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Esquadrão Imortal – Werder Bremen 1990-1993

O time na final europeia de 1992. Em pé: Eilts, Bockenfeld, Bode, Wolter, Neubarth e Bratseth. Agachados: Votava, Allofs, Rufer, Rollmann e Borowka.

 

Grandes feitos: Campeão da Recopa da UEFA (1991-1992), Campeão do Campeonato Alemão (1992-1993), Campeão da Copa da Alemanha (1990-1991) e Campeão da Supercopa da Alemanha (1993).

Time-base: Oliver Reck (Jürgen Rollmann); Wolter (Beiersdorfer / Schaaf), Bratseth e Borowka; Bockenfeld (Hermann), Eilts, Neubarth, Votava e Marco Bode (Herzog); Rufer e Klaus Allofs (Hobsch). Técnico: Otto Rehhagel.

 

“A era de ouro dos Insulares”

 

Por Leandro Stein

 

Longe dos holofotes do futebol alemão atualmente, o Werder Bremen já teve um dos maiores esquadrões do país e da Europa na virada dos anos 1980 e início dos anos 1990. Foi naquela época que os Verde e Brancos conquistaram títulos nacionais e também sua primeira e única glória europeia: a Recopa da UEFA de 1991-1992. Os Verdes encararam um forte Monaco na decisão e levaram a taça com a vitória por 2 a 0. Lenda local, Otto Rehhagel era o treinador responsável por acumular troféus com o Bremen. Já em campo, vários ídolos também desfilavam, com menção especial à dupla de ataque formada por Klaus Allofs e Wynton Rufer. Um esquadrão que fez por merecer o reconhecimento do restante da Europa. É hora de relembrar.

 

Lapidando o sucesso

Time campeão em 1964-1965: clube queria retomar o caminho das glórias no final dos anos 1980. Foto: Horstmüller/ullstein bild via Getty Images

 

O Werder Bremen se estabeleceu como um dos clubes mais populares do norte da Alemanha desde os seus primórdios. A fundação aconteceu em 1899, depois que um grupo de estudantes venceu uma competição de cabo de guerra e, como prêmio, ganhou uma bola de futebol. A equipe de futebol seria fundada a partir de então e os Verdes já estiveram representados na criação da federação alemã, em 1900. Nas primeiras décadas, o time se concentrava nas competições regionais e ergueu seus primeiros títulos. Já a relevância nacional se tornou maior a partir dos anos 1930, quando os Papagaios levaram quatro troféus de sua liga regionalizada e participaram das fases finais do Campeonato Alemão. Mesmo após a Segunda Guerra Mundial, a força se manteve e a equipe sempre competia pela taça na chamada Oberliga Nord, apesar da supremacia do Hamburgo (o maior rival) que provocou cinco vices seguidos de 1959 a 1963.

A década de 1960 seria mais gloriosa para o Werder Bremen, que conquistou seu primeiro título nacional em 1961, ao faturar a Copa da Alemanha. Os Verdes também participaram da edição inaugural da Bundesliga e ficaram com a taça no segundo ano da liga nacional, em 1964/65. Jogadores como Horst-Dieter Höttges, Max Lorenz e Günter Bernard chegaram a disputar até a Copa do Mundo com a seleção alemã-ocidental, enquanto Sepp Piontek e Arnold Schütz eram outros dois importantes ídolos locais. Antes do final da década, os Papagaios ainda teriam um vice em 1967/68.

Ao longo da década de 1970, o Werder Bremen não conseguiu renovar suas forças e se distanciou do topo da Bundesliga. O clube se tornou um figurante no meio da tabela, até que a diretoria resolvesse gastar em reforços caros para tentar recobrar a relevância – num momento em que o rival Hamburgo vivia seu ápice. O projeto milionário deu totalmente errado e culminou no inédito rebaixamento em 1979/80. O recomeço na segundona, então regionalizada, dependeria de uma visão diferente. E o treinador que passaria a revolucionar o Weserstadion chegou em abril de 1981, já na reta final da campanha. Foi quando a lenda de Rehhagel no futebol alemão começou a se erigir.

 

O início do “Rei Otto”

Otto Rehhagel e Manfred Burgsmüller, no final dos anos 1980.

 

Otto Rehhagel tinha sido um defensor de primeira divisão, com passagens por Hertha Berlim e Kaiserslautern na Bundesliga. Quando ainda atuava, ele realizou o curso de treinador oferecido na Universidade de Colônia e foi aluno do lendário Hennes Weisweiler, multicampeão com o fortíssimo Borussia Mönchengladbach dos anos 1970. Após dirigir o Saarbrücken, Rehhagel teve uma boa passagem pelo Kickers Offenbach, onde revelou talentos e conquistou resultados surpreendentes, embora tenha saído de maneira conturbada. Sua primeira passagem pelo Werder Bremen aconteceu nessa sequência, na reta final da temporada de 1975/76, capaz de livrar o time do rebaixamento. Todavia, com uma proposta do Borussia Dortmund na mesa, o treinador nascido no Vale do Ruhr deixou os Verdes. Seria uma má escolha, já que sua passagem pelo Westfalenstadion seria marcada pela derrota por 12 a 0 diante do Borussia Mönchengladbach na rodada final de 1977/78, que manchou sua reputação. Depois, seria rebaixado com o Arminia Bielefeld e não durou nem quando foi campeão da Copa da Alemanha com o Fortuna Düsseldorf em 1979/80.

