Data: 30 de julho de 1966
O que estava em jogo: o título da Copa do Mundo da FIFA de 1966
Local: Estádio Wembley, em Londres, Inglaterra
Juiz: Gottfried Dienst (SUI)
Público: 96.924 pessoas
Os Times:
Inglaterra: Gordon Banks; Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore e Wilson; Stiles e Bobby Charlton; Ball, Hurst, Hunt e Peters. Técnico: Alf Ramsey.
Alemanha: Tilkowski; Höttges, Schulz, Weber e Schnellinger; Beckenbauer, Overath e Haller; Seeler, Held e Emmerich. Técnico: Helmut Schön.
Placar: Inglaterra 4×2 Alemanha. Gols: (Haller-ALE, aos 12’, e Hurst-ING, aos 18’ do 1º T; Peters-ING, aos 33’, e Weber-ALE, aos 44’ 2º T. Hurst-ING, aos 11’ do 1º T da prorrogação; Hurst-ING, aos 15’ do 2º T da prorrogação).
“A bola que não entrou”
Por Guilherme Diniz
Mais de 96 mil pessoas em Wembley, outros 22 jogadores em campo, um árbitro, um bandeirinha, milhões vendo a transmissão pelo mundo e uma pergunta pairava sobre todos no 11º minuto do primeiro tempo da prorrogação da final da Copa do Mundo de 1966: a bola entrou? Quase ninguém sabia. Nem mesmo o autor do chute, Hurst. O “quase” é pelo fato de uma só pessoa ser a dona do veredicto: Tofiq Bahramov, o bandeirinha que estava naquele lado do campo onde ficava o gol que viu a bola de Hurst explodir no travessão, quicar no chão e sair. Na verdade, nem ele sabia. Não tinha VAR. Não tinha chip na bola. Não tinha 123456789 de câmeras como hoje. Enfim, não tinha como voltar e rever com precisão aquele lance. Bahramov, do Azerbaijão, então pertencente à União Soviética, não falava o idioma do árbitro. Sim, em plena final de Copa, juiz e auxiliar eram incomunicáveis. Após breves mímicas, Bahramov deve ter pensado naquele estádio lotado e na pressão que seria não validar um gol dos anfitriões. Ele balançou a cabeça. Era o sim. Foi gol. O grito ficou entalado na garganta da torcida, mas os jogadores ingleses vibraram. A Inglaterra estava na frente.
No segundo tempo, segundos antes do árbitro apitar o final do jogo e ainda com 3 a 2 no placar, o mesmo Hurst mandou um petardo para o gol de Tilkowski e fez 4 a 2 no momento em que torcedores invadiram o gramado pensando que já tinha acabado. Bem, depois daquele gol, sim. A Inglaterra era campeã do mundo pela primeira vez. E a história das Copas ganhava um dos capítulos mais polêmicos de todos. Só depois que diversos estudos e análises comprovaram: a bola não passou a linha. Longe disso: faltaram seis centímetros para acontecer o gol. Pois é, caro leitor (a), a Copa do Mundo é e sempre foi o maior palco de polêmicas futebolísticas de todos! Afinal, o que seria do futebol sem suas calorosas discussões e os famosos “e se”? É hora de relembrar.
Pré-jogo
Antes da Copa começar, todos acreditavam que o bicampeão Brasil estaria na grande decisão do dia 30 de julho. Mas, com uma bagunça homérica na preparação e falta de futebol, além de Pelé ter sido caçado sem dó pelos adversários, o time canarinho foi eliminado precocemente. Com isso, o caminho ficou aberto para os anfitriões, a sempre perigosa Alemanha e Portugal, grande sensação daquele Mundial (leia mais clicando aqui!). A equipe de Eusébio, Coluna e companhia fez uma competição brilhante até chegar às semifinais, quando mostrou respeito demais à Inglaterra e perdeu por 2 a 1. Os ingleses garantiram a vaga após empatar sem gols com o Uruguai, na estreia, e vencer México (2 a 0), França (2 a 0) e Argentina (1 a 0), além dos portugueses.
Com uma zaga muito segura baseada nos talentos de Gordon Banks e Bobby Moore, e um ataque perigoso composto pelo genial Bobby Charlton, pelo rápido Hurst e pelo incansável Ball, a Inglaterra era um ótimo time, que apostava em contra-ataques rápidos pelas pontas e muita disciplina tática. Era a primeira vez que o time conseguia chegar a uma final e esperava levantar a Taça Jules Rimet diante de sua torcida e entrar no seletíssimo grupo de campeões, então restrito apenas ao Uruguai, à Itália, ao Brasil e ao próprio adversário dos anfitriões na decisão: a Alemanha.
