momentos a partir de 1982. A equipe passou por um desmanche que prejudicou demais o rendimento competitivo de antes e abriu espaço para os rivais crescerem, principalmente o Independiente e o Argentinos Juniors, clubes que faturaram vários títulos entre 1983 e 1985 (incluindo a Libertadores e o Mundial de 1984, do Independiente, e a Libertadores de 1985, do Argentinos). No entanto, tudo começou a mudar em 1983, com a chegada do craque uruguaio Enzo Francescoli, vindo do Montevideo Wanderers e com o peso de uma ótima participação na Copa América daquele ano pelo Uruguai. Em 1984, o técnico Héctor Veira assumiu o comando da equipe e começou a montar um time muito forte no setor ofensivo e coeso na defesa. Pumpido, Ruggeri, Gallego e Enrique eram alguns dos bons jogadores que começariam a desempenhar um papel fundamental no esquema de jogo millonario. No primeiro semestre de 1985, a equipe não conseguiu títulos, mas era apenas uma questão de tempo até o entrosamento conquistado começar a dar resultado.
Campeonato à europeia
No começo do segundo semestre de 1985, a AFA (Associação de Futebol Argentino) decidiu organizar pela primeira vez um campeonato nacional nos moldes do calendário europeu, com início em julho de 1985 e término em abril de 1986. A campanha do River começou boa, mas morna, com três vitórias por 1 a 0 e um empate em 1 a 1. Na 5ª rodada, o time começou a mostrar seu poder ofensivo ao fazer 3 a 1 no Estudiantes, fora de casa, e 3 a 1 no San Lorenzo, em casa. Após alguns tropeços, o time deslanchou a partir da 9ª rodada, aplicou mais algumas goleadas (5 a 1 no Newell´s Old Boys, 4 a 1 no Vélez e 6 a 0 no Temperley) e venceu o arquirrival Boca Juniors por 1 a 0, em casa. No início do segundo turno, o time mostrou uma notável superioridade perante os rivais ao emendar seis vitórias consecutivas e abrir enormes 12 pontos de vantagem sobre o concorrente mais próximo àquela altura – o Deportivo Español.
Os millonarios venceram o Unión, fora, por 3 a 0, sapecaram o Estudiantes por 5 a 1, em casa, venceram o San Lorenzo, fora, por 1 a 0, derrotaram o Argentinos Juniors, em casa, por 5 a 4 (!), venceram o Independiente por 2 a 1, fora, e despacharam o Chacarita por 2 a 0, em casa. Em janeiro, na pausa do Campeonato, o River aumentou ainda mais a fama competitiva de seu elenco ao vencer um amistoso contra a seleção da Polônia (uma das mais prestigiadas na época) por 5 a 4, com três golaços de Francescoli, incluindo seu mais famoso e lindo gol na carreira: uma bicicleta espetacular.
Entre o final de fevereiro e começo de março de 1986, a equipe empatou dois jogos (1 a 1 contra o Talleres de Córdoba e 1 a 1 contra o Newell´s) e venceu o Racing de Córdoba por 4 a 0. Com isso, os comandados de Veira poderiam ser campeões com cinco rodadas de antecipação no dia 09 de março, no Monumental, contra o Vélez. Só era preciso vencer e torcer para que o Argentinos Juniors vencesse o Deportivo Español.
Um campeonato saboreado em La Bombonera
A torcida do River era só empolgação para a partida que poderia decidir o campeonato argentino de 1985-1986. Naquele dia 09 de março, os millonarios jogaram para sacramentar de uma vez um título que já era certo desde o começo da competição muito graças ao futebol ofensivo e vigoroso que aquele time jogava. Com um ataque devastador, o River mostrou seu instinto feroz naquele jogo contra o Vélez e goleou o adversário por 3 a 0, gols de Enrique, Gorosito e Francescoli. A vitória, somada ao triunfo do Argentinos sobre o Deportivo, deu o título do Campeonato Argentino de 1985-1986 aos millonarios. Mesmo com mais cinco jogos em disputa, o River não relaxou e fez questão de jogar pra frente na antepenúltima rodada, contra o Boca Juniors, em La Bombonera.
