Nascimento: 26 de março de 1911, em Jundiaí (SP), Brasil. Faleceu em 15 de julho de 1971, em São Paulo (SP), Brasil.
Posições: Centroavante e Meia-direita
Clubes: São João-BRA (1926-1930), Palmeiras-BRA (1930-1935 e 1942), Fluminense-BRA (1935-1942), e Comercial-BRA (1943-1944).
Principais títulos por clubes: 4 Campeonatos Paulistas (1932, 1933, 1934 e 1942) e 1 Torneio Rio-São Paulo (1933) pelo Palmeiras.
5 Campeonatos Cariocas (1936, 1937, 1938, 1940 e 1941) pelo Fluminense
Principais títulos individuais e Artilharias:
Artilheiro do Campeonato Paulista: 1932 (18 gols)
Artilheiro do Campeonato Paulista: 1934 (13 gols)
Eleito para o Time dos Sonhos do Palmeiras do Imortais: 2021
“A reinvenção de um craque muito à frente do seu tempo”
Por Victor Gomes, do site Bola Clássica
Ele foi um dos maiores jogadores brasileiros dos anos 1930 e um dos casos mais notáveis de mudança de estilo de jogo na história do futebol. Quando atuava pelo Palmeiras (ainda conhecido como Palestra Itália na época), aquele craque que ganhou o apelido de Príncipe era um centroavante rompedor, agressivo em direção ao gol e que costumava tirar vantagem de sua força e controle de bola para furar defesas adversárias. Um pouco mais velho, no Fluminense, e como sempre lutando contra o excesso de peso, acabou tendo rendimento abaixo do esperado na primeira temporada nas Laranjeiras. Foi aí que mudou para a posição de meia-direita e se adaptou muito bem à nova função, passando a mostrar uma nova versão de si mesmo, uma versão muito mais marcante. Ele se tornou um fantástico armador, um gênio na construção de jogadas.
Romeu Pellicciari, ou simplesmente Romeu, marcou época como o “Príncipe” que se tornou o genial “Homem-Equipe”. Aquele que, à frente do seu tempo, começou a perceber que o futebol era um jogo muito mais coletivo que individual, que era necessário muito mais que pernas habilidosas e o ímpeto de levar a bola ao fundo das redes. Descobriu que era fundamental também jogar intensamente com o cérebro. Como descrito por João Máximo, no livro “Gigantes do Futebol Brasileiro” (referência para este texto), Romeu deixou de ser um craque como muitos, para se tornar um craque como poucos. É hora de relembrar.
Sumário
O início no São João FC
Quando completou quinze anos, Romeu não pôde mais jogar no seu clube de bairro exclusivo para jovens, o Barranco FC. No entanto, sua fama de bom de bola levou-o para o melhor time de Jundiaí na época, o São João. Iniciava, assim, sua trajetória como centroavante no futebol. O baixinho troncudo tinha estilo rompedor, daqueles difíceis de derrubar. Se aproveitando de seus ombros largos e robustos, invadia a área adversária com afinco, deixando seus marcadores para trás, caídos no gramado.
Em sua época, para jogar no centro do ataque era necessário ter caráter valente e brigador. Romeu se destacava porque, além disso, possuía técnica diferenciada, muito mais apurada que a do jogador mediano de sua posição. Seu drible curto e ágil dava o toque de classe que embelezava seu jogo bruto. Foi demonstrando essa qualidade extra no São João que o atacante começou a chamar a atenção de outros centros futebolísticos, inclusive do Estado de São Paulo. Primeiro, foi o Atlético Santista que, contando com um cenário amador do esporte, convenceu Romeu a fazer duas partidas pelo clube sem que o time jundiaiense soubesse.
Mais tarde, essa escapulida seria descoberta. Isso serviu de alerta para que o São João passasse a controlar bem mais de perto os passos de sua joia. A partir daí, o clube foi sempre desconfiado e cauteloso com qualquer tipo de negociação que envolvesse a saída do jovem promissor para outras agremiações.
