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Esquadrão Imortal – Universidad de Chile 2011

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Grandes Feitos: Campeão Invicto da Copa Sul Americana (2011) e Bicampeão do Campeonato Chileno (2011-Apertura e 2011-Clausura). Conquistou o maior título da história do clube.

Time base: Jhonny Herrera; Osvaldo González, Marcos González e José Rojas; Matías Rodríguez, Charles Aránguiz (Felipe Seymour), Marcelo Díaz (Albert Acevedo / Guillermo Marino) e Eugenio Mena; Eduardo Vargas, Gustavo Canales (Gustavo Lorenzetti / Gabriel Vargas) e Francisco Castro (Diego Rivarola / Edson Puch). Técnico: Jorge Sampaoli.

“La Única

Por Guilherme Diniz

Foram 36 jogos sem perder. Dois títulos nacionais conquistados de maneira inapelável e com shows. Um título internacional invicto e histórico. E um futebol vistoso, ofensivo e bem diferente do praticado por qualquer time da América do Sul. Em 2011, o campeão da Libertadores foi o Santos de Neymar, mas quem jogou o futebol mais bonito, mais insinuante e mais elogiado do ano na América foi a Universidad de Chile comandada por Jorge Sampaoli. Quem viu se lembra da dificuldade que os rivais tiveram para tentar (em vão) superar os passes trocados de maneira constante e inteligente pelos chilenos, da velocidade dos atacantes, do brilho irresistível de Eduardo Vargas pela direita, da compactação da defesa quando agredida e dos números impressionantes após um ano recheado de glórias, três taças e feitos inéditos que os fanáticos torcedores de “La U” jamais esquecerão. O brilho da equipe foi tão grande que muitos viram nos chilenos uma réplica do Barcelona de Guardiola desfilando pelos gramados sul-americanos (nas devidas proporções, claro!). É hora de relembrar as façanhas de um dos maiores times da história do futebol chileno.

 

Para encerrar o estigma

Em 2010, La U eliminou o Flamengo e chegou até as semifinais da Libertadores. Porém, o Chivas Guadalajara eliminou os chilenos em plena cidade de Santiago.
Em 2010, La U eliminou o Flamengo e chegou até as semifinais da Libertadores. Porém, o Chivas Guadalajara despachou os chilenos em plena cidade de Santiago.

 

Depois de amargar um jejum de cinco anos sem taças, a Universidad de Chile voltou a celebrar um título em 2009, quando faturou o torneio Apertura do Campeonato Chileno. O troféu garantiu à equipe uma vaga na Copa Libertadores de 2010, torneio que era (e ainda é) uma proeza restrita, no Chile, apenas ao Colo-Colo. Os azuis se classificaram em primeiro lugar na fase de grupos da competição com três vitórias e três empates em seis jogos, e nas oitavas de final despacharam o Alianza Lima-PER com uma vitória por 1 a 0 e um empate em 2 a 2. Nas quartas, a equipe encarou o Flamengo-BRA e conseguiu uma vitória marcante por 3 a 2 em pleno Maracanã no primeiro duelo. Na partida de volta, os brasileiros venceram por 2 a 1, mas um golaço de Montillo garantiu La U na semifinal. Nela, o estigma de fracassar em torneios continentais voltou a assombrar os chilenos. No duelo fora de casa, contra o Chivas Guadalajara-MEX, o empate em 1 a 1 foi comemorado demais pelos torcedores, que já esperavam por uma final com a vitória certa em casa. Porém, os mexicanos venceram em pleno Estádio Nacional por 2 a 0 e foram para a decisão, resultado que colocou mais um fracasso sul-americano na coleção da Universidad.

Jorge Sampaoli, mentor da histórica La U de 2011.
Jorge Sampaoli, mentor da histórica La U de 2011.