Os germânicos vinham de campanha similar naquela Copa. Na primeira fase, empate sem gols com a Argentina e vitórias sobre a Suíça (5 a 0) e Espanha (2 a 1). Na fase de mata-mata, goleada sobre o Uruguai por 4 a 0 e vitória por 2 a 1 sobre a URSS. Sempre competitivos, os alemães tinham uma ótima zaga, assim como os ingleses, e um ataque mais prolífico, com Uwe Seeler, Held, Emmerich, Haller e ainda as chegadas de um prodígio de apenas 20 anos que já jogava como um veterano: Franz Beckenbauer, em sua primeira Copa na carreira. A base daquela seleção era o Borussia Dortmund, primeiro clube alemão campeão de um torneio da UEFA (a Recopa de 1965-1966) e que cedeu quatro atletas à equipe, sendo três titulares (o goleiro Tilkowski e os atacantes Held e Emmerich), além do zagueiro Wolfgang Paul, reserva (leia mais sobre aquele esquadrão clicando aqui!).
Mais do que ser bicampeã, a Alemanha buscava quebrar de uma vez por todas uma incômoda escrita: nunca a seleção havia vencido a Inglaterra. Isso mesmo. Desde 1930, ano do primeiro duelo entre ambos, o English Team jamais havia perdido um jogo sequer contra os alemães. Eram oito jogos, com sete vitórias inglesas e um empate, 22 gols ingleses e apenas nove gols alemães. A tática do técnico Helmut Schön era frear a grande estrela do elo entre meio de campo e ataque dos ingleses: Bobby Charlton. Schön acreditava que, com o camisa 9 “preso”, os ingleses teriam sérias dificuldades para criar e armar jogadas. Para isso, ele incubiu Beckenbauer de tal missão. E, como ficou explícito em campo, o Kaiser não deixou Charlton jogar e ambos se anularam.
Para o duelo, a FIFA escolheu o árbitro suíço Gottfried Dienst para comandar a decisão. Experiente, ele já havia apitado as finais das Ligas dos Campeões da UEFA de 1961 (Benfica 3×2 Barcelona) e de 1965 (Internazionale 1×0 Benfica). Ao seu lado, estariam Karol Galba, da Tchecoslováquia, e Tofiq Bahramov, do Azerbaijão. Havia a expectativa de que Armando Marques, mais notável árbitro brasileiro da época, fosse escalado para ser um dos auxiliares, mas ele acabou preterido. E pensar que ele poderia ter mudado a história daquela final…
Primeiro Tempo – Iguais
Com um belo (e raro!) sol em Londres, o estádio de Wembley estava lindo naquela tarde de sábado. Com a presença da Rainha Elizabeth II e do primeiro-ministro Harold Wilson, a catedral do futebol inglês recebia mais de 96 mil pessoas, um público estonteante para uma decisão de Copa. A BBC transmitiu a partida para o Reino Unido e outros 29 países. No Brasil, a partida seria transmitida apenas na noite seguinte, por videoteipe. Assim como na abertura da Copa, a final teve a execução dos hinos de cada país. Na hora do God Save The Queen, o estádio cantou em uníssono de maneira espetacular, criando um clima contagiante. Do lado alemão, a minoria, mas entusiasmada torcida germânica também fez ecoar o hino de seu país.
Com milhares de bandeiras tremulando, a torcida realmente era um espetáculo à parte naquela final. Em campo, a Inglaterra ia com sua camisa vermelha e calção branco, enquanto a Alemanha apostava na tradicional camisa branca e calção preto, talismã na decisão contra a Hungria, em 1954, que rendeu o primeiro mundial à Die Mannschaft. Quando a bola rolou, Wembley começou a ver um duelo aberto, ofensivo, rápido, com a Alemanha apostando nos toques curtos e jogadas por baixo, e a Inglaterra nas bolas aéreas e na velocidade de Hurst, pelo meio, e Peters e Ball, pelas pontas.
Como era de se esperar, os anfitriões começaram no ataque e exigiram importantes saídas do goleiro Tilkowski. Em uma delas, um susto acometeu a todos quando o camisa 1 se chocou com Hurst e caiu desacordado. O juiz paralisou o lance na hora e o alemão teve que ser reanimado pela comissão técnica com esponjas úmidas em sua cabeça e pescoço. Passado o imprevisto, foi a Alemanha quem tratou de pregar um susto nos ingleses quando Wilson cabeceou errado na hora de afastar a bola da área inglesa e Haller fuzilou o goleiro Banks: 1 a 0, aos 12’. Nas arquibancadas, tensão. E feição de poucos amigos da Rainha Elizabeth II. A Inglaterra não se abateu e foi com tudo para o ataque.
