Esta é uma das 16 maiores seleções do Imortais! Confira as outras clicando aqui!
Grande feito: Campeã do Mundo em 1986.
Time base: Pumpido; Cuciuffo, Brown e Ruggeri; Giusti, Burruchaga, Batista, Héctor Enrique e Olarticoechea; Maradona e Valdano. Técnico: Carlos Bilardo.
“Maradona, o 10, e mais 10”
Por Guilherme Diniz
Em 1978, a Argentina jogou sua primeira Copa em casa e venceu. Porém, o título, até hoje, é muito contestado pelo jogo suspeito contra o Peru, em que os argentinos venceram por acachapantes 6 a 0, num suposto favorecimento dos peruanos, que faziam uma ótima Copa. O caso magoou os hermanos, que buscavam uma oportunidade para colocar fim às polêmicas e vencer uma Copa sem contestações. Foi então que, em 1986, o esperado momento chegou. Com uma seleção bem mais equilibrada e técnica que em 1978, e com um craque fantástico (Maradona), a Argentina venceu 5 dos 6 jogos disputados e conquistou o bicampeonato mundial. Houve polêmica no segundo título argentino? Sim, o gol de mão de Maradona. Mas, na mesma partida em que ele fez o famoso gol “com a mão de Deus”, o argentino fez, também, um dos gols mais bonitos da história das Copas e da história do futebol mundial, driblando meio time inglês e passando a borracha na controvérsia. Dieguito jogou como nunca naquele mundial e pôde dizer que venceu uma Copa sozinho, assim como Garrincha, em 1962, e Romário, em 1994. Mas o time argentino ajudou (muito!) o craque na caminhada do título mundial. É hora de relembrar como foi.
Dando a volta por cima
Na Copa de 1982, a Argentina teve o azar de cair em um grupo super difícil na segunda fase do Mundial, ao lado de Itália e Brasil. O time não conseguiu mostrar sua força, mesmo com Maradona, e perdeu os dois jogos, sendo eliminado. O fracasso serviu como inspiração para dar a volta por cima e entrar com tudo no Mundial de 1986. De novo com Maradona, agora como capitão, o time começava a Copa com muita esperança. Afinal, Dieguito estava no auge da forma e extremamente disposto a mostrar para o mundo o quão bom ele era.
Começando a luta pelo Bi
Comparando com suas equipes anteriores, a Argentina de 1986 era a melhor já formada em anos. Com uma zaga forte e consistente (Ruggeri, Brown e Cucciufo), um meio de campo pegador (Enrique e Batista), e um ataque arrasador com Burruchaga, Valdano e Maradona, o time tinha o equilíbrio, a técnica e a habilidade necessários para fazer bonito no mundial. A equipe jogava no 3-5-2, esquema novo na época, que dava liberdade e segurança para Maradona destruir as zagas rivais.
O time caiu no Grupo A da Copa, ao lado da então campeã Itália, da Bulgária e da Coreia do Sul. O primeiro jogo foi contra os coreanos, e a Argentina não teve dificuldades: vitória por 3 a 1, gols de Valdano (2) e Ruggeri. No jogo seguinte, empate contra a Itália em 1 a 1, com Maradona marcando para os argentinos e Altobelli para os italianos. No jogo decisivo da primeira fase, vitória por 2 a 0 contra a Bulgária, gols de Valdano e Burruchaga. O time estava nas oitavas de final.
Clássico para o mundo ver
A Argentina encontrou seu grande e clássico rival, o Uruguai – de Francescoli – nas oitavas da Copa. O jogo, como não poderia deixar de ser, foi bem disputado e pegado, mas a Argentina marcou com Pasculli, aos 42´do primeiro tempo, o único gol do jogo, que garantiu vaga nas quartas de final. O adversário seria a Inglaterra, de Lineker, Sansom, Shilton e Waddle.
Jogo para a história
A Argentina protagonizou um embate histórico contra a Inglaterra. Era o primeiro jogo entre as duas seleções após a Guerra das Malvinas, que envolveu exatamente os dois países. O clima de tensão foi grande antes e durante o jogo, obrigando a polícia mexicana a realizar uma complexa operação nos arredores do estádio Azteca para coibir possíveis problemas. Porém, o que se viu em campo foi uma das maiores apresentações de um jogador na história das Copas. O primeiro tempo foi morno, mas o segundo… Maradona, num gesto emblemático, abriu o placar após dar um leve toque na bola com o punho cerrado, na disputa pelo alto com o goleiro inglês. Mesmo com os protestos, o gol foi validado pelo árbitro tunisiano Ali Bin Nasser, que não viu a “mão de Deus”.