 

Após o revés, a diretoria do clube perdeu o meia Montillo para o futebol brasileiro, mas tratou de iniciar o planejamento para a temporada de 2011 com foco na base semifinalista da Libertadores e contratações pontuais. No entanto, a principal delas seria para o banco de reservas: o técnico Jorge Sampaoli, vindo após um bom trabalho no comando do Emelec-EQU e conhecido por seu gosto pelo futebol ofensivo, ágil e com foco na boa troca de passes. Depois dele, a Universidad contratou o goleiro Jhonny Herrera, ex-Audax, o defensor brasileiro naturalizado chileno Marcos González, e o volante Charles Aránguiz, este a pedido do técnico Sampaoli.

Aos poucos, a equipe azul foi tomando forma com treinamentos intensos e um estilo de jogo focado na pressão ao adversário em seu próprio campo com constantes triangulações, velozes ataques pelas pontas e o recuo de um volante para o setor defensivo quando o rival estivesse com a bola. Os jogadores de La U aprenderam muito bem a tática de Sampaoli e já tiveram o primeiro teste logo no primeiro semestre: o torneio Apertura do Campeonato Chileno.

 

Foco nos gols

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Depois de estrear no torneio nacional com empate (1 a 1, contra o Deportes La Serena), a Universidad emendou três vitórias seguidas que serviram para mostrar ao país que a equipe azul estava disposta a conquistar tudo o que viesse pela frente. La U bateu o Ñublense, em casa, por 3 a 1, goleou o Cobreloa, fora, por 4 a 1, e venceu a Unión Española, em casa, por 2 a 1. Na quinta e sétima rodadas, o time de Sampaoli sofreu as únicas derrotas da primeira fase, mas superou os revezes e seguiu até a 17ª rodada sem perder. As vitórias mais marcantes foram contra o Cobresal, fora, por 5 a 2, Santiago Wanderers, em casa, por 4 a 1, Colo-Colo, em casa, por 2 a 1, Huachipato, fora, por 3 a 1, e Audax Italiano, em casa, por 2 a 1. Ao término da fase de classificação, os azuis ficaram na segunda posição (atrás apenas da Universidad Católica) com 10 vitórias, cinco empates, duas derrotas, 39 gols marcados (melhor ataque) e 20 sofridos em 17 jogos.

Em maio, o time iniciou a fase de mata-mata com uma vitória fora de casa sobre o Unión San Felipe por 2 a 1, com gols de Canales e Acevedo. Na volta, Eduardo Vargas fez o tento do empate em 1 a 1 que classificou La U para a semifinal. O adversário dessa vez foi o Deportivo O´Higgins, que não levou perigo algum para os comandados de Sampaoli. Na primeira partida, em Rancagua, Rivarola marcou o gol da vitória por 1 a 0 da Universidad. Na volta, os celestes foram surrados sem dó: 7 a 1, com dois gols de Canales e os outros marcados por Eduardo Vargas, Aránguiz, Acevedo, Díaz e Rivarola. Vale lembrar que o primeiro tempo terminou 4 a 1 para La U. Era hora da grande final. E de encarar o melhor time da fase de classificação: a Universidad Católica.

 

Depois do susto vem o baile

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No dia 09 de junho de 2011, a Universidad sofreu um duro golpe em sua caminhada rumo ao título do Apertura do Campeonato Chileno. Mesmo jogando com seu time titular e o trio de ataque formado por Eduardo Vargas, Canales e Castro, a equipe de Sampaoli perdeu para a Católica por 2 a 0, com um gol de Tomás Costa aos cinco minutos do segundo tempo e outro de Mirosevic já nos acréscimos.  A derrota obrigaria os azuis a vencer por três gols de diferença se quisessem ficar com o título. Impossível? Não quando se tem um Canales inspirado e um time todo jogando muita bola. Aos 16´do primeiro tempo da partida de volta, no Estádio Nacional, o camisa 19 abriu o placar para La U cobrando pênalti. Sete minutos depois, a Católica empatou e assustou.

