Por Guilherme Diniz
Nome: Estádio Jornalista Mário Filho
Localização: Rio de Janeiro (RJ), Brasil
Inauguração: 16 de junho de 1950
Partida Inaugural: Seleção Carioca 1×3 Seleção Paulista
Primeiro gol: Didi (Seleção Carioca)
Proprietário: Governo do Estado do Rio de Janeiro
Recorde de Público pagante: 183.341 pessoas – Brasil 1×0 Paraguai, Eliminatórias para a Copa do Mundo, 31 de agosto de 1969.
Recorde de Público não oficial: mais de 200 000 pessoas – Brasil 1×2 Uruguai, final da Copa do Mundo da FIFA, 16 de julho de 1950.
Em uma imensa área na zona norte do Rio, ele nasceu. Consumiu mais de 350 mil sacos de cimento. Cerca de 55 mil metros cúbicos de concreto. A quantidade de ferro utilizada em sua obra daria para dar uma volta e meia no planeta Terra. Seu objetivo era ser o palco principal da primeira Copa do Mundo do pós-guerra, em 1950. Cumpriu seu papel até a final, quando mais de 200 mil pessoas temperaram suas arquibancadas ainda cheirando a tinta com lágrimas. Estaria aquela megalomania de concreto fadada ao fracasso, ao derrotismo para o brasileiro que adorava cada vez mais o futebol? De jeito nenhum. Ele se redimiu. Ano após ano, virou sinônimo de futebol. De Fla-Flu. De paixão. Virou um mito. Reconhecido em todo o mundo como o maior estádio de todos. Palco de partidas sensacionais. De apresentações dos mais variados craques das mais diversas nações, não só do Brasil. Palco, também, de shows apoteóticos. De missas campais do Papa. De concertos. De Olimpíadas. Até jogo de vôlei ele abrigou. Afinal, ele era cosmopolita. Sempre tinha espaço para mais um esporte, mais uma pessoa, mais uma estrela. Com mais de meio século de histórias, o Estádio Jornalista Mário Filho, mais conhecido como Maracanã, é um patrimônio cultural brasileiro e do esporte mundial. É hora de conhecer um pouco mais sobre esse colosso do futebol.
O maior do mundo
Com o Brasil como sede da primeira Copa do Mundo do pós-guerra, o governo decidiu construir um estádio à altura do maior espetáculo futebolístico mundial. Após várias reuniões, o Distrito Federal do Rio de Janeiro decidiu começar o projeto na zona norte da cidade, contrariando a vontade de Carlos Lacerda, deputado federal e ferrenho crítico do Marechal Ângelo Mendes de Moraes, prefeito da cidade na época. Lacerda queria que o estádio fosse erguido em Jacarepaguá, mas o local escolhido acabou sendo uma tradicional área destinada à corrida de cavalos, o Derby Club. O projeto arquitetônico vencedor foi de autoria de Antônio Augusto Dias Carneiro, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Raphael Galvão e a obra ficaria a cargo de um consórcio de seis empreiteiras. As obras começaram em 02 de agosto de 1948, e foram comparadas à construção do Coliseu de Roma por Jules Rimet, presidente da FIFA à época. Cerca de 4500 trabalhadores estiveram envolvidos, com um pico de 6600 (há relatos de 11 mil!) nos últimos meses de trabalho.
A área coberta do estádio atingiria 150 mil metros quadrados e seu formato oval característico de 319 metros lhe davam uma altura de 32 metros. O estádio tinha dimensões enormes, para fazer jus ao seu propósito de ser mesmo o maior. O gramado tinha 110x75m, um fosso que separava o campo das cadeiras inferiores de três metros de profundidade, cinco vestiários, 98 banheiros, 58 bares e 20 cabines de transmissão. Oficialmente, seriam mais de 155 mil lugares, número que daria a ele a fama de maior estádio do mundo, superando Wembley, na Inglaterra, e Hampden Park, na Escócia. Em sua volta, havia o Ginásio Gilberto Cardoso (conhecido como “Maracanãzinho”), o Estádio de Atletismo Célio de Barros, o Estádio Aquático Júlio Delamare e um estacionamento.