A equipe já havia celebrado com sua torcida o título nacional, mas nenhuma volta olímpica digna havia sido dada desde então. Muitos achavam um fato perigoso o River querer festejar o título em pleno estádio do maior rival, mas os comandados de Veira nem ligaram para a pressão da “caixa de bombons”. No dia 06 de abril, mesmo sem Francescoli (que viajara com a seleção uruguaia para os preparativos da participação celeste na Copa do Mundo), o River se impôs e venceu o Boca por 2 a 0, com dois gols do ídolo e craque Norberto Alonso. Era o estopim para a equipe do Monumental fazer a festa e se deliciar com a cereja do bolo em uma tarde inesquecível em plena Bombonera.
A campanha do River Plate foi digna de troféu: 36 jogos, 23 vitórias, 10 empates, três derrotas, 74 gols marcados (melhor ataque, quase 20 gols a mais que o segundo melhor ataque, do Boca, que anotou 57) e 26 sofridos (melhor defesa). Francescoli foi o grande nome da equipe ao se tornar artilheiro da competição com 25 gols. Claudio Morresi também teve sua importância nos gols ao ficar na 4ª colocação entre os goleadores com 16. A taça colocou o River na Copa Libertadores de 1986 e embalou Enrique, Pumpido e Ruggeri, convocados para a disputa da Copa do Mundo daquele ano. E que seria vencida pela Argentina.
A pegada muda para “La Copa”
Passada a euforia do título nacional e os festejos pelo bicampeonato mundial da seleção argentina, o River Plate voltou suas atenções para a Copa Libertadores, que já havia começado em março de 1986, mas só em julho teve a participação dos times argentinos por causa da mudança na estrutura do campeonato nacional do país. O time do Monumental não tinha mais o astro Francescoli, que se transferiu para o futebol francês, nem Amuchástegui. Sem a dupla, o técnico Veira decidiu fazer pontuais mudanças no time que seriam de mais valia para o estilo de disputa da Copa.
A equipe puramente ofensiva, rápida e campeã nacional dava espaço para um time de contra-ataques fulminantes e uma sólida defesa, além de um meio de campo com ótimos toques de bola e perito em fazer tabelinhas em direção ao ataque. Funes ou Centurión assumiam os lugares de Francescoli, Alonso desempenhava o papel de Morresi, Gutiérrez ganhava uma vaga na zaga no lugar de Borelli e Alzamendi assumia o lugar deixado por Amuchástegui. A versão copeira do River estava pronta. Era hora de acabar de vez com a fama “nacional” que assombrava a equipe no torneio continental.
Derrubando fantasmas
Na fase de grupos, o River teve pela frente equipes complicadas e bem difíceis: Peñarol-URU, Montevideo Wanderers-URU e o Boca Juniors-ARG. Logo na estreia, os millonarios encararam os rivais em La Bombonera e arrancaram um empate em 1 a 1 (gol de Alfaro). Na partida seguinte, Alzamendi marcou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre o Wanderers em plena cidade de Montevidéu. Oito dias depois, o River voltou à capital uruguaia para enfrentar um velho fantasma: o Peñarol, algoz da final de 1966 e das semifinais de 1982. Dessa vez, porém, os argentinos mostraram que tudo havia mudado e venceram por 2 a 0, com dois gols de Centurión. Em agosto, o time foi local nas partidas contra os rivais uruguaios e contou com a força do Monumental para vencer o Peñarol, por 3 a 1 (gols de Centurión, Enrique e Alonso), e o Wanderers, por 4 a 2 (dois gols de Alonso, um de Alzamendi e outro de Centurión). Na última partida do grupo, contra o rival Boca, Alzamendi fez o gol do triunfo por 1 a 0 que sacramentou a classificação millonaria para a segunda fase e a imponente liderança do grupo com cinco vitórias e um empate em seis jogos, com 13 gols marcados e apenas quatro sofridos.
Na final!