Assim, a chegada de Rehhagel ao Werder Bremen parecia importante tanto para ele quanto para o clube, ambos dispostos a se reerguer. O acesso já tinha sido encaminhado por Kuno Klötzer, seu antecessor no comando, que precisou sair por problemas de saúde. Rehhagel terminou de cumprir a missão, com a promoção confirmada na segundona, e iniciou o planejamento para que os Verdes se restabelecessem na elite. Todavia, existia desconfiança se o trabalho do técnico disciplinador e linha dura realmente daria certo no Weserstadion. O elenco mesclava veteranos e jovens, com Klaus Fichtel e Dieter Burdenski entre seus medalhões. Os reforços para a elite seriam apenas pontuais.

A reaparição de Rehhagel na Bundesliga seria cercada de polêmica. Logo na segunda rodada de 1981/82, num jogo contra o Arminia Bielefeld, Norbert Siegmann deu uma entrada tão dura na coxa de Ewald Lienen que as travas da chuteira do defensor rasgaram o músculo do atacante e deixaram um pedaço de seu fêmur exposto. Rehhagel foi muito criticado, por supostamente ter incitado a entrada, recebendo até mesmo ameaças de morte dos torcedores do Bielefeld. O histórico de episódios intempestivos não ajudava o treinador. Mas, apesar das controvérsias, o Werder Bremen apresentou sua força dentro de campo. A equipe faria uma ótima campanha no retorno à primeira divisão e terminou o campeonato numa honrosa quinta colocação, que valeu a classificação para a Copa da Uefa. Visitar o Weserstadion era parada dura e, por lá, o campeão Hamburgo perdeu o clássico.

Klaus Allofs e Otto Rehhagel.

 

A partir daquele momento, Rehhagel superaria a resistência ao seu redor e mostraria que poderia recolocar o Bremen num patamar que não vivia faz tempo. Virou “Rei Otto”, com um futebol de muita pegada e solidez defensiva, mas que não deixava de privilegiar o talento no ataque. Em 1982/83, os Verdes seriam vice-campeões e perderiam o título para o rival Hamburgo apenas no saldo de gols. Um jovem Rudi Völler chegou para ser a nova estrela, assim como Frank Neubarth foi outra aposta que deu muito certo naquele momento. O Bremen teria outra quinta colocação em 1983/84, antes de mais dois vices seguidos para o Bayern de Munique – perdendo a taça de novo no saldo em 1985/86. Já em 1986/87, ocorreu outra campanha de quinto lugar, o que significava a sexta classificação seguida para a Copa da Uefa. Faltava apenas conseguir melhores resultados continentais, sem passar das oitavas de final.

 

Formando o esquadrão

 

Diego Armando Maradona disputa a bola com Borowka, do Werder Bremen.

 

Além da sequência estabelecida na parte de cima da tabela, o Werder Bremen aproveitou aqueles anos para formar sua espinha dorsal. Muitas das apostas vinham em jogadores jovens, parte deles das próprias categorias de base, mas os Papagaios também olhavam para o mercado internacional e traziam boas peças complementares, como Rune Bratseth e Mirko Votava. A temporada que confirmou de vez o sucesso do Bremen aconteceu em 1987/88, justamente quando Rudi Völler foi vendido para a Roma e a reposição veio com o promissor Karl-Heinz Riedle. Os Verdes conquistaram a Bundesliga depois de 24 anos, com uma vantagem de quatro pontos sobre o tricampeão Bayern. Outro sinal de maturidade se deu com a campanha até as semifinais da Copa da Uefa, deixando pelo caminho times como o Spartak Moscou e o Verona, até a queda diante do compatriota Bayer Leverkusen.

O Werder Bremen não repetiu a conquista da Bundesliga tão cedo, com a terceira colocação em 1988/89, mas eliminou o Celtic na Copa dos Campeões e quase derrubou o Milan de Arrigo Sacchi, futuro campeão, nas quartas de final. Já na temporada seguinte, se a sétima colocação na Bundesliga custaria a sequência nas copas europeias depois de oito participações consecutivas, a despedida foi bastante honrosa, com outra semifinal de Copa da Uefa em 1989/90. O Bremen chegou a emplacar um 5 a 1 sobre o Napoli nas oitavas, com Maradona e tudo do outro lado, antes de cair com dois empates na semifinal diante da Fiorentina. O nome dos Papagaios também era respeitado além das fronteiras e o time se colocava como um virtual candidato às copas europeias.

A temporada de 1990/91 seria importante ao Werder Bremen por conta das mudanças. O clube venderia Riedle por uma quantia recorde à Lazio, depois que o atacante foi campeão do mundo com a seleção. Já o veterano Manfred Burgsmüller, outro nome vital no ataque durante os sucessos recentes, pendurou as chuteiras. Uma das reposições já estava no clube, o neozelandês Wynton Rufer, estrela de seu país que chegou por empréstimo do Grasshopper e valeu a compra em definitivo. Mais significativa ainda era a adição de Klaus Allofs, estrela da seleção, presente na conquista da Euro 1980 e na Copa de 1986. O veterano de 33 anos trabalhara com Rehhagel no início da carreira pelo Fortuna Düsseldorf, antes de virar ídolo do Colônia. Depois, faria fama também na França, onde defendeu fortes equipes de Olympique de Marseille e Bordeaux.