O nome do estádio originalmente era Estádio Municipal, mas ficou amplamente conhecido como Maracanã em alusão ao rio homônimo que cruza a Tijuca. Em tupi, “Maracanã” quer dizer “semelhante a um chocalho”. A origem remete, também, ao nome da ave que existia no local muito antes da construção chamada Maracanã-guaçu, vinda do norte do país. Ela, na verdade, foi a inspiração para o batismo do nome do rio, do bairro e do estádio. Por emitir um som semelhante a um chocalho, os índios a batizaram com o nome de maracanã. O “guaçu” quer dizer “grande”. Só em 1966 que o estádio ganhou um nome oficial: Jornalista Mário Filho, em homenagem ao célebre pernambucano (irmão de Nelson Rodrigues) que se consagrou na imprensa brasileira entre os anos 30 e 60 e que foi um dos principais defensores do estádio na época de sua construção.
A inauguração aconteceu apenas dois anos depois do início das obras, no dia 16 de junho de 1950, em um amistoso entre as seleções do Rio e de SP, com vitória dos paulistas por 3 a 1. Para tranquilizar a população de que ele aguentaria o primeiro jogo devido a rapidez das obras, mais de três mil funcionários pularam simultaneamente nas arquibancadas para provar a resistência do colosso de concreto. Ele resistiu, claro! Quem teve a honra de marcar o primeiro gol do estádio foi o lendário Didi. Ainda sim, o estádio não estava totalmente pronto. Isso só aconteceria mais de uma década depois, em 1965. No dia 24 de junho, enfim, o estádio recebeu seu primeiro jogo na Copa do Mundo: a vitória por 4 a 0 do Brasil sobre o México.
Depois dela, aconteceram mais seis duelos até a grande final entre os anfitriões e o Uruguai. O resultado todo mundo já sabe: vitória de virada da Celeste por 2 a 1 e consolidação do Maracanazo (leia mais clicando aqui), que foi, durante mais de meio século, a maior derrota da história da Seleção Brasileira de futebol – até chegar 2014 e o fatídico 7 a 1 tomar o seu lugar (leia mais clicando aqui). Logo em sua estreia, o Maracanã virava um poço de tristeza. Mas, justamente a partir daquele momento tão dramático, o estádio iria aflorar de vez sua imortalidade.
Berço do futebol arte
Felizmente, o Brasil estava começando a gerar craques e mais craques por entre suas terras e todos eles iriam ajudar a espantar a fama do colosso de concreto após o Mundial. Os grandes clubes do Rio começaram a desfilar pelo gramado do Maracanã naquela década e levantaram títulos e mais títulos. Foi uma década com o brilho do Flamengo de Zagallo, Dida, Evaristo e companhia (leia mais clicando aqui), do Vasco de Barbosa, Ademir, Eli, Danilo (leia mais clicando aqui), do Botafogo de Paulo Valentim, Quarentinha, Garrincha e Didi (leia mais clicando aqui) e do Fluminense de Castilho, Pinheiro, Altair, Waldo e Telê. Nos anos 60, foi a vez do maior dos gênios futebolísticos criar uma íntima relação com o Maracanã: Pelé. As partidas que o Rei fez no estádio foram dignas de filme, e os gols, de placa. Afinal, foi após um golaço do craque contra o Fluminense, no dia 05 de março de 1961, que o jornalista Joelmir Beting pediu para que colocassem no estádio uma placa de bronze com os dizeres:
“Neste campo, Pelé marcou, no dia 5 de março de 1961, o tento mais bonito da história do Maracanã”.
