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Craque Imortal – Rivaldo

Nascimento: 19 de Abril de 1972, em Paulista, Pernambuco, Brasil.

Posição: Meia-Atacante

Clubes: Santa Cruz-BRA (1991-1992), Mogi Mirim-BRA (1992-1993), Corinthians-BRA (1993-1994), Palmeiras-BRA (1994-1996), La Coruña-ESP (1996-1997), Barcelona-ESP (1997-2002), Milan-ITA (2003), Cruzeiro-BRA (2004), Olympiacos-GRE (2004-2007), AEK-GRE (2007-2008), Bunyodkor-UZB (2008-2010), São Paulo-BRA (2011), Kabuscorp-ANG (2012) e São Caetano-BRA (2013).

 

Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Brasileiro (1994) e 1 Campeonato Paulista (1996) pelo Palmeiras.

2 Campeonatos Espanhóis (1997-1998 e 1998-1999), 1 Copa do Rei (1997-1998) e 1 Supercopa da Espanha (1999) pelo Barcelona.

1 Liga dos Campeões da UEFA (2002-2003), 1 Supercopa da UEFA (2003) e 1 Copa da Itália (2002-2003) pelo Milan.

3 Campeonatos Gregos (2004-2005, 2005-2006 e 2006-2007) e 2 Copas da Grécia (2004-2005 e 2005-2006) pelo Olympiacos.

2 Campeonatos Uzbeques (2008 e 2009) e 1 Copa do Uzbequistão (2008) pelo Bunyodkur.

 

Principais títulos por seleção:

1 Copa do Mundo (2002), 1 Copa América (1999), 1 Copa das Confederações (1997) e Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) pelo Brasil.

 

Principais títulos individuais:

Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 1999

Bola de Ouro da revista France Football: 1999

Melhor Jogador do Mundo pela World Soccer: 1999

Onze d´Or: 1999

Eleito para o All Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1998 e 2002

3º Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 2000

Bola de Prata da revista Placar: 1993 e 1994

Melhor Jogador Estrangeiro do Campeonato Espanhol: 1998

Melhor Jogador do Campeonato Grego: 2005, 2006 e 2007

FIFA 100: 2004

Eleito para o Time dos Sonhos do Palmeiras do Imortais: 2021

Eleito para o Time dos Sonhos do Barcelona do Imortais: 2021

 

Artilharias:

Artilheiro da Copa América: 1999 (5 gols)

Artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA: 1999-2000 (10 gols)

 

 

“Um gênio que não precisa de propaganda”

Por Guilherme Diniz

Em um mundo dominado pela propaganda, pelo culto a uma marca ou a ídolos, é difícil um jogador de futebol querer alcançar o estrelato sem se entregar às campanhas publicitárias, a estampar outdoors imensos ou comerciais apoteóticos. O craque que não participa de nada disso é simplesmente esquecido pela mídia, que o vê como apenas um dos 11 titulares de um clube ou seleção, e não “o” jogador. Essa triste realidade atingiu de maneira injusta um dos maiores meias da década de 1990 e início dos anos 2000 no Brasil e no mundo, que durante toda carreira foi avesso às entrevistas, propagandas e afins. Apenas jogava bola. E como jogava. Rivaldo Vito Borba Ferreira, o Rivaldo, era a mais pura definição do craque, um meia técnico, ágil e capaz de decidir qualquer partida com seus chutes venenosos, sua plasticidade e classe exuberantes.

Revelado no Santa Cruz, o meia foi para São Paulo e brilhou no super Palmeiras da Parmalat, após um período conturbado no Corinthians. Do Palmeiras, foi ganhar o mundo na Europa, onde viveu seus melhores momentos e o auge no Barcelona, sendo eleito o melhor jogador do mundo em 1999. Foi uma das maiores estrelas do futebol nacional na Copa do Mundo de 1998 e, principalmente, no Mundial de 2002, quando jogou demais, marcou cinco gols e deu passes magistrais, fazendo uma dupla inesquecível com Ronaldo. Esquecido pela mídia, Rivaldo sempre conviveu com contestações sobre seu talento, um verdadeiro crime com tamanho gênio da bola. O Imortais relembra agora a carreira desse craque eterno.

