Grandes feitos: Campeão do Mundial de Clubes da FIFA (2008), Campeão da Liga dos Campeões da UEFA (2007-2008), Tricampeão Inglês (2006-2007, 2007-2008 e 2008-2009), Tricampeão da Copa da Liga Inglesa (2005-2006, 2008-2009 e 2009-2010) e Tricampeão da Supercopa da Inglaterra (2007, 2008 e 2010).
Time base: Edwin van der Sar; Wes Brown (Rafael), Ferdinand, Vidic e Evra; Hargreaves (Park Ji-Sung), Scholes (Carrick), Giggs (Anderson) e Cristiano Ronaldo; Carlos Tevez (Nani / Berbatov) e Wayne Rooney. Técnico: Sir Alex Ferguson.
“Hegemonia diabólica”
Por Guilherme Diniz
Depois de desfrutar de uma década impecável nos anos 90, com muitos títulos e um time fortíssimo, o Manchester United viu o Arsenal de Arsène Wenger roubar a cena e o protagonismo no futebol inglês com várias taças e até raspar a mão no troféu da Liga dos Campeões da UEFA em 2006. Mas os Diabos Vermelhos não gostaram nada disso e resolveram mostrar quem mandava no futebol recente da Inglaterra. Com uma defesa sólida, um meio de campo criativo e um ataque rápido e devastador, o time vermelho voltou a brilhar não só em casa, mas também fora da ilha, ao levantar o tricampeonato europeu em uma inédita final inglesa, contra o Chelsea, em 2008. Além disso, o Manchester United aumentou ainda mais sua supremacia perante os rivais domésticos com a conquista de seu segundo título mundial também em 2008, o que o deixou sozinho como único a ostentar o maior dos títulos. A hegemonia dos Diabos só não foi maior porque eles tiveram o azar de enfrentar na final da Liga dos Campeões de 2009 um lendário Barcelona com Puyol, Xavi, Iniesta, Messi, Henry e Eto´o, além de Guardiola no comando, que começaria a fazer história. É hora de relembrar as façanhas de Van der Sar, Ferdinand, Vidic, Scholes, Giggs, Rooney, Tevez, e, claro, a maior estrela dos Diabos naqueles tempos: Cristiano Ronaldo.
Saem os Gunners, entram os Devils
Entre 2002 e 2006, o Arsenal de Henry e companhia dominou o futebol inglês com exibições fantásticas, futebol bonito e títulos. Os Gunners só não ganharam uma Liga dos Campeões da UEFA porque toparam com o Barcelona de Deco, Ronaldinho, Eto´o e Belletti (!), que ficou com a taça na final de 2006, disputada em Paris. Depois daquela decisão, o bastão de “rei” na Inglaterra foi passado a outro time vermelho: o Manchester United de Alex Ferguson. Os Red Devils começariam exatamente naquela temporada a montar um esquadrão histórico, sóbrio e, acima de tudo, competitivo. Para o gol, chegou o experiente goleiro Edwin van der Sar, que colecionou títulos no Ajax e estava há quatro anos no Fulham. Para o setor defensivo, vieram o zagueiro sérvio Nemanja Vidic e o lateral esquerdo Patrice Evra.
Para o meio, o talentoso sul-coreano Park Ji-Sung. Os reforços ajudaram a recompor os jogadores que haviam deixado o United, casos de Phil Neville, Kléberson, Roy Keane e Quinton Fortune. Com isso, a equipe de Ferguson estava ainda mais forte, afinal, o United contava em seu elenco com “apenas” as seguintes estrelas: Ferdinand, Heinze, Piqué, Brown, Scholes, Giggs, Rooney e Cristiano Ronaldo. Com esses e muitos outros bons jogadores, era hora de o time colocar a bola no chão e fazê-la chegar dezenas e dezenas de vezes nas redes dos adversários.
