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Craque Imortal – Luís Figo

Luís Figo

Nascimento: 04 de novembro de 1972, em Lisboa, Portugal.

Posições: Meio-Campista e Ponta-Direita

Clubes: Sporting-POR (1989-1995), Barcelona-ESP (1995-2000), Real Madrid-ESP (2000-2005) e Internazionale-ITA (2005-2009).

Principais títulos por clubes: 1 Taça de Portugal (1994-1995) pelo Sporting.

1 Recopa da UEFA (1996-1997), 1 Supercopa da UEFA (1997), 2 Campeonatos Espanhóis (1997-1998 e 1998-1999), 2 Copas do Rei (1996-1997 e 1997-1998) e 1 Supercopa da Espanha (1996) pelo Barcelona.

1 Mundial Interclubes (2002), 1 Liga dos Campeões da UEFA (2001-2002), 1 Supercopa da UEFA (2002), 2 Campeonatos Espanhóis (2000-2001 e 2002-2003) e 2 Supercopas da Espanha (2001 e 2003) pelo Real Madrid.

4 Campeonatos Italianos (2005-2006, 2006-2007, 2007-2008 e 2008-2009), 1 Copa da Itália (2005-2006) e 3 Supercopas da Itália (2005, 2006 e 2008) pela Internazionale.

Principal título por seleção: 1 Copa do Mundo Sub-20 da FIFA (1991) por Portugal.

 

Principais títulos individuais:

Melhor Jogador do Campeonato Europeu Sub-21: 1994

Bola de Ouro de Portugal: 1994

Jogador Português do Ano: 1995, 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000

Eleito para o Time do Ano da ESM: 1997-1998 e 1999-2000

Melhor Jogador Estrangeiro do Campeonato Espanhol: 1999, 2000 e 2001

Jogador do Ano pela revista World Soccer: 2000

Ballon d´Or: 2000

Eleito o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 2001

Eleito para o Time do Ano da UEFA: 2003

FIFA 100: 2004

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 2006

Eleito para a Seleção dos Sonhos de Portugal do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos do Real Madrid do Imortais: 2021

Eleito para o Time dos Sonhos da Inter de Milão do Imortais: 2022

 

 

“Garçom luso”

Por Guilherme Diniz

No vertiginoso banquete de gols do futebol, ele sempre fornecia o ingrediente para o prato principal: a bola. Do meio de campo, saía em velocidade em direção ao ataque, se transformava em um legítimo ponta e dava passes cheios de tempero e especiarias para os companheiros marcarem gols especiais, diferenciados e únicos. Com doses balanceadas de força, habilidade, visão de jogo e carisma, ele parecia ter sangue sul-americano nas veias com seu toque de bola e dribles típicos de um brasileiro. E, com o pé direito, fazia de tudo, até mesmo mágica, quando desaparecia com a bola num piscar de olhos. Luís Filipe Madeira Caeiro Figo, mais conhecido como Figo, esbanjou classe por onde passou e foi o maior símbolo, nos anos 90 e 2000, da mais talentosa geração de futebolistas portugueses desde os anos 60, época da magnífica seleção de Portugal que chegou ao terceiro lugar na Copa do Mundo de 1966.

Predestinado aos títulos, Figo levantou taças em todos os clubes por onde passou, mas não ficou longe das polêmicas quando deixou o Barcelona-ESP e assinou com o maior rival do clube catalão, o Real Madrid-ESP, deixando furiosos os torcedores blaugranas. Não era para menos, afinal, Figo jogava muito, e morou no coração dos barcelonistas durante cinco anos. Em Madrid, Figo também despertou felicidade e conseguiu seu espaço mesmo com um certo Zidane entre os 11 titulares. Ídolo em sua terra, o craque só não conseguiu glórias do tamanho de seu futebol por Portugal, embora tenha chegado muito perto, em 2006, quando a seleção lusa alcançou as semifinais da Copa. É hora de relembrar a carreira de um ícone do futebol português e mundial.