Após dar show na primeira fase, o River foi para a segunda fase com força e disposto a tudo para alcançar mais uma final de Libertadores em ano terminado em seis. O elenco primava pelo diálogo, não havia panelinhas ou grupos isolados e todos os jogadores estavam focados na conquista do inédito título. A estreia da equipe na fase decisiva foi contra o Argentinos Juniors-ARG, campeão continental de 1985. Como não poderia deixar de ser, o confronto foi bastante disputado e o placar não saiu do zero. O segundo duelo foi contra o Barcelona-EQU, em Guayaquil. Muito bem organizado, o time abusou da força de seu contra-ataque e fez um categórico 3 a 0 nos equatorianos (gols de Alzamendi, Centurión e Gorosito). Jogando em casa no dia 23 de setembro, os argentinos voltaram a golear o Barcelona, dessa vez por 4 a 1 (dois gols de Centurión, um de Alzamendi e outro de Quiñónez, contra).
A última partida foi contra o Argentinos Juniors, em casa. O duelo foi cheio de emoção e com mais de 80 mil pessoas no Monumental empurrando e incentivando o River, invicto, rumo à final. Porém, tudo deu errado e os colorados da Paternal venceram por 2 a 0, resultado que levou a definição da vaga para um jogo extra, disputado no estádio do Vélez, em Buenos Aires. Atuando com o regulamento embaixo do braço e a vantagem de jogar pelo empate, os millonarios empataram em 0 a 0 e comemoraram como nunca a vaga na final. Depois de disputar os títulos em 1966 e 1976, era hora de seguir a escrita e jogar a decisão de 1986. Mas será que a síndrome do vice teria fim?
Imponência do River da América
O adversário dos argentinos na decisão da Libertadores foi o América de Cali-COL, vice-campeão do ano anterior e com um forte time que apostava sempre no goleiro Falcioni, no bom meio de campo formado por Aquino, Ischia, Cabañas e Ortiz e na dupla de ataque Gareca e Battaglia. No primeiro jogo, em Cali, o River estava disposto a esperar o rival em seu campo de defesa para engatar seus habituais contra-ataques e liquidar a partida. Porém, o goleiro Pumpido teve que trabalhar bastante no começo do jogo e salvou por diversas vezes a equipe argentina. Mas a letalidade ofensiva do River se mostrou bem mais forte que o abafa dos colombianos quando Funes e Alonso anotaram dois gols exatamente em contra-ataques rápidos. Cabañas ainda descontou para o América, mas o placar foi mesmo 2 a 1 para o River.
Na volta, os mais de 80 mil torcedores que lotaram o estádio Monumental tinham a certeza que os fantasmas dos vices de 1966 e 1976 seriam exorcizados de uma vez por todas. O raio não iria cair três vezes no mesmo lugar. Não diante daquele grande time do River. Depois de um primeiro tempo morno e sem grandes emoções, o América quis complicar a vida dos argentinos no segundo tempo com várias investidas e jogadas insinuantes pelas pontas e pelo meio de campo. Mas tanta disposição ofensiva deu espaço para o River contra-atacar e, aos 29´, eis que Funes anotou o gol do título continental dos millonarios: 1 a 0. A festa tomou conta de Buenos Aires. Pela primeira vez na história, o River Plate era campeão da América. As gozações haviam terminado. A fama de time regional caía por terra depois de nove vitórias, três empates, uma derrota, 23 gols marcados e oito sofridos em 13 jogos disputados. Ramón Centurión foi o artilheiro do time na competição com sete gols, seguido de Alzamendi, com seis, e Norberto Alonso, com quatro.
A conquista fez justiça ao melhor time da competição e a todo o planejamento da diretoria e comissão técnica, que aproveitaram ao máximo o talento de cada jogador do plantel e se concentraram de maneira profissional e única para levantar a almejada Libertadores. Mas a festa não podia levar muito tempo. Afinal, em menos de dois meses, a equipe teria outro compromisso: o Mundial Interclubes, no Japão.