 

De Paulista aos paulistas

Nascido na cidade de Paulista, em Pernambuco, Rivaldo começou sua carreira no futebol pelo Santa Cruz. Com muita habilidade desde cedo, o jovem logo assinou seu primeiro contrato com o tricolor e teve, em 1992, sua grande chance de demonstrar sua qualidade na vitrine de talentos do futebol brasileiro, a Copa São Paulo de Juniores. Com a camisa do Santa, Rivaldo foi uma das maiores revelações do torneio e despertou o interesse do Mogi Mirim, clube do interior paulista. Rivaldo foi jogar ao lado do colega de Santa, Válber, e de outra revelação da época, o atacante Leto. O trio foi o principal destaque do Mogi que encantou o estado no Campeonato Paulista de 1992, que ficou conhecido como Carrossel Caipira, pela constante movimentação de seus jogadores, inspirado pela Holanda de 1974. O time deu trabalho para os grandes da capital e se tornou o adversário do interior mais difícil de ser batido.

Depois do torneio, as estrelas comandadas pelo técnico Vadão despertaram o interesse do Corinthians, que levou a maioria dos talentos, inclusive Rivaldo. Porém, o craque não foi bem aproveitado pelo técnico Mário Sérgio, sendo escalado ora como ponta esquerda, ora como jogador de marcação, características totalmente diferentes de seu estilo de jogo. Depois de um ano sem brilho no Timão, Rivaldo acertou sua ida para o Palmeiras, em 1994, então campeão brasileiro e estadual, com craques como Roberto Carlos, Zinho, Edmundo, Edílson, Evair e Cia. No Verdão, ele começaria, enfim, seu estrelato.

 

Títulos, gols e reconhecimento

A ida de Rivaldo ao Palmeiras foi um divisor de águas na carreira do craque. De renegado no Corinthians, o jogador virou uma das principais estrelas do já estrelado clube alviverde. Em 1994, foi um dos responsáveis pelo bicampeonato brasileiro, quando o craque se vingou do ex-clube, o Corinthians, na grande final.  No primeiro jogo, vitória por 3 a 1 do Palmeiras, com dois gols de Rivaldo. No jogo seguinte, empate em 1 a 1, com mais um gol palmeirense marcado por Rivaldo, e a consagração de um time devastador. O Palmeiras repetia o feito da academia da década de 70 e conquistava o bicampeonato brasileiro 1993/1994. Naquele ano, Rivaldo ganhou a Bola de Prata da Placar e passou a ser apontado como um dos maiores craques do país, “imarcável”, perfeito no controle da bola e arrasador quando partia em velocidade ao ataque.

 

Ano de altos e baixos

Em 1996, Rivaldo jogou demais no primeiro semestre com a camisa alviverde. Graças aos reforços de Cafu, Müller e Luizão, além da companhia de Djalminha, o craque voltou a comemorar um caneco, o Campeonato Paulista, no famoso ataque dos 100 gols. O meia foi ainda mais goleador e plástico, com jogadas fantásticas e atuações impecáveis. A decepção foi a perda do título da Copa do Brasil para o Cruzeiro, em pleno Parque Antártica, na partida que ficou conhecida como o “Maracanazo alviverde”, tamanho favoritismo do Palmeiras naquele jogo. Após o revés, o meia conseguiu sua primeira transferência internacional, para o Deportivo La Coruña, da Espanha. No mesmo período, disputou as Olimpíadas de Atlanta, sendo uma das principais esperanças de medalha ao lado do fenômeno Ronaldo, mas o Brasil sucumbiu diante da Nigéria e teve de se contentar com o bronze. Rivaldo ficou “de molho” por um ano do time canarinho, voltando só em 1997, para ser campeão da Copa das Confederações.

 

Crescimento e a chegada ao Barça

Logo em sua primeira temporada no La Coruña, Rivaldo marcou 21 gols no Campeonato Espanhol e um na Copa do Rei, substituindo a altura o ídolo Bebeto, que havia voltado para o Brasil, para jogar no Flamengo. Suas atuações despertaram, em 1997, o interesse do gigante Barcelona, carente após a saída de Ronaldo para a Internazionale. O clube catalão conseguiu levar Rivaldo para o Camp Nou no final de agosto daquele ano, pagando o valor da multa rescisória do jogador (US$ 26 milhões). Ali, começaria o período de ouro do meia pernambucano. Mas, antes, tinha uma Copa do Mundo pela frente.

 

A primeira Copa

Em 1998, Rivaldo conseguiu recuperar a confiança do técnico Zagallo e foi convocado para a disputa da Copa do Mundo da França. E não decepcionou. Com a classe de sempre, o craque marcou um gol na primeira fase, contra Marrocos, e ganhou o dificílimo jogo contra a Dinamarca, nas quartas de final, praticamente sozinho, ao marcar dois gols e ser o nome do jogo. Quem achava que ele só jogava pelo Barcelona, estava enganado. O meia era essencial, também, na seleção. O Brasil chegou até a final, mas perdeu para a França, num dia para se esquecer. Mesmo com o vice, o balanço da Copa para o meia foi positivo, pois ele foi talvez o melhor do Brasil no Mundial, melhor até mesmo que o badalado Ronaldo, que sucumbiu na decisão por uma convulsão.

