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Por Guilherme Diniz
Nome: Estádio José Alvalade
Localização: Lisboa, Portugal
Inauguração: 10 de junho de 1956
Reinauguração: 06 de agosto de 2003
Partida Inaugural: Sporting (POR) 2×3 Vasco (BRA), 10 de junho de 1956. Partida da reinauguração: Sporting (POR) 3×1 Manchester United (ING), 06 de agosto de 2003
Proprietário: Sporting Clube de Portugal
Capacidade: 50.095 pessoas
Recorde de público: 50.046 pessoas no jogo Sporting (POR) 1×2 Real Madrid (ESP), 22 de novembro de 2016
Em mais de meio século, o Sporting teve vários estádios que expressaram a paixão sportinguista. Eles abrigaram esquadrões lendários, multicampeões e de vocação ofensiva, esta sempre enraizada no clube português. Tais estádios viram o Sporting ser o maior campeão da história do Campeonato de Lisboa e os Cinco Violinos devastarem o futebol do país com taças e recordes. Nos anos 1960, já com uma casa definitiva chamada José Alvalade, os leões aplicaram a maior goleada da história de um torneio da UEFA e ainda fazer 5 a 0 no Manchester United de Best, Charlton e Law. Teve também a maior goleada do Dérbi de Lisboa, o 7 a 1 sobre o Benfica que até hoje rende piadas nos bate-papos de bares da capital. Mas, na virada do milênio, aquela casa mística precisava de uma reforma. Na verdade, um recomeço, se quisesse oferecer aos adeptos segurança e conforto. Em pouco tempo, nasceu uma nova casa, um novo templo para embalar o Sporting aos títulos e glórias. O Estádio José Alvalade é um dos principais estádios de Portugal, dono de classificação máxima da UEFA e referência nos desportos portugueses há mais de duas décadas. É hora de conhecer os detalhes e curiosidades da casa do Sporting.
Sumário
Primórdios e o antigo José Alvalade
Fundado em 1906, o Sporting teve vários campos ao longo de sua história. O primeiro deles foi o Sítio das Mouras, na mesma região onde seria construído o José Alvalade. Falando neste nome, os terrenos foram cedidos pelo Visconde de Alvalade, que correspondeu à vontade do neto, José Alvalade, de consolidar um novo clube depois da cisão do Campo Grande Football Club. A cedência incluiu, ainda, um edifício na mesma Alameda, para funcionar como a primeira sede do Sporting Clube de Portugal, por isso a enorme influência da família no clube alviverde. Em 1907, os leões construíram um novo campo conhecido como Estância de Madeira, mais moderno do que o Sítio das Mouras e que tinha, além do campo de futebol, pista de atletismo, duas quadras de tênis, pavilhão com vestiários e armários pessoais, chuveiros e banheiras, sala de estar, de jogos e uma cozinha bem equipada, o que dava ao clube uma das melhores estruturas desportivas do país.
Já em 1917, foi a vez do Campo Grande 412 virar o palco dos leões até o Estádio do Lumiar – também conhecido como Stadium Lisboa -, no final dos anos 1930, assumir o lugar de estádio principal da equipe. Em 1947, novas obras fizeram nascer o primeiro estádio com o nome de José Alvalade, mas seria apenas em 1956 que o Estádio José Alvalade iria nascer, após projeto dos arquitetos António Augusto Sá da Costa e Anselmo Fernandez, este o técnico da conquista da Recopa da UEFA de 1964 do clube. Curiosamente, o projeto do Alvalade que saiu do chão não foi o que estava previsto. Antes, seria construído um estádio simétrico, inspirado nos grandes estádios do exterior – principalmente no Maracanã, a ver pelo estilo das arquibancadas – com a arquibancada central poente a encontrar uma réplica exata a nascente. No entanto, a nascente nunca viria a ser construída, sendo a parte do Estádio que lhe estava destinada ocupada pelo peão e, a partir de 1983, pela Arquibancada Nova, que não era fiel aos planos originais.
