Grande feito: Campeão do Campeonato Brasileiro de 1974. Conquistou o primeiro grande título nacional da história do Vasco.
Time-base: Andrada; Fidélis (Paulo César), Miguel, Moisés (Joel) e Alfinete; Alcir, Zanata e Ademir (Fernando Peres / Fred / Amarildo); Jorginho Carvoeiro (Jaílson), Roberto Dinamite e Luiz Carlos. Técnico: Mário Travaglini.
“É mesmo da Fuzarca!”
Por Guilherme Diniz
Já consagrado com seu esquadrão multicampeão carioca e sul-americano dos anos 1940 e 1950, o Vasco entrou na década de 1970 querendo expandir ainda mais sua fama. E o principal caminho para isso era o Campeonato Brasileiro, criado em 1971 e que iria se consolidar como principal competição nacional do país. E era esse tipo de torneio que o cruzmaltino ainda não tinha em sua galeria, afinal, o clube não conseguiu conquistar a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, predecessores do Brasileirão. Até que, em 1974, o Gigante da Colina conseguiu acabar com aquele incômodo jejum ao levantar pela primeira vez o Campeonato Brasileiro com um time extremamente competitivo, forte jogando sob seus domínios e com um craque fora de série que iniciou naquele exato ano de 1974 uma simbiose com a competição: Roberto Dinamite, até hoje o maior artilheiro do torneio nacional e goleador daquele ano. Superando pelo caminho equipes como o Santos, que ainda tinha Pelé, Internacional e o Cruzeiro de Dirceu Lopes, Piazza, Perfumo e Nelinho, o Vasco aumentou ainda mais seu número de torcedores espalhados pelo Brasil com uma campanha marcante, recheada de vitórias impossíveis e no embalo de seu mais lendário artilheiro, provando que aquela turma era mesmo boa, da fuzarca! É hora de relembrar.
Modesto, mas ambicioso
Depois do título carioca de 1970, o Vasco amargou anos difíceis e sem grandes feitos, o que certamente o tiraria dos favoritos das apostas esportivas se fosse nos dias atuais. A dupla Fla-Flu dominou o cenário estadual entre 1971 e 1974, enquanto que Atlético-MG e Palmeiras ficaram com os primeiros três títulos do recém-criado Campeonato Brasileiro, sendo o Galo campeão de 1971 e o Verdão em 1972 e 1973. Querendo acabar com a fila, a diretoria cruzmaltina trouxe o técnico Mário Travaglini em 1972 para assumir o Vasco, apostando na visão moderna de jogo do treinador, que sempre se inspirou em grandes equipes do futebol europeu para pôr em prática as táticas que via no Velho Continente. Campeão paulista, da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa pelo Palmeiras no final da década de 1960, Travaglini tinha experiência de sobra e podia ajudar o Vasco a tentar algum voo mais alto no torneio nacional de 1974, que seria disputado por 40 clubes divididos por dois grupos de 20 clubes cada, com as vitórias valendo dois pontos. Iriam se classificar os dez primeiros colocados de cada chave, mais os dois próximos na classificação independente da chave, mais os dois clubes com maior arrecadação/público entre os não classificados pelos critérios anteriores – sim, eram tempos de regulamentos sombrios da CBD…
Longe de ser considerado um favorito, o Vasco tinha um elenco jovem, mas com alguns atletas experientes e fundamentais para a sobriedade do time como Andrada, Fidélis, Alcir Portela e Amarildo, o “Possesso”, que voltou em 1973 para encerrar a carreira no clube. Além deles, o jovem Roberto Dinamite, de 20 anos, era certeza de bola na rede, afinal, o craque crescia a cada dia como um dos principais atletas do futebol nacional. Ele se posicionava bem, cobrava faltas com precisão, dificilmente perdia uma dividida, era forte e difícil de ser marcado. Quando recebia uma bola, a protegia como poucos e o caminho natural era mesmo o gol. E, quando o Brasileirão começou, o artilheiro só iria realçar tais predicados.