“Leão” promissor

Luís Figo

Figo iniciou seus primeiros contatos com o futebol ainda criança, no distrito de Cova da Piedade, em Almada, Lisboa. Aos nove anos, ingressou no União Futebol Clube “Os Pastilhas”, equipe que hoje só disputa torneios de futsal. Seu fino trato com a bola o levou ao Sporting de Lisboa, em 1985, quando começou definitivamente sua carreira futebolística. A paixão pelo esporte era tanta que Figo saía correndo da escola, ia treinar e ficava até tarde da noite no clube, muitas vezes sem comer por puro esquecimento. Por causa disso, os pais de Figo tiveram que pedir aos treinadores do Sporting que dessem algo para ele comer logo após os treinos. No “Leão de Alvalade”, Figo passou por todas as etapas do clube e disputou 59 jogos nos iniciados, 65 nos juvenis e 47 nos juniores.

No total, foram 171 jogos e 91 gols, ótima média que encheu de orgulho e esperança a diretoria do Leão alviverde. No final da década de 80, Figo já tinha seu lugar garantido no time profissional do Sporting e somou sua boa fase às convocações para as seleções de base de Portugal. Em 1989, o craque venceu o Campeonato Europeu Sub-16 e ainda marcou um gol na final contra a Alemanha Oriental, que terminou com vitória lusitana por 4 a 1 e ainda classificou o time português para a Copa do Mundo Sub-20, que seria disputada em 1991.

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Antes de ter sua primeira grande chance de exibir seu futebol a um público mais seleto, Figo estreou como jogador profissional do Sporting, aos 17 anos, em abril de 1990, em uma partida contra o Marítimo. Um dia após seu debute, o jovem craque comentou sobre a sensação de vestir a camisa alviverde pela primeira vez:

“Jogar pelo Sporting era uma coisa com a qual eu sonhava há muito tempo, uma coisa que muitos colegas meus ambicionam e que nem todos conseguem atingir. Realizei apenas parte do meu sonho, pois o sonho só deixará de o ser quando eu atingir a maturidade suficiente, quando for chamado a fazer um jogo de início, conseguir completá-lo e ser chamado no jogo seguinte. O profissionalismo tem de ser encarado de uma forma que não leve os jovens a sentirem-se deslumbrados com aquilo que vão encontrar, com o dinheiro, e por vezes com a fama”. Figo, em depoimento extraído do site do Sporting.

Com maturidade de um veterano e pés no chão, Figo mostrava a partir daquele momento que sua carreira renderia frutos muito em breve.

 

Estrela da “geração de ouro”

Figo (segundo da esquerda para a direita) celebra o título mundial de 1991.
Figo (segundo da esquerda para a direita) celebra o título mundial de 1991.

 

Em 1991, na Copa do Mundo Sub-20, Figo foi o principal destaque da formidável equipe portuguesa montada por Carlos Queiroz. O craque ajudou sua seleção, dona da casa, a faturar o torneio da FIFA com uma campanha impecável e nomes como Rui Costa, Paulo Torres, Capucho, Rui Bento, Nélson, João Vieira Pinto e Emílio Peixe. Na primeira fase, Portugal venceu Irlanda (2 a 0), Argentina (3 a 0) e Coreia (1 a 0). Nas quartas de final, os lusos bateram o México (2 a 1), e derrotaram a Austrália, na semifinal, por 1 a 0. Na decisão, após empate sem gols no tempo normal, o título português veio com uma vitória por 4 a 2, nos pênaltis, sobre o Brasil, de Roberto Carlos, Paulo Nunes, Élber, Sérgio Manoel e Djair.

Figo se destacou pela enorme presença no ataque e pelas investidas pelas pontas, bem como a facilidade em dar assistências para os companheiros. Ali, nascia a chamada “geração de ouro” de Portugal, que ganharia vários reforços nos anos seguintes que teriam brilho em vários clubes da Europa. No entanto, a seleção lusa só iria disputar uma Copa no longínquo ano de 2002, com boa parte dos craques de 1991 e 1989 (ano de outro título mundial Sub-20 de Portugal) já envelhecida.

