Data: 28 de abril de 1923
O que estava em jogo: o título da Copa da Inglaterra de 1923.
Local: Estádio de Wembley, Londres, Inglaterra.
Juiz: David H. Asson (Birmingham)
Público: 126.047 pessoas (oficial). Público estimado: 300 000 pessoas
Os Times:
Bolton Wanderers Football Club: Dick Pym; Bob Haworth e Alex Finney; Harry Nuttall, Jimmy Seddon e Billy Jennings; Billy Butler, David Jack, Jack Smith, Joe Smith e Ted Vizard. Técnico: Charles Foweraker.
West Ham United Football Club: Ted Hufton; Jack Young e Billy Henderson; Jack Tresadern, Syd Bishop e George Kay; Jimmy Ruffell, Billy Moore, Vic Watson, Billy Brown e Dick Richards. Técnico: Syd King.
Placar: Bolton 2×0 West Ham United (Gols: David Jack-BOL, aos 2´ do 1º T. Jack Smith-BOL, aos 8´ do 2º T.)
“A final do Cavalo Branco. E das 300 mil pessoas”
Por Guilherme Diniz
Uma decisão de campeonato (quase) sempre é lembrada por gols, jogadas, por um possível erro do juiz, por aquele impedimento que não houve, pelas bolas na trave ou por uma disputa de pênaltis angustiante. O difícil é algo diferente do que aconteceu dentro de campo ganhar mais destaque do que qualquer outra coisa. Mas é possível. No dia 28 de abril de 1923, Bolton e West Ham decidiram a Copa da Inglaterra em um novíssimo estádio de Wembley, em Londres. A inauguração do novo templo do futebol inglês foi o principal assunto da semana na capital e ganhou mais projeção do que a partida e o troféu em si. Todos queriam ver de perto aquele monumento impressionante, com suas torres na entrada e uma arquitetura marcante vista há quilômetros de distância. E, quando os portões se abriram, o povo começou a entrar. Entrar. Entrar. E entrar. Despreparados para organizar tantas pessoas, a polícia e os oficiais do jogo não puderam conter as investidas do público contra as barreiras e portões. E o estádio de Wembley foi enchendo.
Parecia um teste de sua resistência. Se o concreto estava bom mesmo. Se as estribeiras poderiam com centenas de pessoas. Foi então que o jogo no qual se esperava pouco mais de 100 mil torcedores recebeu impressionantes 300 mil. Isso mesmo. Era como se quase ⅓ da cidade de Birmingham estivesse em Wembley. Ou ⅓ de Dublin. Ou metade de Glasgow ou Roterdã. Nas arquibancadas, nos arredores e até no campo, só se via gente. Era impossível começar o jogo daquela maneira. Felizmente, não havia grandes exaltações ou badernas. Mas era necessária uma providência emergencial para que a final da Copa da Inglaterra tivesse início. Foi então que Billie entrou em cena. Imponente, reluzente, alto. Ele foi galopando por entre o povo e abrindo lacunas. Aos poucos, o público foi se dispersando.
E o contorno do campo voltou a aparecer, definido não por linhas, mas pela torcida. Enfim, com quase uma hora de atraso, a final começou. Billie foi fundamental. Ele se destacava perante aquele mar de chapéus. De cima, ele via tudo e sabia como proceder. E, claro, ele se impunha com seu corpanzil. Mas quem era esse tal de Billie? Oras, o cavalo mais famoso da história do esporte! Foi o responsável por ajudar a organizar os torcedores e possibilitar a disputa daquela final. Billie e as 300 mil pessoas conseguiram transformar a inauguração de Wembley num dos maiores acontecimentos da história do esporte, algo que transcendeu os limites de qualquer previsão e que fez um jogo ser colocado em segundo plano. Hoje, poucos se lembram do resultado. Alguns nem sabem quem jogou contra quem. Mas, se você perguntar sobre a Final do Cavalo Branco, todos saberão. E você, não sabe? Pois vai saber agora.
Sumário
Pré-jogo
Antes de falar um pouco de Wembley e os detalhes da “invasão”, vamos aos times. Bolton, na primeira divisão, e West Ham, na segunda, entraram na primeira fase da Copa da Inglaterra e mostraram muita força para chegarem à final da temporada de 1922-1923. O Bolton venceu Norwich City (2 a 0), Leeds United (3 a 1), Huddersfield Town (1 a 1 e 1 a 0), Charlton Athletic (1 a 0) e Sheffield United (1 a 0), este no Old Trafford com mais de 70 mil pessoas. Econômica no ataque, a equipe tinha a defesa como ponto forte e dificilmente levava gols. Já o West Ham era um time rápido, leve e ganhou muitos adeptos no decorrer do torneio. Após eliminar o Hull City (3 a 2) e o Brighton & Hove Albion (1 a 1 e 1 a 0), o time londrino viu a final mais perto quando despachou o Plymouth Argyle (2 a 0) e o Southampton, após três jogos (1 a 1, 1 a 1 e 1 a 0).
