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Craque Imortal – Lothar Matthäus

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Nascimento: 21 de Março de 1961, em Erlangen, Alemanha.

Posição: Meio-campista / Líbero

Clubes: Borussia Mönchengladbach-ALE (1979-1984), Bayern München-ALE (1984-1988 e 1992-2000), Internazionale-ITA (1988-1992) e Metro Stars-EUA (2000).

 

Principais títulos por clubes:

1 Copa da UEFA (1990-1991), 1 Campeonato Italiano (1988-1989) e 1 Supercopa da Itália (1989) pela Internazionale.

1 Copa da UEFA (1995-1996), 7 Campeonatos Alemães (1984–85, 1985–86, 1986–87, 1993–94, 1996–97, 1998–99 e 1999–2000), 2 Copas da Alemanha (1986 e 1998), 4 Supercopas da Liga Alemã (1997, 1998, 1999 e 2000) e 1 Supercopa da Alemanha (1987) pelo Bayern München.

 

Principais títulos por seleção:

1 Copa do Mundo (1990) e 1 Eurocopa (1980) pela Alemanha.

 

Principais títulos individuais:

Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 1991

Bola de Ouro da Revista France Football: 1990

Onze d´Or: 1990

Jogador do Ano pela Revista World Soccer: 1990

Jogador Alemão do Ano: 1990 e 1999

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1990

FIFA 100: 2004

Eleito para o Dream Team do Ballon d’Or da revista France Football: 2020

Eleito para a Seleção dos Sonhos da Alemanha do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos da Inter de Milão do Imortais: 2022

 

“Sem papas na língua. E muito bom de bola”

Por Guilherme Diniz

O futebol sempre teve jogadores falastrões, polêmicos e que nunca levavam desaforo para casa, os chamados “bad boys” da bola. Muitos deles foram jogadores medianos, outros foram craques que podiam falar o que quisessem que no dia seguinte destruíam em campo, caso de Romário, aqui no Brasil, e Lothar Herbert Matthäus, ou simplesmente Matthäus, na Alemanha. O meio campista cheio de técnica, vigor, força de marcação, precisão no desarme, chute poderoso e muita liderança, falava o que pensava e jogava tudo o que sabia. Matthäus foi um dos grandes nomes do futebol mundial na década de 80 e na primeira metade da década de 90, conquistando quase todos os títulos possíveis para um futebolista profissional e a glória máxima em 1990, ao ser o capitão da Alemanha tricampeã do mundo. Depois de esbanjar categoria no meio de campo do Bayern e da Inter, Matthäus se arriscou como líbero depois dos 30 anos e continuou exímio como sempre. O Imortais relembra agora as façanhas e carreira desse célebre craque do futebol mundial.

 

Pontapé inicial na Baviera

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Nascido em Erlangen, no interior da Baviera, Matthäus começou a dar seus primeiros chutes na bola aos nove anos, jogando no pequenino Herzogenaurach. Paralelo ao futebol, o garoto fez um curso de decoração de interiores (!), pensando até mesmo em seguir carreira na área. Porém, isso não passou de uma ideia. Ele decidiu, tempo depois, em seguir mesmo a carreira de futebolista. O jovem começou a carreira profissional no Borussia Mönchengladbach, equipe tradicional da Alemanha que havia tido grandes momentos nos anos 70. Logo em sua primeira temporada, em 1979, Matthäus mostrou logo seu temperamento forte e convenceu o então técnico da equipe, Jupp Heynckes, a escalá-lo como titular. Dito e feito, o jovem começou a disputar várias partidas e a esbanjar talento no meio de campo, sendo eficiente e preciso tanto na marcação quanto na criação de jogadas, além de marcar vários gols. Seu futebol virtuoso o levou para as categorias de base da seleção alemã e, consequentemente, a equipe principal, para jogar ao lado de estrelas como Schumacher, Dietz e Rummenigge.

 

Logo de cara, um título

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Em 1980, Matthäus conseguiu uma vaga na seleção alemã que disputaria a Eurocopa daquele ano. O jogador teve a oportunidade de jogar já na estreia da equipe, contra a Holanda, mas parece que o peso do jogo fez mal ao meio campista, que cometeu um pênalti logo em seu primeiro lance no jogo e viu a Holanda quase empatar uma partida que já estava ganha pela Alemanha, que fez 3 a 0 e levou dois gols. A atuação desastrosa fez com que o jovem Matthäus visse do banco a Alemanha ir avançando na competição e vencer pela segunda vez a Eurocopa, na vitória por 2 a 1 contra a forte Bélgica de Pfaff e Ceulemans. Com menos de dois anos como profissional, Matthäus já ganhava um título de peso, e logo pela seleção. Mesmo sem ser titular, o caneco serviu para ele ver que em grandes torneios era proibido errar. A experiência valeu a pena, pois o futuro craque começaria ali a jogar cada vez mais.