Aprendendo com os erros
Na temporada 2005-2006, o United conquistou apenas uma taça, a Copa da Liga Inglesa, quando a equipe não tomou conhecimento do Wigan na decisão, em Cardiff, e goleou por 4 a 0, gols de Rooney (2), Saha e Cristiano Ronaldo. O caneco serviu como consolo para uma temporada desastrosa em níveis continentais, afinal, o time nem sequer passou da primeira fase da Liga dos Campeões da UEFA, ao ficar na última colocação de seu grupo (uma vitória, três empates e duas derrotas), atrás de Villarreal, Benfica e Lille. Um vexame para um clube com tanta tradição como o United. Ferguson percebeu que faltava entrosamento e poder de decisão para o seu time. A zaga precisava de pequenos ajustes (levou apenas quatro gols em seis jogos), mas o ataque estava fraco: três gols em seis jogos! O desempenho continental foi o divisor de águas para que Ferguson deixasse seu time mais forte e mais incisivo no ataque, fazendo com que Cristiano Ronaldo deixasse um pouco a marra de lado e jogasse bola. E foi o que ele começou a fazer.
Na temporada 2006-2007, o Manchester United foi outro. Saiu o time fraco na pontaria e entrou uma equipe mais sóbria, consistente e que errava pouco, mesmo com a saída do centroavante Ruud van Nistelrroy para o Real Madrid. O resultado veio com títulos. Primeiro, o Campeonato Inglês, conquistado de maneira brilhante graças principalmente a dupla Rooney-Ronaldo, que se entenderam, enfim, e marcaram 31 gols juntos (17 de Ronaldo e 14 de Rooney), feito que contribuiu para o United ter o melhor ataque (83 gols), maior número de vitórias no geral (28), de vitórias em casa (15) e fora dela (13). Foram seis pontos de vantagem sobre o vice-campeão, Chelsea, e apenas cinco derrotas em 38 jogos. Ainda em solo nacional, o time de Ferguson levantou a Supercopa da Inglaterra, em 2007, quando bateu o Chelsea nos pênaltis por 3 a 0, após empate em 1 a 1 no tempo normal.
LEIA TAMBÉM – Old Trafford, o Teatro dos Sonhos
Na Europa, o United foi bem na fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA e apagou o vexame do ano anterior, ficando na liderança com quatro vitórias e duas derrotas em seis jogos. Nas oitavas de final, o time eliminou o Lille (FRA) com duas vitórias por 1 a 0. Nas quartas de final, depois de perder para a Roma por 2 a 1 na Itália, o time deu o seu maior show na temporada com uma goleada impiedosa: 7 a 1, gols de Carrick (2), Smith, Rooney, Ronaldo (2) e Evra. O baile inflou o United rumo à final, mas a equipe teria o poderoso Milan pela frente, com Kaká tinindo. No primeiro jogo, em Manchester, os Devils contaram com o apoio de mais de 72 mil torcedores e partiram pra cima. Cristiano Ronaldo, logo aos 5´, abriu o placar. Mas o Milan tinha Kaká, que empatou aos 22´e virou aos 37´ em um dos mais lindos gols de sua carreira, quando ganhou na dividida de um jogador do Manchester, aplicou um chapéu em Heinze, tirou mais um com um leve toque de cabeça, e chutou no canto de van der Sar: uma obra de arte! O resultado era o melhor dos mundos para o Milan, mas o Manchester não se abalou. Rooney se endiabrou, marcou dois gols (um deles já nos acréscimos) e garantiu a vitória, de virada, do time inglês por 3 a 2 em uma das melhores partidas daquela Liga. Mas tinha a volta…
Um dilúvio caiu no San Siro naquele dia 02 de maio de 2007. Mas nem torcida nem Milan se importaram. Com mais de 80 mil pessoas, o San Siro viu uma apresentação de gala do time italiano, que sufocou o Manchester desde o início e goleou: 3 a 0, gols de Kaká, aos 11´, Seedorf, aos 30´, e Gilardino, aos 78´. Os ingleses abusaram de cometer erros (inadmissível contra uma equipe letal como o Milan) e foram derrotados categoricamente. Era o fim do sonho do tricampeonato europeu. E mais erros para Sir Alex Ferguson consertar. Faltava algo para aquele United dar liga. Mas o quê?
