Por Guilherme Diniz
Hampden Park, Glasgow, Escócia, 15 de maio de 2002.
Real Madrid e Bayer Leverkusen decidem a Liga dos Campeões da UEFA de 2001-2002. O mesmo estádio onde há 42 anos o Real Madrid havia completado sua dinastia na Copa Europeia com o 5º título consecutivo do torneio, em uma final pirotécnica diante de outro clube alemão, o Eintracht Frankfurt, derrotado por 7 a 3 pelos merengues (!).
Pensar em um placar tão elástico no ano de 2002 era difícil. Ainda mais com equipes fortes defensivamente e no meio de campo.
Havia muito misticismo no ar… Não só pelo estádio da final, mas pelo Real Madrid completar 100 anos exatamente naquele ano. E, presente na final de seu torneio preferido, o clube merengue não queria desperdiçar a chance da glória.
Com Roberto Carlos, Hierro, Makélélé, Figo, Zidane, Raúl e Morientes, além do técnico Vicente del Bosque, o Real era um esquadrão fantástico.
Mas o Bayer tinha suas virtudes. Havia superado pelo caminho gigantes como Barcelona, Juventus, Liverpool e Manchester United. E tinha Lúcio, Ballack, Schneider, Neuville, Basturk e Berbatov.
Quando a bola rolou, logo aos oito minutos, Roberto Carlos cobrou um lateral como se o fizesse com os pés e engatilhou Raúl. O atacante nem dominou, foi logo chutando de primeira e abriu o placar para o Real Madrid. O Bayer não se abateu. E, aos 14’, Schneider cobrou falta na cabeça de Lúcio, que testou firme para empatar: 1 a 1.
O jogo seguiu em um ritmo alucinante. Até que, aos 45´, o lateral Roberto Carlos tabelou com Solari pela esquerda e avançou até a linha de fundo. O passe do argentino não foi lá essas coisas, mas Roberto conseguiu dominar e cruzar para a área. Ela foi em direção ao meia Zidane…
O francês olhou a bola, mirou e arriscou um voleio. Fosse um jogador comum, a bola iria parar na Glasgow Tower, na estação central da cidade, enfim, bem longe dali. Mas era Zidane. O camisa 5 acertou a bola de maneira precisa, espetacular, única. A redonda foi parar no ângulo do goleiro do Bayer. Indefensável. Inimaginável. Inesquecível.
Real Madrid 2×1 Bayer.
A partida poderia terminar ali, no cravado minuto 45, momento do gol, do golaço, de um dos gols mais lindos da história do futebol. Mas era uma final e teríamos mais 45 minutos.
Um drama tentou acometer o Real Madrid quando o arqueiro César se lesionou. Sem condições de continuar em campo, o goleiro obrigou Del Bosque a chamar Casillas. O placar estava 2 a 1, mas o Bayer chegava a todo momento no campo de defesa do Real. Ainda restavam 20 minutos de jogo. Era uma fogueira imensa, na qual o Real poderia cair e se queimar. Mas Casillas gostava daquilo. Jogo grande era com ele. E, com uma frieza impressionante, fechou o gol madrileno com defesas magistrais, três delas nos minutos finais e uma à queima roupa. Elas foram fundamentais para o título europeu merengue. A 9ª taça. E justamente no ano do centenário do Rei da Europa.
Assim como em 1960, o Real levantava a maior glória continental em Hampden Park. Não foi de goleada. Mas foi tão artística quanto. Afinal, aquele gol de Zidane vale por mil. Por toda a eternidade.
20 anos e ainda nos lembramos dele. Seguiremos assim.
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