Vaga garantida
O grupo do Vasco na primeira fase era bem complicado. Ao lado dos cariocas estava o Internacional – com a base do time que viria a ser bicampeão brasileiro em 1975/1976 – Flamengo, Grêmio e Fluminense. A estreia foi contra o Coritiba e o Gigante da Colina venceu por 2 a 0, gols de Roberto Dinamite e Luiz Carlos. Na sequência, empate sem gols contra a Desportiva-ES e em 1 a 1 com o Flamengo (gol de Roberto). Depois de vencer o Remo por 2 a 1 (mais um gol de Roberto), o Vasco emendou quatro empates em 0 a 0 seguidos, muito por causa dos desfalques que acometeram o time no período. A classificação ficou em risco ainda mais depois da derrota por 2 a 1 para o Fluminense, em 21 de abril, resultado que obrigava o Vasco a vencer o próximo jogo se quisesse seguir vivo por uma vaga.
Para alívio da torcida, o cruzmaltino derrotou o América-RN por 3 a 2 (com dois gols de Roberto Dinamite), venceu a Itabaiana-SE por 3 a 0 (um gol de Roberto) e empatou em 1 a 1 com o Olaria (mais um gol de Roberto). Nos sete jogos seguintes, o Vasco venceu três – com destaque para os 3 a 1 sobre o Internacional, com três gols de Roberto -, empatou um e perdeu três, desempenho que classificou o clube carioca em 7º lugar com sete vitórias, oito empates e quatro derrotas em 19 jogos. O líder da chave foi o Grêmio, seguido de Flamengo, America-RJ, Vitória, Internacional e Athletico-PR.
No embalo do artilheiro
A segunda fase não permitia erros ao Vasco. No Grupo 2, os cariocas tinham cinco jogos pela frente e deveriam vencer pelo menos três se quisessem avançar, afinal, apenas o campeão de cada um dos quatro grupos iria para o quadrangular decisivo. E foi naquela reta final que o Vasco mostrou sua força. Com a retaguarda em ótima fase no embalo de Andrada, Fidélis, Miguel, Moisés e Alfinete, a equipe não sofreu nenhum gol e derrotou o Operário-MS por 3 a 0 (gols de Fred, Roberto e Marião, contra), o Atlético-MG em pleno Mineirão por 2 a 0 (gols de Jaílson e Roberto) e o Corinthians, no Maracanã, por 2 a 0 (gols de Roberto e Jaílson).
Os empates sem gols contra Nacional-AM e Vitória garantiram a liderança com 8 pontos e a vaga na etapa final do Brasileirão. Mais uma vez seriam jogos únicos contra cada um dos três rivais. Àquela altura, o Vasco era um time pronto para ser campeão. Os jogadores demonstraram enorme profissionalismo e o técnico Mário Travaglini conversava bastante com o elenco antes das partidas, unindo sempre os 11 titulares do próximo jogo em bate-papos sobre táticas, o que melhorar, etc.
Travaglini ainda comentou na época que, após a vitória sobre o Atlético, no Mineirão, o médico do clube liberou 10 garrafas de vinho para os jogadores celebrarem. Sobraram oito… Ou seja, ninguém queria exagerar nem se prejudicar para o restante da competição. Era foco total no inédito título brasileiro. Um fato em destaque era a união do grupo e o apoio que o jovem Roberto Dinamite tinha dos jogadores na época. Ele mesmo comentou sobre a proteção que tinha dos mais experientes em entrevista ao site ogol.com.br:
“Eu era um jovem entrando em uma equipe que realmente tinha jogadores mais experientes e que me deram todo o apoio para que eu pudesse chegar a essa condição, de titular, de artilheiro. Teve um jogo no Nordeste que comecei a sofrer uma marcação muito forte, um cara fez uma falta, depois outra, depois a terceira. Depois recebi uma bola e vi que o cara estava vindo para me dar uma ‘porrada’. Aí escorei com o cotovelo, que pegou no peito do cara, que caiu. Os adversários vieram todos para cima de mim. E esse Vasco tinha Moisés, Renê, Alcir, jogadores mais experientes. E eles fizeram uma roda, me colocaram no meio e falaram: ‘Nesse garoto, ninguém toca’. Para mim, no início de carreira, ouvir dos meus companheiros isso, me senti mais forte durante a competição”.
