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Craque Imortal – Vavá

Vavá

 

Nascimento: 12 de novembro de 1934, no Recife, PE, Brasil. Faleceu em 19 de janeiro de 2002, no Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Posições: Centroavante e Atacante

Clubes: Sport-BRA (1949-1951), Vasco-BRA (1952-1958), Atlético de Madrid-ESP (1958-1961), Palmeiras-BRA (1961-1964), América-MEX (1964-1967), San Diego Toros-EUA (1968) e Portuguesa do Rio-BRA (1969).

Principais títulos por clubes: 3 Campeonatos Cariocas (1952, 1956 e 1958), 1 Torneio Rio-SP (1958) e 1 Torneio Internacional de Paris (1957) pelo Vasco.

2 Copas do Rei (1959-1960 e 1960-1961) pelo Atlético de Madrid.

1 Campeonato Paulista (1963) pelo Palmeiras.

Principais títulos por seleção: 2 Copas do Mundo da FIFA (1958 e 1962) pelo Brasil.

Principais títulos individuais e Artilharias:

Chuteira de Ouro da Copa do Mundo da FIFA: 1962 (4 gols)

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1962

Eleito para o Time dos Sonhos do Vasco do Imortais: 2021

Um dos quatro jogadores a marcar gols em duas finais de Copas do Mundo e único na história a fazer gols em duas finais de Copas seguidas: 2 gols em 1958 e 1 gol em 1962

7º Maior Artilheiro da história do Vasco: 191 gols

 

 

“O Peito de Aço”

Por Guilherme Diniz

 

Um dos quatro (os outros são Pelé, Paul Breitner e Zidane) jogadores a marcar gols em duas finais de Copas e único na história a fazer gols em duas finais de Copas seguidas. Destemido, forte, com reflexos apuradíssimos e exímio finalizador, ele ganhou para sempre o apelido de “Peito de Aço” pela bravura demonstrada em campo, algo que o fazia jogar com chuteiras rasgadas, dores e até o pé quebrado (!) se fosse preciso. Ídolo de diferentes clubes, Edvaldo Izídio Neto, o Vavá, foi um dos mais prolíficos atacantes de seu tempo e provou isso com títulos e muitos gols. Mesmo não sendo muito técnico como tantos atacantes do futebol brasileiro, foi provavelmente um dos mais valentes e com uma precisão rara na finalização, características que fizeram Vavá brilhar, também, pela seleção brasileira: foram 21 jogos e 15 gols, sendo 9 deles em Copas do Mundo, competição na qual Vavá provou ter um misticismo fora do comum ao ser decisivo ao extremo nos dois primeiros títulos da seleção canarinho em Mundiais, algo que faria com que todos os melhores tipsters de futebol fossem descobrir todos os detalhes do centroavante antes de fazer quaisquer recomendações. É hora de relembrar a trajetória do Leão das Copas.

 

O caminho é o centro

Nascido no Recife, Vavá sempre foi apaixonado pelo futebol, mas seu início de carreira foi capenga por causa da timidez que o fazia abandonar os treinamentos antes mesmo de a bola rolar – foi por causa disso que, aos 13 anos, quando foi levado ao Sport por um amigo, o jovem Vavá deixou o clube. Só com muita conversa e apoio dos mais íntimos que o garoto deslanchou  e começou a se destacar no Leão da Ilha, após breves passagens pelas bases do América-PE e do Íbis-PE, e conquistar títulos, entre eles o Campeonato Pernambucano juvenil. Na época, o atleta atuava como meia, mas ele preferia mesmo romper as zagas adversárias e marcar gols. Com 16 anos, foi para o Rio de Janeiro e fez um teste no Vasco, onde foi aprovado e passaria com o tempo a atuar mais avançado, como centroavante, após os técnicos Gentil Cardoso e Flávio Costa perceberem a facilidade que Vavá tinha para finalizar – e por ele não ser tão técnico para armar jogadas como os treinadores anteriores do jovem desejavam.

O Brasil olímpico de 1952. Em pé: Mauro, Carlos Alberto, Waldir, Zózimo, Adésio e Edison. Agachados: Milton, Humberto Tozzi, Larry, Vavá e Jansen.