Deixa que o ataque resolve
Depois do fim da temporada 2006-2007, os ventos começaram a soprar de maneira diferente em Old Trafford. A mística, o reinado e a força do clube atingiriam o topo novamente com um grupo de jogadores fortíssimo, mais de um craque por posição e Cristiano Ronaldo endiabrado. Além disso, chegaram mais jogadores à equipe, caso de Tevez, Anderson e Nani. Com isso, o time ficou ainda mais forte na criação de jogadas, conclusão e eficiência no ataque. No Campeonato Inglês, os Devils levantaram mais um caneco em uma disputa emocionante com o Chelsea, que ficou apenas dois pontos atrás dos comandados de Alex Ferguson. O time fez uma temporada brilhante, com 27 vitórias, seis empates e cinco derrotas em 38 jogos, com 80 gols marcados (melhor ataque) e 22 sofridos (melhor defesa). Cristiano Ronaldo foi o artilheiro do time e do campeonato com 31 gols, anotando até seu primeiro hat-trick com a camisa vermelha, na goleada de 6 a 0 sobre o Newcastle United, quando os Devils fizeram todos os gols em apenas um tempo (!). Mas, além da taça nacional, o Manchester United queria mais. Um só troféu era pouco para aquele timaço. Era preciso mais. E eles foram atrás…
No caminho de Moscou
Na Liga dos Campeões da UEFA de 2007-2008, o United estreou numa saia justa para Cristiano Ronaldo: o craque português teve de enfrentar seu ex-time, o Sporting, em Lisboa. E justamente ele marcou o gol da vitória do United por 1 a 0. O jogador não comemorou o gol em sinal de respeito ao clube que o revelou para o futebol, ato que fez a torcida do Sporting aplaudi-lo quando o sistema de som do estádio anunciou o nome do autor do gol.
Na sequência, o time despachou a Roma, em casa, por 1 a 0 (gol de Rooney) e bateu o Dynamo Kyiv (UCR) por 4 a 2 fora de casa (gols de Ferdinand, Rooney e dois de Ronaldo). No returno do grupo, goleada por 4 a 0 sobre o Dynamo (gols de Piqué, Tevez, Rooney e Ronaldo), 2 a 1 sobre o Sporting (gols de Tevez e Ronaldo) e empate em 1 a 1 com a Roma na Itália (gol de Piqué). Líder, o time foi com moral para as oitavas de final e disposto a chegar à decisão de Moscou.
O primeiro adversário foi o forte Lyon (FRA). Na França, empate em 1 a 1, com o gol inglês marcado por Tevez. Na volta, um gol de Cristiano Ronaldo aos 41´do primeiro tempo foi o bastante para os Devils avançarem às quartas de final. Nela, novamente a freguesa Roma no caminho. No primeiro jogo, na Itália, vitória do United por 2 a 0, gols de Ronaldo e Rooney. Na volta, nova vitória magra, por 1 a 0 (gol de Tevez) e vaga na semifinal garantida. Próximo adversário? Simplesmente o Barcelona…
Pênalti na lua. Vaga em Moscou!
O duelo entre Barcelona e Manchester United foi um dos mais aguardados das semifinais da Liga dos Campeões daquele ano (talvez não mais que o clássico entre Liverpool e Chelsea). No primeiro duelo, no Camp Nou, mais de 98 mil pessoas empurraram um Barça que começava a encantar com Valdés, Rafa Márquez, Xavi, Iniesta, Zambrotta, Abidal, Deco, Messi e Eto´o, com Frank Rijkaard no comando técnico. O Barcelona foi melhor, manteve a bola durante 61% do tempo em seus pés, chutou oito vezes ao gol, mas não conseguiu furar a sólida defesa do United. Já os ingleses ficaram acuados e na única chance que tiveram, Cristiano Ronaldo desperdiçou. O craque português chutou para fora (com um leve toque na trave) um pênalti logo no início do jogo, mantendo o placar em 0 a 0.