Na semifinal, a equipe goleou o Derby County por 5 a 2 e chegou à final pela primeira vez. O curioso é que o time não enfrentou nenhum adversário da primeira divisão. Mesmo assim, tinha toda a torcida da cidade ao seu lado em busca de uma conquista inédita. Para entusiasmar ainda mais o público, seria inaugurado justamente para a final um novo e imponente estádio: o Empire Stadium, que ficaria mundialmente conhecido como Wembley, em alusão à área na qual estava localizado, em Wembley Park.
O estádio levou exatos 300 dias para ficar pronto e custou £ 750 000, em valores da época. Foram utilizadas 25 mil toneladas de concreto, 1500 toneladas de ferro e meio milhão de rebites! Dias antes do jogo, um batalhão da infantaria militar londrina testou a força das arquibancadas durante quinze minutos para assegurar a qualidade do estádio. E tudo estava realmente impecável. O grande destaque ficava do lado de fora, com as chamadas torres gêmeas, que tinham 38 metros de altura. Mesmo com a inauguração, a FA (Football Association) não tinha certeza se o estádio realmente estaria cheio para a final e tratou de fazer uma intensa campanha de marketing para atrair o público dizendo que era o “maior estádio de todos” e realçando a capacidade de 125 mil pessoas, além de explorar a presença de um time londrino na decisão, o que poderia atrair simpatizantes da própria cidade. Com transporte público próximo, o estádio era de fácil acesso para pessoas de Londres e de cidades próximas. Os jornais acreditavam que cerca de 5 mil torcedores do Bolton estariam na cidade e centenas de milhares viriam de cidades próximas.
No dia do jogo, poucos oficiais foram designados para a segurança da partida e isso se mostraria um erro tremendo. Os portões foram abertos às 11h30, três horas e meia antes do início do jogo. Uma multidão começava a chegar de todos os cantos e de todas as maneiras, a grande maioria simpatizantes e curiosos como se fossem para um evento cívico ou festivo. Durante uma hora e meia, o fluxo de pessoas até que estava normal, mas, a partir das 13h, Wembley começou a encher de maneira considerável. Pessoas que tinham seus bilhetes com assento pré-marcado não tinham como chegar até o número descrito no papel por causa da bagunça que estava se formando no estádio.
Nem um pontual reforço policial ajudou a conter o público. Barreiras foram montadas nos portões, mas a multidão derrubou-as e começou a entrar. Com isso, as esperadas 125 mil pessoas foram crescendo para 150, 160, 200, 240 até chegar a incríveis 300 mil pessoas – embora até hoje o número não seja exato devido às proporções épicas que o evento tomou. Não era possível ver o gramado. Nem mesmo as traves. Era um mar de gente impressionante. Já era o maior público em um evento esportivo (excluindo corridas) na história. O problema é que, daquele jeito, era impossível um jogo de futebol acontecer. Alguém tinha que fazer alguma coisa. Pelo menos dissipar a multidão para fora das marcações do campo. Até os jogadores do Bolton tiveram dificuldades para chegar ao estádio e percorreram vários metros a pé, pois era impossível qualquer veículo ultrapassar aquela gente.
Foi então que o rei George V chegou ao estádio, e, com o hino “God Save The King”, a multidão mostrou mais respeito e disposição em colaborar com a organização. Policiais montados em cavalos entraram no gramado e começaram a afastar o público para fora do campo de jogo. As investidas iniciais não surtiram efeito, até a chegada do cavaleiro George Scorey e seu cavalo, Billie. Com sua imponência e de cor branca, o cavalo se impunha perante as pessoas e foi um divisor de águas naquela organização. Era muito mais fácil identificá-lo naquela situação e todos o viam, como bem disse o cavaleiro Scorey:
“Quando meu cavalo entrou no gramado, eu só via cabeças e cabeças de pessoas. Eu pensei comigo ‘não vamos conseguir, é impossível’. Até que eu vi uma abertura perto de uma das traves que ajudou a começar a dissipar a multidão. O Billie era ótimo, consegui organizar as pessoas pedindo para elas levantarem as mãos e irem passo a passo até a linha mais próxima. E fomos fazendo isso, elas foram se sentando, tudo graças ao Billie, que, por ser branco, chamava mais atenção, e ele parecia entender como agir, era incrível. O que ajudou muito, também, foi a educação e bom espírito das pessoas. Em um determinado momento, um cidadão ficou bravo e eu disse: ‘você não quer ver o jogo?’ Ele disse: ‘sim’. Eu retruquei: ‘pois eu também, então vamos colaborar!’”. – George Scorey, em entrevista à BBC.