Briga ferrenha e o bizarro jogo extra
O quadrangular final do Brasileirão de 1974 reuniu gigantes em busca do título: o Santos, que tinha Pelé, Cejas, Edu e Marinho Peres, o Internacional de Manga, Falcão, Carpegiani e Valdomiro e o favorito Cruzeiro de Nelinho, Perfumo, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e Palhinha. O Vasco, perto desses esquadrões, era considerado “azarão”, mas o técnico Travaglini tinha em mãos um elenco muito competitivo que apostava na força defensiva, na torcida do Maracanã e, claro, nos gols decisivos de Roberto Dinamite, em grande fase e artilheiro do torneio. O primeiro jogo foi no Rio, contra o Santos, e Luiz Carlos abriu o placar para os cariocas. Pelé, de falta, empatou para o Santos, mas Roberto Dinamite, a quatro minutos do fim, fez 2 a 1 e decretou a vitória cruzmaltina no templo do futebol.
A vitória embalou o Vasco para o duelo decisivo contra o Cruzeiro, em Minas, que poderia deixar os cariocas muito próximos do título. A partida foi dificílima e os mineiros abriram o placar no primeiro tempo, mas Alfinete empatou na etapa complementar e o resultado de 1 a 1 deixou tudo aberto para a rodada final. Só que o jogo terminou quente por causa de um suposto pênalti não marcado em Palhinha pelo árbitro Sebastião Rufino que fez com que o dirigente do Cruzeiro Carmine Furletti invadisse o gramado para tentar agredir o árbitro. O técnico cruzeirense Hilton Chaves também foi discutir com o bandeirinha e aquelas trocas de farpas saíram caras para os mineiros – explico já, já.
No último jogo, o Vasco precisava apenas vencer o Inter no Maracanã para ficar com a taça. E, logo no primeiro tempo, Roberto Dinamite e Zanata abriram 2 a 0 para os vascaínos. A festa da torcida – mais de 118 mil pessoas! – foi enorme e tudo levava a crer que os cariocas seriam campeões. Mas o time relaxou na segunda etapa e o Inter empatou nos últimos 20 minutos – gols de Lula e Escurinho -, resultado que deixou Vasco e Cruzeiro empatados com quatro pontos, enquanto que Inter e Santos permaneceram com dois cada. Com isso, foi necessário um jogo extra, cujo mandante seria o clube com melhor campanha ao longo do campeonato, no caso, o Cruzeiro, que tinha 38 pontos contra 34 do Vasco.
Mas… Lembra da tentativa de agressão dos dirigentes cruzeirenses naquele jogo contra o Vasco? Pois é. Ela acabou mudando o jogo extra para o Rio de Janeiro como forma de punição aos mineiros baseada no artigo 59 do regulamento do Campeonato Brasileiro:
Quando houver tentativa de agressão ou agressão, por parte do público ou de qualquer dirigente, associado ou empregado das associações locais, ao árbitro, seus auxiliares, dirigentes, empregados ou jogadores da associação visitante, o Departamento de Futebol da CBD reestruturará a tabela do Campeonato, invertendo o mando de três dos jogos subsequentes da associação local.
Sabendo desse artigo, o Vasco exigiu junto à CBD a mudança do local do jogo extra para o Rio de Janeiro, motivando a ira dos cruzeirenses, que alegavam que tal artigo não havia sido aplicado em outros jogos do campeonato, por isso, não deveria ser considerado naquele momento. Porém, nenhum clube se lembrou de usá-lo em tempo hábil, por isso, deveria ser aplicado o regulamento. Depois de muita discussão, o jogo ficou marcado mesmo para o Maracanã, que acabou sendo bom também para o Cruzeiro, que teria direito a uma parte da verba da bilheteria no estádio carioca – maior, portanto, mais lucrativo para eles – e também com a escalação de Wilson Piazza, que levou um terceiro cartão amarelo contra o Santos, mas “ganhou” a vaga na final.
Gigante do Brasil!