E a expressão “gol de placa” virou pra sempre sinônimo de gol bonito. Além disso, o Maracanã foi o palco escolhido pelo grande Santos da época mandar suas partidas pelo Mundial Interclubes contra o Benfica-POR e Milan-ITA, ambas vencidas pelo alvinegro com mais de 100 mil pessoas nos jogos. Foi no Maracanã, também, que Pelé marcou seu milésimo gol, em 1969. No dia 15 de dezembro de 1963, um Fla-Flu em particular ganhou as manchetes do país justamente por causa do Maracanã. No empate em 0 a 0, 194.603 pessoas (177.656 pagantes) estiveram no estádio e registrou-se o recorde de público em um jogo entre clubes na história. Seis anos depois, a Seleção Brasileira registrou o recorde oficial de público pagante na partida contra o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa, quando 183.341 pessoas viram a vitória de 1 a 0 que colocou o Brasil no Mundial em busca do tri (leia mais clicando aqui).
Nos anos 70, o Maraca continuou a escrever sua história com mais jogos inesquecíveis. Naquela época, quem dava a bola era Roberto Dinamite, que explodia o Maracanã toda vez que marcava um gol, e a Máquina Tricolor do Fluminense (leia mais clicando aqui), responsável pelos maiores bailes do estádio naqueles anos. Em 1976, porém, a tal Máquina foi desmontada por uma torcida: os corintianos invadiram o estádio em uma epopeia marcante para empurrar o Corinthians rumo à final do Brasileiro daquele ano. Foi algo tão incrível que o Imortais contou com muitos detalhes neste texto.
Nos anos 80, foi a vez do Flamengo de Zico e companhia levar multidões absurdas ao estádio. Em jogos decisivos, mais de 120 mil pessoas eram vistas facilmente prestigiando o esquadrão rubro-negro. Prova disso é que todos os maiores públicos do Campeonato Brasileiro foram registrados naquela época, no próprio Maracanã e em sua maioria pelo Flamengo:
1º – 155.523 pessoas – Flamengo 3×0 Santos – final de 1983
2º – 154.335 pessoas – Flamengo 3×2 Atlético-MG – final de 1980
3º – 146.043 pessoas – Fluminense 1×1 Corinthians – semifinal de 1976
4º – 138.107 pessoas – Flamengo 1×1 Grêmio – 1º jogo da final de 1982
5º – 135.487 pessoas – Botafogo 3×1 Flamengo – quartas de final de 1981
Nos anos seguintes, o estádio seguiu recebendo craques, amistosos, partidas comemorativas e as mais diversas competições. A nata do futebol arte brasileiro desfilava pelo Maracanã. Era o auge futebolístico nacional no auge de seu maior palco. Em 1989, na final da Copa América, no exato dia 16 de julho, aniversário de 39 anos do Maracanazo, o Brasil encarou, acredite, o Uruguai. E, com um gol de Romário, a seleção canarinho venceu por 1 a 0 e encerrou um jejum de 40 anos sem títulos, além de ter sido o primeiro título do Brasil desde o tricampeonato na Copa de 1970. Enfim, com décadas de atraso, o time brasileiro celebrava um título no colosso de concreto.
Naquele mesmo ano, um outro momento que merece lembrança foi a armação do goleiro Rojas, do Chile, em jogo de sua seleção contra o Brasil pelas Eliminatórias da Copa de 1990. Após um sinalizador cair no gramado, o camisa 1 simulou ter sido atingido, o que poderia causar sérios problemas para o Brasil e dar a esperança de uma vaga para os chilenos em caso de punição ao time canarinho. Porém, foi descoberto que Rojas se cortou com uma lâmina escondida dentro de sua luva. Ele foi banido do futebol e o Brasil foi para a Copa.
A democracia da Geral
Ali, não havia cadeiras. Não havia conforto. Era o setor mais barato para se ver um jogo no Maracanã, e, ao mesmo tempo, um lugar para sentir uma partida de futebol em sua plenitude. Dali, os jogadores no gramado pareciam estar num jardim suspenso, acima dos olhos. Ali, não havia distinção de cor, crença, gênero. Todo mundo era bem vindo. Mais precisamente 30 mil pessoas. A democrática Geral do Maracanã era, sem dúvida, o setor que diferenciava o estádio de todo e qualquer outro no planeta. Quem a frequentava ganhava o nome de “geraldino”. Era uma razão de ser, o setor mais alegre e que retratava a paixão do brasileiro pelo esporte. Nas transmissões pela TV, em especial a partir dos anos 80, era um colírio para os cinegrafistas captaram os momentos de emoção dos torcedores num gol, num passe mágico. A correria da galera vibrando, os jogadores correndo em direção a ela… A Geral era única, viva, popular e engraçada. Tinha de tudo. Sobretudo, alegria, que passava pelo fosso de três metros de profundidade e adentrava no gramado para contagiar os jogadores.