Fora das competições continentais em 1990/91, o Werder Bremen pôde se concentrar nos torneios domésticos. Os Verdes retornaram ao pódio da Bundesliga com a terceira colocação, numa campanha em que até viraram os turnos na liderança, mas perderam fôlego com os muitos empates na reta final e acabaram a seis pontos do campeão Kaiserslautern. Mais saboroso seria o título da Copa da Alemanha, o primeiro em 30 anos. O Bremen chegou a sapecar um 6 a 3 sobre o Eintracht Frankfurt no replay da semifinal, após o empate por 2 a 2 não resolver a parada no primeiro duelo. Já a decisão ocorreu contra um respeitável Colônia, liderado por Bodo Illgner e Pierre Littbarski. Depois do empate por 1 a 1, a conquista foi selada nos pênaltis. Com o troféu, os Papagaios também se classificaram à Recopa Europeia. Na participação anterior no torneio, em 1961/62, perderam nas quartas de final para o futuro campeão Atlético de Madrid.

 

Prontos para a saga continental

Oliver Reck, lenda do Werder Bremen.

 

A continuidade era algo fundamental àquele Werder Bremen. Otto Rehhagel completava uma década no comando e, exceção feita a Allofs e Rufer na frente, todos os outros jogadores tinham pelo menos três anos dentro do clube. Os volantes Dieter Eilts e Günter Hermann, bem como o ala Marco Bode, tinham sido pinçados das categorias de base. O meia Frank Neubarth, o goleiro Oliver Reck e o lateral Thomas Wolter vieram de pequenas equipes locais antes dos 20 anos. Um pouco mais badalados eram os zagueiros Uli Borowka (Borussia Mönchengladbach), Rune Bratseth (Rosenborg) e Mirko Votava (Atlético de Madrid), todos fundamentais desde o título da Bundesliga em 1987/88. Basicamente, Rehhagel mantinha a estrutura e trocava suas referências na frente.

Sem perder destaques, o Werder Bremen pôde basicamente preservar seu elenco para a temporada 1991/92. Os únicos reforços foram o centroavante Stefan Kohn e o meio-campista Thorsten Legat, ambos trazidos do Bochum para dar mais profundidade ao elenco. Ainda assim, era um grupo acostumado a disputar diferentes frentes e a classificação para a Recopa Europeia não parecia sobrecarregá-lo. Havia opções, também garantidas pelas categorias de base, que forneceram 11 membros do plantel para o início das novas empreitadas.

A Bundesliga de 1991/92, contudo, não começou bem para o Werder Bremen. O time conquistou apenas duas vitórias nas primeiras nove rodadas e ocupava o meio da tabela. Em meados de setembro, os Papagaios já se distanciavam da disputa pelo título e Rehhagel lidava com as críticas, mesmo tendo eliminado o rival Hamburgo na fase de abertura da Copa da Alemanha. Um respiro para os Verdes nesse momento ocorreu exatamente na Recopa Europeia. Na primeira fase, equivalente aos 16-avos de final, os alemães encarariam o inexpressivo Bacau. Os romenos tinham sido vice-campeões de sua copa nacional, mas herdaram a vaga no torneio da Uefa por causa da dobradinha da Universitatea Craiova, que foi para a Champions.

Wynton Rufer, um dos artilheiros do Werder Bremen.

 

A única dificuldade do Werder Bremen na visita à Romênia foi a falta de um hotel apropriado na cidade do interior. Dentro de campo, os visitantes já golearam por 6 a 0 na ida. Wynton Rufer tratou de assinalar uma tripleta ainda no primeiro tempo, com todos os tentos surgindo em jogadas pelo alto – dois deles de cabeça, em cruzamentos açucarados de Manfred Bockenfeld. No segundo tempo, Bratseth e Votava também deixaram suas marcas em cabeçadas. Por fim, coube a Neubarth fechar a conta num chute rasteiro. Já no reencontro dentro do Weserstadion, o Bremen foi “um pouco mais econômico” com os 5 a 0 no marcador. Stefan Kohn aproveitou a oportunidade como titular e arrebentou no primeiro tempo, com dois gols e uma assistência para Eilts anotar o outro. O segundo gol do atacante, aliás, foi uma pintura ao definir de calcanhar no alto. Já durante o segundo tempo, Bratseth e Marco Bode concluíram o fácil passeio.

A sequência do Bremen na temporada ainda não era confiável. A derrota para o recém-integrado Dynamo Dresden no início de outubro elevava as críticas. O jeito era responder na Recopa, agora contra um adversário mais qualificado nas oitavas: o Ferencváros, que se restabelecia como força no Campeonato Húngaro. Antigo ídolo do clube e goleador pela seleção, o recém-aposentado Tibor Nyilasi era o treinador. Já em campo apareciam alguns jogadores da seleção local, com destaque ao meio-campista Péter Lipcsei. Aquela equipe ainda contava na armação com Flórián Albert Junior, que passou longe de fazer o mesmo sucesso que o pai.

O Werder Bremen fez sua parte no Weserstadion e ganhou por 3 a 2, mas não seria uma partida tão fácil – e também nem tão lógica, com os alemães usando um curioso uniforme todo vermelho em casa para encarar os visitantes alviverdes. Neubarth e Allofs abriram vantagem em pouco mais de meia hora, mas Lipcsei descontou numa cobrança de falta aos 35 minutos. A tranquilidade seria um pouco maior aos 40, quando Neubarth voltou a ampliar, depois de uma grande jogada de Allofs. Já no segundo tempo, Lipcsei recolocou o Ferencváros na parada. A volta em Budapeste seria bastante aberta, com chances para os dois lados. Mesmo assim, o Bremen prevaleceu com o placar de 1 a 0. Marco Bode fez o gol da vitória no início do segundo tempo, aproveitando um lateral cobrado para a área. Do outro lado, o goleiro Oliver Reck também realizou defesas importantes.

