Quando a lenda alemã anunciou que estava deixando o Bayern de Munique após 25 anos, surgiram várias perguntas: ele continuará jogando na Alemanha ou vai se aventurar no exterior? Ainda será convocado para a Nationalelf? E seu legado será afetado caso ele desça de nível e jogue em ligas inferiores por alguns anos, como já aconteceu com outras lendas do futebol? Lembram do Ronaldinho Gaúcho no Querétaro?
Dada a sua importância, legado e impacto no futebol mundial, é mais do que justo revisitar a carreira do ídolo alemão e olhar com atenção quais serão os seus próximos passos.
Conquistas únicas e históricas
Foi o técnico holandês Louis van Gaal, que abriu as portas do Bayern de Munique para Müller, que se tornaria um dos atletas mais vitoriosos da história do futebol. Seus feitos falam por si só:
- Recorde de 13 títulos da Bundesliga
- 6 títulos da Copa da Alemanha (DFB-Pokal)
- 8 Supercopas da Alemanha (DFL-Supercup)
- 2 títulos da UEFA Champions League
- 2 Supercopas da UEFA
- 2 Mundiais de Clubes da FIFA
- Campeão da Copa do Mundo de 2014
Além disso, soma impressionantes 752 jogos e 250 gols pelo Bayern, além de 45 gols em 131 partidas pela seleção alemã, consolidando-se como uma verdadeira lenda do futebol.
Copa do Mundo de 2010: o torneio da revelação

Com 5 gols marcados e uma campanha emocionante até as fases finais do torneio, Thomas Müller protagonizou uma ascensão meteórica no cenário mundial. Os torcedores do Bayern já sabiam que ele era especial, mas o mais importante era provar isso no maior palco do futebol. E ele certamente fez isso. O alemão se tornou a maior revelação do Mundial e um dos artilheiros com cinco gols – ele acabou vencendo a Chuteira de Ouro, o prêmio de Melhor Jogador Jovem da Copa, foi eleito para o All-Star Team e ainda deu três passes para gols (!).
Seu estilo de jogo sempre foi inteligente, de alta intensidade e único, pois atuava no ataque sem ser um camisa 9 tradicional (centroavante), nem um clássico camisa 10 criativo. Sua leitura de espaço e capacidade de se movimentar entre as linhas, ocupando zonas onde podia finalizar ou distribuir passes com precisão, foram simplesmente revolucionárias.
A magia do futebol de Müller se integrava perfeitamente à mente e às necessidades de seus companheiros de equipe. Ele foi capaz de mudar a forma como o jogo era jogado e transformar a maneira como atendia às demandas de seus colegas de ataque. Os gols, as assistências e as interceptações decisivas vieram naturalmente, assim como sua abordagem inteligente de pressão e contra-pressão, transformando o ataque na primeira linha de defesa.
A Tríplice Coroa de 2013: uma temporada perfeita

Levantar a taça da UEFA Champions League e superar todos os adversários consolidou o lugar de Thomas Müller entre a elite do futebol europeu e demonstrou mais uma vez que ele podia brilhar no palco mais importante do mundo. Foram três troféus na temporada 2012-2013, uma sequência de atuações impressionantes e um fluxo constante de criatividade que resultaram em mais medalhas em uma única temporada do que muitos jogadores conquistam em toda a carreira. Uma lenda estava sendo claramente moldada e, como a temporada seguinte mostraria, ele estava apenas começando.
Seu estilo de jogo, em constante evolução, permitiu que ele se reinventasse para desvendar as novas táticas defensivas da Bundesliga. Müller também encontraria formas inovadoras de deixar seus companheiros na cara do gol ou recuar e participar mais ativamente da construção das jogadas. Ele sempre foi um jogador cerebral, que nunca precisou depender de velocidade extrema ou explosão física para ocupar os espaços certos no campo. Enquanto os outros jogadores ainda estavam tentando aprender as regras do jogo, Müller já jogava xadrez em um tabuleiro próprio.
Copa do Mundo de 2014: a coroação

No Mundial realizado no Brasil, Thomas Müller continuou artilheiro e fez mais cinco gols na campanha do título mundial dos alemães, incluindo o gol que abriu o placar do épico 7 a 1 sobre o Brasil na semifinal e três nos 4 a 0 sobre Portugal, na primeira fase. Mais uma vez o craque entrou para o All-Star Team da Copa, venceu a Chuteira de Prata e a Bola de Prata. Vencer o maior prêmio do futebol seria o ápice para muitos, mas para ele foi apenas mais um capítulo.
Seu outro grande momento foi na temporada 2019-2020, quando muitos diziam que ele não era mais o mesmo e que estava com os dias contados em Munique. Pois o técnico Hansi Flick conseguiu resgatar um dos mais simbólicos e vencedores jogadores do Bayern na década. Ver o que Thomas Müller jogou a partir de dezembro de 2019 é como acompanhar uma fênix. O craque foi decisivo, demonstrou sua enorme leitura de jogo e senso de posicionamento, marcou gols e virou o maior garçom da equipe na conquista da Bundesliga com 21 assistências, além de oito gols marcados. Na Liga dos Campeões, voltou a ser o carrasco e goleador-nato na fase de mata-mata e marcou quatro gols, dois deles no Barcelona, sua vítima preferida.
Com gana, raça e o Bayern correndo em suas veias, encarnou o torcedor-jogador. Ídolo da torcida e imortal do clube, Müller celebrou seu segundo Treble na carreira e confirmou ainda mais o status de um dos atletas mais importantes do Bayern e do futebol alemão neste século XXI. Foram 50 jogos e 14 gols na temporada 2019-2020, que teve outro Treble do Bayern. Embora pudéssemos continuar falando sobre seus feitos, agora é hora de olhar para o futuro e fazer algumas previsões sobre o que um dos maiores jogadores da história da Alemanha pode fazer a seguir.
Um futuro provavelmente diferente

Müller é conhecido por sua atuação estratégica e inteligência espacial dentro de campo, mas talvez esse não seja mais seu foco principal à medida que entra na reta final da carreira. As propostas milionárias dos clubes da Saudi Pro League e da MLS mostram que não é preciso necessariamente estar no topo das grandes ligas europeias ou contar com a sorte nos melhores casinos online para continuar faturando salários altíssimos.
Caso Müller assine um contrato para jogar em um destino exótico como Nova York, Los Angeles ou Oriente Médio, ele poderá estender sua carreira enquanto inspira jovens atletas a adotar sua visão única sobre o jogo. Além disso, os treinadores certamente o enxergarão como uma espécie de técnico dentro de campo, capaz de orientar tanto os novatos quanto os jogadores mais experientes de uma forma diferenciada, e aqueles com visão de futuro devem considerar tudo o que ele pode oferecer, indo muito além dos tradicionais gols e assistências.
Mais uma coisa…
Müller é conhecido pelo bom humor, pelas brincadeiras e pelo sarcasmo fino, características que poucos associam aos atletas alemães. Sua facilidade com as palavras e seu raciocínio rápido podem torná-lo o comentarista perfeito, assim como Micah Richards e Roy Keane transformaram como os torcedores consomem análises sobre o futebol. Independentemente do caminho que ele escolher, será fascinante acompanhar como irá passar o restante de sua carreira. E ele terá seu lugar aqui no Imortais na seção Craques Imortais.