 

Em 1952, Vavá despontou também na seleção brasileira olímpica que disputou os Jogos de Helsinque, anotando um gol em três jogos. Naquele mesmo ano, o jovem foi lançado ao time profissional do Vasco e marcou o gol do título estadual na vitória por 2 a 1 sobre o Bangu, na penúltima rodada da competição. Capaz de chutar com os dois pés, com uma formidável impulsão e destemido, Vavá foi crescendo a cada jogo do Vasco e fez, por um curto tempo, uma lendária parceria com o ídolo vascaíno Ademir de Menezes, principal centroavante do clube nos anos 1940 e início dos anos 1950. Após a saída do Queixada, Vavá assumiu o posto de principal centroavante cruzmaltino e foi crucial para mais um título Estadual em 1956, com mais dois gols na vitória decisiva por 2 a 1 sobre o Bangu e 13 gols na campanha do título. Além de Vavá, o Vasco reunia grandes nomes como os zagueiros Bellini e Orlando, o lateral-direito Paulinho e os atacantes Sabará e Pinga.

 

Brilho internacional e a primeira Copa do Leão

 

Vavá

Em 1957, o Vasco fez bonito em uma excursão pelo exterior que rendeu dois títulos: o Troféu Teresa Herrera, com vitória por 4 a 2 sobre o Athletic Bilbao, e o Torneio de Paris, com triunfos sobre o Racing-FRA e o poderoso Real Madrid-ESP de Di Stéfano, Kopa, Rial, Gento e companhia. Em ambas as conquistas, Vavá deixou sua marca e provou que era mesmo um matador implacável que gostava de decisões. No Teresa Herrera, o artilheiro fez dois gols no 4 a 2 sobre o Bilbao. E, no Torneio de Paris, Vavá marcou um gol na vitória por 3 a 1 sobre o Racing e fez mais um no inesquecível 4 a 3 sobre o Real Madrid, diante de quase 40 mil pessoas no Parque dos Príncipes.

Com tanto talento, claro que Vavá foi convocado para a Copa do Mundo de 1958 e integrou o elenco do técnico Vicente Feola. Porém, o camisa 20 não começou como titular e só entrou no segundo jogo, contra a Inglaterra, que terminou empatado em 0 a 0. No duelo contra a URSS, já no último jogo da fase de grupos, Vavá foi mais uma vez titular em um jogo emblemático pelo fato de Pelé e Garrincha fazerem suas estreias em Copas. E, com dois gols de Vavá – que jogou uma barbaridade – , a seleção derrotou a temida equipe soviética e se classificou para a etapa final.

No jogo contra País de Gales, nas quartas de final, o centroavante não jogou por causa de uma contusão sofrida no duelo contra a URSS – ele chutou a sola da chuteira de um adversário que causou um talho de quatro centímetros no peito do pé do jogador brasileiro, praticamente uma “cratera”. Foi a consequência por sua bravura, esta que originou o segundo gol brasileiro naquele jogo, na dividida contra o defensor soviético. O Brasil venceu os galeses por 1 a 0 e avançou até a semifinal para encarar a fortíssima França de Kopa e Fontaine.

Contra a França, Vavá jogou machucado e ainda sim fez gol!

 

Para o jogo contra os Bleus, o técnico Feola precisava de seus melhores jogadores e confiava na recuperação de Vavá. Só que aquela ferida não ia cicatrizar em dois dias. Mesmo assim, o Leão quis jogar e foi assim mesmo, com pé-direito enfaixado e cheio de pó antisséptico. Pois não só Vavá jogou como não tirou o pé em nenhuma dividida! Em uma delas, quem levou a pior foi o defensor francês Jonquet, que deixou o gramado e deixou a França com 10 jogadores – na época, não eram permitidas substituições. 

O craque vibra: dois gols na final da Copa de 1958.

 

Vavá seguiu bravo, atento. E, com um gol seu, mais três de Pelé e um de Didi, o Brasil venceu por 5 a 2 e se classificou para a final. O artilheiro nem sequer sentiu o pé machucado naquele jogo. E também nem ligou para ele na decisão, quando marcou os dois gols da virada brasileira sobre a Suécia por 5 a 2 que deu o primeiro título mundial à seleção brasileira. Nascia ali, em 1958, o “Leão da Copa” que marcou cinco gols em apenas quatro jogos. O destemido que iria barbarizar ainda mais anos depois.