O eterno Zico, um dos grandes artistas do Maracanã nos anos 80 – e maior artilheiro da história do estádio com 333 gols em 435 jogos – ficava tão entusiasmado com aquela gente que queria comemorar com eles:
“Várias vezes eu tive vontade de pular daquele fosso e me jogar na Geral, mas não tinha como voltar, então não fazia essas loucuras (risos)”. – Zico, em entrevista reproduzida no documentário “Geraldinos”, de Pedro Asbeg e Renato Martins, Rio Filme / Canal Brasil / Palmares Fimes / Jaqueline Filmes, 2015.
Porém, com as investidas crescentes da FIFA em segurança, a Geral foi padecendo lentamente. Nos anos 90, a entidade máxima exigiu cadeiras em partidas internacionais. Com isso, em 1995, o setor foi fechado. Reabriu em 1999, mas morreu de vez em meados de 2005, para a remodelação do Maraca para os Jogos Pan-americanos de 2007. Era o fim da democracia no Maraca, que começaria a perder boa parte de sua essência e tamanho.
A maior tragédia
O fim da Geral começou a ser sacramentado após uma tragédia que abalou o país, no dia 19 de julho de 1992. Na final do Brasileiro daquele ano, entre Flamengo e Botafogo em um Maracanã com mais de 120 mil pessoas, vinte minutos antes de a bola rolar, grades de alumínio com parafusos corroídos e porcas faltando provocaram o rompimento de 13 metros de grade no primeiro degrau da arquibancada. Torcedores do Flamengo caíram de uma altura de oito metros em cima das cadeiras. Com apenas seis médicos e oito enfermeiros para mais de 120 mil espectadores (dá pra acreditar?), o atendimento foi precário, causou pânico e consequências terríveis: três mortos e 82 feridos.
O acidente deflagrou o estado precário no qual se encontrava o Maracanã na época. Ele clamava por reformas urgentes. Segundo reportagem feita pelo Globo Esporte, em julho de 2017, “a execução do projeto feita em 1979 teve falhas como ausência de colocação de contraporcas (uma segunda porca que se coloca sobre a primeira) e deficiência de drenagem na área de apoio das sapatas. As grades de alumínio haviam sido instaladas 13 anos antes, substituindo as de ferro ainda da época da construção do estádio, em 1950”. Mesmo com a tragédia, a partida aconteceu, terminou empatada em 2 a 2 e o Flamengo foi campeão.
O Maracanã ficou fechado durante sete meses para reformas e instalação de mais refletores e assentos nas arquibancadas. Dali em diante, ele não receberia públicos tão enormes como outrora. Em 1999, na final da Copa do Brasil entre Botafogo e Juventude, o estádio recebeu pela última vez mais de 100 mil pessoas em sua história. E, com a chegada do novo milênio, o gigante brasileiro encolheria cada vez mais.
Remodelações e encolhimento
Após ganhar uma calçada da fama no seu aniversário de 50 anos, o Maracanã começou a atrair cada vez mais turistas. No entanto, em pouco tempo, seu brilho e características de maior do mundo começaram a minguar já em abril de 2005, quando o estádio foi fechado para reformas que o adequassem aos Jogos Pan-americanos de 2007. O campo foi rebaixado, foram colocadas cadeiras onde eram a Geral e o estádio mudou completamente sua faceta. Na final da Copa do Brasil de 2006, entre Flamengo e Vasco, foi no mínimo constrangedor ver aquele mito com pouco mais de 40 mil pessoas por causa de suas obras que impossibilitavam o uso das cadeiras inferiores. Foi um crime contra dois clubes que tanto levaram torcedores aos borbotões nas décadas passadas.