River Mundial
No dia 14 de dezembro de 1986, em Tóquio (JAP), o River Plate disputou a partida mais importante de sua história: a final do Mundial Interclubes. O adversário dos argentinos foi o surpreendente Steaua Bucareste-ROM, campeão da Liga dos Campeões da UEFA daquele ano após derrotar, nos pênaltis, o Barcelona-ESP (façanha já relembrada aqui no Imortais). Os romenos tinham um time muito forte defensivamente e contavam com perigosos jogadores como Belodedici, Balint, Lacatus e Piturca.
Já o River tinha sua força máxima e apostava no comando técnico de Alonso, na força de marcação de Gallego, na velocidade pelas pontas de Enrique e Alfaro e na dupla de ataque formada por Funes e Alzamendi. E foi este último o autor do gol mais lembrado e falado por qualquer torcedor do River até hoje. Aos 28´do primeiro tempo, Alonso cobrou uma falta rápida um pouco à frente do meio de campo em direção a Alzamendi, na direita. O atacante avançou e chutou rasteiro. A bola bateu na trave, no goleiro e subiu. No alto, Alzamendi testou firme para colocar a pelota dentro do gol: 1 a 0.
A partir daí, os romenos tentaram chegar ao gol de empate trabalhando a bola de pé em pé, mas pecaram nas finalizações e nas atuações perfeitas do goleiro Pumpido e da zaga formada por Ruggeri e Gutiérrez. O River pôde liquidar o jogo no segundo tempo, mas Alfaro e Alzamendi desperdiçaram as chances claras que tiveram. Depois de 90 minutos, o árbitro uruguaio José Luis Martínez Bazán apitou o fim do jogo e o início da festa argentina no Japão: River Plate campeão do mundo! Era a taça que faltava para a rica galeria de troféus do time millonario.
Nova copa e o fim
Em 1987, o River perdeu o técnico Veira e contratou Carlos Griguol com o intuito de manter a pegada do ano anterior, mas o escrete alvirrubro não foi nem sombra do time que havia encantado sua torcida. Nos Campeonatos Argentinos de 1986-1987 e 1987-1988, a equipe passou longe do pelotão de frente e não almejou o título. Na Libertadores de 1987, os millonarios ficaram na segunda posição do grupo semifinal, atrás do Peñarol-URU, que seria o campeão. A única taça do ano foi a Copa Interamericana, conquistada sobre a Liga Deportiva Alajuelense, da Costa Rica, após empate sem gols em Alajuela e vitória argentina por 3 a 0 em Buenos Aires (gols de Villazán, Funes e Enrique).
A torcida do gigante do Monumental teria que esperar até 1996 para que o River voltasse a montar um outro grande time (já relembrado aqui no Imortais) e recuperasse a Copa Libertadores, outra vez em um ano com final seis, outra vez contra o América de Cali e com a volta de um ídolo histórico: Enzo Francescoli, a estrela ausente nas façanhas do esquadrão de 1986, que conquistou títulos inesquecíveis e o primeiro e único Mundial Interclubes do River Plate até hoje. Um esquadrão imortal. E monumental.
Os personagens:
Nery Pumpido: foi um dos principais goleiros do futebol argentino nos anos 80 e fundamental para as taças do River em 1986. Muito ágil, corajoso e com enorme elasticidade, fez defesas impressionantes na campanha da Libertadores e também durante o Campeonato Argentino de 1985-1986. Jogou no River de 1983 até 1988 e foi titular da Argentina na conquista da Copa do Mundo de 1986, no México.
Sergio Goycochea: cria das bases do River, o goleiro teve alguns momentos de brilho entre 1985 e 1986, mas sofreu com a concorrência de Pumpido. Quando exigido, deu conta do recado com boa colocação e habilidade nas jogadas rasteiras. Viveu seu auge em 1990, na Copa do Mundo da Itália, quando virou um dos heróis da Argentina até a final defendendo vários pênaltis.
Jorge Gordillo: jogou de 1981 até 1992 no River e conquistou vários títulos, sendo sempre uma importante peça para o setor defensivo da equipe. Era muito eficiente tanto na marcação quanto no apoio ao ataque pelo setor direito do campo.