Jogando de preto, enquanto os cruzeirenses foram de branco, o Vasco teve a maioria dos 112 mil torcedores no Maracanã. Nos primeiros 25 minutos, o jogo foi bastante tenso, com os times marcando muito e criando pouco. A zaga vascaína mais uma vez era soberana, principalmente com Moisés e Alfinete, que impediam a estrela Dirceu Lopes de levar perigo ao gol de Andrada. O Vasco começou a sair mais pro jogo após os seis minutos e demonstrava mais perigo quando tinha a bola no pé, arriscando de maneira mais incisiva e obrigando o goleiro Vítor a trabalhar. Até que, aos 14’, Zanata cobrou falta da direita e, na confusão dentro da área, a bola estourou em Darci Meneses e sobrou para Ademir, que bateu sem chances para Vítor: 1 a 0.
O gol inflou o Vasco, que seguiu no ataque e quase fez o segundo em chances de Zanata, de fora da área, e Jorginho Carvoeiro, em gol mal anulado pelo árbitro (impedimento, que não houve) que praticamente selaria o título do Vasco. Ao final da primeira etapa, a torcida celebrava a vitória, mas reticente por conta do empate sofrido pelo Inter no jogo anterior. Era preciso respeito e concentração, afinal, o Cruzeiro era muito forte. No segundo tempo, começou o drama vascaíno com Andrada e Moisés jogando no sacrifício por causa de dores musculares. Além disso, o técnico cruzeirense colocou Joãozinho no ataque e deu muita velocidade ao time mineiro, que partiu pra cima e chegou ao empate aos 19’, em um chute característico – e violento! – de Nelinho que não deu chance alguma ao goleiro Andrada.
A torcida percebeu que o Vasco precisava dela. E começou a cantar e empurrar o time. Os jogadores perceberam aquilo e não se deixaram abater. Aos 33’, Alcir lançou Jorginho em excelente posição. O atacante trombou com o goleiro Vítor, mas a bola sobrou livre para o ponta-direita, que bateu à meia-altura. Era o gol do título. O Maracanã explodiu e a torcida vascaína transformou as arquibancadas em um mar de alegria e delírio! O Cruzeiro ainda teve uma grande chance, mas um gol dos mineiros foi anulado por impedimento, também equivocado como no gol vascaíno do primeiro tempo.
Bem marcado, Roberto Dinamite não fez gol, mas cumpriu seu papel no triunfo levando a marcação consigo e dando muito trabalho a Roberto Perfumo. Ao apito final, o Brasil era do Vasco pela primeira vez. A conquista nacional popularizou ainda mais o famoso grito de guerra da torcida vascaína: “Atenção, vascaínos! Ao Vasco, nada? Tudo! Então, como é que é, que é, que é? Casaca, casaca, casaca, zaca, zaca. A turma é boa. É mesmo da fuzarca. Vasco! Vasco! Vasco!”. Foi o primeiro título de Roberto Dinamite pelo Vasco e a consagração da promessa em ídolo instantâneo.
“Foi o início de tudo, inclusive de minha condição de titular na equipe. A conquista do Brasileiro de 1974 me deu a confiança necessária para seguir a carreira e chegar aonde cheguei. Tecnicamente, o Cruzeiro era melhor, mas nós superamos tudo com muita determinação e disciplina. Isso também serviu de exemplo para toda a minha carreira”. – Roberto Dinamite, em entrevista ao site NetVasco, agosto de 2013.
Roberto foi o artilheiro do campeonato com 16 gols e o Vasco terminou com 12 vitórias, 12 empates, 4 derrotas, 33 gols marcados e 18 gols sofridos em 28 jogos. O desempenho vascaíno na decisão foi louvável, com o time jogando muito bem, dando passes precisos e muita organização. Todos jogaram bem, principalmente o setor de meio de campo e a zaga, que neutralizou as principais ofensivas do Cruzeiro. E venceu o time mais consistente do torneio, que superou o melhor time do Rio Grande do Sul na época (Internacional), o melhor baiano (Vitória), o melhor paulista (Santos) e o melhor mineiro (Cruzeiro). Ou seja, venceu o melhor. E, em 1974, foi o Vasco.