A construção de um novo estádio vinha em um momento de problemas de lotação registrados nos estádios prévios, acanhados. A construção foi financiada em parte pelos sócios do clube, incluindo as comissões Central do estádio, do Cimento e das Festas, e de um Concurso Publicitário. Através de rifas e donativos, o clube arrecadou mais de 7 milhões de escudos (moeda portuguesa da época). O estádio tinha capacidade para mais de 60 mil pessoas e, na inauguração, os alviverdes acabaram derrotados pelo Vasco da Gama por 3 a 2. A nova e definitiva casa do Sporting recebeu dias depois um sistema de iluminação artificial, o que fez do José Alvalade o primeiro de Portugal com tal tecnologia.
O Estádio foi construído por cerca de 1.400 trabalhadores em pouco mais de um ano, o que causou espanto a todos, incluindo o jornalista Silva Resende, do jornal “A Bola”, que escreveu no dia da inauguração: “vê-se e mal se acredita”. Dois anos depois, o Sporting levantou seu primeiro título nacional no José Alvalade, que teve a participação dos dois últimos “violinos” ainda em atividade, Vasques e Travassos. Nos anos 1960, foi a vez do estádio servir de palco para grandes momentos do clube, como a trajetória do título da Recopa da UEFA, quando o Sporting aplicou 16 a 1 ao APOEL-CYP, a maior goleada da história das competições europeias masculinas da UEFA, e os 5 a 0 no Manchester United-ING, nas quartas de final.
Ao longo dos anos, o José Alvalade recebeu melhorias e a famosa Loja Verde, em 1980, de artigos esportivos e souvenires do clube, uma das primeiras no mundo do futebol. Na mesma década de 1980, a diretoria fechou as arquibancadas e o estádio teve sua capacidade aumentada para 75 mil pessoas, que só seria reduzida novamente com a instalação de cadeiras. O José Alvalade ganhou ainda o apelido de “Catedral do Rock” por abrigar dezenas de shows lendários de grandes bandas e artistas ao longo dos anos tais como Rolling Stones, Guns n’ Roses, Santana, The Cure, David Bowie, Brian Adams, Dire Straits, Elton John, U2, entre outros.
A reconstrução
Com as exigências cada vez maiores da UEFA e da FIFA em segurança e benfeitorias nos estádios, o Sporting começou a traçar o plano de um novo e moderno estádio. O presidente Santana Lopes, à frente do clube entre 1995 e 1996, foi o primeiro a expor a necessidade de um novo estádio diante das condições ruins do José Alvalade na época e também do projeto ultrapassado que impossibilitava uma reforma no local. A ideia era não só construir uma nova casa, mas também prédios e praças na região que ficou conhecida como Complexo Alvalade XXI, que seria composto por:
- Edifício Visconde de Alvalade;
- Estádio José Alvalade, com 50.076 lugares, todos sentados e cobertos;
- Edifício Multidesportivo;
- Pavilhão João Rocha;
- Centro Comercial Alvaláxia;
- Clínica Médica;
- Health Club;
- Centro de Dia;
- Mundo Sporting, o museu do Clube;
- Loja Verde, a loja do Clube.
O projeto foi apresentado em maio de 1999 e teve como inspiração a então mais moderna arena de futebol da época: a Johan Cruijff Arena, em Amsterdã (HOL). Desenhado pelo arquiteto Tomás Taveira, o novo José Alvalade teria algumas características próprias e inspiradas na época dos Descobrimentos como os mastros de sustentação, que faziam alusão aos mastros das naus portuguesas (inicialmente os mastros eram muito mais altos, mas foram reduzidos devido a condicionantes do espaço aéreo), os estirantes eram as velas e a cobertura representava uma onda.
Com a escolha de Portugal como sede da Eurocopa de 2004, o José Alvalade entrou na programação de sedes da competição e suas obras começaram em janeiro de 2001, no perímetro do antigo José Alvalade, que permaneceu em uso até a temporada 2002-2003. O custo do novo estádio atingiu o valor de 125 milhões de euros e, em 06 de agosto de 2003, o novo José Alvalade foi inaugurado em uma bela cerimônia. O Sporting enfrentou o Manchester United na partida inaugural e venceu por 3 a 1, com o primeiro gol anotado por Luís Filipe. Cristiano Ronaldo, então uma promessa do clube leonino, fez uma partidaça e acabou rumando para o próprio United.