Rubén Gómez: podia jogar tanto na lateral quando no meio de campo, sempre com eficiência na marcação. Foi um importante suplente durante a campanha da Libertadores de 1986.
Nelson Gutiérrez: cria das bases do Peñarol-URU, Gutiérrez veio consagrado do Uruguai após ganhar tudo com o clube aurinegro em 1981 e 1982. No River, formou com Ruggeri uma dupla de zaga muito eficiente e segura. Tinha enorme qualidade nas jogadas aéreas, na marcação e também nos passes. Jogou de 1985 até 1988 em Buenos Aires.
Jorge Borelli: jogou de 1983 até 1987 no River e viveu sua melhor época durante o Campeonato Argentino de 1985-1986, quando foi titular em várias partidas no miolo de zaga da equipe. Com a chegada de Gutiérrez, perdeu espaço e não jogou muito na Libertadores, mas ainda sim teve sua importância.
Oscar Ruggeri: titular da Argentina campeã do mundo em 1986, líder dentro de campo, eficiente com a bola nos pés e na marcação e dono de muita classe, Ruggeri foi um dos melhores zagueiros de toda a história do futebol argentino. Jogou de 1985 até 1988 no River e conquistou todos os títulos possíveis, virando um xodó da torcida mesmo com seu passado boquense.
Alejandro Montenegro: depois de começar no River, em 1983, e jogar por uma temporada no Chacarita, em 1984, o lateral voltou ao clube do Monumental para ganhar tudo e virar um dos titulares do time campeão da América e do mundo. Apoiava muito bem o ataque e não descuidava da defesa.
Eduardo Saporiti: tinha uma velocidade impressionante e ganhava quase todas as disputas de bola no mano a mano com os atacantes rivais. Podia jogar como zagueiro central ou lateral com a mesma qualidade e categoria. Ganhou vários títulos com o River nos 10 anos em que esteve pelas bandas do Monumental, de 1976 até 1986, incluindo seis títulos nacionais, uma Libertadores e um Mundial.
Héctor Enrique: outro titular da Argentina campeã do mundo em 1986, o volante tinha uma grande qualidade nos passes, na marcação e também no apoio ao ataque pelo lado direito do campo. Com notável personalidade e espírito competitivo, foi um dos principais jogadores do River entre 1983 e 1990, além de ter tido papel fundamental nos títulos internacionais da equipe em 1986.
Américo Gallego: era o dono do meio de campo do River e principal protetor da linha de zaga do esquema armado pelo técnico Veira. Era o protagonista das ações de marcação e aguentava as broncas quando Alfaro e Enrique se mandavam para o ataque. Muito importante nas conquistas de 1986.
Néstor Gorosito: meio campista muito importante nas campanhas do River em 1985 e 1986, Gorosito era um dos muitos reservas de luxo do time e que conseguia manter a qualidade técnica e tática quando um titular não era escalado. Marcava gols e tinha precisão nos passes.
Mario Saralegui: corajoso, técnico e com muita qualidade nos passes, Saralegui foi outro talento que veio do Peñarol-URU. Não jogou muitas vezes, mas quando entrou, cumpriu seu papel no meio de campo do time.
Norberto Alonso: “El Beto” foi um dos principais jogadores da história do River e ídolo nas três passagens que teve pela equipe. Entre 1984 e 1986, comandou as ações ofensivas no meio de campo com enorme visão de jogo, ótimos passes em profundidade e muitos gols decisivos e marcantes, como os dois na vitória por 2 a 0 sobre o Boca, em 1986, que garantiu a volta olímpica millonaria em plena La Bombonera. Líder e muito identificado com o clube, mereceu demais os títulos que ganhou.
Claudio Alberto Morresi: meia e atacante com grande poder de decisão e habilidade, Morresi formou com Francescoli uma dupla de ataque inesquecível naquele Campeonato Argentino de 1985-1986. Marcou 16 gols e foi um dos principais artilheiros do torneio.
Roque Alfaro: jogava pelo lado esquerdo do ataque do River e tinha muita habilidade com a bola nos pés, além de ser importante para a construção de jogadas ofensivas. Jogou no River de 1983 até 1986.