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De volta ao Sporting, Figo virou titular absoluto e só cresceu de produção. Com arrancadas fulminantes, passes estrondosos e gols pontuais, o craque não ficou de fora de praticamente nenhuma partida do clube de Alvalade e ganhou o respeito e reconhecimento de todo país. Embora não tenha traduzido tanta técnica em títulos, o jogador ajudou seu clube a ficar entre os primeiros colocados no Campeonato Português. Paralelo a isso, Figo recebeu várias convocações para a Seleção Portuguesa e ficou ainda mais valorizado, fato que despertou o interesse de Johan Cruyff, técnico do Barcelona-ESP naquela primeira metade dos anos 90. O holandês viu em Figo a peça de meio de campo que o time catalão precisava para repor a saída do dinamarquês Michael Laudrup, que deixou o Barça em 1994. A negociação não demorou em acontecer, e Figo se despediu de Portugal em 1995, mas não antes de conquistar um título: a Taça de Portugal, com vitória por 2 a 0 sobre o mesmo clube que ele debutou como profissional, o Marítimo.

Maestro blaugrana

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Quando chegou à Catalunha, Figo foi um dos primeiros reforços da reconstrução de um time que havia brilhado intensamente entre 1992 e 1994. Os espanhóis buscavam novos nomes para superar o fim do chamado Dream Team, equipe campeã da Liga dos Campeões da UEFA de 1992, multicampeão do Campeonato Espanhol e vice-campeã europeia de 1994. Já sem Romário e outros craques de outrora, o Barça apostou alto em Figo e o craque ganhou total liberdade do técnico Johan Cruyff para atuar bem ofensivo e solto no ataque. Pelas mãos do holandês, Figo começou a jogar de maneira mais impetuosa e abusar dos dribles, passes em profundidade e cruzamentos impecáveis para os companheiros.

Uma pena que a parceria entre Figo e Cruyff tenha durado bem pouco, pois o holandês deixou o Barcelona já na temporada 1996-1997 e deu lugar ao inglês Bobby Robson. Mas a troca de comando não influenciou no rendimento do garçom lusitano. Figo se entendeu muito bem com o novo técnico e com craques como Guardiola, Fernando Couto, Ivan de la Peña e, posteriormente, o brasileiro Ronaldo, e ajudou o Barcelona a conquistar os títulos da Copa do Rei (com dois gols do craque na final vencida por 3 a 2 sobre o Real Betis) e da Recopa da UEFA, ambos em 1996-1997. Na temporada seguinte, o craque faturou a Supercopa da UEFA e seu primeiro Campeonato Espanhol já sob o comando de Louis van Gaal e com o brasileiro Rivaldo como companheiro de ações ofensivas.

A dupla foi fundamental para partidas inesquecíveis do time catalão entre 1998 e 2000, período do auge de Rivaldo no futebol profissional e da ascensão de Figo no cenário internacional. O português virou referência com dribles, passes e nas bolas paradas e faturou os títulos espanhóis de 1997-1998 e 1998-1999, e da Copa do Rei de 1997-1998. Embora não tenha ido bem nas Ligas dos Campeões que disputou, o Barcelona de Figo foi uma das grandes forças da Europa no período e um dos times mais goleadores do continente.

Rivaldo e Figo: ídolos e craques do Barça no final da década de 90.
Rivaldo e Figo: ídolos e craques do Barça no final da década de 90.

 

Durante sua permanência na Catalunha, Figo virou um dos maiores ídolos da equipe e foi capitão do time em várias ocasiões, incluindo na final da Copa do Rei de 1998, quando recebeu a taça das mãos do Rei da Espanha e ainda provocou o rival dos blaugranas, o Real Madrid, cantando “Blancos, llorones, saludad a los campeones” (algo como “brancos, chorões, saudações aos campeões”). Tal atitude fez o meia cair nas graças da torcida e criou uma enorme identificação dele com a massa barcelonista. No entanto, em 2000, o casamento perfeito iria sofrer uma inesperada e polêmica reviravolta.

As polêmicas do primeiro “galáctico”

A imagem que nenhum torcedor do Barcelona poderia imaginar ver um dia: Figo no Real.
A imagem que nenhum torcedor do Barcelona poderia imaginar ver um dia: Figo no Real.