Na volta, o Manchester mostrou sua força e de seu alçapão, conseguiu segurar o ímpeto do adversário e venceu os catalães por 1 a 0, gol de Scholes aos 14´do primeiro tempo, num chutaço de fora da área. De novo por 1 a 0, o United conseguia a classificação em casa, mas dessa vez era a definitiva: para a grande final da Liga dos Campeões da UEFA de 2007-2008, contra sua maior pedra no sapato nos últimos anos: o Chelsea.
Pela honra
Na grande final da Liga de 2008, no estádio Luzhniki, em Moscou (RUS), o Manchester United jogaria pelo tricampeonato continental, pela coroação de uma temporada quase impecável (só deixou escapar as Copas nacionais, que ficaram em segundo plano) e pela honra. Era a primeira vez que dois times ingleses faziam a final do maior torneio de clubes do continente e o United não poderia sair derrotado para um clube que vivia dos dólares recentes da própria Rússia e que não tinha nem 1/3 da história e sucesso dos Red Devils. Uma derrota seria lastimável, mas não seria surpresa, pois o Chelsea do técnico Avram Grant vinha forte e coeso, com Cech, Essien, Ricardo Carvalho, Terry, Ashley Cole, Makélélé, Ballack, Lampard, Joe Cole, Malouda e Drogba, além de Alex, Obi, Shevchenko, Kalou e Anelka no banco. Uma seleção das mais apelativas! O United foi a campo com o que tinha de melhor também: van der Sar, Brown, Ferdinand, Vidic, Evra, Hargreaves, Scholes, Carrick, Cristiano Ronaldo, Rooney e Tevez, além de O´Shea, Anderson, Giggs, Nani e Fletcher no banco.
Seria um grande jogo, com muito equilíbrio e muita disputa, como realmente foi. O Manchester começou melhor e abriu o placar com o artilheiro da Liga, com 8 gols, e eleito melhor jogador do torneio: Cristiano Ronaldo, aos 26´do primeiro tempo. O Chelsea não se abateu e buscou o empate com Lampard, no finalzinho do primeiro tempo. O placar em 1 a 1 seguiu até o final do jogo, forçando a prorrogação. Nela, nada de gols, somente nervosismo e a expulsão de Drogba faltando quatro minutos para o fim. Com o apito final, o campeão europeu seria decidido nos pênaltis.
Três vezes United
Nas cobranças, o United converteu com Tevez, Carrick, Hargreaves e Nani. Cristiano Ronaldo, justo ele, perdeu seu chute para a defesa de Cech. O Chelsea viu seus batedores converterem todas as quatro primeiras cobranças com Ballack, Belletti, Lampard e Ashley Cole. Esteve nos pés de Terry o título europeu dos Blues, mas o zagueiro e capitão escorregou e chutou na trave, dando sobrevida ao United. Nas cobranças alternadas, Anderson e Giggs fizeram para o United e Kalou para o Chelsea. Na hora do chute de Anelka… van der Sar defendeu! O goleiro holandês garantia aos Red Devils a mais cobiçada taça do continente europeu! A Liga dos Campeões da UEFA de 2007-2008 era de Old Trafford. O que podia ser melhor e maior? Ora, o Mundial de Clubes da FIFA.
Show de gols antes da final
Com a vaga no Mundial de Clubes de dezembro, o United ainda encontrou tempo para abocanhar mais um troféu no ano, a Supercopa da Inglaterra, quando empatou sem gols com o Portsmouth e venceu nos pênaltis por 3 a 1. Na Supercopa da UEFA, porém, derrota por 2 a 1 para o Zenit (RUS). O time foi para a terra do sol nascente com suas estrelas e focado, sem desmerecer o torneio a exemplo de seus compatriotas britânicos, que nunca tiveram sucesso na competição. O United lutaria pelo bicampeonato e pela hegemonia como único time inglês campeão do mundo. Os Devils estrearam contra o Gamba Osaka, do Japão, nas semifinais. Os japoneses apostavam mais na correria e na vontade do que na técnica, e o United no toque de bola envolvente e no poder de finalização.
