in

Os títulos mundiais do Porto em 1987 e 2004

porto mundiais 1987 2004

Por Guilherme Diniz

Adversário do Palmeiras na rodada de abertura do Grupo A da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, o Porto é o único clube português campeão mundial. Aliás, bicampeão! Relembre a seguir os detalhes e curiosidades dos títulos dos Dragões em 1987 e 2004.

Mundial Interclubes de 1987 Porto 2×1 Peñarol-URU

porto penarol 1987 ELosBUoUwAAp80H Masahide Tomikoshi TOMIKOSHI PHOTOGRAPHY
Foto: Masahide Tomikoshi / TOMIKOSHI PHOTOGRAPHY
 

Depois do bicampeonato europeu conquistado pelo Benfica em 1961 e 1962, a Europa jamais viu o brilho de um clube lusitano na UCL até o ano de 1987. Décadas se passaram, vários esquadrões encantaram, mas nenhum que tivesse sangue português conseguiu desbancar alemães, italianos, ingleses, espanhóis, holandeses e até romenos na principal competição do continente. Foi então que uma turma vestida em azul e branco acabou de vez com a seca e faturou uma inédita e histórica Liga dos Campeões sobre um time amplamente favorito e já tricampeão do torneio – o Bayern München. Jogando em Viena, o Futebol Clube do Porto virou gigante, desbancou os alemães e levou a “Velhinha Orelhuda” para Portugal depois de 25 anos.

Não bastasse o título continental, os portistas viajaram até o gélido Japão para encarar outro clube cheio de tradição, o Peñarol-URU, e provou que nem mesmo um campo coberto de neve seria capaz de apagar a chama do Dragão e o futebol de Madjer, Gomes, Magalhães, Inácio, João Pinto e tantos outros que transformaram o Porto no primeiro – e até hoje único – clube português campeão mundial de futebol.

A final contra o Peñarol, campeão da Libertadores em uma final agonizante contra o América de Cali, aconteceu no dia 13 de dezembro de 1987, no Estádio Nacional de Tóquio (JAP) debaixo de (muita!) neve, com um gramado simplesmente tomado pelo gelo e que tornou a partida impraticável. O mais correto seria remarcar o jogo, mas a falta de datas no calendário obrigou as equipes a disputarem a decisão naquele lamaçal gelado.

porto87
porto penarol 87 final
Imagem captada pelo lendário fotógrafo Masahide Tomikoshi dá dimensão do estado do gramado. Foto: Masahide Tomikoshi / TOMIKOSHI PHOTOGRAPHY
 

Futebol, praticamente, não teve. Os pouco mais de 45 mil “corajosos” nas arquibancadas gélidas do estádio da capital japonesa viram os dois times darem chutões e lançamentos pelo alto. Qualquer tentativa de troca de passe era frustrada por conta da neve em excesso e da lama. Nem as faixas do gramado eram vistas. De destaque em meio aquele campo branco apenas a bola amarela e o Peñarol, que utilizou camisas amarelas e calções negros, o que acabou ajudando o Porto, que conseguia identificar o rival e saber o que (tentar) fazer quando tinha a bola sob seu domínio. Os jogadores de ambas as equipes arriscavam chutes de longe e chegar o mais perto possível da área, mas era muito difícil. Até que, aos 41’, Fernando Gomes recebeu na área, deu um bonito corte no zagueiro e chutou. A bola foi de mansinho para o gol e, mesmo com a tentativa de um jogador do Peñarol em tirar a redonda, ela acabou entrando: 1 a 0.

O jogo ficou tenso a partir dali, com confusão no final do primeiro tempo. Na segunda etapa, o Peñarol, valente, foi pra cima e buscou o empate naquele cenário de condições extremas. A esperança uruguaia veio na reta final da partida, quando uma bola na área encontrou Viera, que girou e bateu forte, sem chances para o goleiro polonês Młynarczyk: 1 a 1. A partida foi para a prorrogação. Tudo levava a crer que a decisão iria para os pênaltis até Madjer, aos 110’, aproveitar um lançamento longo, roubar a bola do adversário e, ao perceber o goleiro Eduardo Pereira adiantado, chutar por cobertura para fazer 2 a 1 e decretar o primeiro título mundial dos alviazuis e de um clube português em toda a história!

porto 87 campeao
Fernando Gomes com a taça do Mundial.
 