Claudio Caniggia: cria do River, o carrasco do Brasil na Copa de 1990 estava apenas começando a carreira em 1985, quando iniciou sua trajetória como futebolista. Muito rápido e oportunista, Caniggia só não teve muito espaço na equipe naquela época por causa da concorrência no ataque. Quando poderia ter tido mais chance, foi negociado com o futebol italiano e deixou o River.
Antonio Alzamendi: o atacante uruguaio foi um dos principais nomes do River nas campanhas dos títulos da Libertadores e do Mundial de 1986. Rápido, inteligente e oportunista, fez uma boa dupla de ataque com Funes e marcou gols muito importantes, incluindo o do título mundial contra o Steaua. Em 1986, foi eleito pelo jornal El País como o melhor jogador da América do Sul.
Luis Antonio Amuchástegui: o atacante viveu seu melhor momento pelo River no Campeonato Argentino de 1985-1986, quando foi um dos principais jogadores da campanha do título. Rápido e habilidoso, deixou o clube no começo da Libertadores para jogar no América do México.
Juan Gilberto Funes: “El Búfalo” se destacava no ataque do River pela força física, pelo ímpeto e pelo oportunismo. Formou, ao lado de Alzamendi, uma notável dupla de ataque que foi prolífica e decisiva para o título do clube na Libertadores. Era definido pelo técnico Veira como “um goleador feroz, que quando arrancava em velocidade se mostrava praticamente imparável”. Uma pena ter jogado apenas duas temporadas na equipe. Em 1987, Funes se mandou para o futebol grego.
Enzo Francescoli: extremamente habilidoso, dono de uma visão de jogo incrível e muito goleador, Francescoli foi a estrela solitária da seleção uruguaia durante toda a década de 80 e até meados da década de 90. É um dos poucos jogadores do país a não ter jogado nos maiores clubes do Uruguai (Peñarol e Nacional) e é mais adorado na Argentina (país onde vive atualmente) do que em sua própria casa. Motivo? Francescoli simplesmente arrebentou no River Plate, onde foi e é um dos maiores ídolos da história do clube. O craque jogou muito, marcou gols épicos e conquistou inúmeros títulos. Embora tenha ficado com uma enorme dor no coração após conquistar o Campeonato Argentino de 1985-1986 e ter deixado a equipe antes das conquistas da Libertadores e do Mundial de 1986, o craque teve sua redenção dez anos depois, em 1996, quando capitaneou o timaço campeão da América naquele ano. Um craque imortal que você pode ler mais clicando aqui.
Ramón Centurión: mesmo não sendo um titular absoluto do River, o atacante estava iluminado na Libertadores de 1986 e foi o artilheiro da equipe com gols fundamentais para o sucesso millonario na competição. Teve a carreira manchada por causa de um doping, ainda em 1986, por uso de meta-anfetaminas.
Héctor Veira e Carlos Timoteo Griguol (Técnicos): embora Carlos Griguol tenha conquistado a Copa Interamericana, aquele River ficou imortalizado para sempre graças aos títulos conquistados pelo técnico Veira, que soube utilizar todo o talento que tinha disponível e um elenco encorpado e com várias peças de reposição para conquistar tudo o que disputou. Veira moldou dois times distintos para duas competições. No Argentino, construiu um River fantástico, com enorme força ofensiva, igual peso defensivo e com Francescoli infernal. Na Libertadores, usou e abusou dos contra-ataques, da frieza de seus jogadores em partidas fora de casa e do meio de campo talentoso e combativo. A cereja do bolo foi o Mundial, quando pegou tudo e conquistou a maior das taças com o talento e a malandragem de um passe rápido, um chute mascado e uma cabeçada certeira num gol vazio.
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Baita trabalho! E eu que acreditava que o Francescoli, também havia sido campeão da Libertadores e do mundo de 86.
Olá Guilherme, muito bom o texto!
Só quero avisar que houveram alguns erros de digitação na parte “Derrubando fantasmas”.
Abraço
Olá Caio! Obrigado pelo toque. Já corrigi. Abraços!