LEIA TAMBÉM – Seleção dos Sonhos da Argentina
Minutos depois, o craque fez todos se esquecerem da polêmica com um gol que, digamos, também foi polêmico… De maravilhoso! O argentino recebeu a bola no meio de campo, passou por cinco jogadores ingleses e tocou na saída do goleiro: Argentina 2 a 0. Uma pintura tão linda, tão fantástica, que, em 2002, foi eleito o gol mais bonito da história das Copas. Com muita justiça. A Inglaterra ainda diminuiu o placar com Lineker, mas aquele dia era de Maradona: Argentina 2×1 Inglaterra.
A vingança dos argentinos por conta da Guerra vinha no futebol, da maneira mais deliciosa que poderia ser. No final do jogo, Maradona ainda nomeou, sem querer, o primeiro gol que havia feito: “se houve mão na bola, foi a mão de Deus“. Leia mais sobre esse jogaço clicando aqui.
Revanche e vaga na final
A Argentina reencontrou a Bélgica nas semifinais da Copa de 1986. Maradona estava mordido com os belgas pelo fato de eles terem “batido” demais nele no Mundial de 1982, na Espanha. E o craque, mesmo levando as mesmas botinadas, arrebentou: marcou os dois gols da vitória por 2 a 0 da Argentina, que garantiu a vaga na sonhada final, oito anos depois.
A coroação de um gênio
A final foi contra a sempre competitiva e perigosa Alemanha, que havia eliminado a melhor França desde então, de Platini, Amoros, Papin, Tiganá e Giresse. Os alemães contavam com astros da bola como Rummenigge, Matthäus, Brehme, Magath e Schumacher. Sabendo da qualidade do adversário, a Argentina se apoiou na força de seu grupo e no diferencial de ter Maradona no auge da forma. Já a Alemanha apostou na marcação individual de Matthäus na estrela argentina. Ela funcionou, mas não nos 90 minutos. A albiceleste abriu 2 a 0 com Brown e o matador Valdano, mas Rummenigge e Völler empataram heroicamente o jogo para os alemães.
LEIA TAMBÉM – Maiores Rivalidades das Copas
Visivelmente cansados com o sol de rachar do México, a Alemanha tentava levar o jogo de maneira calma, sem velocidade. Porém, a Argentina tratou de acabar com isso e, no pequeno lance em que Matthäus não grudou como deveria em Maradona, o pequenino fez a diferença. O craque, entre dois adversários, deu um passe magistral para Burruchaga fazer o terceiro gol dos argentinos, decretando a vitória por 3 a 2. Fim de jogo. A Argentina, dessa vez de maneira incontestável, era campeã mundial. Ou seria Maradona, campeão mundial de futebol? Tanto faz. O que se sabe é que o México, assim como 1970, via a consagração de mais um mito do futebol. Se na primeira Copa no país quem brilhou foi Pelé e uma legião de craques vestindo verde e amarelo, em 1986 foi a vez de Maradona e sua equipe alviceleste encantar. A Argentina era bicampeã mundial. E Maradona estava no topo do mundo.
À espera de Messi
Depois do título mundial de 1986, a Argentina ainda teve a chance de ser tricampeã na Copa de 1990, quando fez a final novamente contra a Alemanha. Porém, dessa vez, foram os alemães que ficaram com a taça ao vencer por um magro 1 a 0, em gol de pênalti marcado por Brehme. Muitos bons jogadores foram revelados na década de 1990 como Redondo, Batistuta, Ortega, Simeone, Zanetti, Sorín, bem como nos anos 2000, como Tevez, Agüero e Cambiasso, mas nenhum deles conseguiu levar a Argentina ao título. A equipe até chegou à final da Copa de 2014, mas a Alemanha foi mais uma vez o carrasco. O tri só veio em 2022, quando outro camisa 10 lendário, Lionel Messi, conduziu a albiceleste ao título em uma campanha sensacional e repleta de alusões ao time de 1986, com apresentações que misturavam raça, aplicação tática, técnica, e, claro, muita magia, como fez Don Diego Armando Maradona
Os personagens:
Pumpido: fechou o gol da Argentina na Copa e garantiu a segurança na conquista do bicampeonato. Foi estrela, também, no River Plate de 1986, que venceu a Copa Libertadores e o Mundial Interclubes. Era titular na Copa de 1990, mas uma fratura na perna o tirou do mundial.
Olarticoechea: ficou conhecido como “El Vasco” (O Basco, em português), por sua ascendência basca. Foi o dono da lateral esquerda da Argentina no mundial, sendo preciso tanto na marcação quanto no apoio ao ataque. Jogou nos principais clubes do país.