 

Final cada vez mais próxima

Naquela época, as competições europeias tinham uma grande pausa antes do início das quartas de final, em março. Não que o intervalo tenha providenciado tranquilidade, numa campanha decepcionante na Bundesliga. Entre um duelo e outro com o Ferencváros, o Werder Bremen chegou a tomar de 5 a 0 contra o Colônia. Até venceria o clássico contra o Hamburgo no Volksparkstadion e também um emocionante 4 a 3 contra o Bayern no Estádio Olímpico de Munique, mas não que a campanha engrenasse. Os Verdes não passavam de um sexto lugar e, quando o segundo turno começou, variaram apenas entre a oitava e a nona colocação. Àquela altura, os Papagaios estavam estagnados numa “empatite” que renderia 11 empates nas últimas 17 rodadas do Campeonato Alemão. O foco deveria ser mesmo nas copas.

O Galatasaray-TUR se prometia um adversário mais duro nas quartas de final da Recopa. Os Leões vinham de uma semifinal de Champions em 1989 e logo iniciariam o período mais glorioso de sua história na década de 1990. Treinador histórico do clube e também da seleção, Mustafa Denizli estava no banco de reservas. Os jovens Bülent Korkmaz, Tugay Kerimoglu e Arif Erdem ascendiam como futuras lendas do clube naquele momento, todos presentes nas glórias futuras do Gala. Entre os mais experientes, o atacante Erdal Keser passara pelo Borussia Dortmund e o líbero Erhan Önal iniciara sua trajetória no Bayern. A equipe ainda tinha seus destaques internacionais, com o volante romeno Iosif Rotariu e o atacante polonês Roman Kosecki.

 

O Werder Bremen passou por uma grande provação no Weserstadion, mas conseguiu a vitória suada por 2 a 1. As dificuldades começavam nas arquibancadas, onde a comunidade turca conseguiu dividir o espaço com os alemães. Num primeiro tempo pegado, os alemães não se cansaram de perder gols. O goleiro Hayrettin Demirbas fazia boas defesas, mas Marco Bode teve um gol anulado e Uwe Harttgen carimbou a trave. Para piorar, Wynton Rufer saiu lesionado aos 30 minutos. E a desconcentração numa ligação direta permitiu o gol do Galatasaray, aos 33, num chute cruzado de Kosecki que Oliver Reck aceitou. Depois de mais um punhado de chances perdidas pelos alemães e de contra-ataques perigosos dos turcos, o empate veio apenas aos 34 do segundo tempo, quando Stefan Kohn matou no peito e bateu no contrapé do goleiro. Já a virada se concretizou aos 40’, graças ao substituto Marinus Bester, que concluiu de cabeça um ótimo cruzamento de Neubarth.

A vantagem no confronto dava um pouco mais de tranquilidade ao Werder Bremen, mas isso não era compartilhado pela fase do time na Bundesliga. Os Verdes perderam para o Stuttgarter Kickers por 3 a 1 dentro do próprio Weserstadion, entre um encontro e outro com o Galatasaray. Havia um certo descontentamento com Rehhagel e parte da torcida pediu pela saída do treinador. Já tinham até o nome do substituto: Uwe Reinders, que foi ídolo dos Papagaios exatamente nos primeiros anos de Rei Otto no comando e tinha acabado de deixar a direção do Hansa Rostock, com o qual conquistou o último título da antiga Oberliga da Alemanha Oriental antes da unificação dos campeonatos. A diretoria, todavia, não se dobraria às críticas e bancou Rehhagel.

O Werder Bremen teve que lidar com o inferno provocado pela torcida do Galatasaray em Istambul. O time alemão mal dormiu na véspera, com buzinaço diante do hotel e até alarme falso de incêndio. Outro problema era o inverno que se estendia e provocava uma nevasca incomum às vésperas do início da primavera. A situação era tão inesperada que o roupeiro do Bremen não levou chuteiras com travas de alumínio e nem luvas para que os jogadores encarassem as condições adversas. Acabou salvo pelos próprios torcedores, que carregaram os equipamentos nos voos rumo à Turquia.

O duelo aconteceu num gramado muito prejudicado, que misturava neve e barro. Pelo menos serviu para o Werder Bremen segurar o empate por 0 a 0. As chances de gol foram escassas, mas ainda assim os Papagaios dependeram de uma defesa salvadora de Oliver Reck no fim, saindo nos pés de Kosecki na pequena área para evitar que sua equipe fosse eliminada pelo gol sofrido dentro de casa. Dieter Eilts terminaria o duelo expulso com o segundo amarelo, virando desfalque para a próxima partida. Na saída do estádio, outro desafio foi escapar das pedradas atiradas pelos torcedores enfurecidos contra o ônibus dos alemães.

A semifinal traria um rival ainda mais tradicional ao Werder Bremen: o Club Brugge. Os belgas tinham disputado finais de Champions e Copa da Uefa durante a década de 1970, enquanto registraram uma semifinal de Copa da Uefa em 1987/88. Naquela campanha, o grande feito veio com a classificação sobre o Atlético de Madrid nas quartas de final. O técnico era Hugo Broos, que iniciava sua trajetória à beira do campo após uma notável história como jogador, inclusive no próprio clube. Em campo, o time tinha como grande estrela o meio-campista Franky van der Elst, acompanhado por outros companheiros de seleção, como Vital Borkelmans e Lorenzo Staelens. Também era preciso tomar cuidado com o atacante Daniel Amokachi, que explodia aos 19 anos como nova estrela do futebol nigeriano.