 

Rei do mundo

Passando o revés na Copa, Rivaldo viveu seu auge com a camisa azul e grená do Barcelona. O meia fez os torcedores espanhóis esquecerem o ídolo Ronaldo e continuou a dinastia dos “erres” brasileiros no Camp Nou. Assim como Romário, em 1994, e Ronaldo, em 1996 e 1997, Rivaldo foi eleito, em 1999, o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, sua consagração definitiva no rol dos maiores craques do futebol mundial. Também pudera. O jogador só não fazia chover com suas arrancadas, tabelinhas, chutes e gols, muitos gols, a maioria deles de placa, seja de falta, seja de fora da área, ou até mesmo de bicicleta (como você pode ver na seção extras, em um certo jogo contra o Valencia…). Genial, Rivaldo abocanhou também a Bola de Ouro da revista France Football, o prêmio de Melhor Jogador do Mundo pela World Soccer, o Onze d´Or e foi eleito o Melhor Jogador Estrangeiro do Campeonato Espanhol em 1998. Alguém podia com Rivaldo? Não!

Pelo Barça, o craque conquistou os títulos do Campeonato Espanhol de 1998 e 1999, da Copa do Rei de 1998 e da Supercopa da Espanha de 1999, sendo a estrela maior mesmo ao lado de craques como Guardiola, Frank de Boer, Cocu, Overmars, Figo e Puyol. Só faltou mesmo uma Liga dos Campeões da UEFA, que passou perto em 1999-2000, quando Rivaldo foi o artilheiro com 10 gols, mas viu o Barça ser eliminado pelo grande Valencia de Mendieta, Claudio Lopéz, Kily González, Pellegrino e Cañizares nas semifinais.

Também em 1999, o meia foi o artilheiro da Copa América com cinco gols, dois deles na fase decisiva contra Argentina e Uruguai, ajudando a seleção a conquistar o torneio continental. Depois da taça, o meia, assim como a seleção no geral, viveu uma má fase, com eliminação nas Olimpíadas de 2000 e partidas sofríveis nas eliminatórias para a Copa. Porém, ele, como todo aquele time, dariam a volta por cima.

 

Atuação de gala marca a volta por cima

Em 2001, Rivaldo teve uma de suas melhores temporadas na carreira. Após a saída do técnico do Barcelona, Louis Van Gaal, que entrava constantemente em conflitos com o craque brasileiro, o meia ficou mais leve e solto para estraçalhar os rivais. Ele marcou 36 gols na temporada 2000-2001, e teve talvez sua melhor exibição na carreira no último jogo do Barça no Campeonato Espanhol, contra o Valencia, no Camp Nou. O time catalão precisava de um resultado positivo para se garantir na Liga dos Campeões da UEFA do próximo ano. E Rivaldo tratou de colocar os catalães na competição com uma atuação de gênio. O meia fez um hat trick perfeito, tido como um dos maiores hat tricks da história, pela importância, pela maneira como foi realizado e pelos gols. Rivaldo abriu 2 a 0 para o Barça com um gol de falta mágico e outro num chutaço de fora da área.

O Valencia conseguiu empatar e todos acreditavam que a partida terminaria daquele jeito. Porém, aos 43´do segundo tempo, o meia recebeu passe de Frank de Boer, matou a bola no peito de fora da área e emendou uma bicicleta perfeita, impecável, plástica, exuberante, que foi morrer no canto esquerdo do goleiro valenciano: Barcelona 3×2 Valencia, quer dizer, Rivaldo 3×2 Valencia. O estádio foi ao delírio. O Barça se classificava para a Liga e o meia presenteava a torcida com uma atuação estrelar. Aquele jogo serviu como um prenúncio de que o Brasil poderia esperar muito dele em 2002, na Copa do Mundo.