 

Em 2000, a situação entre Figo e Barcelona não estava bem. O jogador havia feito uma ótima Eurocopa por Portugal (a equipe caiu apenas nas semifinais, contra a França, após Zidane marcar o gol de ouro dos “bleus” na prorrogação), já era um dos maiores do mundo, mas não estava feliz na Catalunha. O presidente do Barça, Josep Lluis Núñez, se negou a dar um aumento de salário ao português (uma clássica característica do mandatário catalão que já havia custado ao Barça a não permanência de outros craques como Maradona, Stoichkov, Ronaldo e Schuster), mesmo com a valorização galopante do meia. Sabendo disso, Florentino Pérez, candidato à presidência do Real Madrid, se reuniu com o craque e prometeu pagar os 60 milhões de euros necessários para tirá-lo do Barça e levá-lo ao Real. A transação era audaciosa e renderia enormes críticas da torcida do Barcelona, bem como uma natural desconfiança dos fãs de Madrid.

Pérez, Figo e Di Stéfano, na apresentação do craque português em Madrid.
Pérez, Figo e Di Stéfano, na apresentação do craque português em Madrid.

 

Nas férias do craque, Florentino Pérez venceu as eleições e se mandou para a Sardenha, onde Figo estava hospedado, para tratar da negociação. Dias depois, o Real anunciou a contratação do português por cerca de 60 milhões de euros, que se tornou a mais cara da história na época. Foi o bastante para as manifestações começarem na Catalunha. O antes ídolo virou “Judas”, “pesetero” (algo como mercenário, em alusão à moeda espanhola da época, a peseta) e outros codinomes nada educados. A transferência do craque foi algo totalmente inimaginável e surpreendente.

Para efeito de comparação, era como se, um dia, Paolo Maldini deixasse o Milan-ITA para jogar na Internazionale-ITA, Palermo deixasse o Boca Juniors-ARG para jogar no River Plate-ARG ou Marcos saísse do Palmeiras-BRA para jogar no Corinthians-BRA, por exemplo. Em sua apresentação, Figo foi categórico ao responder a um repórter madrileno se ele “se sentia madridista”. Sem pestanejar, o craque disse: “me sinto português”. A resposta soou perfeita para a ocasião e ajudou a não alimentar ainda mais polêmicas.

Torcedores queimam foto de Figo nas arquibancadas do Cam p Nou.
Torcedores queimam foto de Figo nas arquibancadas do Camp Nou.

 

Em 2002, a torcida do Barça jogou até uma cabeça de porco (no detalhe) contra seu ex-ídolo.
Em 2002, a torcida do Barça jogou até uma cabeça de porco (no detalhe) contra seu ex-ídolo.

 

A ida de Figo ao Real marcou o início da era dos Galácticos do Real Madrid. Sem limites e ambicioso, Florentino Pérez montaria nos anos seguintes um esquadrão recheado de craques que transformaria o time merengue em uma máquina de ganhar dinheiro através do marketing, mas que refletiu em poucas, porém importantes, taças. Antes de começar sua trajetória em Madrid, Figo teve de encarar a ira blaugrana no primeiro clássico entre Real e Barça no Camp Nou, no dia 21 de outubro de 2000. As quase 100 mil pessoas no gigante estádio catalão vaiaram de maneira impiedosa o português e causaram uma poluição sonora que superava o barulho da decolagem de um avião, segundo contagem de decibéis da TV3 na época. Nas arquibancadas, faixas com xingamentos, notas com o rosto de Figo, e dezenas de objetos lançados ao gramado foram apenas alguns dos itens que encheram o campo e a cabeça do jogador.

Para piorar, o Barça venceu por 2 a 0 e fez a festa da torcida. Em 2002, a recepção barcelonista no Camp Nou ao craque foi ainda mais severa, com muitos objetos arremessados contra ele a cada cobrança de lateral ou escanteio, incluindo uma macabra cabeça de porco. O jogo foi encerrado em 0 a 0 pelo árbitro antes do tempo normal por questões de segurança. Em entrevista ao jornal “Público”, de Portugal, em dezembro de 2011, Figo comentou sobre a polêmica transferência:

“Sempre assumi a responsabilidade das minhas decisões. Fui para o Real Madrid por uma série de razões, mas também por uma questão de prestígio. E as vantagens disso vieram a confirmar-se. O meu primeiro pensamento foi fazer o meu trabalho da melhor forma possível. Tinha também a preocupação natural de que nada me acontecesse em termos físicos. Foi um dia difícil (a primeira partida pelo Real, no Camp Nou). Penso que nenhum desportista no mundo terá tido a experiência de jogar num estádio com cem mil pessoas contra ele. Mas isso ajudou a preparar-me para o futuro”. Figo, em entrevista ao jornal Público, 17 de dezembro de 2011.