Porém, Juan Eluchans, contra, colocou a Universidad em vantagem novamente. Na segunda etapa, o técnico Sampaoli aumentou a força ofensiva do time e a pressão no campo de defesa do rival, fator que foi determinante para que o placar adverso em 3 a 2 no agregado sofresse uma reviravolta emocionante. Logo aos sete minutos, Canales, outra vez de pênalti, fez mais um para La U. Três minutos depois, Puch fez ótima jogada pela esquerda, ajeitou e chutou forte. Canales desviou a trajetória da bola e enganou o goleiro Toselli: gol!

A torcida da Universidad explodiu em alegria, bem como os jogadores, que foram em peso até a borda do campo para comemorar o quarto gol que colocava La U com a mão na taça. A partir daquele instante, o jogo seguiu muito disputado, os ânimos se acirraram, Canales foi expulso, mas nada impediu o triunfo da equipe azul por 4 a 1 e a celebração do título nacional, o 14º da história do clube. Em 23 jogos, a Universidad venceu 14, empatou seis e perdeu apenas três, com 54 gols marcados (melhor ataque) e 26 sofridos. Canales, com 11 gols, Eduardo Vargas, com 10, e Edson Puch, com 9, foram os artilheiros do time na competição. Era o primeiro brilho do trabalho de Sampaoli. E o começo de muitas alegrias.

 

Ressaca e auge

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Em julho, a Universidad seguiu comemorando o título nacional e nem ligou para a Copa Chile, ficando apenas na 9ª colocação e fora da fase final. No entanto, a equipe teria reforços pontuais para a disputa do torneio Clausura do Campeonato Chileno e a grande vedete da equipe no segundo semestre: a Copa Sul-Americana. Para o ataque, Gustavo Lorenzetti foi contratado junto ao Unión de Concepción. Na zaga, Osvaldo González veio do Toluca-MEX. A dupla teria grande participação no esquema tático do técnico Sampaoli, conseguindo amenizar as saídas de Felipe Seymour e Edson Puch, negociados como futebol italiano e árabe, respectivamente.

Em agosto, a caminhada continental da Universidad começou com vitória por 1 a 0 (gol de Eduardo Vargas) sobre o Fênix-URU, em casa. Na volta, empate sem gols que classificou o time para a fase seguinte da Copa Sul-Americana. Nela, os azuis não tomaram conhecimento do tradicional e copeiro Nacional-URU e venceram os dois jogos: 1 a 0, em casa, com gol de Eduardo Vargas, e 2 a 0, fora, em pleno Estádio Gran Parque Central (gols de Eduardo Vargas e Matías Rodríguez), placar construído entre os 11 e 12 minutos do primeiro tempo!

Vargas corre para o abraço: passeio chileno em pleno Engenhão.
Vargas corre para o abraço: passeio chileno em pleno Engenhão.

 

Nas oitavas de final, a Universidad teve pela frente um velho conhecido: o Flamengo-BRA de Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves. Na temporada anterior, La U havia eliminado o rubro-negro da Copa Libertadores com uma decisiva vitória no Maracanã e esperava repetir a dose na Sul-Americana de 2011, dessa vez com o Engenhão como palco. E o Rio de Janeiro voltou a trazer bons fluídos para os chilenos. Com uma atuação de gala e um futebol irresistível, a equipe azul massacrou o Flamengo por 4 a 0, com dois gols de Eduardo Vargas (que humilhou o zagueiro Wellinton com dribles desconcertantes), um de Rojas e outro de Lorenzetti. Só no primeiro tempo, a equipe chilena fez 3 a 0. Na segunda etapa, o quarto gol foi uma obra de arte, com a bola passada de pé em pé, toque de calcanhar e um petardo de primeira de Lorenzetti. A goleada só não foi mais elástica porque o árbitro anulou um gol do time chileno, Rodríguez perdeu um pênalti e por causa da retranca do Flamengo no segundo tempo – que só se defendeu a fim de evitar uma catástrofe ainda maior.