O irrecusável clube da capital
Um ano se passou e Romeu continuava se destacando em Jundiaí. Foi quando um gigante da capital apareceu. Era o Palestra Itália. Com mais um título perdido para seu arquirrival Corinthians e com dificuldades de encontrar um centroavante à altura de sua equipe, o clube de origem italiana foi decidido a buscar em Jundiaí o jovem para o time. Como era de se esperar, a negociação com o resistente São João foi difícil, mas a grandeza do Palestra falou mais alto. O desejo do atleta e a persistência do clube da capital prevaleceram no final. Enfim, o atacante de fama no interior seguia para alçar vôos mais altos.
Mostrando a que veio e Príncipe do Palestra Itália
Chegava então o momento da estreia do jovem talento, e quis o destino que fosse logo contra o fortíssimo Corinthians. Era um início difícil para um garoto do interior, que não conseguia esconder seu nervosismo, mas também uma oportunidade única para mostrar seu valor. E foi o que aconteceu. Melhor jogador da partida, um gol e 4 a 0 no rival. Não poderia ser melhor! Nascia ali mais que um craque, nascia um ídolo.
Campeão e artilheiro do Paulistão de 1932, Romeu não repetiu a dose em 1933. O caneco veio, mas a artilharia não. Porém, sua atuação mais marcante aconteceu exatamente nesse campeonato. Foi uma massacrante vitória no Corinthians, 8 a 0, com quatro gols do Príncipe. Uma atuação lendária, daquelas que só os gênios são capazes de fazer. Aliás, essa foi a maior goleada da história do Derby e causou sérios estragos no Corinthians. Teve quebra-quebra no Parque São Jorge após o duelo e a torcida alvinegra inclusive ateou fogo em parte do estádio como protesto. Toda a diretoria do Corinthians caiu, incluindo o presidente Alfredo Schurig. E, para piorar, no jogo preliminar a esse duelo entre os times B de Corinthians e Palestra, deu alviverde: 4 a 0. Ou seja: em um só dia, foi Palestra 12×0 Corinthians. Dá pra imaginar isso nos dias atuais? Por tudo isso, Romeu é um dos mais talentosos e emblemáticos atacantes da história do Verdão. Romeu era um autêntico carrasco que crescia em jogos importantes. No total, foram 14 gols anotados contra o Corinthians em apenas 15 confrontos.
Suas constantes grandes atuações lhe renderam convocações frequentes à Seleção Paulista. Só não lhe renderam uma convocação à Seleção Brasileira e, consequentemente, à Copa do Mundo de 1934, porque o Palestra Itália resolveu esconder seus atletas na fazenda do presidente do clube e, posteriormente, em uma casa isolada em Praia Grande. Assim, o representante da CBD (atual CBF), Carlito Rocha, não conseguiu encontrar os campeões paulistas e seguiu enfraquecido para a Copa.
Nenhum jogador do poderoso Palestra de São Paulo viajou para o Mundial da Itália. Algo impensável nos dias de hoje, mas presente em um cenário onde o profissionalismo dava seus primeiros passos e ainda se via vestígios da era do amadorismo. Foram poucos jogadores de times paulistas que representaram a Seleção naquela Copa do Mundo, organizada por uma CBD majoritariamente formada por atletas do Rio de Janeiro. No Palestra, Romeu foi ainda campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1933 e tricampeão paulista em 1934, sendo novamente artilheiro. O Príncipe encerraria ali sua primeira passagem pela agremiação aliverde. Uma passagem gloriosa.
O auge no Rio
Um pouco fora de forma e sob olhares desconfiados dos torcedores do Tricolor das Laranjeiras, Romeu se apresentou ao Fluminense para a disputa do Campeonato Carioca de 1935. Sua adaptação à nova cidade foi difícil, assim como seu primeiro ano no clube. Seu desempenho foi irregular, aquém das expectativas. Então, quando Romeu foi deslocado à posição de meia-direita, substituindo o lesionado Lara, uma nova versão do craque aflorou. Agora mais experiente e menos impetuoso, Romeu estabelecia um estilo mais cadenciado, mais cerebral, menos agressivo. Era agora um jogador mais colaborativo e menos individualista. Saía de cena o “Príncipe” e surgia, ali, o fantástico “Homem-Equipe”.