Euro, Copa da UEFA e palco do fim do jejum
Na Eurocopa de 2004, o José Alvalade abrigou cinco jogos da competição, incluindo duas vitórias de Portugal:
- Suécia 5×0 Bulgária, Fase de Grupos
- Portugal 1×0 Espanha, Fase de Grupos
- República Tcheca 2×1 Alemanha, Fase de Grupos
- Grécia 1×0 França, Quartas de final
- Portugal 2×1 Holanda, Semifinal
Na temporada seguinte, o José Alvalade foi palco da final da Copa da UEFA entre Sporting e CSKA, uma ocasião perfeita para os leões vencerem seu segundo título continental. Porém, a equipe russa estragou a festa alviverde e venceu por 3 a 1. No mesmo ano de 2005, o estádio ganhou a classificação de 5 estrelas da UEFA, que foi renomeada anos depois como Elite, na qual o estádio também se enquadra.
Em 2006-2007, o José Alvalade foi talismã na campanha do título da Taça de Portugal, que encerrou um jejum de seis anos sem conquistas do clube – a equipe leonina ainda levantou o bi em 2007-2008. Nos anos seguintes, o clube levantou mais títulos nacionais e prestou homenagens a ídolos que se foram. Em 2009, o gol do lado sul passou a ser chamado Vítor Damas, em homenagem ao lendário ex-goleiro alviverde. E, em 2010, foi a vez do canto direito do gol sul ganhar o nome de Cantinho do Morais, em alusão a João Morais, herói do título europeu de 1964.
Em 2016, o José Alvalade registrou o recorde de público de sua história: 50.046 pessoas estiveram presentes no jogo em que os leões foram derrotados pelo Real Madrid de CR7 por 2 a 1, na 5ª rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA de 2016-2017. Em 2020-2021, a torcida pôde, enfim, celebrar o título do Campeonato Português pela primeira vez na nova casa e ver o clube encerrar o angustiante jejum de 19 anos sem títulos no principal torneio do país. Os leões não perderam nenhum jogo em casa e ainda derrotaram o rival Benfica por 1 a 0, resultado fundamental para a manutenção dos cinco pontos de vantagem no topo. O destaque dos alviverdes foi Pedro Gonçalves, autor de 23 gols e artilheiro da Primeira Liga daquela temporada.
Protagonista, sempre
Ainda em 2020-2021, o Sporting foi campeão da Taça da Liga e levantou também a Supertaça de Portugal. Na época seguinte, o clube repaginou as cadeiras de todo Estádio José Alvalade e trocou as multicoloridas pela cor verde, o que destacou ainda mais as arquibancadas do local e sua identidade. Na temporada 2023-2024, mais uma vez o Sporting foi campeão português e deu show sob seus domínios ao vencer todos os 17 jogos no José Alvalade, com destaque para os triunfos nos clássicos contra Benfica (2 a 1) e Porto (2 a 0). Os leões somaram 10 pontos a mais do que o vice-campeão, Benfica, e anotaram 96 gols em 34 jogos, 29 deles do sueco Gyökeres, artilheiro da temporada.
Símbolo de uma torcida apaixonada, o Estádio José Alvalade segue como um ícone de Lisboa e parte integrante do futebol e dos esportes da cidade, além de ser casa de vários jogos da seleção de Portugal, que não perde no local desde 2015. De lá para cá, foram 11 jogos, 10 vitórias e um empate, incluindo o triunfo por 5 a 2 sobre a Dinamarca que valeu a vaga no Final Four da Liga das Nações da UEFA de 2024-2025. Já pensando no futuro, o Sporting planeja aumentar a capacidade do José Alvalade para 52.095 pessoas, 2 mil a mais, visando a Copa do Mundo da FIFA de 2030, na qual Portugal será uma das sedes. Para abrir mais espaço, o clube vai eliminar o fosso da lateral e ampliar as arquibancadas inferiores. Além disso, serão feitas melhorias no exterior, instalação de telões mais modernos e áreas de convivência para sócios e patrocinadores, benfeitorias que irão manter o José Alvalade no protagonismo do esporte português e europeu.
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