No final do jogo, a Universidad comemorou uma iminente classificação antecipada e impôs ao clube carioca uma de suas maiores derrotas na história em competições internacionais. O passeio da equipe chilena só reforçou a qualidade do elenco que Sampaoli tinha em mãos e o virtuoso esquema aplicado em La U, que atuava num 3-2-3-2 quando tinha a bola em seus pés e num 4-3-3 quando era atacada. Na partida de volta, em Santiago, a equipe chilena voltou a vencer o rubro-negro, dessa vez por apenas 1 a 0 (gol de Díaz), e se classificou para as quartas de final.

 

Invencíveis

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Paralelo à disputa da Sul-Americana, a Universidad não tomava conhecimento de seus adversários no Campeonato Chileno. Nas primeiras nove rodadas da competição, a equipe azul venceu todos os jogos: 3 a 0 no Deportes La Serena, 4 a 1 no Ñublense, 3 a 1 no Cobreloa, 1 a 0 no Unión Española, 2 a 0 no Santiago Morning, 2 a 0 na Universidad de Concepción, 3 a 0 no Unión San Felipe, 3 a 1 no Cobresal e 3 a 0 no Deportivo O´Higgins. Nas 10ª e 11ª rodadas, o time empatou contra o Santiago Wanderers e Deportes Iquique, respectivamente, mas voltou a triunfar na 12ª rodada com um 3 a 2 sobre o Unión La Calera. Até o final de novembro, a equipe ainda somaria mais uma vitória e quatro empates, garantindo o primeiro lugar na fase de classificação do campeonato com 11 vitórias e seis empates em 17 jogos, além de 39 gols marcados (melhor ataque) e 15 sofridos (melhor defesa). Ao contrário da maioria dos times, La U conseguia manter o embalo e a pegada competitiva em dois torneios simultâneos. E sem perder uma partida sequer.

 

Na final!

Vasco x Universidad de Chile

Em novembro, a Universidad viveu momentos intensos rumo à final da Copa Sul-Americana. Nas quartas de final, os chilenos suaram, mas venceram o Arsenal-ARG por 2 a 1, fora de casa, com gols de Eduardo Vargas e Canales. Na volta, a dupla ofensiva voltou a marcar, Castro completou, e o 3 a 0 colocou La U na semifinal. Era hora de espantar de vez o fantasma da eliminação, das chacotas dos rivais e da síndrome de amarelar. O adversário foi o competitivo Vasco-BRA, campeão da Copa do Brasil daquele ano e que brigava, também, pelo título do Campeonato Brasileiro. No primeiro jogo, em São Januário, Bernardo abriu o placar para os cruzmaltinos, mas Osvaldo González empatou no segundo tempo e garantiu um importante empate para a volta, em Santiago.

Com o Estádio Nacional tomado por seus fanáticos torcedores, La U impôs seu jogo incisivo, rápido e letal nos contra-ataques, não deixou o Vasco respirar e venceu por 2 a 0, com um gol de Canales e outro de Eduardo Vargas, sensação da Copa e principal arma da equipe chilena. O atacante vivia uma fase esplendorosa e jogava o fino da bola, com dribles rápidos, gols em profusão e entrosamento impecável com seus companheiros. Invicta e incontestável, a Universidad de Chile estava na final. E o técnico Sampaoli tinha a grande chance da carreira de dar ao clube seu primeiro título internacional. Para isso, seria necessário derrotar um clube copeiro, perigoso e que tinha quase três mil metros de altitude como carta na manga: a LDU-EQU.

A base da La U multicampeã de 2011: movimentação, troca de passes constante e inteligência tática foram alguns dos muitos pontos fortes da equipe.
A base da La U multicampeã de 2011: movimentação, troca de passes constante e inteligência tática foram alguns dos muitos pontos fortes da equipe.