Desta vez, o Werder Bremen faria a primeira partida do confronto fora de casa, no Estádio Jan Breydel. Os Papagaios perderam sua invencibilidade na competição, com a derrota por 1 a 0. Seria um duelo de clima tenso, com muitos objetos atirados no campo e a torcida da casa chamando os visitantes de “nazistas” em diversos cartazes nas arquibancadas. Até mesmo uma faca foi jogada contra o goleiro Oliver Reck durante o aquecimento, mas por sorte não o acertou. Quando a bola rolou, o Club Brugge aproveitou-se do descompasso de seus adversários e construiu o resultado logo aos cinco minutos. Numa bola longa para o ataque, Van der Elst deu um lançamento sensacional de trivela para Borkelmans. O cruzamento chegou para Foeke Booy e, na disputa pelo alto, a sobra ficou com Amokachi. O nigeriano dominou e teve espaço para bater. O chute mascado não foi bom, mas saiu do alcance de Reck e garantia uma vantagem bem importante aos belgas. No segundo tempo, Reck ainda se lesionou e deu lugar ao reserva Jürgen Rollmann, que cumpriu a missão.

O Werder Bremen necessitava da vitória no reencontro com o Club Brugge dentro do Weserstadion, de preferência por mais de um gol de diferença para evitar a prorrogação. Num clima intenso no Weserstadion, veio o triunfo por 2 a 0. O confronto já estava igualado aos 31’, a partir de um cruzamento. Stefan Kohn ajeitou de cabeça e Marco Bode estava na área para encher o pé de primeira, numa bela chicotada de canhota. A pressão deu resultado e, aos 14’ do segundo tempo, os Verdes liquidaram a fatura. Thomas Wolter fintou a marcação e deu a enfiada de bola. Manfred Bockenfeld se infiltrou no meio da zaga e, quase sem ângulo, encheu o pé para marcar. Aos 31’, a expulsão de Amokachi só dificultou as coisas para o Brugge. Enfim, os Papagaios superavam a barreira das semifinais nas competições europeias. Disputariam uma inédita decisão continental.

 

Tudo pelo título inédito

Antes que a final acontecesse, o Werder Bremen sabia que não teria mais fôlego para entrar na zona de classificação à Copa da Uefa através da Bundesliga. A equipe também acabou surpreendida pelo Hannover 96, então na segunda divisão, durante as semifinais da Copa da Alemanha e foi eliminada nos pênaltis. A Recopa Europeia ganhava muito mais peso, para valorizar um período imponente dos Verdes, mas numa temporada em que a equipe claramente não atravessava sua melhor fase. Até por isso, os alemães não entrariam como favoritos na decisão continental.

O adversário do Werder Bremen era o Monaco, treinado por um ascendente técnico chamado Arsène Wenger. O comandante estava no cargo desde 1987/88 e conquistou logo na primeira temporada o Campeonato Francês. Os alvirrubros não conseguiriam quebrar a hegemonia do Olympique de Marseille nos anos seguintes, mas continuaram com um dos times mais fortes do país e faturaram a Copa da França de 1990/91 em cima dos próprios marselheses. A força começava no gol, com Jean-Luc Ettori, antigo arqueiro da seleção e símbolo dos monegascos. A zaga tinha Roger Mendy, figura importante da seleção senegalesa, ao lado do jovem Emmanuel Petit, aos 21 anos. Luc Sonor e Patrick Valéry ocupavam as laterais. 

O meio tinha sua maior dose de talento com Rui Barros, astro português trazido da Juventus. Jérôme Gnako, Marcel Dib e Gérald Passi completavam o setor, todos com passagens pela seleção. Já na frente, o marfinense Youssouf Fofana vinha do título na Copa Africana de 1992 e tinha a companhia de George Weah, no clube desde 1988 e já reconhecido entre os melhores atacantes do mundo. O banco tinha o luxo de contar com promessas do calibre de Lilian Thuram e Youri Djorkaeff.

“As probabilidades são 50/50. O Monaco tem um time tecnicamente experiente e com um toque africano, joga com um sistema sofisticado e também tem o poder de antecipação. Todos nós precisamos de um dia bom para vencer. Devido à enxurrada de informações e aos vídeos, todo mundo agora sabe tudo sobre o seu oponente. Não há mais surpresas, porque os sistemas de jogo se tornaram mais similares. Quando Karpov e Kasparov jogam xadrez hoje em dia, eles se neutralizam e pelo menos três quartos dos nossos jogos acabam em empates. Um único erro pode decidir”, avaliaria Rehhagel, às vésperas da decisão, em entrevista à imprensa local.

O Werder Bremen entrou em campo na decisão escalado em seu tradicional 3-5-2. Otto Rehhagel sequer pôde contar com seu time titular completo. Um dos grandes ídolos da torcida e peça central no período vitorioso dos Papagaios, Oliver Reck estava suspenso e deu seu lugar no gol a Jürgen Rollmann, reserva que não possuía mais do que 20 partidas em quatro anos de clube. A defesa contava com a segurança de Rune Bratseth, um dos melhores líberos em atividade na Europa e também um dos melhores jogadores da história da Noruega. Tinha a companhia de Uli Borowka e Thomas Wolter, dois símbolos dos Verdes naquela era vitoriosa com Rehhagel.

 

A base do Bremen de 1992: time forte na defesa e muito organizado taticamente.