A equipe inglesa abriu o placar aos 28´com Vidic. Nos acréscimos do primeiro tempo, Cristiano Ronaldo ampliou. Na segunda etapa, Yamazaki diminuiu para os japoneses, mas um minuto depois Rooney fez 3 a 1. Três minutos depois, Fletcher fez 4 a 1 e, um minuto depois, Rooney fez o quinto gol. O show e a classificação estavam garantidos, mas o Osaka ainda marcou dois gols com Endo, aos 40´, e Hashimoto, aos 46´: 5 a 3. O United e seu rival escreviam uma página histórica naquele jogo, que se tornou o com maior número de gols na história dos mundiais de clubes contando até mesmo os tempos da Copa Intercontinental. Até então, o jogo com maior número de gols havia sido no longínquo ano de 1962, quando o Santos de Pelé aplicou 5 a 2 no Benfica de Eusébio.
Mundo vermelho
Na grande final do Mundial, o Manchester United encarou a LDU (EQU), campeã da Libertadores de 2008 e que tinha em seu elenco jogadores de muita qualidade, caso de Cevallos, Araujo, Reasco, Urrutia, Ambrosi, Bolaños, Bieler e Manso. A exemplo de 1999, quando conquistou seu primeiro título mundial, o United jogou de vermelho. E deu sorte. Num jogo muito pegado, disputado e com várias chances, coube a Rooney inaugurar o placar aos 73´da segunda etapa, dando a vitória por 1 a 0 e o bicampeonato mundial ao United. Era a taça final para coroar uma temporada mágica, que consagrou de vez o time inglês como o mais bem sucedido dos últimos anos na Europa e no planeta. E, acima de tudo, serviu para deixar o United dois pedestais acima dos rivais. Campeão do mundo na Inglaterra? Só o United.
Fome de títulos e o tri
Na temporada 2008-2009, o Manchester quis manter sua vocação campeã, ainda mais com seu maior craque, Cristiano Ronaldo, eleito Melhor Jogador do Mundo pela FIFA de 2008. E conseguiu, pelo menos em casa. O time faturou a Copa da Liga Inglesa derrotando o Tottenham Hotspur na final por 4 a 1 nos pênaltis, após empate sem gols no tempo normal. No Campeonato Inglês, mais um título, o tricampeonato consecutivo, com quatro pontos a frente do vice-campeão, Liverpool. O United chegou ao seu 18º caneco e igualou o número de taças do Liverpool, além de o clube fazer novamente uma campanha consistente e imponente, com 28 vitórias, seis empates e somente quatro derrotas em 38 jogos, com 68 gols marcados e 24 sofridos (melhor defesa, ao lado do Chelsea).
Cristiano Ronaldo, então o melhor jogador do mundo (eleito em 2008), foi novamente decisivo e contribui demais com o título anotando 18 gols, apenas um a menos que o artilheiro da competição, Anelka, do Chelsea. Só faltou para os Devils o título da Copa da Inglaterra, que foi perdido nas semifinais, quando os comandados de Ferguson caíram diante do Everton, nos pênaltis.
Na Liga dos Campeões da UEFA, os Devils empataram sem gols com o Villarreal em casa, no primeiro jogo da fase de grupos. Na sequência, vitória por 3 a 0 sobre o Aalborg (DIN) fora de casa, gols de Rooney e Berbatov (2); vitória por 3 a 0 sobre o Celtic, em casa, com gols de Berbatov (2) e Rooney; empate em 1 a 1 com o Celtic na Escócia (gol de Giggs); empate sem gols com o Villarreal na Espanha e novo empate, em 2 a 2, com o Aalborg em Old Trafford, com gols de Tevez e Rooney. A equipe conseguiu a classificação com apenas um ponto a mais que o vice-líder do grupo, o Villarreal. Naquela primeira fase, chamou a atenção a falta de gols de Cristiano Ronaldo, que não balançou as redes em nenhuma das seis partidas.
Rumo à Roma
Nas oitavas de final, o United encarou a Internazionale (ITA). No primeiro jogo, em Milão, empate sem gols. Na volta, vitória inglesa por 2 a 0, com a quebra do jejum de Ronaldo, que marcou um gol (o outro foi de Vidic). Nas quartas de final, duelo eletrizante com o Porto (POR), em Old Trafford. Rodríguez abriu o placar para os portugueses, mas Rooney empatou. Na segunda etapa, Tevez virou aos 40´, mas Mariano empatou aos 44´. O empate em 2 a 2 causou calafrios nos torcedores do United. Será que a equipe seria capaz de derrotar o Porto em pleno estádio do Dragão?