 

A imponência de um time histórico

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Enfrentar a Liga Deportiva Universitaria no Estádio Casablanca, em Quito, era uma tarefa ingrata e quase impossível para os adversários saírem de lá com vida, ou melhor, com uma vitória. Os equatorianos haviam vencido uma Libertadores, uma Sul-Americana e duas Recopas exatamente graças a altitude de quase três mil metros de seu caldeirão e um futebol baseado na pressão e no controle de bola no campo de ataque. Porém, naquele duelo de “universitários”, a Universidad de Chile mostrou que ela era a dona da cátedra.

A equipe azul fez a LDU provar de seu próprio veneno ao jogar no campo de defesa dos equatorianos, não se intimidou com a pressão da torcida e marcou um lindo gol aos 43´do primeiro tempo, quando Eduardo Vargas recebeu na entrada da área da LDU, limpou com um corte seco o goleiro Alexander Domínguez e chutou para o gol vazio: 1 a 0. Mesmo com a fadiga da temporada querendo atrapalhar, os comandados de Sampaoli mostraram entrega, seguraram a LDU na segunda etapa e por pouco não fizeram mais gols com o volante Aránguiz.

Universidad de Chile campeão Copa Sul-Americana 2011

Na volta, no lotado Estádio Nacional (mais de 50 mil pessoas), a Universidad encerrou com autoridade, show e goleada a melhor campanha de um campeão em toda a história da Copa Sul-Americana. Logo aos dois minutos, Eduardo Vargas, sempre ele, abriu o placar. A LDU, acuada em seu próprio campo, sequer conseguia chegar ao ataque. Tocando a bola de maneira envolvente, articulando o jogo constantemente e com enorme diferença técnica perante o rival, a Universidad dava a impressão de que poderia construir uma goleada a qualquer momento e se preservava para o segundo tempo. Nele, Lorenzetti e de novo Vargas decretaram a vitória por 3 a 0 e o saboroso e inédito título internacional de La U.

Com 10 vitórias e dois empates em 12 jogos, 21 gols marcados e apenas dois gols sofridos (!), a Universidad de Chile foi campeã invicta da Copa Sul-Americana de 2011 e sagrou-se a melhor campeã que o torneio já teve, além de o time demonstrar uma superioridade que há tempos não se via em um torneio da Conmebol na América do Sul. Eduardo Vargas, craque do time e do torneio, marcou 11 gols e foi o artilheiro isolado da competição. Para aumentar ainda mais o peso do título, La U contabilizou após aquela vitória o 35º jogo consecutivo sem perder.

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A desforra nacional

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Quatro dias após a conquista histórica, a Universidad aumentou para 36 o número de jogos sem perder ao derrotar a Universidad Católica por 2 a 1 na primeira partida da semifinal do torneio Clausura do Campeonato Chileno (antes, os azuis haviam eliminado o Unión Española, nas quartas de final, com duas vitórias – 1 a 0 e 3 a 0). No dia 22, porém, a Católica encerrou a série da rival ao vencer o duelo de volta por 2 a 1, resultado que não tirou os comandados de Sampaoli da final (o placar agregado de 3 a 3 classificou La U por causa da melhor campanha da equipe).

Na decisão, a Universidad encarou o Cobreloa e, após empate sem gols na primeira partida, goleou por 3 a 0 os “naranjas” (gols de Canales, Eduardo Vargas e Matías Rodríguez, todos no primeiro tempo) e faturou o bicampeonato com uma campanha fenomenal: 15 vitórias, sete empates, uma derrota, 49 gols marcados (melhor ataque) e 18 sofridos (melhor defesa) em 23 jogos.

Ao término da temporada, os números da Universidad comprovaram o desempenho histórico que colocou o time entre os maiores da história do país e também do futebol sul-americano: 64 jogos, 43 vitórias, 16 empates, cinco derrotas, 130 gols marcados e 50 gols sofridos.

 

A magia durou pouco…

Saída der Vargas foi um dos motivos da queda de rendimento da equipe em 2012.
Saída de Vargas foi um dos motivos da queda de rendimento da equipe em 2012.