 

O meio-campo era um setor essencial ao funcionamento daquele Werder Bremen. Mirko Votava, que por vezes também entrava na zaga, ocupava a cabeça de área e usava a braçadeira de capitão. Outro motorzinho ao seu lado era o prata da casa Dieter Eilts, que não se destacava exatamente pelo trato com a bola, mas garantia muita entrega e até por isso viveu bons momentos com a seleção. Já a ligação ficava sob responsabilidade de Frank Neubarth, um dos jogadores que impulsionaram o clube desde o retorno à elite e estava entre os mais talentosos à disposição. Também eram importantes os dois alas, com Manfred Bockenfeld e principalmente Marco Bode ganhando liberdade no apoio. Levado ao Weserstadion ainda na base, Bode subiu ao primeiro time em 1989 e virou uma arma importante, atuando praticamente como um ponta pela esquerda. Não à toa, muitas vezes se infiltrava e marcava gols. O jovem atravessaria sua carreira inteira com os Papagaios, além de ter sido um jogador de relevo na seleção alemã.

Por fim, na linha de frente, Rehhagel contava com seus dois principais talentos. Wynton Rufer foi considerado pela Fifa como o melhor jogador da Oceania no século, e muito por aquilo que produziu no Bremen, com frequentes gols. Filho de mãe maori e pai suíço, ele desenvolveu parte de sua carreira no Campeonato Suíço, até chegar ao ápice na Bundesliga. Ao seu lado estava Klaus Allofs, a grande estrela da companhia e uma lenda do Bremen, mesmo chegando apenas no final da carreira. O atacante de 35 anos, aliás, era dúvida para o duelo contra o Monaco ao voltar de uma lesão recente no joelho, que custou boa parte de sua temporada. Rehhagel decidiu escalá-lo até pela experiência vivida no Campeonato Francês, enfrentando várias vezes o Monaco em jogos importantes. Os adversários o conheciam e o respeitavam. Talismã na campanha e artilheiro da temporada, o atacante Stefan Kohn era uma opção no banco de reservas. Outra cartada no banco era o lateral Thomas Schaaf, cria da base que pintou no primeiro time durante o fim da década de 1970 e não vestiu outra camisa até a aposentadoria em 1995. Depois, assumiria como técnico e seria também histórico no posto.

Aquela decisão da Recopa decepcionou um pouco pelo público. O Estádio da Luz recebeu apenas 16 mil espectadores, com a multidão composta basicamente pelos torcedores alemães e monegascos que pegaram a estrada, sem que a partida tivesse muito apelo entre os portugueses. O Werder Bremen, ainda assim, tratou de fazer a ocasião grandiosa. A vitória por 2 a 0 marcou a grande conquista internacional do clube, frustrando as expectativas que existiam ao redor daquele Monaco.

O duelo começou disputado no campo de ataque do Monaco, com os primeiros testes contra a meta de Rollmann. O Werder Bremen cresceu um pouco mais quando ganhou uma sequência de bolas paradas e a chance de mandar o chuveirinho na área dos adversários. Nada que rendesse chances claras, num jogo de muitos erros no passe final. Aos 15, os monegascos tiveram a primeira boa oportunidade, num peixinho de Mendy que seguiu para fora, após a saída ruim de Rollmann. De qualquer forma, a ação na final se concentrava na intermediária, entre faltas e divididas.

O Werder Bremen precisou queimar sua primeira substituição aos 34 minutos, quando Wolter se lesionou e deu lugar a Schaaf. O primeiro bom lance ofensivo do time só veio depois disso, num avanço de Bratseth, que chutou de longe e exigiu defesa difícil de Ettori. Os Verdes cresceram e abriram o placar aos 41. Numa falta na intermediária defensiva, o lançamento chegou a Rufer, na entrada da área adversária. O neozelandês ganhou de cabeça e Allofs aproveitou a indecisão da marcação adversária para se infiltrar, chutando de primeira para vencer Ettori. O veterano visto como alguém “bichado” e “em fim de carreira” surpreendia a todos. O Monaco tentou forçar o empate antes do intervalo na base do chuveirinho, sem muito sucesso.

O Monaco voltou para o segundo tempo com mais agressividade e a defesa do Werder Bremen precisava se defender no limite, com várias divididas vitais dentro da área. Porém, com muita sede ao pote, os monegascos estavam expostos e um contra-ataque rendeu o segundo gol do Werder Bremen logo aos dez minutos. Votava realizou um desarme no meio e Allofs foi rápido para descolar o lançamento. Rufer partiu nas costas da marcação, com o campo de ataque aberto, e deu um drible da vaca em Ettori, antes de bater diante da meta escancarada. A conquista dos alemães ficava encaminhada. Anos depois, à revista 11 Freunde, Rufer disse que se inspirou em Pelé, seu grande ídolo, naquele lance. Sua intenção era repetir o famoso drible de corpo contra o Uruguai na semifinal da Copa de 1970, mas teve que adaptar. Diferentemente do Rei, a bola acabaria nas redes.

O restante do segundo tempo seria um teste à defesa do Werder Bremen. E, até por suas virtudes, Rei Otto não deixaria tamanha vantagem escapar dessa maneira. Os Verdes se protegiam com competência e seguiam com mais escape nos contragolpes. Wenger tentou colocar o Monaco no ataque, mas mesmo Weah não estava em sua jornada mais inspirada. Os Verdes podiam administrar o tempo e os muitos atendimentos médicos esfriavam os alvirrubros. Rollmann não teve que fazer defesas difíceis e Weah seria frustrado duas vezes em sequência, primeiro num lindo carrinho de Schaaf na área, depois numa bola salva em cima da linha por Borowka. No desespero, o time do principado abusava dos chutes de longe sem direção. O Bremen também não passou de um par de cruzamentos perigosos do outro lado e pôde se dar por satisfeito graças ao empenho defensivo. Não foi uma atuação brilhante dos Papagaios, como geralmente não era naquela época, mas a eficiência garantiu a celebração.