 

Regularidade, Copa e Bayern

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Após a participação na Euro, Matthäus seguiu jogando muito bem no Borussia, mas sofria com a falta de estrelas para lhe ajudar a conquistar um título. O mais perto que ele chegou foi na Copa da UEFA de 1980 (vice-campeão) e na Copa da Alemanha de 1984 (vice-campeão). Suas atuações, porém, continuaram a levá-lo para a seleção, garantindo ao jogador uma vaga na Copa do Mundo de 1982. Ainda sem chances como titular, Matthäus viu do banco a Alemanha alcançar mais uma final importante, mas dessa vez a Itália não deu chances para os alemães e conquistou o título mundial com uma vitória por 3 a 1. Dois anos se passaram e em 1984 o jogador conseguiu, enfim, uma transferência para um grande clube, o Bayern München. Com uma grande equipe comandada por Udo Lattek, os bávaros ganhavam ainda mais qualidade no meio de campo com a chegada de Matthäus, que levantou logo em seu primeiro ano a Bundesliga.

Cada vez melhor e dono do meio de campo do time, Matthäus ganhou rapidamente a torcida carente dos ídolos Rummenigge e Breitner, além dos holofotes com seu jeito de estrela e centro das atenções. O Bayern repetiu a dose na temporada 1985-1986 e faturou o bi da Bundesliga e o caneco da Copa da Alemanha. O clube de Munique conseguiu, com o bicampeonato nacional, superar o Nuremberg em número de títulos alemães. Naquele ano, Matthäus já era uma estrela e uma unanimidade. Para completar, o craque tinha ganhado do técnico Beckenbauer a braçadeira de capitão da seleção. Tinindo, ele tinha a esperança de disputar mais uma Copa, em 1986.

 

Novo vice

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Em 1986, no México, Matthäus disputou sua segunda Copa do Mundo, a primeira como titular. O craque fez partidas magníficas, marcou dois gols, e conduziu a Alemanha até a final. Na decisão, contra a Argentina, coube a Matthäus uma tarefa quase impossível: marcar o grande astro Maradona. O alemão superou todas as expectativas e cumpriu muito bem sua tarefa, marcando Maradona em todos os cantos do campo. Porém, ninguém é perfeito, e num único lance que Matthäus não grudou como deveria em Diego, o craque argentino conseguiu dar um passe para Burruchaga fazer o gol do título portenho. A Alemanha (e Matthäus) amargava um bi-vice-campeonato mundial. Mais quatro anos seriam necessários para buscar o sonho do tri.

 

Decepção continental

Em 1987, o Bayern de Matthäus fez uma grande Liga dos Campeões da UEFA e chegou à decisão, com direito a uma goleada por 4 a 1 sobre o freguês Real Madrid na semifinal, com dois gols de Matthäus. Porém, na final, contra o Porto (POR), o time alemão sofreu uma pane nos minutos finais e perdeu de virada por 2 a 1, vendo o sonho do tetra ruir. Mal sabia Matthäus que aquela não seria a primeira final de Liga que ele perderia com dois gols no final do jogo. Ele veria o mesmo filme alguns anos depois. E com ares ainda mais dramáticos…

 

Rei de Milão

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Depois de perder a Liga dos Campeões, mas vencer sua terceira Bundesliga, Matthäus queria novos ares e aceitou uma proposta da Internazionale, para onde foi naquele mesmo ano. O jogador chegou à Milão com status de estrela global e ídolo. Rapidamente, ele correspondeu ao carinho da torcida e foi um dos principais responsáveis pelo incrível título do Campeonato Italiano de 1988-1989, conquistado categoricamente pela Inter, líder do inicio ao fim em um torneio extremamente difícil, afinal, todos apostavam no Napoli de Maradona e Careca ou no Milan de Van Basten e Gullit. No fim, quem riu por último foi a Inter, que venceu o confronto direto e decisivo contra o Napoli, em Milão, por 2 a 1, com um dos gols de Matthäus, o que garantiu o título com quatro rodadas de antecipação. O caneco serviu para amenizar a eliminação da Alemanha de Matthäus na Eurocopa de 1988, em plena Alemanha, para a Holanda, que acabou campeã. Ainda em 1989, a Inter venceu a Supercopa da Itália com uma vitória por 2 a 0 sobre a Sampdoria. Mas Matthäus só pensava em uma coisa naquela época: a Copa do Mundo de 1990, talvez sua última chance de jogar em alto nível um Mundial.