 

Em 2012, era quase certo que a equipe chilena daria show na Copa Libertadores e faturaria o troféu, mas os azuis sentiram a saída de Vargas para o Napoli-ITA, o futebol vistoso de antes não foi repetido e a síndrome das semifinais voltou a atormentar o time. Depois de ficar na primeira posição na fase de grupos (a frente de Atlético Nacional-COL, Godoy Cruz-ARG e Peñarol-URU), os chilenos eliminaram o Deportivo Quito-EQU de maneira épica (perderam por 4 a 1 a ida e venceram por 6 a 0 a volta), passaram pelo Libertad-PAR, nos pênaltis, mas perderam para o Boca Juniors-ARG por 2 a 0 em La Bombonera e não foram capazes de reverter o placar em Santiago (o jogo terminou 0 a 0).

A equipe ainda comemorou um inédito tricampeonato nacional com o título do Apertura de 2012, mas a perda da Recopa para o Santos serviu para simbolizar o fim do grande time que encantou a todos com um futebol eficiente, inteligente, vistoso e vencedor. Nunca uma Universidad de Chile foi tão brilhante. E nunca uma Universidad de Chile acumulou tantos números marcantes, um bicampeonato chileno impecável e uma inédita taça continental. Por tudo isso, o esquadrão azul que fez a Catalunha parecer, por alguns momentos, ser na América do Sul, fez de La U imortal.

 

Números de destaque:

  • Melhor início de um time chileno em competições internacionais ao ficar 544 minutos sem sofrer gols: U de Chile 1-0 Fénix/ Fénix 0-0 U de Chile/ U de Chile 1-0 Nacional/ Nacional 0-2 U de Chile/ Flamengo 0-4 U de Chile/ U de Chile 1-0 Flamengo | Arsenal 1-2 U de Chile.
  • Melhor início histórico em torneios nacionais com 9 vitórias consecutivas conquistadas na mesma quantidade de rodadas: Clausura de 2011 e Apertura de 2012.
  • Teve o maior artilheiro em uma só edição de Copa Sul-Americana: Eduardo Vargas, com 11 gols.
  • Melhor campeão da história da Copa Sul-Americana: 10 vitórias e dois empates em 12 jogos, 88,89% de aproveitamento.

Fonte: Universidad de Chile Brasil (https://udechilebrasil.blogspot.com.br/)

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Os personagens:

Jhonny Herrera: podia fechar o gol num dia e falhar feio no outro. Felizmente, para a torcida de La U, Herrera estava muito bem naquele ano de 2011. O jogador foi pouquíssimas vezes vazado, deu conta do recado quando exigido e se tornou um dos destaques do time na temporada, desempenho que serviu para apagar suas passagens sem brilho por Corinthians-BRA e Everton-CHI. Graças às boas defesas, Herrera foi eleito o melhor goleiro do Chile em 2011, além de faturar o título de melhor goleiro da América do Sul pelo jornal El País, do Uruguai.

Osvaldo González: entrou muito bem no time de La U e compôs um ótimo sistema defensivo ao lado de Marcos González, José Rojas e Matías Rodríguez. Costumava ir ao ataque e até marcava gols.

Marcos González: foi a grande referência da zaga chilena em 2011 com enorme impulsão, qualidade na saída de bola, eficiência nos desarmes e muita segurança. Foi fundamental para a baixa quantidade de gols sofridos pela equipe na temporada e ganhou vários elogios da imprensa. No mesmo ano, o zagueiro foi eleito o melhor das Américas pelo jornal uruguaio El País. O jogador nasceu no Brasil, mas se mudou com dois anos de idade para o Chile e decidiu se naturalizar chileno.

José Rojas: cria da Universidad, capitão e grande líder da equipe, Rojas foi absoluto pelo lado esquerdo da defesa de La U em 2011 com grandes atuações, muita qualidade nos desarmes e no toque de bola. Podia apoiar com precisão o ataque com cruzamentos ou compor a linha de quatro defensores do esquema tático do técnico Sampaoli.