 

Reconhecimentos individuais, glórias e decepções

Bola de Ouro, em 2000...
Bola de Ouro, em 2000…

 

... E melhor do mundo, em 2001: o auge do craque.
… E melhor do mundo, em 2001: o auge do craque.

 

Depois de um começo tenso no Real, Figo ganhou tranquilidade e reconhecimento nos dois anos seguintes. Ainda em 2000, o craque deixou para trás Zidane, Shevchenko, Henry, Nesta e Rivaldo e faturou a cobiçada Bola de Ouro da revista “France Football” (na época, o prêmio não era em conjunto com a FIFA). No ano seguinte, o meia confirmou sua fase esplendorosa e faturou o título de melhor jogador do mundo, agora pela FIFA, ficando a frente de David Beckham, Raúl, Zidane e Rivaldo. Em 2002, o craque viveu um momento inesquecível e outro decepcionante. O inesquecível foi a conquista da Liga dos Campeões da UEFA, a primeira e única de sua carreira, após uma campanha irrepreensível (com vitórias sobre Bayern München-ALE e Barcelona-ESP no mata-mata) e vitória por 2 a 1 sobre o Bayer Leverkusen-ALE na final. Figo foi decisivo, marcou gols, deu passes e mostrou que era mesmo um jogador fora de série.

Mas, naquele mesmo ano, o craque não conseguiu levar sua Seleção Portuguesa à segunda fase da Copa do Mundo da Coreia do Sul e do Japão. No Grupo D, Portugal perdeu para os EUA, por 3 a 2, goleou a Polônia, por 4 a 0, mas sucumbiu diante da Coreia do Sul, no último jogo, por 1 a 0, quando Figo teve várias chances em bolas paradas, mas sem sucesso. Depois disso, o craque seguiu jogando em alto nível pelo Real, conseguiu virar um ídolo merengue e conquistou os Campeonatos Espanhóis de 2001-2002, 2002-2003, as Supercopas da Espanha de 2001 e 2003, o Mundial Interclubes de 2002 e a Supercopa da UEFA de 2002.

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Dois anos depois, o craque voltou a brilhar por Portugal, dessa vez na Eurocopa, disputada em solo lusitano. Eufórica, a torcida da casa esperava o título por ver uma seleção bem montada pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari e grandes jogadores como Paulo Ferreira, Fernando Couto, Costinha, Maniche, Rui Costa, Simão, Deco, Pauleta e um ainda novato Cristiano Ronaldo – além de Figo, claro. Na primeira fase, o time perdeu para a Grécia, na estreia, por 2 a 1, mas se classificou ao vencer a Rússia, por 2 a 0, e a Espanha, por 1 a 0. Nas quartas de final, empate em 2 a 2 com a Inglaterra e vitória nos pênaltis por 6 a 5. Nas semis, vitória por 2 a 1 sobre a Holanda e vaga na final. Mas, num dia que era para ser de festa, a zebra destroçou as pretensões portuguesas.

A Grécia, algoz da primeira fase, voltou a assombrar os lusitanos e venceu por 1 a 0, gol de Charisteas. A derrota foi contra todos os prognósticos e deixou a nação portuguesa em total desolação, incluindo Figo, capitão que ergueria o troféu em caso de vitória. O revés fez o craque anunciar sua despedida da seleção, decisão que seria revista em junho de 2005.

Figo (à dir.) mostrando como tratar bem a bola a um ainda garoto Cristiano Ronaldo.
Figo (à dir.) mostrando como tratar bem a bola a um ainda garoto Cristiano Ronaldo.

 

Outra vez uma França no caminho

Figo e Zidane: no choque de craques, melhor para o francês, que colocou a França na final da Copa de 2006.
Figo e Zidane: no choque de craques, melhor para o francês, que colocou a França na final da Copa de 2006.