Além dele, os jogadores de Bolton e West Ham pediam para o público se acalmar e ajudar, pois, caso contrário, não haveria jogo. Depois de tantos recados, trabalhos e 45 minutos de atraso, a partida, enfim, poderia começar.
Primeiro tempo – Esqueça escanteios e jogadas pelas pontas
Apostando alto na velocidade de Dick Richards e Jimmy Ruffell, o West Ham viu que tal tática não seria possível naquela partida por causa da multidão no gramado de Wembley. Postados exatamente na linha lateral e no contorno do campo, o público seria um empecilho para as jogadas pelas pontas e investidas por ali. Logo aos dois minutos, uma cena cômica se transformou no primeiro gol do Bolton. Tresadern, zagueiro do West Ham, foi cobrar um lateral e acabou “preso” na multidão, que impossibilitou seu retorno imediato ao campo. Sem um homem no setor defensivo, David Jack aproveitou a tomada de bola e abriu o placar, marcando o primeiro gol da história de Wembley. No chute, a bola acertou um torcedor que estava atrás do gol e deixou o cidadão inconsciente por uns instantes.
O West Ham tentou responder com Vic Watson, mas seu chute passou por cima do travessão. Aos 11 minutos, a multidão começou a entrar novamente no gramado de jogo e os cavalos – e Billie – tiveram que trabalhar mais uma vez para o jogo recomeçar. Muitos começaram a pedir ajuda às equipes médicas com pequenos ferimentos e por causa da sufocante estadia no gramado. Felizmente, nada de grave era ou foi relatado – algo enorme se pensarmos nas condições às quais aquelas pessoas estavam submetidas.
Com o jogo em ação, o Bolton sabia controlar as investidas e atacava muito mais o West Ham, que se segurava como podia graças a ótima atuação de Billy Henderson. Quando sofria investidas, o Bolton recuava mais homens ao campo defensivo e formava uma linha de cinco, o que dificultava a ação ofensiva do time londrino, que via seu jogo pelas pontas ser prejudicado por causa da grande massa de gente contornando o gramado. Ao término do primeiro tempo, os jogadores não conseguiram ir aos vestiários por causa do público e tiveram que ficar ali mesmo, no campo, por apenas cinco minutos até o início da segunda etapa.
Segundo tempo – Gol camarada e título forasteiro
Precisando de um gol para ter chance de título, o West Ham tentou uma pressão inicial na segunda etapa, mas a melhor chance foi desperdiçada por Vic Watson. A punição veio aos oito minutos em um lance polêmico. Ted Vizard cruzou e Jack Smith acertou um voleio que passou pelo goleiro, bateu na trave e saiu. Os jogadores do West Ham reclamaram que a bola não cruzou a linha do gol, mas o juiz entendeu que a bola entrou e que um torcedor foi quem tirou a bola de dentro. Outro jogador do West Ham disse que um torcedor “tocou” a bola para Vizard no lance do gol. O fato é que a bagunça era tanta que ninguém sabia dizer o que realmente aconteceu. Melhor para o Bolton, que abriu 2 a 0 e ficou ainda mais perto do título.
O West Ham sentiu o baque e não conseguiu mais construir grandes chances de gol. Alguns torcedores do time londrino começaram (bem lentamente) a deixar o estádio por causa disso e o capitão do West Ham, George Kay, tentou persuadir o árbitro para encerrar o jogo antes do tempo normal. No entanto, o capitão do Bolton, Joe Smith, retrucou: “Nós estamos nos saindo bem, juiz. Jogaremos até o anoitecer para terminar este jogo se for necessário”. Ao apito do árbitro D. H. Asson, a festa foi toda do Bolton, que recebeu das mãos do Rei a taça da FA Cup, a primeira entregue no já lendário Wembley. Para tentar amenizar a derrota, a comissão técnica do West Ham disse que o revés veio por culpa do cavalo Billie, que “pisoteou com seus grandes pés o gramado, prejudicando nossos pontas, que tropeçaram em barrancos e pisaram em buracos”.
O fato é que a partida em si ficou em segundo plano, bem como o título do Bolton. A multidão que invadiu Wembley ganhou o noticiário de todo o mundo e a foto de Billie perante aquela gente viralizou mesmo sem internet ou redes sociais. O tumulto pré-jogo resultou em 900 pessoas com pequenos ferimentos – duas delas policiais – e 22 levadas ao hospital com ferimentos mais sérios – dez delas tiveram alta rapidamente. Levando em consideração as proporções que o evento tomou, tais números foram irrisórios e a não ocorrência de vítimas fatais foi algo louvável. A FA teve que devolver o dinheiro gasto pelas pessoas que compraram bilhetes, mas não conseguiram sentar em seus assentos. Além disso, várias regras foram criadas para as comissões dos estádios – em especial Wembley, tornando compulsória a venda de bilhetes pré-final, evitando a maciça chegada de pessoas em busca de ingressos no dia do jogo, a construção de muros mais altos, substituição das catracas por outras mais modernas, divisão do estádio por seções com seus portões correspondentes e, claro, mais policiamento em dias de final.