Matías Rodríguez: pelo lado direito, Rodríguez tinha uma importante função no esquema de jogo de La U ao atacar como um homem de meio de campo e virar lateral-direito quando a equipe era agredida pelos adversários. Com isso, o argentino ganhou a simpatia da torcida e cravou seu espaço como titular absoluto, marcando vários gols e ajudando a gerar outros na temporada.

Charles Aránguiz: dono de um fôlego privilegiado, grande senso tático e forte na marcação, o meio-campista foi o grande motor do time ao articular várias jogadas de ataque e também dar o combate na defesa. Ao lado de Díaz, deu muita segurança à zaga e também ao ataque. Marcou vários gols importantes naquele ano e foi um gigante nas conquistas históricas de La U.

Felipe Seymour: outra cria das bases de La U, Seymour fez um grande torneio Apertura do Campeonato Chileno até ser negociado com o Genoa-ITA. Na Itália, o volante não conseguiu repetir o brilho em solo chileno e sumiu do noticiário.

Marcelo Díaz: ganhou o apelido de “Xavi sul-americano” por ser pequenino e possuir algumas das qualidades do já mítico meio-campista espanhol, principalmente a precisão nos passes e a capacidade de tabelar com os companheiros em pequenos espaços do campo. Formado nas categorias de base de La U, Díaz fez ótimas temporadas pelo time de 2005 até 2012, quando foi negociado com o futebol suíço.

Albert Acevedo: teve mais espaço nas conquistas nacionais da Universidad jogando como lateral, volante e zagueiro. Polivalente, era escalado pelo técnico Sampaoli principalmente em partidas que exigiam pegada na marcação e velocidade. Na Sul-Americana, Acevedo teve destaque em várias partidas da reta final e na decisão contra a LDU.

Guillermo Marino: o argentino chegou em 2010 após ter destaque no Newell´s Old Boys-ARG e no Boca Juniors-ARG pela força na marcação e a facilidade em jogar tanto como volante quanto pelas pontas. Com isso, foi outra peça importante para as variações táticas de Sampaoli ao longo da temporada, principalmente na conquista do Apertura de 2011.

Eugenio Mena: jogou de 2010 até 2013 na Universidad e foi titular absoluto no setor esquerdo do time chileno, atuando como articulador de jogadas pelo meio de campo e como lateral. Muito veloz e raçudo, Mena caiu nas graças da torcida e foi fundamental para as conquistas de 2011.

Eduardo Vargas: se havia um jogador iluminado ao extremo em 2011 esse cara era Eduardo Vargas. O chileno jogou absurdamente demais graças ao esquema ofensivo armado pelo técnico Sampaoli que ajudava o atacante a ter mais liberdade pela direita. Com isso, Vargas entortou dezenas de zagueiros, construiu jogadas brilhantes, marcou gols em profusão e virou a grande estrela e principal responsável pelo título da Copa Sul-Americana de 2011. Nos 12 jogos de La U, Vargas fez 11 gols e balançou as redes em nove jogos, façanha que o tornou o maior artilheiro em uma só edição da história do torneio. Habilidoso, rápido e insinuante, o chileno só não foi eleito o melhor jogador do continente naquele ano porque nas Américas ainda residia Neymar. Em 2012, o craque foi negociado com o Napoli-ITA, começou até que bem a temporada no Calcio, mas foi ofuscado pelo uruguaio Cavani, sendo negociado com o Grêmio-BRA tempo depois.

Gustavo Canales: foi o principal centroavante do time e herói nas conquistas nacionais, principalmente no torneio Apertura, quando anotou três gols na épica vitória por 4 a 1 sobre a Universidad Católica. Oportunista e ótimo para se posicionar dentro e fora da área, o atacante foi um dos queridos da torcida naquele ano.