 

Enfim, rei do mundo

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A Copa de 1990, na Itália, foi sem dúvida alguma o melhor momento da carreira de Matthäus. No auge da forma e da fama, o craque jogou o fino e o esplendor naquela Copa, marcou quatro gols (inclusive um golaço contra a Iugoslávia) e comandou a Alemanha até chegar a terceira final consecutiva, novamente contra a Argentina. Dessa vez, os alemães neutralizaram as melhores jogadas dos hermanos e venceram por 1 a 0, gol de pênalti marcado por Brehme.

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Enfim, os alemães eram tricampeões do mundo e Matthäus tinha a honra de erguer, como capitão, a Taça FIFA. O astro estava no topo do mundo, ainda mais com os vários títulos que recebeu na temporada, como a Bola de Ouro. Mas ainda tinha o paraíso.

 

Pioneiro

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Depois de um ano mágico, a temporada de 1991 foi ainda melhor para Matthäus. O craque, com partidas notáveis e vários gols, conduziu a Internazionale ao título da Copa da UEFA, com vitória sobre a rival Roma na grande decisão. No primeiro jogo, em Milão, Matthäus fez um e a Inter venceu por 2 a 0. Na volta, a Roma fez apenas 1 a 0, e o time do craque alemão venceu no placar agregado por 2 a 1. Para ficar ainda melhor, Matthäus se tornou o primeiro jogador da história a ser eleito pela FIFA o Melhor Jogador do Mundo, no prêmio criado pela entidade máxima do futebol naquela temporada. Pioneiro, o craque não precisava provar mais nada para ninguém. Mas, sempre depois de um auge, há o declínio.

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Contusões e a volta à Alemanha

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Em 1992, Matthäus sofreu uma séria lesão nos ligamentos do joelho, fato que o deixou meses sem jogar e o levou de volta ao Bayern no mesmo ano, para iniciar uma recuperação improvável. Cheio de força de vontade, ele conseguiu se recuperar, mas sem tempo para disputar a Eurocopa. Em Munique, Matthäus se reinventou e passou a jogar mais recuado, como líbero, posição que outro craque brilhou no clube anos atrás: Beckenbauer. Em 1993-1994, o Bayern venceu a Bundesliga e Matthäus ganhou novamente destaque. O título ajudou o craque a ir para mais uma Copa do Mundo, nos EUA, mas a Alemanha caiu nas quartas de final diante da Bulgária.

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Em 1995, o craque voltou a sofrer uma contusão, dessa vez no tendão de Aquiles. Muitos acreditavam que ele encerraria definitivamente sua carreira, mas ele superou tudo e voltou a jogar, ajudando o Bayern na conquista da Copa da UEFA de 1996, quando a equipe derrotou o Bordeaux (FRA) no primeiro jogo, em Munique, por 2 a 0, e por 3 a 1 na França.

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Ainda em 1996, Matthäus ficou de fora da Eurocopa por desentendimentos com o técnico Vogts, o que impossibilitou o craque de conquistar seu bicampeonato do torneio. Dois anos depois, em 1998, alcançou um recorde ao disputar, aos 37 anos, sua quinta Copa do Mundo, igualando o feito do goleiro mexicano Carbajal. Também naquele Mundial, o craque alemão quebrou o recorde de jogos disputados no torneio: 25 partidas, na derrota da Alemanha para a Croácia por 3 a 0 nas quartas de final. O revés enterrou de vez a velha e combalida Alemanha daquela Copa, que ainda se apegava nos remanescentes do título de 1990 e não tinha nada de brilho. O jogador ainda vestiu a camisa alemã até 2000, mas sem grandes proezas. O grande marco foi mais um recorde: o de jogador que mais vezes vestiu a camisa da seleção, em 150 jogos.

 

Decepções e o fim

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Após o Mundial de 1998, Matthäus viveu um pesadelo na Liga dos Campeões da UEFA de 1998-1999. O Bayern chegou até a final da competição contra o Manchester United, vencia o jogo por 1 a 0 até os 46 minutos do segundo tempo, mas levou a virada num jogo histórico. Matthäus, do banco, pois havia sido substituído, não acreditou. Ele perdia sua segunda Liga da mesma maneira que a primeira: de virada, com gols no final do jogo. Aquela foi a grande sina da carreira do craque, que nunca conquistou o principal torneio de clubes da Europa.