Diante de mais de 50 mil pessoas, o United mostrou as cartas logo no começo do jogo e Cristiano Ronaldo abriu o placar com seis minutos de jogo. Foi o bastante para que os ingleses segurassem a pressão com muita classe e frieza e conseguissem a classificação para a terceira semifinal seguida. O adversário seria um rival doméstico: o Arsenal.
No primeiro jogo, num Old Trafford repleto, o United encontrou o caminho do gol com 17´ de jogo, num tento de O´Shea. O Arsenal bem que tentou igualar o placar, mas não conseguiu. Na partida de volta, em Londres, o United deu show. Park abriu o placar aos 8´. Cristiano Ronaldo ampliou aos 11´e aos 61´. Com 4 a 0 no placar agregado, os Devils cantavam e cantavam em pleno Emirates Stadium. O atacante van Persie até descontou para o Arsenal, aos 76´, de pênalti, mas era tarde. Os vermelhos de Manchester estavam pela segunda vez seguida em uma final europeia. Levando em consideração que tinham 100% de aproveitamento nas finais anteriores, a torcida tinha convicção no título. Mas eles não contavam com um esquadrão azul e grená no meio do caminho…
Fim do sonho
O estádio Olímpico de Roma, na Itália, poderia ser o palco de um marco histórico do Manchester United. O clube inglês, caso levantasse o tetra, se tornaria o primeiro time desde o irresistível Milan de van Basten, Gullit, Rijkaard, Baresi e Maldini de 1989/1990 a conquistar a Liga dos Campeões da UEFA duas vezes seguidas. Os comandados de Ferguson estavam dispostos a isso e a manter o 100% de aproveitamento em decisões europeias. Mas, do outro lado, havia um adversário claramente superior tecnicamente, taticamente e recheado de talentos: o Barcelona. O clube havia vencido tudo naquela temporada e só faltava o título europeu para a consagração final e para o “Treble”, a tríplice coroa deles, que consiste em Liga nacional, Copa nacional e Liga dos Campeões.
Comandados por Guardiola, os catalães tinham um time formidável, com estrelas como Puyol, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta, Messi, Henry e Eto´o. A partida começou quente e com chances dos dois lados, até que aos 10 minutos o matador Eto´o abriu o placar para o Barça. O gol fez o Manchester tentar de todas as maneiras chegar ao gol, mas sempre parando nas defesas de Valdés ou na falta de pontaria de C. Ronaldo. Como quem não faz leva, Messi, aos 70´, marcou o segundo gol, decretando a vitória por 2 a 0 e o terceiro título de campeão europeu ao Barcelona. O United perdia a chance de fazer história e de ficar ainda mais próximo do rival Liverpool em número de títulos (os Reds têm cinco, contra três do United). Ali, começaria o fim da espinha dorsal de um time multicampeão.
Adeus de Cristiano e as taças derradeiras
Ao término da temporada 2008-2009, o United perdeu seu grande astro, Cristiano Ronaldo, para o Real Madrid, que pagou a maior fortuna por um jogador na história do futebol mundial na época: 131 milhões de dólares (!). Sem o astro português, o time perdeu demais em qualidade no ataque e não brilhou mais como antes, conquistando as modestas Copas da Liga Inglesa na temporada 2009-2010 e a Supercopa da Inglaterra de 2010. O time ainda conseguiu chegar a mais uma final de Liga dos Campeões da UEFA em 2010-2011, mas foi atropelado novamente pelo Barcelona. O encanto dos Devils tinha acabado. A torcida espera que os bons tempos retornem o quanto antes. Enquanto isso, resta recordar com muita nostalgia os feitos de um time que aliava força defensiva a criatividade no meio campo e ataque, com um português que fazia o que queria com os adversários. Um esquadrão imortal.