Minutos depois, em um dos raros momentos em que conseguiu se desvencilhar da cerrada marcação de Beckenbauer, Bobby Charlton tocou para Bobby Moore no campo de ataque e o capitão inglês sofreu falta de Overath. Moore cobrou rápido e cruzou na área com perfeição e sua notável visão de jogo. A bola foi direto na cabeça de Hurst, que mandou livre pro fundo do gol: 1 a 1. Delírio em Wembley! A Alemanha tentou responder com seus toques curtos e rápidos, sempre buscando o faro de gol do artilheiro Uwe Seeler, mas era difícil encontrar espaços na ótima zaga inglesa. Bem postados à frente da grande área, os anfitriões dificultavam bastante as ações ofensivas do time germânico.
Emmerich e Haller tentavam com dribles e lançamentos, mas Jack Charlton e Bobby Moore eram muito entrosados. E, como Beckenbauer tinha a missão de fogo de marcar Bobby Charlton, ele não podia subir ao ataque como costumava fazer e como fizera nas outras partidas daquela Copa que resultaram em quatro gols do Kaiser, em especial o golaço contra a Suíça na goleada de 5 a 0 na primeira fase. Após algumas chances em chutes de fora da área de ambos os lados, o placar permaneceu empatado ao apito do árbitro. Era visível o equilíbrio entre as duas equipes, que faziam um jogo limpo, técnico e muito aberto.
Segundo tempo – Da celebração ao balde de água fria
Na etapa complementar, a Alemanha mudou a tática e tentou chegar ao gol em chutes de fora da área e nos famosos chuveirinhos. Já a Inglaterra viu uma presença mais assídua no ataque de Peters, tanto pela esquerda quanto em investidas pelo meio. Aos 8’, Peters recebeu um lançamento de Ball e cabeceou à direita do gol, levando perigo à Alemanha. Ao contrário do primeiro tempo, a torcida estava um pouco mais fria naquele segundo tempo, com tímidos gritos de “England, England”. Mas a equipe da casa queria ouvir sua torcida. E, depois de tanto insistir, foi premiada com mais um gol. Aos 33’, um escanteio para a área alemã foi cortado. A bola sobrou para Hurst, que fintou seu marcador e chutou. A bola rebateu em Höttges e sobrou nos pés de Peters, que marcou o segundo da Inglaterra. Era a recompensa pelo futebol ofensivo do English Team naquela segunda etapa, principalmente após os 25’.
A Alemanha tinha poucos minutos para o empate. Held e Schnellinger tiveram suas chances, mas pararam em Banks. A Inglaterra tentou o terceiro com Hurst, aos 36’, mas seu chute passou longe do gol. Aos 39’, Emmerich cobrou uma falta na área e Weber gelou a espinha do torcedor. Quando a partida se encaminhava para os minutos finais, a torcida inglesa já iniciava a contagem regressiva para o título. Quase ninguém conseguia mais ficar sentado. E ninguém ficaria, mesmo, aos 44’, quando Seeler sofreu falta de Jack Charlton na entrada da área. Perigo máximo. Outra bola parada. Na cobrança, Emmerich chutou forte, a bola bateu em Cohen, sobrou com Held, que chutou, a bola bateu em Schnellinger e caiu nos pés de Weber, que só escorou para o gol: 2 a 2. Enquanto os alemães celebravam um empate heróico, os ingleses, em especial o goleiro Banks, protestavam por causa de um possível toque de mão do zagueiro Schnellinger. No entanto, a bola bateu nas costas dele. O árbitro ignorou a reclamação inglesa e a final da Copa seria decidida na prorrogação pela primeira vez desde 1934.
A torcida inglesa temia demais o tempo extra. E não era para menos. O gol alemão faltando apenas um minuto para o fim do jogo poderia ter efeitos devastadores no psicológico do time inglês. Afinal, imagine um time decidindo uma Copa do Mundo em casa, vencendo o jogo e, no último lance, o rival marcar o gol de empate? Era terrível! Mas o técnico Alf Ramsey estimulou seus jogadores para que continuassem no ataque. Muito bem preparados, os ingleses não pareciam ter sentido o gol rival. E queriam aquela Copa a qualquer custo.