Com as reformas concluídas, sua capacidade caiu para pouco mais de 87 mil pessoas, menos da metade da época de sua inauguração. Em 2008, pela primeira vez, o colosso foi palco de uma decisão de Copa Libertadores da América. Num jogo eletrizante, o Fluminense venceu a LDU-EQU por 3 a 1, mas acabou perdendo a taça nos pênaltis (leia mais clicando aqui). Com a chegada de mais uma Copa do Mundo, o estádio fechou para outra reforma em setembro de 2010, dessa vez por mais tempo, reabrindo oficialmente em 2013, para a disputa da Copa das Confederações. O estádio ganhou uma nova cobertura, novas arquibancadas e cadeiras e teve a mais drástica mudança de visual desde sua inauguração.
O resultado final fez muitos torcerem o nariz por causa da perda da essência dos velhos tempos, mas o Maracanã precisava se adequar aos novos tempos, ao século XXI. Na competição, a Espanha aplicou a maior goleada de uma seleção na história do estádio: 10 a 0, sobre o Taiti. Na final, o Brasil venceu os próprios espanhóis por 3 a 0 e faturou o título. Um ano depois, o estádio foi palco de sete jogos da Copa do Mundo, incluindo a grande final entre Alemanha e Argentina, vencida pelos europeus por 1 a 0 (leia mais clicando aqui). O público foi de 74.738 pessoas, bem diferente da decisão de 1950. Após o Mundial, o estádio se igualou ao Azteca, no México, ao sediar duas finais de Copa do Mundo na história.
Além disso, em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Maracanã se igualou aos estádios Olímpicos de Munique, Roma e Berlim ao ser um dos quatro a sediar tanto uma final de Copa quanto as Cerimônias de abertura e encerramento de uma Olimpíada. E, como forma de se redimir da tristeza de 1950, foi nele que o Brasil conquistou o único grande título que lhe faltava no futebol: o Ouro Olímpico em 2016, após vitória nos pênaltis contra, quem diria, a Alemanha, algoz de 2014. Percebe como o velho Maraca tem memória e vida própria?
Palco de shows, outros esportes e missas
Em mais de meio século de vida, o Maracanã já foi palco não só de partidas de futebol, mas também de vários acontecimentos e outros esportes. Em 1951, cerca de 40 mil pessoas viram uma luta entre Masahiko Kimura, japonês que era uma lenda do judô na época, contra Hélio Gracie, patriarca da família Gracie e pai do Jiu-Jitsu no Brasil. Com grande expectativa, muitos acreditavam que o brasileiro pudesse derrubar o fortíssimo japonês, mas, depois de 15 minutos, Kimura deu uma chave de braço e derrotou Gracie, para a frustração do público no Maracanã – leia mais clicando aqui.
Ainda naquela década, os mágicos do Harlem Globetrotters encheram os cariocas de alegria com suas exibições de gala em quadras de basquete armadas em pleno gramado. Nos anos 80, auge da grande seleção brasileira de vôlei masculino, mais de 95 mil pessoas viram o chamado “Grande Desafio de Vôlei: Brasil x URSS”, em 1983, no recorde de público para uma partida de vôlei a céu aberto em todos os tempos. O time brasileiro, com nomes como Bernardinho, Renan, Xandó, Montanaro, Bernard e companhia venceu por 3 a 1 os soviéticos, que eram campeões olímpicos e mundiais na época. Foi um dos jogos de vôlei mais emblemáticos e notáveis em todos os tempos segundo a própria FIVB (Fédération Internationale de Volleyball).