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Ele seguiu no Bayern até 2000, quando levantou pela última vez a Bundesliga. A saída do jogador de Munique foi conturbada, pois ele acionou o clube na justiça por uma dívida de 500 mil euros, mesmo o Bayern oferecendo até uma partida amistosa em sua homenagem. Depois de uma batalha judicial, o craque recebeu pouco mais de sete mil euros e virou “persona non grata” no clube. Ainda em 2000, Matthäus disputou algumas partidas no Metro Stars, dos EUA, até encerrar a carreira no final do ano, aos 39 anos de idade. Terminava um tanto quanto melancólica a carreira de um dos maiores jogadores do futebol alemão e mundial, exemplo de longevidade, recordes e eficiência tática e técnica. Embora tenha deixado o Bayern pela porta dos fundos, a história de Matthäus no clube é notável, cheia de títulos, gols e atuações brilhantes. Capitão bávaro e da seleção alemã, o craque deu show por duas décadas, sempre com um futebol primoroso, competitivo e de entrega. Sem brilho como técnico após se aposentar, Matthäus deixou mesmo o seu legado no campo, como Rei de Milão, ídolo Bávaro e herói nacional. Um imortal do futebol.

 

Números de destaque:

Disputou 150 partidas pela seleção da Alemanha. Um recorde até hoje.

Disputou 25 jogos na Copa do Mundo da FIFA. Um recorde até hoje.

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Comentários encerrados

14 Comentários

  1. Matthäus foi um jogador completo bom no desarme, chutava com muita eficiência no gol, além de ter ganho praticamente tudo, tanto nos clubes quanto na seleção, infelizmente faltou o título da Liga dos Campeões.
    Beckenbauer teria dito “que não foi Matthäus quem não teve a honra de erguer o troféu da Liga dos Campeões, e sim o troféu que não teve a honra de ser erguido por Matthäus”.

    – Grazie Lothar!
    – FORZA INTER!

  2. Lothar Matthäus foi um jogador completo ganhou tudo que tinha pra ganhar, exceto a Liga dos Campeões. Beckenbauer teria dito que não foi Matthäus quem não teve a honra de erguer o troféu da Liga dos Campeões, e sim o troféu que não teve a honra de ser erguido por Matthäus.

    GRAZIE LOTHAR!
    FORZA INTER!

  3. Se eu fosse fazer um time com jogadores da atualidade seria numa 4-4-2. Com exceção ao Lothar Matthäus, que na minha opinião foi o melhor jogador do século.

    Goleiro: Jan Oblak (Eslovênia) o milagroso.

    Lateral Direito: Kyle Walker (Inglaterra) o melhor do mundo na sua posição.

    Zagueiro: John Stones (Inglaterra) a muralha.

    Zagueiro: Mats Hummels (Alemanha) segurança e eficiência na marcação. O novo Beckenbauer.

    Lateral Esquerdo: Benjamin Mendy (França) um lateral completo.

    Volante Defensivo: Lothar Matthäus (Alemanha) ganhou tudo que tinha pra ganhar. Foi um jogador completo bom no desarme, chutava com muita eficiência no gol sem querer dizer que ganhou tudo que tinha pra ganhar tanto nos clubes quanto na seleção, infelizmente faltou o título da UEFA Champions League.
    Beckenbauer disse: “Não foi o Matthäus que teve a honra de erguer o troféu da UEFA Champions League e sim o troféu que não teve a honra de ser erguido por Matthäus”.
    Thank You Lothar!!!

    Volante Ofensivo: Toni Kroos (Alemanha) classe pura. Me agrada ao vêlo jogar.

    Meia Armador: Leon Goretzka (Alemanha) o talento do século.

    Meia Armador: Kevin De Bruyne (Bélgica) “il fantasista”.

    Atacante: Gabriel Jesus (Brasil) “the golden boy”.

    Atacante: Romelu Lukaku (Bélgica) matador nato.

    “O Manchester City vai ganhar a Premier League e a UEFA Champions League esse ano”.

    FORZA CITY!!!

  4. Matthäus foi um jogador completo bom no desarme, chutava com muita eficiência no gol sem querer dizer que ganhou tudo que tinha pra ganhar tanto nos clubes quanto na seleção, infelizmente faltou o título da UEFA Champions League.
    Beckenbauer disse: “Não foi o Matthäus que teve a honra de erguer o troféu da UEFA Champions League e sim o troféu que não teve a honra de ser erguido por Matthäus”.
    Grazie Lothar!

Esquadrão Imortal – Manchester United 1998-1999

Craque Imortal – Zito