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Cortando caminho: A importância do posicionamento em campo

 

Existem alguns jogadores que parecem ter ímãs com a bola. Não importa a jogada, não importa se a pelota vem rebatida, mascada ou mal tocada. No final, lá está ele, no lugar exato, na hora certa, pronto para marcar o gol. Assim era, por exemplo, o imortal Romário, que parecia farejar para onde a redonda iria. Mais recentemente, podemos citar o jovem centroavante flamenguista Pedro, que parece se teletransportar sempre para o local certo dentro da área.

Ambos os exemplos são craques, sem dúvida. Mas o sucesso não vem por acaso. Além de serem ótimos finalizadores, Romário e Pedro têm algo fundamental para o êxito de um artilheiro no futebol: o posicionamento. Para entender como o posicionamento é importante, basta fazer uma analogia com o jogo de poker. Nele, a posição na mesa afeta diretamente o desempenho de cada participante, à medida em que influencia suas decisões. No gramado, acontece algo semelhante: estando no lugar certo, vai ser mais fácil jogar. E, inversamente, estando no lugar errado… No mínimo vai se correr mais.

 

Apesar de aparecer mais nos pés dos goleadores, o bom posicionamento é um dever de todo o time. A começar do goleiro, que pode diminuir os ângulos de chute do adversário através de uma boa colocação, além de poder funcionar como um líbero em times que jogam com linhas altas.

Passando para a defesa, a importância do posicionamento fica ainda mais evidente. Primeiro, em bolas paradas – escanteios ou faltas laterais. Muita gente acha que basta povoar a área, trazendo o centroavante para ajudar. Mas nessa situação, os adversários se movimentam em direção ao gol e à bola, algo que o defensor não pode fazer. Por isso, é preciso que toda a defesa se coloque de forma a cortar as possíveis linhas de cruzamento. Marcar homem a homem seria certeza de fracasso.

 

A “linha burra”

A posição também é fundamental para encurtar o campo. Quando a regra do impedimento foi criada, era essa a ideia: possibilitar que defensores bem-posicionados tivessem alguma vantagem sobre os atacantes. Mas, para conseguir, os zagueiros têm que estar sempre no lugar certo – basta um atrasadinho para deixar o atacante na cara do gol. E a linha de impedimento torna-se a “linha burra”. O raciocínio posicional vale para o outro lado também. Quem nunca se irritou com um atacante que sempre é pego em impedimento? Basicamente é uma falha de colocação: ele presta atenção na bola, mas não nos adversários. E as duas coisas são igualmente importantes.

 

O lugar dos craques

Há um ditado – e uma música – que preconiza que o meio campo é o lugar dos craques. Ambos – ditado e música – estão corretos. E não há lugar que exija mais do posicionamento que o meio do campo. Veja um volante de contenção, cuja principal função é anular a articulação de jogadas do adversário. Ele precisa constantemente ir para frente e para trás, pendendo para um lado do campo, às vezes para os dois. Como marcador, ele necessita de força. Se tiver que correr mais do que o necessário, vai faltar energia para desarmar o rival. Aqui os grandes exemplos do passado ensinam a ‘cortar caminho’, correndo menos porque estão bem-posicionados, e contam com apoio de companheiros igualmente bem postados. Lembrando grandes nomes do Brasil em Copas, Gérson, César Sampaio e Gilberto Silva eram assim. Em outras equipes, podemos citar Xavi, na Espanha de 2010, Davids, na Holanda de 1998, e Kanté, na França campeã mundial de 2018.

 

Mas o craque do meio de campo é, por excelência, o clássico meia-armador. O camisa 10. E, novamente, os casos de sucesso têm no posicionamento um dos componentes principais. Um 10 inteligente sabe se colocar no local exato para receber a bola livre de marcação – como o eterno Riquelme. Olhar em profundidade, buscando a infiltração de um companheiro. Partir para um drible e/ou uma arrancada em direção ao gol. Ou simplesmente chutar, se o goleiro não estiver bem colocado. A decisão é tomada em um ou dois segundos. Hoje em dia vemos técnicos e comentaristas falando de ‘jogo posicional’. Mas isso, na verdade, é mais um neologismo do que uma novidade. O futebol sempre foi – e continuará sendo – um jogo de tempo e espaço. Principalmente espaço.

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