Os personagens:
Edwin van der Sar: elástico, seguro e muito ágil, o goleiro relevado pelo Ajax chegou ao United já veterano e com todos os títulos possíveis na bagagem. Mesmo rodado, foi essencial para o sucesso do United no período em que ficou na equipe de 2005 até 2011, quando se aposentou. Exímio pegador de pênaltis, Van der Sar defendeu o chute de Anelka que garantiu o tricampeonato europeu ao clube de Old Trafford. Foi ídolo incontestável da torcida. Um dos melhores goleiros da história do futebol holandês e mundial. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Wes Brown: foi muito regular na lateral-direita do United por anos, fazendo parte do elenco do time na célebre temporada 1998-1999, quando os Devils conquistaram o Treble. Muito forte no apoio ao ataque e defensivamente, atuou em quase todos os jogos decisivos do time entre 2007 e 2010.
Rafael: desembarcou do Fluminense junto com seu irmão gêmeo, Fábio, mas apenas ele, Rafael, foi quem teve sucesso. Muito bom no apoio ao ataque, mas fraco defensivamente, ganhou a simpatia de Ferguson e contribuiu para os títulos pós-2008.
Ferdinand: um dos maiores zagueiros do mundo entre 2006 e 2010, Rio foi peça fundamental para o sucesso defensivo do United no período. Ao lado de Vidic, compôs verdadeiras torres gêmeas imponentes e que causavam medo nos adversários. Leal, perfeito no desarme e na antecipação, foi ele quem levantou a taça da Liga dos Campeões de 2008, como capitão.
Vidic: outro craque na zaga, o sérvio Vidic era praticamente um “gêmeo” de Ferdinand no estilo de jogo e na eficiência. Contribuiu para que o United ficasse vários jogos sem levar gols.
Evra: sério, vigoroso, técnico e fundamental. Esse é Patrice Evra, ícone na lateral-esquerda do United e outro jogador essencial para a defesa do time no período. Foi trazido para o time inglês depois de voar em campo com a camisa do Monaco (FRA) que foi finalista da Liga dos Campeões da UEFA de 2004. Lembra muito o estilo de jogo do compatriota Lilian Thuram, mas do outro lado do campo.
Hargreaves: nasceu o Canadá, mas se naturalizou inglês. Não tem a qualidade de outros companheiros de time no meio de campo, mas ajudou quando preciso.
Park Ji-Sung: chegou ao United em 2005 e virou um dos grandes meio campistas do time graças a sua técnica e velocidade. Pecava um pouco, porém, na hora de finalizar. Teve papel importante na campanha do bicampeonato mundial de 2008.
Scholes: eterno ídolo e craque do time, Scholes foi o motorzinho do meio de campo do time nos anos mágicos de 1998 e 1999 e também entre 2007 e 2010. Com notável visão de jogo, chegava como elemento surpresa nas defesas rivais e marcava muitos gols. Se aposentou em 2011, mas voltou atrás, para delírio da torcida, que o tem como xodó. O golaço que marcou contra o Barcelona, na semifinal da Liga dos Campeões de 2008, ainda está guardado na memória da torcida. Craque e símbolo do clube, seu único na carreira.
Carrick: grande volante, foi essencial para o sucesso do United tanto em casa quanto na Europa. Muito bom na marcação e no apoio ao ataque, o inglês foi um dos mais utilizados por Ferguson no período, mesmo com a concorrência acirrada.
Giggs: o “Mago Galês” é um mito do Manchester United e se consagrou como um dos maiores craques do futebol mundial graças ao seu desempenho nos anos mágicos de 1998 e 1999 e entre 2007 e 2010 no time inglês. Giggs foi o maestro do time no meio de campo e no ataque, dando passes precisos, fazendo tabelas irresistíveis e marcando golaços. O craque foi descoberto, quem diria, no rival do MU, o Manchester City, em 1987, por Ferguson. Genial. E ídolo. Disputou mais de 900 jogos pelo United.