 

Alma do penta

Na Copa de 2002, na Coreia do Sul e Japão, Rivaldo foi, ao lado de Ronaldo, um dos maiores responsáveis pelo pentacampeonato mundial do Brasil. O meia usou todos os seus artifícios para ajudar a seleção a levantar a Copa perdida de maneira tão dolorosa em 1998. Com cinco gols e passes impecáveis para Ronaldo, principalmente na final, contra a Alemanha, Rivaldo foi genial e decisivo, sendo até cômico na estreia do Brasil, contra a Turquia, quando simulou que tinha levado uma bolada no rosto, que na verdade pegou na sua perna, num dos lances mais engraçados dos mundiais. O gesto provocou a expulsão do turco. E uma multa bem “salgada à shoyu” para o brasileiro tempo depois…

O título mundial com a camisa amarela foi o último de Rivaldo pela seleção. Ele seguiu sem o devido reconhecimento por grande parte da mídia e torcida, que veneraram os mais populares jogadores do time verde e amarelo. Depois do mundial, Rivaldo começou a enfrentar seu período de vacas magras.

 

Tempos esquecíveis e rei grego

Em 2003, Rivaldo se transferiu para o Milan, onde conquistou seus primeiros troféus internacionais por um clube, a Liga dos Campeões e a Supercopa da UEFA, além da Copa da Itália. Mas os canecos não foram saborosos como os conquistados com a camisa do Barcelona ou do Palmeiras, pois o craque não teve espaço e não se adaptou ao futebol italiano. Depois de jogar na Itália, o jogador ainda teve uma rápida passagem pelo Cruzeiro, sem brilho.  Em 2004, encarou uma aventura no futebol grego e, por incrível que pareça, se deu muito bem. Conquistou vários títulos nacionais, foi eleito o melhor jogador do Campeonato Grego por três vezes seguidas e virou ídolo. Foram 74 jogos e 44 gols com a camisa alvirrubra. Jogou também no AEK, de Atenas, mas sem o sucesso que teve no rival.

 

Aventura com Felipão, volta ao Brasil e o fim

Em 2008, Rivaldo voltou a apostar numa aventura e foi jogar no Bunyodkor, do Uzbequistão, que era treinado pelo técnico Felipão. Por lá, voltou a vencer títulos e ser ídolo, mas, claro, sem os holofotes de outrora. Em 2011, voltou ao Brasil para assumir a presidência do Mogi Mirim, seu primeiro clube em São Paulo. Ele pensava em ser jogador-presidente, mas pouco antes do início do Campeonato Paulista, decidiu aceitar uma proposta do São Paulo, e jogou no clube do Morumbi por uma temporada, novamente sem o brilho esperado e ficando boa parte do ano na reserva. Depois disso, o meia seguiu sem definir a aposentadoria, já com mais de 40 anos de idade, acumulou dupla função no Mogi Mirim de presidente e jogador e decidiu se retirar de vez dos gramados em março de 2014. Depois de tanta indefinição, Rivaldo pôde pendurar as chuteiras em paz. Afinal, o que ele jogou durante toda carreira, no Palmeiras, no Barça e na seleção, já fizeram dele um dos maiores do futebol brasileiro e mundial, um craque genuíno, com movimentação, inteligência, precisão no passe, chutes indefensáveis, poder de decisão e muita habilidade. Rivaldo foi, é, e será sempre um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 230 jogos pelo Barcelona e marcou 130 gols.

Disputou 85 jogos pela Seleção Brasileira e marcou 37 gols, oito deles em duas Copas do Mundo (3 em 1998 e 5 em 2002).

 

Relembre o Brasil de 1997-1999 clicando aqui!

Relembre o Brasil de 2002 clicando aqui.

 

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Comentários encerrados

11 Comentários

  1. Um clássico camisa 10. E digo, Depois do Pelé foi o 10 que mais honrou essa camisa amarela, pois fez duas copas magistrais, algo que Zico e R10 não conseguiram, e sem dúvida o melhor jogador da copa de 2002. A mídia pode dizer que foi o Ronaldo e a FIFA o Kahn, mas quem assistiu os jogos sabe que foi Rivaldo o craque daquele torneio. Uma verdadeira lenda do futebol mundial, que talvez na história do Barça, entre os brasileiros, só o Ronaldinho seja ligeiramente superior por ter tirado o time de uma seca longa na UCL.

  2. craque mais era muito calado, por isso não é muito reconhecido …foi perder a timidez e começou a falar um monte no fim da sua carreira ja quando não jogava o mesmo futebol , dando motivos para falarem dele… mas sem duvida foi um craque muito mas até do que alguns hoje que tem a alcunha de ser chamado de craque… PH GANSO, COUTINHO , OSCAR … ENTRE OUTROS

  3. Rivaldo verdadeiro craque imortal
    pode somar xavi,iniesta,busquets e fabregas que ainda não dão um rivaldo na minha modesta opinião
    um dos últimos meia que dominava todos os tipos de jogadas
    bola parada,finalização,passe curtos chutes de fora da área,cruzamentos e por aí vai

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