 

Temporada espanhola e o retorno ao Brasil

A visibilidade na Copa gerou a cobiça de clubes estrangeiros pelo futebol de Vavá. E quem conseguiu levar a melhor foi o Atlético de Madrid, que contratou o brasileiro já para o ano de 1958, após Vavá levantar os títulos do Carioca e do Torneio Rio-SP pelo Vasco. Com a camisa colchonera, Vavá fez grandes jogos e uma dupla marcante ao lado de Joaquín Peiró, um dos principais nomes do futebol espanhol nos anos 1950 e 1960. Foram 40 gols em 81 jogos e dois títulos: as Copas do Rei de 1959-1960 e 1960-1961, ambas conquistadas pra cima do rival Real Madrid – a de 1961, inclusive, teve vitória do Atleti por 3 a 2 na final em pleno Santiago Bernabéu com 120 mil pessoas (!). Vavá ainda foi vice-artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA de 1958-1959 com 8 gols, atrás apenas de Just Fontaine, do Stade de Reims, com 10.

A estadia de Vavá no Atlético durou pouco porque o artilheiro ficou com saudades do Brasil. E, em 1961, decidiu voltar ao país e assinou com o Palmeiras, já pensando em uma visibilidade maior para ser convocado para a Copa de 1962. Pelo Verdão, Vavá integrou a lendária Academia multicampeã da época e jogou ao lado de Djalma Santos, Julinho Botelho, Chinesinho e companhia. Mas, antes de levantar títulos pelo alviverde, o atacante viajou ao Chile com a seleção para mais um Mundial.

 

Artilheiro e bicampeão

A seleção campeã em 1962. Em pé: Djalma Santos, Zito, Gylmar dos Santos Neves, Zózimo, Nilton Santos e Mauro Ramos de Oliveira. Agachados: Mário Américo (massagista), Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.

 

Consolidado, Vavá foi titular absoluto do Brasil rumo ao bicampeonato mundial. Jogando ao lado de Garrincha, Pelé (depois Amarildo) e Zagallo, o craque mais uma vez foi decisivo e anotou quatro gols em seis jogos: um nos 3 a 1 sobre a Inglaterra, nas quartas de final; dois nos 4 a 2 sobre o Chile, na semifinal; e um nos 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia, na final. Com isso, Vavá foi artilheiro da Copa do Mundo e se tornou naquele ano o primeiro jogador na história a marcar gols em duas finais de Copas e também o primeiro (e até hoje único!) a marcar gols em duas finais de Copas seguidas! O craque disputaria mais dois jogos pela seleção em 1964, mas não foi chamado para o Mundial de 1966. Ele acumulou 21 jogos oficiais pelo Brasil e marcou 15 gols, sendo 10 jogos e 9 gols em Copas do Mundo. Um retrospecto impressionante e mesmo em tempos de tanta concorrência no setor ofensivo do Brasil. Afinal, só jogava quem era bom demais, fora de série, decisivo. Como Vavá.

 

Últimos anos e aposentadoria

Vavá e Julinho Botelho.

 

Em 1963, Vavá venceu seu primeiro e único troféu pelo Palmeiras – o Campeonato Paulista – e permaneceu no Palestra até 1964 – ele acumulou 142 jogos e 72 gols pelo Palmeiras -, quando foi jogar no futebol mexicano. Após alguns anos no exterior, retornou ao Brasil em 1969, onde vestiu a camisa da Portuguesa do Rio e pendurou as chuteiras tempo depois. Vavá ainda arriscou uma carreira de treinador, mas não teve o brilho que esperava. Sua grande mágoa foi jamais ter treinado o Vasco, seu clube de coração. Mesmo assim, seguiu acompanhando futebol e sempre demonstrou seu orgulho pelo esporte e por ter defendido times tão históricos e marcantes que não passariam despercebidos pelo melhor agente de apostas.

Em janeiro de 2002, Vavá acabou falecendo aos 67 anos, quando seu peito de aço não resistiu a um infarto. Porém, seus feitos e gols permanecem na história e com dimensões impossíveis de se calcular. Marcar tantos gols decisivos e ainda em duas finais de Copas é algo raríssimo. Mas Vavá conseguiu transformar o impossível em realidade com força, talento, raça e misticismo. Coisa de craque imortal.

Alerta de foto pesada! Algumas estrelas de 1962: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo.

 

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Comentários encerrados

Um Comentário

  1. Bravo, Imortais! O Vavá é um dos jogadores que eu mais queria ver entre os Craques Imortais! Estrela do Vasco e figurinha carimbada do Brasil 1958-1962, ele foi um dos jogadores mais importantes que a Seleção Canarinho já teve em Copas do Mundo! E não é qualquer um que faz gol em duas finais de Mundial! O Leão da Copa foi indomável e imortal!

    Abraço, Guilherme! E que venham mais craques imortais!

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