À espera da SeleVasco
O título brasileiro cravou de vez o lugar do Vasco entre as maiores potências do país na década e o clube seguiu competitivo, faturando os Campeonatos Cariocas de 1977, 1982, 1987 e 1988, mas bateu na trave quando tentou conquistar os Brasileirões de 1979 – perdeu para o Inter – e 1984 – perdeu para o Fluminense. Só no final da década de 1980, com o timaço comandado por Acácio, Luiz Carlos Winck, Quiñonez, Mazinho, Bismarck, Sorato e Bebeto que o Vasco iria reconquistar o Brasil e faturar o bicampeonato. Mas o título de 1974 segue como um dos mais cultuados pela torcida por fazer do Gigante da Colina o primeiro carioca campeão do Campeonato Brasileiro e por ser o primeiro dos muitos títulos conquistados pelo maior ídolo do clube, Roberto Dinamite, que “dinamitou” o Brasil em 1974 e fez daquele Vasco imortal.
Os personagens:
Andrada: jogou de 1969 até 1975 no Vasco e ficou conhecido no Brasil por ter levado o milésimo gol de Pelé, mas o argentino foi muito mais do que isso. Um dos principais goleiros de seu tempo, Andrada era ágil, habilidoso, seguro e excelente no posicionamento. Foi um dos principais responsáveis pelo ótimo sistema defensivo do Vasco naquela época e pela baixíssima média de gols sofridos da equipe. É um dos maiores goleiros do clube em todos os tempos.
Fidélis: cria do Bangu, o lateral-direito chegou ao Vasco em 1969 e foi titular absoluto do time até 1975. Experiente e integrante da seleção brasileira na Copa de 1966, dava muita segurança ao setor defensivo e tinha bom passe, além de esbanjar ótimo preparo físico. Único do elenco a disputar todas as partidas do título.
Paulo César: lateral, atuou em alguns jogos da equipe na temporada, mas não era titular absoluto. Era outro atleta experiente que ajudava bastante no cotidiano do clube.
Miguel: um dos mais talentosos e técnicos zagueiros da história do Vasco, formou uma dupla inesquecível ao lado de Moisés e venceu a Bola de Prata de 1974 de melhor zagueiro da competição.
Moisés: zagueiro que não aliviava nas divididas e verdadeiro xerife, foi um dos principais defensores do país nos anos 1970 e fez um grande Brasileirão naquele ano. Tempo depois, virou ídolo do Corinthians, atuando na campanha do vice-campeonato nacional de 1976, ano da Invasão, e também no título paulista de 1977.
Joel: antes de virar o rei da prancheta e o “papai Joel”, Joel Santana foi jogador e atuou como zagueiro do Vasco naqueles anos 1970. Não tinha muita técnica, mas era forte no jogo aéreo e na marcação. Participou de mais da metade dos jogos da campanha do título brasileiro.
Alfinete: um dos principais destaques do setor defensivo do Vasco, cobria com perfeição a ala-esquerda do time e foi fundamental não só com sua marcação e passes, mas também com as subidas pontuais ao ataque e em cobranças de falta. Marcou o gol de empate no 1 a 1 contra o Cruzeiro, no quadrangular final, que manteve o Vasco na briga pelo título.
Alcir: com 511 jogos, é o 4º atleta que mais vestiu a camisa do Vasco na história. O meio-campista atuou de 1963 até 1975 no cruzmaltino e se destacava pela técnica nos passes, pelos lançamentos em profundidade, pela visão de jogo e pela disciplina – jamais foi expulso de campo, façanha que deu a ele, em 1974, o Prêmio Belfort Duarte. Teve a vida dedicada ao Vasco e integrou a comissão técnica do clube por décadas, participando de outros grandes títulos da equipe, como os Brasileiros de 1989, 1997 e 2000, além da Libertadores de 1998.
Zanata: podendo atuar como volante e meia, Zanata marcou época no Vasco entre 1973 e 1978, período em que foi um dos principais articuladores do meio de campo do time. Fez um grande Brasileirão em 1974 e se destacou pela movimentação e pelos cruzamentos para a área, além de ser eficiente nas cobranças de falta.
Ademir: começou a carreira como volante, mas foi avançando com o tempo e se destacou como meia no time vascaíno de 1974. Fez uma grande parceria com Zanata no setor e deixou sua marca no jogo que sacramentou o título brasileiro.