 

Depois de trocar o Real pela Internazionale, em 2005, Figo voltou a jogar por Portugal, vestiu novamente a braçadeira de capitão e ajudou a equipe a se classificar para mais uma Copa, a de 2006, na Alemanha. Com um time mais maduro e entrosado, os portugueses entraram no Mundial com boas pretensões e com Scolari no comando técnico. Na fase de grupos, o time de Figo venceu os três jogos que disputou: 1 a 0 sobre Angola, 2 a 0 sobre o Irã e 2 a 1 sobre o México. Nas oitavas de final, Portugal venceu a Holanda, por 1 a 0, em uma partida repleta de lances ríspidos e cartões: foram quatro vermelhos e 16 amarelos, um recorde na competição. Nas quartas, outra vez a Inglaterra, assim como na Euro de 2004, e um empate sem gols levou a decisão para os pênaltis. Nela, Portugal venceu por 3 a 1 e se classificou para uma semifinal de Copa depois de 40 anos. Mas, no caminho, os lusos tiveram a França de Zidane pelo caminho, a mesma que havia eliminado o Brasil, nas quartas. E foi o carequinha da camisa 10 que marcou o único gol do jogo que colocou os franceses na final.

Na disputa pelo terceiro lugar, Portugal perdeu para a anfitriã, Alemanha, por 3 a 1, e terminou sua campanha em um honroso quarto lugar. Figo, maestro do time, foi um dos destaques da competição, jogou o fino novamente e entrou no All-Star Team do Mundial. O último lance do craque em uma Copa foi um passe na medida para Nuno Gomes marcar o gol de honra português no revés para a Alemanha. Depois daquele jogo, Figo encerrou em definitivo sua passagem pela Seleção como recordista em jogos por Portugal: 127 partidas.

 

Colecionador de Scudettos e a aposentadoria do garçom

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Na Itália, Figo manteve sua sina de títulos e faturou quatro títulos nacionais, uma copa nacional e três supercopas. Jogando com vigor de garoto e uma vitalidade física exemplar, o craque conquistou os torcedores nerazzurri no período em que esteve em Milão e deixou os atacantes inúmeras vezes na cara do gol. Em 2009, perto de completar 37 anos, o craque decidiu se aposentar e não fez parte do time da Inter que conquistou, em 2010, o título da Liga dos Campeões da UEFA. Após pendurar as chuteiras, o jogador seguiu no meio futebolístico como embaixador da Internazionale pelo mundo, passou a contribuir com instituições de caridade, abriu negócios próprios e mantém seu carisma no mundo dos negócios com inteligência e domínio de cinco idiomas (português, espanhol, inglês, italiano e francês).

Com inúmeros títulos, jogadas exuberantes e fãs por todo mundo, Figo marcou época e deixou saudades em todos os amantes do futebol. Habilidoso, artista com a perna direita e um dos maiores garçons da história, o português foi exemplo de meio-campista, com construção de jogadas, ampla visão de jogo e muita classe, e de ponta-direita, com arrancadas fulminantes, pedaladas, dribles e cruzamentos precisos que ainda moram no imaginário de portugueses, madrilenos, milaneses e, lá no fundo, de catalães. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 158 jogos e marcou 22 gols pelo Sporting.

Disputou 249 jogos e marcou 45 gols pelo Barcelona.

Disputou 239 jogos e marcou 57 gols pelo Real Madrid.

Disputou 140 jogos e marcou 11 gols pela Internazionale.

Disputou 127 jogos e marcou 32 gols por Portugal.

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Comentários encerrados

3 Comentários

  1. Olá guilherme e a todos os fãs do Imortais,aqui vai o meu pedido para grandes craques que fizeram história no futebol.
    Arce: um craque que marcou época no Grêmio,Palmeiras,Cerro e pela Seleção Paraguaia.
    Edmundo:Com status de bad boy,Edmundo foi uma lenda no Palmeiras e no Vasco da Gama.
    Petkovic:Mesmo com fama de marrento, é o gringo mais querido do futebol brasileiro
    Marcelinho: Jogador problemático,amado e odiado,mas igual Marcelinho,nem daqui 100 anos o Corinthians terá um igual.
    Juninho- Símbolo no Vasco,idolatrado no Lion e exemplo de profissionalismo.
    Sebastian Veron- O argentino bom de de bola que fora ídolo na Europa e na seleção nacional.
    Edwing Van der Sar- A lenda do futebol holandês,ídolo do Ajax,do Manchester United e um craque dentro e fora de campo.

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