Photo by Bob Thomas/Getty Images

 

Ao apito final, o Werder Bremen realizou uma grande festa com os torcedores que viajaram até Lisboa e se fizeram presentes num setor atrás do gol. A comemoração dos jogadores se concentrou ali. Já o troféu seria entregue ao capitão Mirko Votava. Depois, outra história marcante seria a promessa cumprida por alguns jogadores, que rasparam completamente a cabeça em meio à celebração. A sensação de que os Verdes tinham um dos melhores times da Europa agora era uma certeza, com o nome do clube eternizado na lista de campeões da Recopa.

 

Embalo rende título alemão

Por conta do título continental, o Werder Bremen disputou a Supercopa Europeia em 1992. O time de Otto Rehhagel mediu forças com o poderoso Barcelona de Johan Cruyff. Depois do empate por 1 a 1 no Weserstadion, os blaugranas levaram o troféu com os 2 a 1 no Camp Nou. Já na tentativa de repetir o bicampeonato na Recopa, o Bremen parou ainda nas oitavas de final, superado pelo Sparta Praga. A continuidade das glórias ocorreu mesmo na Bundesliga, recuperando a taça depois de cinco anos. Com a adição de Andreas Herzog como nova estrela no meio-campo, os Papagaios dispararam na reta final. No fim de abril, aplicaram uma importante goleada sobre o líder Bayern de Munique por 4 a 1. A ultrapassagem ocorreu na penúltima rodada, com direito a uma goleada por 5 a 0 no clássico contra o Hamburgo. Por fim, na rodada final, o título foi confirmado com um ponto de vantagem sobre os bávaros graças ao triunfo por 3 a 0 contra o Stuttgart, campeão da temporada anterior.

Foto: alamy

 

Otto Rehhagel deixou o Werder Bremen em 1995, depois de 14 anos à frente do clube. Deu tempo para conquistar mais uma vez a Copa da Alemanha em 1994. Já sua última temporada foi controversa, em 1994/95, ao anunciar sua saída ainda em fevereiro, acertado com o Bayern de Munique a partir de julho. O Bremen era o líder até a última rodada, mas perdeu seu jogo exatamente para o Bayern e deixou o troféu nas mãos do Borussia Dortmund. Rehhagel viveria meses turbulentos na Baviera, num time cheio de egos, e sequer completaria sua primeira temporada à frente da equipe. Voltaria a ser Rei Otto nos milagres proporcionados com o Kaiserslautern, campeão da Bundesliga em 1997/98 logo após voltar da segunda divisão, e principalmente com a seleção da Grécia, na inimaginável conquista da Euro 2004. Aquele título, aliás, veio no mesmo Estádio da Luz onde triunfara na Recopa de 1992.

Rehhagel beija a taça da Recopa.

 

Já o fiel herdeiro de Rehhagel no Weserstadion foi Thomas Schaaf, um coadjuvante em campo, mas um treinador histórico a partir de 1999. Foi o responsável por retomar as glórias do clube, com a Bundesliga de 2003/04 e três títulos na Copa da Alemanha. Só não deu para levar uma nova taça europeia, com o vice na Copa da Uefa de 2008/09, derrotado na prorrogação diante do Shakhtar Donetsk. A Recopa permanece como um prêmio único no museu dos Papagaios.

 

Os personagens (Por Guilherme Diniz):

Oliver Reck: com mais de 13 anos de Werder Bremen, Reck foi um ídolo naquela era de ouro dos Verdes e faturou 8 títulos entre 1985 e 1998. Com um número notável de jogos sem levar gols na história da Bundesliga – 173 partidas dos 471 jogos que disputou – Reck é até hoje um dos mais importantes goleiros do Werder Bremen. Por conta da enorme concorrência da época, não teve chances na seleção alemã.

Jürgen Rollmann: reserva, teve um teste e tanto na temporada 1991-1992, quando assumiu a meta do Werder Bremen justamente na decisão da Recopa da UEFA e conseguiu dar conta do recado com muita regularidade e beneficiado pelo bom jogo defensivo do time naquela partida. Acabou deixando o clube exatamente em 1992 para jogar no Duisburg.

Wolter: defensor muito eficiente e que podia jogar também no meio de campo, só vestiu a camisa do Werder Bremen na carreira, de 1984 até 1998, e tinha técnica para sair jogando e ajudar no campo de ataque com passes e lançamentos. Disputou quase 400 jogos pelo clube.

Schaaf: outra cria das bases, o defensor começou em 1978 na equipe verde e permaneceu até 1995. Foi uma carta muito útil para o técnico Rehhagel por poder atuar na lateral e também mais recuado. Após pendurar as chuteiras, assumiu como técnico e seria também histórico no posto.

Beiersdorfer: chegou do rival Hamburgo em 1992, mas não deixou o passado atrapalhar sua estadia no Werder Bremen e foi um dos destaques do time campeão alemão na temporada 1992-1993, atuando em 29 jogos e marcando quatro gols. Permaneceu no clube até 1995.