Foi dessa maneira que os três anos seguintes foram iguais aos três últimos no Palestra, um belo tricampeonato estadual. Agora, além de fazer gols, o Homem-Equipe armava o time com maestria e dava passes milimétricos para que seus companheiros também os fizessem, em especial o matador Hércules. O resultado foi uma verdadeira chuva de gols do tricolor em seus adversários e média superior a três gols marcados por jogo durante a campanha do tri.
Enfim, o reconhecimento internacional
As atuações destacadas e a pacificação que permitiu a união dos clubes com a CBD, principalmente cariocas e paulistas, deram, enfim, a oportunidade para Romeu disputar um Mundial pela Seleção. Nome inquestionável, o melhor meia-direita do país embarcou rumo à França, para representar o Brasil na Copa do Mundo de 1938. Em uma competição inteiramente montada no sistema eliminatório, a Seleção Brasileira teve o seu melhor início em Copas desde então. Foram três jogos, com duas vitórias e um empate até chegar à semifinal contra a poderosa Seleção Italiana.
Porém, com a lesão do seu maior craque, Leônidas da Silva, o Brasil teve que encontrar uma solução rápida para substituí-lo para a partida. Adhemar Pimenta, técnico da Seleção, resolveu então deslocar o Homem-Equipe para sua posição original. Romeu se viu de novo atuando como centroavante depois de anos. No entanto, sua força e estilo de jogo já não eram mais os mesmos. Fez um gol, mas não foi o suficiente para superar a Itália de Meazza e Piola, que venceu por 2 a 1.
Na disputa pelo terceiro lugar, com Leônidas de volta e Romeu na meia-direita, o Homem-Equipe pôde voltar a dar seu show. Foi um gol e duas assistências para Leônidas marcar. No final, o Brasil ganhou da Suécia por 4 a 2 e alcançou sua melhor posição até então na história no torneio. Pela Seleção Brasileira, foram 13 aparições e 3 gols assinalados, todos no Mundial de 1938. Infelizmente, Romeu não conquistou nenhum título.
De volta aos certames em solo nacional, Romeu ainda faturou mais dois Campeonatos Cariocas pelo Fluminense, nos anos de 1940 e 1941. Foi outro bombardeio contra as balizas adversárias. No Estadual de 1941, o Flu anotou 106 tentos em 28 jogos, recorde que permanece até os dias de hoje. Romeu encerrou sua trajetória pelo Tricolor como pentacampeão carioca, somando 92 gols em 202 jogos.
Volta ao Palestra e o adeus ao futebol
Com a morte do pai, Umberto Pellicciari, o filho dedicado se viu obrigado a voltar à sua terra e estar próximo da mãe. Nada mais natural que retornar ao clube que lhe deu fama e lhe abriu caminho para se tornar um dos maiores do seu tempo. O Príncipe conquistou mais um título paulista pelo Palestra e, ao todo, Romeu fez 108 gols em 161 jogos pelo Palmeiras, além de ter levantado cinco troféus, alcançando status de um dos gigantes do futebol brasileiro.
No início de 1943, já muito longe da forma física ideal, Romeu deu seus últimos lampejos em campo pelo Comercial de Ribeirão Preto. Cansado e muito acima do peso, foi se dedicar à outra paixão, a culinária. Abriu uma cantina na cidade de São Paulo, saindo definitivamente dos gramados e se imortalizando na memória do esporte como um autêntico mestre da bola, um gênio muito à frente do seu tempo.
Texto show. Por favor, será que tem como você fazer um texto de craque imortal para o Gareth Bale? Esse cara jogou demais, mas infelizmente resolveu se aposentar cedo demais. Brilhou no Real Madrid e na selecão
Jogando no flu de meia direita romeu foi citado por domingos da guia que jogava no fla disse domingos:romeu demora dez anos para errar um passe.se o divino mestre falou ta falado.parabens pelo post guilherme e uma dica aproveita a deixa do romeu e faz o brasil x polonia de 38 onze gols e primeira grande vitoria nossa em copas.