Saindo do esporte, o Maracanã foi um palco perfeito, também, para a música. Foi nele que Frank Sinatra encheu de emoção mais de 170 mil pessoas, em 1980, no primeiro grande concerto musical no estádio, com uma orquestra formada por 40 músicos. Três anos depois, foi a vez do Kiss colocar mais de 180 mil pessoas no estádio – mas possivelmente o número foi maior, pois houve invasão na abertura dos portões. Em 1988, Tina Turner levou 200 mil pessoas em show que virou VHS e, mais tarde DVD, o Live in Rio: 88’. Em 1990, Paul McCartney reuniu 184 mil fãs em sua turnê mundial, e, no ano seguinte, no Rock in Rio II, os noruegueses do A-Ha entraram para o Guinness Book com o maior público pagante de todos os tempos em um show musical: 198 mil pessoas.
Nos anos 90, Madonna levou 120 mil pessoas em sua The Girlie Show World Tour, em 1993, e vários outros artistas se apresentaram no estádio como The Rolling Stones, Backstreet Boys, Rush, The Police, Coldplay, entre outros. Outro evento que parava a cidade, sempre no fim do ano, era a chegada do papai noel de helicóptero, que reunia públicos superiores a 100 mil pessoas no estádio – segundo o jornal O Globo, cerca de 300 mil pessoas estiveram no evento em 27 de novembro de 1972 e também em 29 de novembro de 1981. A atração marcava a chegada do Natal à cidade e contava com vários grandes nomes da música, num grande evento que reunia as famílias e crianças. Em 1980 e 1997, o Maracanã também recebeu a visita do Papa João Paulo II, que realizou memoráveis missas campais para públicos superiores a 100 mil pessoas.
Desde então, o Maracanã segue como um dos mais emblemáticos estádios do mundo e com tanta história que nem um livro com mil páginas conseguiria explicar. Palco dos maiores momentos do futebol brasileiro e do esporte, o estádio é um símbolo que resistiu a um drama sem igual justo no seu nascimento para se consolidar no imaginário popular e no coração do torcedor. Ele é parte integrante do Rio, do Brasil e do futebol. E um estádio que, mesmo após reformas, perda da silhueta linda e da alma que tinha, descaso público e problemas, segue firme e vivo, pronto para o próximo evento, o próximo clássico, a próxima final. Um verdadeiro templo do futebol.
Leia mais sobre as histórias e curiosidades de alguns dos principais e mais famosos estádios do mundo clicando aqui!
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Muito boa reportagem! Sempre quis saber mais sobre o nosso Maracanã. Fui lá duas vezes, em 2009 e 2014, vi ele antes de depois da reforma, de fato ele era bem mais imponente antes, mas ainda tem a beleza do estádio ícone brasileiro!
Um estádio que eu gostaria de ler um pouco mais sobre é justamente o outro a receber 2 finais de Copa, o Azteca!
Gosto muito do site! Continuem com o bom trabalho!
Muito obrigado pelo comentário, Henrique! Olha, me arrependo profundamente de não ter conhecido o velho maraca… De verdade… Ele era impressionante! Ainda bem que restaram as fotos! Você é um privilegiado! Abração! E o Azteca será lembrado sim!
Os antigos estádios brasileiros tinham uma capacidade enorme, porém não tinham a segurança que tem hoje. Não entendo como algumas pessoas reclamam dos estádios depois da adequação as normas da Fifa, fui ao Mineirão e fiquei encabulado com o conforto existente. Com a mudança de comportamento da sociedade seria impossível hoje colocar 200.000 pessoas no Maracanã para assistir a uma partida de futebol com o mínimo de segurança. Portanto, os grandes públicos ficará apenas na lembrança. Eu por exemplo fui no Mineirao num Atletico 1 x 0 Flamengo no inicio de 1987 com 102.000 pagantes, num jogo que Nelinho fez o gol da vitória atleticana, porém reconheço que hoje o gigante da Pampulha virou uma casa de espetáculo do nível do Palácio das Artes de BH. Mais uma vez parabéns pela bela reportagem.
Verdade, Dirvan. Ótimas palavras. E obrigado mais uma vez!
Já que o site está abordando assuntos mais diversificados, que tal um texto sobre o futebol feminino?
Boa sugestão, Cristiano! Anotada!
Faz da vila Belmiro, a vila centenária mais famosa do mundo!!
Com certeza, Felipe!