Prorrogação – O Gol Fantasma
Quando a bola voltou a rolar, havia um anticlímax no ar de Wembley. A torcida da casa estava mais abalada do que os jogadores em campo. Prova disso foi o chutaço de Ball, logo aos três minutos, que obrigou o goleiro Tilkowski a espalmar para escanteio. Um minuto depois, Bobby Charlton mandou um petardo de fora da área que explodiu na trave esquerda do goleiro alemão. Definitivamente, a Inglaterra estava no jogo de novo! A Alemanha tentou responder com dois ataques, um com Held e outro com Seeler, mas Banks e a zaga inglesa não queriam mais levar sustos.
Foi então que, aos 11’, aconteceu o lance mais polêmico de todas as finais das Copas do Mundo. Ball, pela direita, avançou e viu Hurst dentro da área. O ponta inglês cruzou, Hurst girou e chutou forte. A bola explodiu no travessão, quicou no chão, saiu e a zaga tirou. Foi muito rápido. Imediatamente, Hurst e seus companheiros levantaram os braços como se tivesse sido gol. Era preciso ganhar aquele gol no grito, pois a dúvida estava no ar: foi gol? Os alemães não sabiam. O goleiro Tilkowski muito menos. Nas arquibancadas, ninguém se atrevia a falar nada. O grito estava na garganta, entalado. Em algumas pessoas, preso entre os dentes querendo sair. Sem saber o que fazer, o juiz foi correndo em direção ao bandeirinha Bahramov descobrir se tinha sido gol ou não. Óbvio que não houve papo. Apenas gestos. Bahramov balançou a cabeça veemente e afirmou que foi gol. O juiz caiu no conto do auxiliar e apontou para o centro do campo.
A torcida, aliviada, pôde soltar o “gooooal!”, seguido de muitas palmas – certamente para a decisão de Bahramov. Os alemães, revoltados, partiram para cima do árbitro e do bandeira contestando a decisão, mas sem sucesso. O fato é que, vendo claramente as imagens, não foi gol. Quando a bola bateu no travessão e quicou no chão, ela quicou bem longe de ultrapassar a linha. Até pela imagem da época é possível perceber isso. Pela posição em que estava, até daria para o bandeira ver. Por mais rápido que tivesse sido o lance e mesmo com o defensor Höttges à sua frente. O problema é que ele, provavelmente, deve ter se intimidado com o estádio, a torcida local e a pressão que poderia receber em caso de “não gol”. Anos depois, o bandeirinha afirmou que validou o gol pelo momento em que a bola tocou o travessão e supostamente a rede, para depois bater no chão. Para o autor do gol, Hurst, a bola entrou “um metro” (ah, tá…).
O fato é que o gol esfriou demais a Alemanha, que mandou seus zagueiros e volantes para frente em busca de um gol, mas sem organização. No segundo tempo da prorrogação, o time inglês tentou gastar o tempo, enquanto os alemães buscavam, em vão, o empate, principalmente em investidas de Held. Aos 14’, três torcedores invadiram o gramado pensando que a partida tinha terminado, como bem disse o célebre narrador Kenneth Wolstenholme, da BBC, durante a transmissão:
“Some people are on the pitch… They think it’s all over…” (algumas pessoas estão no gramado… Eles acham que está tudo terminado…)
O já famoso bandeira Bahramov, ao invés de avisar o árbitro e paralisar a partida, continuou correndo e deixou o jogo seguir. A Inglaterra, malandra, engatilhou um contra-ataque. A bola encontrou Hurst, que correu em direção ao gol livremente. A ideia dele era dar um chutão o mais longe possível para ganhar tempo. Mas ele pegou bem na bola e ela acabou entrando. Wolstenholme, então, terminou sua frase:
“… It is now, it’s four!” (… Agora está, é o quarto!)
Assim que saiu o gol, os “invasores” deixaram o gramado. O juiz, claro, validou o gol e encerrou imediatamente a partida, dando a impressão de que o placar havia sido 3 a 2. Mas foi 4 a 2. Placar que fez de Hurst o primeiro – e até hoje único – jogador a marcar três gols em uma final de Copa do Mundo. A Alemanha nem repôs a bola. A Inglaterra era campeã mundial. As duas seleções subiram ao camarote real de Wembley. Mas só Bobby Moore recebeu a Taça Jules Rimet da Rainha.
Era o título na final mais polêmica da história das Copas. Anos depois, muitos tentaram decifrar aquele famoso “gol fantasma”, como ficou conhecido o tento de Hurst. Quem mais se aproximou de uma teoria verídica foi Ian Reid e Andrew Zisserman, da Universidade de Oxford, em um completo estudo que prova, com equações e tudo mais, que a bola não entrou e não cruzou a linha do gol (leia clicando aqui).