Veja abaixo os inacreditáveis lances daquele jogo:

Mundial Interclubes de 2004 – ⭐⭐ Porto 0x0 Once Caldas-COL (Porto 8×7 Once Caldas nos pênaltis)

porto 2004 mundial poster
Em pé: Vitor Baía, Jorge Costa, Ricardo Costa, Pedro Emanuel, Seitaridis e Costinha. Agachados: Maniche, Diego, Luís Fabiano, Derlei e McCarthy.
 

Anos depois, em 2004, o Porto voltou a brilhar em solo europeu com uma geração fantástica de futebolistas e comandado pelo técnico José Mourinho. O clube despachou vários titãs pelo caminho até derrotar o Monaco na final da Liga dos Campeões da UEFA por 3 a 0 e celebrar o bicampeonato europeu. Logo depois da conquista, porém, José Mourinho não resistiu aos milhões de dólares do russo Roman Abramovich e aceitou o desafio de treinar o estrelar Chelsea-ING, deixando órfãos jogadores e torcedores do Porto, que colocaram o português no mais alto patamar de idolatria do clube. Além dele (e de Ricardo Carvalho, que foi junto), a estrela Deco também saiu, para integrar o Barcelona-ESP

Sem Mourinho, o time perdeu força e passou a ser comandado pelo espanhol Víctor Fernandes. No primeiro desafio do novo técnico, ele comandou a vitória do Porto pra cima do Benfica pela decisão da Supercopa de Portugal. Uma semana depois, o Porto decidiu mais uma Supercopa da UEFA, dessa vez contra o Valencia-ESP, mas perdeu por 2 a 1. Pensando no restante da temporada e no Mundial, o Porto contratou os meias Diego (ex-Santos) e Quaresma (ex-Barcelona), e o atacante Luís Fabiano (ex-São Paulo). Diego e Luís Fabiano lutariam por um objetivo: enfrentar e derrotar os colombianos do Once Caldas, surpreendente equipe que eliminou os ex-clubes dos brasileiros da Copa Libertadores e ficou com a taça pela primeira vez. 

porto once caldas 2004
Diego (à direita) conseguiu sua vingança diante do Once Caldas.
 

O Porto teria muita dificuldade para vencer o time devido a já conhecida zaga que não deixava passar nem mosquito de tão retranqueira que era. Assim como na conquista continental, Los Albos armaram novamente o ferrolho e o time português sofreu do mesmo problema que Santos, São Paulo e Boca Juniors. Foram três bolas na trave do goleiro Henao – que também fez grandes defesas – e muito sofrimento, embora o Once Caldas tenha tido uma chance clara de gol em jogada de Fabbro para Viáfara, mas a bola acabou desviada. 

Após 120 minutos, a partida foi para os pênaltis e todos foram convertendo seus chutes – incluindo Diego, que marcou logo o primeiro gol e foi provocar Henao, “engasgado” na garganta do meia desde a Libertadores. Até que, no quarto chute do Porto, Maniche chutou na trave e o Once Caldas teve a chance de ser campeão do mundo no quinto chute, de Fabbro. Mas o argentino mandou a bola na trave e forçou as cobranças alternadas. Nelas, o Porto seguiu firme, enquanto o Once Caldas errou o oitavo chute, com García. O time português venceu por 8 a 7 e ficou com o bicampeonato mundial, que se somou ao título de 1987. O Porto foi o último campeão no formato de jogo único, no Japão. A partir de 2005, a FIFA assumiu a organização e o Mundial mudou para sempre.

porto 2004

Relembre esses esquadrões do Porto no Imortais!

Porto 1987

Porto 2004

Licença Creative Commons
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

mundial de clubes historia 2024 2025

Mundial de Clubes – Primórdios, História e Campeões