Anderson: foi o segundo jogador brasileiro a defender o Manchester United na história (o primeiro foi Kléberson). Depois de passagens marcantes no Grêmio e no Porto, o jovem volante e meia conseguiu ganhar espaço no concorrido meio de campo dos Devils, tendo atuações de destaque quando era titular e até mesmo quando entrava no decorrer dos jogos. Marcou um dos gols do time na decisão por pênaltis contra o Chelsea, na final da Liga dos Campeões da UEFA de 2008.
Cristiano Ronaldo: dizem que Cristiano Ronaldo viveu seu auge com a camisa do Real Madrid. Mas, e nos tempos de United, em que ele gastou a bola e foi eleito o melhor jogador do mundo em 2008? O “gajo” jogou muita bola com a camisa vermelha e foi, sem dúvida, um dos maiores responsáveis pelo sucesso do time entre 2007 e 2009. Decisivo, marrento e arisco, chamava para si o jogo e decidia partidas sozinho. Só não ganhou mais troféus de melhor do mundo porque um tal de Messi resolveu jogar muito mais que ele… Ídolo da torcida e um craque histórico, que manteve a sina e magia da camisa 7 do United. CR7 marcou 118 gols em 292 jogos em sua primeira passagem pelos Red Devils – ele retornou ao clube em 2021.
Carlos Tevez: o talentoso e raçudo atacante argentino marcou vários e importantes gols no período em que vestiu a camisa do United, mas nunca teve a simpatia de Ferguson, fato que o prejudicou e culminou com sua saída do time para o rival Manchester City. Mesmo assim, teve papel importante nas conquistas da Liga dos Campeões da UEFA e do Mundial, ambos em 2008.
Nani: seu estilo de jogo lembra o do compatriota Ronaldo, nas devidas proporções, claro. É muito rápido e habilidoso, e marca seus gols. Com a concorrência no ataque do time entre 2007 e 2010, ficou no banco muitas vezes, ganhando a posição com o passar do tempo e com a saída de Ronaldo e Tévez.
Berbatov: chegou com a fama de matador, mas não cumpriu com a expectativa. Marcou gols, claro, mas não com a frequência que a torcida esperava.
Wayne Rooney: um dos maiores ídolos do United, Rooney explodiu com a camisa vermelha exatamente nos novos anos de ouro da equipe, entre 2007 e 2009. Habilidoso, rápido, forte e muito técnico, foi uma das maiores revelações do futebol inglês nos últimos tempos. Fez o gol do título mundial de 2008. É o maior artilheiro da história do clube com 253 gols em 559 jogos.
Sir Alex Ferguson (Técnico): o que dizer do Sir, que está no comando do MU desde 1986 e já conquistou todos os títulos possíveis para um treinador de clube, além de ter tido o privilégio de construir e comandar dois dos maiores Manchester United de todos os tempos, o esquadrão de 1998-1999 e o de 2007-2009? Ferguson é uma lenda viva do MU, um homem que já superou a barreira do tempo e que será eterno como as glórias e conquistas de um dos maiores clubes do planeta. Genial, capaz de mexer no brio do time e de usar todas as qualidades e truques que seus jogadores podem oferecer, Ferguson tem estrela, inteligência e conhecimento puro. É um imortal da bola. Leia mais sobre ele clicando aqui.
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Timaço. se na inglaterra eu sou United é por causa desse esquadrão
Excelente artigo, espectacular como sempre! Dava gosto ver esse Man Utd jogar, bom recordar estes tempos.
Acho que exagerou um pouco nos elogios a Wes Brown (claramente o elo mais fraco da equipa, mas não tinham ninguém de jeito)
e à técnica e talento de Park, bom jogador mas nada de fantástico como o texto dá a entender.
Cumprimentos e continuação de bom trabalho !
legal mais todos sabemos que para os europeus a Champions League é muito mais importante do que o Mundial
Um dos melhores jogos que eu vi na vida. Empolgante. Queria que o Chelsea levantasse a “velhinha orelhuda”. :/
o poster do inicio é de qual campeonato ??
É o time posado antes da final da Liga dos Campeões da UEFA de 2008, Roger, contra o Chelsea! Abraços!
Único time no atual formato da ucl
a chegar em duas finais consecutivas
imortal!!!