Fernando Peres: meio-campista português que se destacou no Sporting e integrou a seleção de Portugal na Copa de 1966, Peres seria um reforço importante para a campanha no Brasileirão pela experiência, mas sofreu com as lesões e teve poucas chances.
Fred: podia atuar como volante e zagueiro e atuou em algumas partidas da primeira fase, em especial quando o elenco sofreu com as lesões em sequência.
Amarildo: um dos principais jogadores do futebol brasileiro nos anos 1960 e campeão do mundo em 1962, Amarildo já era uma estrela quando retornou ao Brasil em 1973, para encerrar a carreira no Vasco. Longe dos melhores tempos, atuou pouco no cruzmaltino – oito partidas – e desfalcou o time na reta final do torneio, mas foi importante no dia a dia com sua experiência aos mais jovens.
Jorginho Carvoeiro: o herói do título brasileiro do Vasco teve uma carreira meteórica, assim como sua vida. Revelado pelo Bangu, se destacou rapidamente pela habilidade e velocidade jogando pela ponta-direita, características que levaram o jogador à seleção brasileira de amadores já no começo da década de 1970. Em 1972, foi para o Vasco por indicação do ex-jogador Zizinho e rapidamente virou titular. Alegre e brincalhão, era muito querido pelos companheiros e causava risos por seu jeito simples e até desatento, principalmente em preleções, quando parecia estar em outro mundo. Pouco depois do título, Jorginho começou a sofrer com a saúde e jogar pouco. Descobriu que tinha leucemia em 1975. A doença tirou sua vida três anos após o título brasileiro, em 1977. Ele faleceu com apenas 23 anos.
Jaílson: mesmo reserva em alguns jogos, o atacante atuou em 12 partidas na campanha do título e marcou seis gols, provando ter estrela, principalmente na segunda fase. Foi um grande exemplo de superação, pois sofreu um acidente de automóvel que prejudicou um de seus olhos, obrigando-o a operar sem garantias de voltar a jogar. Com dedicação, conseguiu retornar ao esporte e ajudou o Vasco a ser campeão. Na época, ganhou o apelido de “Cruyff brasileiro” por causa da movimentação em campo – e também pela grande marca que o jogador deixou na Copa do Mundo com sua Holanda vice-campeã mundial.
Roberto Dinamite: falar de Roberto é falar de Vasco. Sua carreira se confunde com a história do clube e seu nome é o maior estandarte que o cruzmaltino já teve. Aqui, não há espaço suficiente. Leia mais sobre a carreira desse imortal clicando aqui.
Luiz Carlos: muito talentoso e inteligente, se movimentava constantemente no setor ofensivo e era um dos jogadores preferidos do técnico Travaglini justamente por essa consciência tática que esbanjava. Marcou quatro gols na campanha do título.
Mário Travaglini (Técnico): o treinador aumentou ainda mais seu currículo com o título brasileiro pelo Vasco em 1974, conseguindo formar um esquadrão muito forte no setor defensivo, com bom toque de bola e um ataque que dificilmente passava em branco. Adepto da conversa, teve o grupo na mão e conseguiu o título contrariando todos os prognósticos e derrotando grandes potências da época. Em 1978, integrou a comissão técnica da Seleção Brasileira 3ª colocada na Copa do Mundo. Teve ainda trabalhos marcantes na Máquina do Fluminense e no Corinthians campeão paulista de 1982.
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O Imortais nunca decepciona! Esse Vasco foi macho, gigante e Imortal porque tinha ótimo time e mostrou ser capaz de derrotar todos os outros times fortíssimos da época! Tinha Inter, Cruzeiro e Santos no caminho, mas nenhum deles segurou o Vascão! E o troféu ficou em ótimas mãos!
Eu me emocionei porque foi o primeiro título do Roberto Dinamite, o maior ídolo que o Gigante da Colina já teve e faleceu dias atrás! Que ele descanse em paz e que todos os vascaínos e não-vascaínos se lembrem do grande craque imortal que ele foi! Obrigado, Roberto! O futebol agradece!