Gustavo Lorenzetti: o argentino caiu como uma luva no esquema do técnico Sampaoli atuando como meia ou atacante nas muitas partidas disputadas a partir do segundo semestre de 2011. Rápido, habilidoso, preciso nos chutes e inteligente para jogadas rápidas, Lorenzetti fez vários gols decisivos, como nos 4 a 0 sobre o Flamengo, nas quartas de final da Sul-Americana, e nos 3 a 0 sobre a LDU, na finalíssima da competição.

Gabriel Vargas: chegou para compor o elenco da equipe e marcou alguns gols nos torneios nacionais vencidos pela Universidad em 2011. Não foi titular absoluto por causa da concorrência no ataque com os companheiros. Apesar de ter Vargas no sobrenome, Gabriel não tem parentesco com Eduardo Vargas.

Francisco Castro: fechava o trilo de ataque titular de La U campeã da Copa Sul-Americana e participou ativamente das conquistas da equipe no ano com movimentação constante, habilidade e força. Foi artilheiro do time na conquista do Clausura de 2011 com oito gols.

Diego Rivarola: muito identificado com o clube, o atacante não foi titular na maioria das partidas de La U, mas quando entrou cumpriu seu papel e marcou vários gols importantes ao longo do ano. O “Gokú” ganhou a simpatia da torcida por sua entrega em campo e por sempre dizer que “La U era sua casa”. Encerrou a carreira em 2011, aos 35 anos, com 101 gols marcados pela equipe nas três passagens que teve pelo clube.

Edson Puch: o atacante foi um dos artilheiros da equipe na campanha do título do Apertura de 2011 e fez grandes partidas com muita velocidade e entrosamento com Canales. No meio do ano, deixou o clube para jogar no futebol árabe.

Jorge Sampaoli (Técnico): é, sem dúvida, o principal técnico da história recente da Universidad (ou seria de toda a história?) e o mestre que criou um time vistoso, com toque de bola envolvente e que não se intimidou com nenhum adversário ou estádio rival por um ano inteiro. Dos quatro torneios que disputou em 2011, Sampaoli venceu os três principais e só não ganhou a Copa Chile por causa da “ressaca” do título do Apertura. Uma pena que tenha perdido jogadores importantes para a temporada de 2012, pois teria conseguido, quem sabe, o título da Copa Libertadores. Após ver seu trabalho ser reconhecido no mundo inteiro, Sampaoli recebeu convites de várias equipes, mas acabou aceitando o cargo de técnico da Seleção Chilena. No comando da “roja”, o comandante conseguiu classificar a equipe para a Copa do Mundo de 2014 e faturar uma Copa América.

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Comentários encerrados

5 Comentários

  1. Nessa época, em 2011, estive em Santiago no Chile. Lembro muito bem que nesse ano a Universidad tava bombando. Em dias de jogo torcedores nos bares berrando, pessoas saindo com a camisa do time nas ruas, se bem que gosto mais do Colo-Colo kkkk

  2. Oi pessoal do Imortais do Futebol, sou um dos editores do blog Universidad de Chile Brasil, que no momento está ausente, mais que voltará em breve. Passei aqui para parabenizá-lo por esta excelente matéria de um dos melhores esquadrões da La U. O time realmente era brilhante vê-lo jogar e é uma pena que o time perdeu jogadores. Porém espero que em 2015 essa equipe volte a ser como foi em 2011 com a nova administração que o clube terá em abril de 2014, novo diretor da Azul Azul e treinador (Eduardo Berizzo poderia ser o futuro sucesso azul). Sabino Aguad poderá voltar como gerente esportivo (esse que trouxe jogadores para o timaço do Colo Colo de 2006 e da La U de 2011).

  3. Esse time da La U com certeza foi o time que jogou o futebol mais vistoso da América do Sul nos últimos 10 anos, se impondo até na casa do adversário e conquistando recordes incríveis. Uma pena que durou pouco.

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