Bratseth: com 1,93m, o líbero se impunha pela presença física e também pelo ótimo futebol. Foi um dos principais jogadores da história do futebol norueguês e um defensor que sabia cobrir os espaços, marcava muito os adversários e ainda aparecia no ataque em jogadas aéreas e chutes de longe. Disputou 319 jogos pelo Werder Bremen entre 1986 e 1995 e marcou 23 gols. Pela seleção da Noruega, Bratseth disputou 60 jogos, marcou quatro gols e esteve no elenco da Copa do Mundo de 1994. Em 2003, no jubileu da UEFA, foi eleito o melhor jogador norueguês dos últimos 50 anos na época.

Borowka: fechava a zaga do Werder Bremen campeão europeu de 1992 e se destacava pela agilidade e roubadas de bola. Fez parte da seleção alemã que disputou a Eurocopa de 1988.

Bockenfeld: podia atuar como lateral-direito no esquema 3-5-2 ou também mais centralizado, como volante. Jogou no Werder Bremen de 1989 até 1994 e foi titular na campanha do título europeu de 1992.

Hermann: compôs um meio de campo muito lembrado pelo torcedor dos papagaios ao lado de Votava. Cria das bases, começou a jogar no clube em 1982 e permaneceu até 1992, atuando em mais de 250 jogos pelo Werder Bremen na carreira. Era muito forte na marcação, nos passes e no elo entre meio e ataque.

Eilts: conhecido como o “Alemão de East Frisia”, em referência ao jogador brasileiro Alemão, Eilts jogou muito e foi um dos principais nomes do time naquela era de ouro. Foi uma lenda do Werder Bremen, seu único clube na carreira, pelo qual disputou 390 jogos entre 1985 e 2002. Muito disciplinado, raramente era advertido em campo e praticava o jogo limpo. Foi um dos destaques da seleção da Alemanha na campanha do título da Eurocopa de 1996. Com ele, Sammer e Helmer, a Alemanha teve um sólido alicerce defensivo fundamental para o ótimo desempenho do time tanto na fase de grupos quanto no mata-mata. Pela Nationalelf, Eilts disputou 31 jogos entre 1993 e 1997.

Neubarth: muito importante na ligação com o ataque e nas assistências, o grandalhão ainda anotava muitos gols e foi um dos destaques ofensivos do Werder Bremen entre 1982 e 1996. Na Bundesliga, disputou 317 jogos e marcou 97 gols no período. Faturou cinco títulos com a camisa verde e branca.

Votava: incansável, com ampla visão de jogo e inteligente taticamente, o meio-campista liderou o Werder Bremen naquela era de ouro e, às vezes, também entrava na zaga, ocupando a cabeça de área. Capitão do time, Votava ergueu o troféu da Recopa e marcou seu nome na história do clube. Jogou no Werder Bremen de 1985 até 1996 e faturou oito títulos. Pela seleção, disputou cinco jogos e esteve no grupo campeão da Eurocopa de 1980.

Marco Bode: atacante, podia jogar também mais aberto pela esquerda, como ponta. Outro que fez história no Werder Bremen, seu único clube na carreira. Bode disputou 485 jogos e marcou 130 gols pelos Verdes. Esteve na seleção da Alemanha campeã da Eurocopa de 1996. Disputou 40 jogos e marcou nove gols pela Nationalelf.

Herzog: em sua primeira passagem pelo Werder Bremen, o austríaco fez boas partidas no meio de campo e era muito eficiente nos passes e na armação, além de aparecer bem no ataque e marcar gols. Entre 1992 e 1995, Herzog disputou 177 jogos e marcou 39 gols.

Rufer: lenda do futebol neo-zelandês, o atacante jogou de 1989 até 1995 nos Papagaios e foi um dos mais queridos pela torcida pelos seus dribles, pelos gols e grandes jogadas. Foram 241 jogos e 104 gols, 17 deles na campanha do título alemão de 1992-1993. Rufer foi eleito pela FIFA o melhor jogador da Oceania no século XX.

Klaus Allofs: atacante oportunista e muito criativo, foi presença constante nas convocações da Alemanha nos anos 1980 e fez grandes jogos pela Nationalelf, além de dar preciosas assistências. Allofs disputou 56 jogos e marcou 17 gols pela Alemanha entre 1978 e 1988, faturou a Eurocopa de 1980 como artilheiro (seus três gols foram em um só jogo, contra a Holanda) e esteve no time vice-campeão da Copa de 1986. No Werder Bremen, mesmo veterano, brilhou entre 1990 e 1993 e foi uma referência no ataque com sua experiência  e por atrair a marcação dos rivais. Virou ídolo do clube.

Hobsch: o atacante chegou em 1992 ao Werder Bremen e conseguiu disputar 17 jogos na campanha do título alemão de 1992-1993 e marcar sete gols. Teve um bom desempenho e jogou no clube até 1997.

Otto Rehhagel (Técnico): um dos maiores técnicos alemães dos anos 1980 e 1990, Rehhagel construiu sua fama em definitivo no Werder Bremen, clube que conduziu com maestria entre 1981 e 1995 e levantou oito títulos – foram 609 jogos, 322 vitórias, 156 empates e 131 derrotas no período. Especialista em revelar talentos e armar times muito competitivos e com boas retaguardas, o treinador é sem dúvida o mais importante da história do Werder Bremen. Anos depois, faturou títulos pelo Kaiserslautern e até pela seleção da Grécia, quando conquistou a lendária Eurocopa de 2004. Em 2005, ganhou o prêmio Laureus e em 2013 foi eleito pela World Soccer o 36º maior técnico de todos os tempos.

 

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