Brown: o sobrenome não era nada argentino, mas o nome e a raça eram. José Luis Brown foi um dos zagueiros do 3-5-2 argentino no mundial. Atuou de 1983 até 1990 na seleção e foi bicampeão argentino pelo Estudiantes.
Ruggeri: Óscar Ruggeri, ou “El Cabezón”, foi um dos maiores zagueiros da história da Argentina. Foi essencial na conquista da Copa do Mundo de 1986 e um dos grandes líderes do time. Esteve no grande River Plate de 1986 campeão da América e do mundo. É um dos recordistas em jogos pela seleção alviceleste, com mais de 95 partidas.
Cuciuffo: era o zagueiro que fechava o paredão na zaga argentina. Muito eficiente, garantiu a segurança para os atacantes brilharem naquele mundial.
Giusti: volante e lateral direito, Ricardo Giusti foi um dos grandes defensores da Argentina campeã mundial em 1986. Brilhou, também, no Independiente, ajudando o time na conquista da sétima Libertadores de sua história, em 1984, bem como no bicampeonato Mundial Interclubes, no mesmo ano.
Héctor Enrique: “El Negro” foi um dos melhores volantes do Mundial de 1986, marcando muito e ajudando demais o ataque argentino a trabalhar com tranquilidade. Foi o autor do passe para Maradona começar a construir sua obra prima contra a Inglaterra, nas quartas de final do Mundial. Foi outro presente nas conquistas da América e do Mundo do River Plate, também em 1986.
Sérgio Batista: volante que se impunha pela presença física, Batista era a raça pura no meio de campo argentino. Esteve presente no incrível time do Argentinos Juniors que venceu a Libertadores em 1985, maior feito do clube que revelou Maradona. Depois de pendurar as chuteiras, foi técnico da seleção Argentina que venceu a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, além de comandar a seleção principal de 2010 até 2011.
Burruchaga: o “Burru” foi bestial na Copa de 1986. Marcou gols, deu passes, dribles e foi peça fundamental para a Argentina vencer seu segundo título Mundial. Na final, foi o melhor em campo, melhor até que Maradona, e marcou o gol do título. Rápido e cheio de habilidade, Burruchaga foi peça importante no Independiente da década de 80, que venceu muitos títulos, entre eles a Libertadores e o Mundial de 1984.
Maradona: o que dizer do melhor jogador da história da Argentina, que escolheu justamente uma Copa do Mundo para arrebentar? Maradona pode dizer que praticamente ganhou a Copa de 1986 sozinho. O que “Dieguito” jogou naquele mundial não está escrito. Fez gol antológico driblando meio time da Inglaterra, fez gol com “a mão de Deus” e deu passes para diversos gols, inclusive para o do título mundial argentino. Capitão, entusiasta e genial, foi mais do que importante para a Argentina naquela Copa: foi parte integrante da conquista. Sem ele, dificilmente a Argentina passaria das quartas de final. Está marcado para sempre na história do futebol como um dos melhores que o mundo já viu. Foi gênio. Leia mais sobre ele clicando aqui.
Valdano: o grandalhão foi outra peça decisiva para a Argentina na conquista do título mundial. Centroavante trombador, mas com boa técnica, Valdano marcou gols muito importantes na Copa, inclusive o segundo na final contra a Alemanha. Brilhou no Real Madrid (ESP), onde venceu dois campeonatos espanhóis e duas Copas da UEFA (atual Liga Europa). Encerrou a carreira precocemente, aos 31 anos, por conta de Hepatite. Ficou conhecido como filósofo do futebol, por proferir frases de efeito sobre o esporte.
Carlos Bilardo (Técnico): meio-campista de sucesso na década de 60, época em que venceu três Copas Libertadores consecutivas com o Estudiantes (ARG), Carlos Bilardo virou técnico e brilhou na seleção da Argentina, implantando o 3-5-2 que fez tanto sucesso na Dinamarca na Eurocopa de 1984. O esquema surtiu efeito logo na primeira Copa do Mundo em que dirigiu sua equipe, em 1986, sendo perfeito para Maradona brilhar. Dirigiu com maestria a seleção, inclusive na Copa de 1990, quando ficou com o vice-campeonato. Foi eleito por duas vezes o melhor técnico da América do Sul, em 1986 e 1987.
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
A VELHA LENDA DO JOGADOR QUE GANHOU COPA SOZINHO. ELE ESTAVA NO GOL, NA ZAGA, NO COMBATE DO MEIO DE CAMPO E NO ATAQUE. A ARGENTINA LEVOU DOIS GOLS ATÉ A FINAL E GANHOU DESONESTAMENTE DA INGLATERRA.
Esse site é excelente.
Uma boa seleção, mas não chegaria a lugar algum sem Maradona
Sensacional, passou o video da final agora pouco na tv