Talvez, sem o fatídico gol de Hurst, a Alemanha tivesse equiparado as coisas, marcado seu golzinho ou mesmo forçado um jogo extra (na época, não havia decisão por pênaltis). Mas a Inglaterra, de fato, tinha um time melhor, com tudo e mais um pouco a seu favor. Porém, os acontecimentos posteriores àquela final seriam terríveis para os próprios ingleses…
Pós-jogo: O que aconteceu depois?
Inglaterra: o título de 1966 teve um preço altíssimo para o English Team. Por ironia do destino, a equipe nunca mais conseguiu levantar uma taça. Nem mesmo ganhar uma medalhinha sequer, em qualquer competição. Na Copa de 1970, levou o troco da Alemanha nas quartas de final ao perder de virada por 3 a 2. Depois, chegou perto em 1986, mas caiu diante da Argentina e “la mano de Dios”. Em 1990, alcançou sua melhor colocação desde 1966 – um quarto lugar – e foi eliminada na semifinal para, adivinhe, a Alemanha, nos pênaltis. Em 1996, na Eurocopa disputada na Inglaterra exatos 30 anos depois do título mundial, muitos acreditaram que a Inglaterra venceria uma competição em casa mais uma vez, ainda mais com o craque Paul Gascoigne.
Mas, na semifinal… Deu Alemanha, nos pênaltis. Com tantas eliminações para os alemães – que passaram à frente do placar geral do confronto na história, Gary Lineker, lendário atacante inglês, definiu em uma frase aquela sina diante dos rivais: “o futebol é um jogo simples: 22 homens correm atrás de uma bola durante 90 minutos e, no final, os alemães sempre vencem”. Mas você pensa que a zica parou nos anos 90? Muito pelo contrário. Em 2000, a Inglaterra enfrentou justamente a Alemanha no último jogo oficial do velho estádio de Wembley, antes de sua demolição para dar lugar ao novo Wembley, em partida válida pelas Eliminatórias da Copa de 2002. E a Alemanha venceu por 1 a 0…
Só em 2001, também pelas Eliminatórias, que a Inglaterra conseguiu sua segunda vitória sobre os alemães desde a final de 1966 (a primeira foi na Euro de 2000, por 1 a 0). E foi de lavar a alma: 5 a 1, em Munique. Mas eles iriam sofrer mais um duro golpe anos depois (você vai ler no trecho sobre a Alemanha!).
Antes da mais dolorosa queda, os ingleses enfrentaram o Azerbaijão, em outubro de 2004, pelas Eliminatórias da Copa de 2006. E adivinhe onde foi? no estádio Tofiq Bahramov, renomeado em homenagem ao bandeirinha em 1993, ano de sua morte. Houve uma cerimônia com a participação de Hurst, claro, e dezenas de torcedores com camisas personalizadas em alusão ao bandeirinha mais amado pelos ingleses em todos os tempos.
Alemanha: como se fosse um mantra, uma questão de orgulho, a Alemanha jurou para si que nunca mais iria sofrer revezes como aquele dos ingleses. E realmente não sofreu. Foram seguidas e seguidas vitórias sobre os rivais em competições internacionais e amistosos. Além dos triunfos em 1970, 1990 e o título europeu na casa do rival em 1996, os alemães guardaram para o novo milênio a desforra mais saborosa de todas. Foi em 2010, nas oitavas de final da Copa do Mundo na África do Sul. A Alemanha vencia por 2 a 1 quando Frank Lampard chutou de fora da área, a bola explodiu no travessão, quicou, saiu e Neuer pegou. Sim, o mesmo filme de 1966. Mas, ao contrário daquele ano, a Jabulani entrou! Muito! O tal “um metro” que Hurst sempre frisou.
Mas… O juiz mandou seguir o jogo. Não tinha VAR. Não tinha bola com chip. Mas sim dezenas de câmeras que comprovaram o gol. E mesmo assim ele não deu. O que deu foi Alemanha: 4 a 1. Goleada. E mais uma vitória sobre o rival. A mais celebrada. A mais doce vingança. Naquele dia, os alemães tiveram duas certezas: a bola entrou. E os ingleses sentiram a mesma sensação que eles sentiram lá em 1966. Copa do Mundo e suas apaixonantes reviravoltas…
Leia mais sobre a Inglaterra de 1966 clicando aqui.
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Fale sobre Bélgica 3 x 2 Japão e Croácia 1 (3) x (2) 1 Dinamarca. Ambos os jogos da copa de 2018
Mais um texto excelente, parabéns. E por falar em jogos eternos da Copa, que tal os 6 x 5 do Brasil contra a Polônia em 1938, jogo este em que o craque Leônidas da Silva marcou um gol com o pé descalço?
Obrigado! Com certeza falarei sobre esse jogo! 😀