Como prova de seu trabalho na decisão, o cavaleiro George Scorey ganhou da FA bilhetes para todas as partidas finais da FA Cup a partir daquele ano, mas recusou todos eles e nunca mais pisou em um campo de futebol novamente, além de evitar aparecer em público ou dar entrevistas. Billie, o cavalo branco – que na verdade era cinza, mas “virou” branco por causa das fotos e imagens em preto e branco da época, ficou tão marcado na memória do povo inglês e nos noticiários que aquele jogo ficaria conhecido para sempre como a “Final do Cavalo Branco”, ou “The White Horse Final”, em inglês.
Décadas depois, em 2005, a ponte de pedestres que liga a estação de trem de Wembley até o estádio ganhou o nome de White Horse Bridge após votação popular. O cavalo Billie morreu em 1930, sete anos após a final que ele nomeou e ajudou a acontecer. Sem ele e seu companheiro Scorey, como os próprios policiais admitiram na época, a final da Copa da Inglaterra de 1923 não teria acontecido. Ou poderia ter sido trágica. Felizmente, a dupla transformou tudo aquilo num evento épico e fez do estádio de Wembley o mais famoso do planeta a partir dali.
Pós-jogo: o que aconteceu depois?
Bolton: em êxtase pelo título em um duelo de proporções épicas, o time da região de Grande Manchester foi recebido com festa na estação Moses Gate. Cada jogador ganhou do clube uma medalha de ouro por terem conquistado o maior título da história do Bolton à época. Mas o time não parou por ali. Embalados pelo talento de Joe Smith, Ted Vizard, Billy Butler e Jimmy Seddon, o clube venceu as Copas de 1926 e 1929, tornando-se o mais vitorioso no torneio naquela década. No entanto, a equipe só venceria mais uma Copa, em 1958, até entrar no ostracismo e jamais conquistar um grande título. Porém, a taça na Final do Cavalo Branco segue intacta como a maior do clube e por ter concedido ao Bolton a honra de ser o primeiro campeão de Wembley.
West Ham: como consolação, o time londrino ganhou a vaga na primeira divisão após a final daquele ano e manteve-se entre os grandes do país por uma década, até voltar à segunda divisão em 1932. Somente em 1964 que a equipe venceu sua primeira Copa da Inglaterra, quando bateu o Preston North End por 3 a 2, em Wembley, com as estrelas Bobby Moore e Geoff Hurst. No ano seguinte, o time venceu a Recopa da UEFA e consagrou sua melhor fase em todos os tempos – a equipe teve ainda três jogadores entre os titulares do English Team campeão da Copa do Mundo de 1966 (Moore, Hurst e Peters). Embora tenha perdido o fatídico jogo de 1923, o West Ham jamais pôde se queixar de Wembley. Afinal, foi lá que ele ganhou todos os seus principais títulos. Mas sempre com públicos limitados a 100 mil pessoas…
O Imortais já relembrou outro jogo com muita gente: o Maracanazo. Leia mais clicando aqui!
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Vou por pontos:
– Primeiro, ainda vou ver alguém de emissora de televisão citar o trabalho fiducial e cheio de esmero com que Guilherme Diniz nos brinda, seu trabalho e de equipe fazem desta uma enciclopédia única!!!;
– Segundo: talvez pela timidez de Scorey, mas uma pena que só tenhamos tido no texto uma única foto do “Cavalo Branco” no texto (ou foi impressão minha?);
– Terceiro: não sei se poderia ser visto na regra da época, mas o jogador que ficou preso na lateral não seria motivo de paralisação? Sacanagem a defesa ficar desguarnecida nesse caso, pois poderia ser torcedores do Bolton que impediram o retorno do atleta do West Ham para a defesa;
– Quarto: total falta de planejamento das autoridades frente a mobilização para o jogo. De fato, foi Deus quem quis que isso não se transformasse numa das maiores tragédias da história do futebol;
– Quinto: para finalizar, não saber o que se deu (bola entrou, bola não entrou, na trave, no pé do torcedor…) deve ter sido hilário para as gerações futuras, dado que ao menos 10 mil pessoas devem ter visto o lance rs….
Um grande abraço!!!!
hahaha obrigado pelos elogios e comentário, Diogo! Abraço! 🙂