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Por Guilherme Diniz
Nome: Estádio do Dragão
Localização: Porto, Portugal
Inauguração: 16 de novembro de 2003
Partida Inaugural: Porto 2×0 Barcelona, 16 de novembro de 2003
Primeiro gol: Derlei, do Porto, no jogo Porto 2×0 Barcelona, 16 de novembro de 2003
Proprietário: FC Porto
Capacidade: 50.033 pessoas
Recorde de público: 52.004 pessoas no jogo Porto 2×0 Barcelona, 16 de novembro de 2003.
Ao longo de 52 anos, o Futebol Clube do Porto viveu momentos de glórias no Estádio das Antas, na Avenida Fernão de Magalhães. Com capacidade para mais de 90 mil pessoas em sue auge, a casa portista viu grandes esquadrões, em especial o time dos anos 1980, campeão da Liga dos Campeões da UEFA, do mundo e da Supercopa da UEFA, e dos anos 1990, que construiu uma dinastia inédita no Campeonato Português. Mas o Estádio das Antas precisava de reformas e melhorias se quisesse manter seu protagonismo. Só que as ambições do clube não permitiam uma simples reforma, mas sim a construção de um novo estádio. E ele começou a tomar forma nos anos 2000 até o torcedor ganhar, em 2003, uma nova casa moderna, lindíssima e que refletia a imponência que o Porto queria demonstrar no novo milênio, a começar pelo nome: Estádio do Dragão, o orgulho portista que viu já em sua temporada inaugural o time alviazul ser campeão europeu em 2004 e levantar mais taças para sua coleção ao longo dos anos. O estádio ainda virou uma referência em modernidade e mudou para sempre a região do Porto como um símbolo multidesportivo da cidade. É hora de conhecer a história de um dos mais icônicos estádios do mundo.
Sumário
Das Antas às desavenças
Inaugurado em 1952, o antigo estádio do Porto tinha como principal característica abrigar muita gente. Localizado na região das Antas – daí o nome Estádio das Antas -, o estádio foi construído em uma área de 48 mil metros quadrados e levou quatro anos para ser concluído. A capacidade original do estádio era de 48 mil pessoas, distribuídas por três arquibancadas – duas superiores e uma lateral. O lado leste do campo não tinha arquibancada e era conhecida como “Porta da Maratona”. A partida inaugural aconteceu em 28 de maio de 1952, contra o rival Benfica, em dia de grande festa na cidade, mas que terminou de maneira amarga para os portistas: vitória encarnada por acachapantes 8 a 2…
Ao longo dos anos, o Porto fez reformas como a instalação de uma pista de ciclismo, iluminação artificial e um lance de arquibancadas onde ficava a Porta de Maratona, o que aumentou a capacidade do estádio para 65 mil pessoas. Nos anos 1980, com a construção de mais arquibancadas onde ficavam as pistas de ciclismo e atletismo, o Estádio das Antas alcançou os 95 mil lugares, justamente no auge do grande time portista multicampeão português, campeão europeu, do mundo e da Supercopa da UEFA no período de 1984 a 1988. Nos anos 1990, o estádio ainda foi palco da “festa do Penta”, em 1999, quando o Porto completou um inédito pentacampeonato português ao vencer o Estrela da Amadora por 2 a 0.
Na virada do milênio, porém, o Porto começou a pensar em uma remodelação completa de seu estádio a fim de se adequar às normas de segurança da FIFA e da UEFA. O problema é que uma reforma não seria viável por conta do projeto ultrapassado do estádio. Por isso, a diretoria, comandada na época pelo lendário presidente Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, que presidiu o clube por 42 anos (1982 até 2024), decidiu construir um novo estádio próximo ao Das Antas, que seria demolido e abriria espaço para uma reurbanização completa da região.
O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Manuel Salgado e previa a construção não só do estádio, mas também de um amplo complexo desportivo, com novos acessos, três alamedas, um túnel e dois viadutos, uma nova área residencial, uma grande área comercial, um parque urbano, vários parques de estacionamento, uma estação de metro e um pavilhão multiusos. Tudo somado, o empreendimento representava um investimento público e privado na ordem dos 500 milhões de euros, sendo pouco mais de 100 milhões apenas para o estádio, que seria custeado pelo Porto, com cerca de 18 milhões custeados pelo Governo, que já realizava uma série de obras no país por conta da organização da Eurocopa de 2004 em Portugal.
Porém, as conversas iniciais da obra tiveram discussões calorosas entre o presidente portista Pinto da Costa e o presidente da Câmara do Porto na época, Rui Rio, que levantou dúvidas sobre as dimensões dos edifícios, o financiamento dos acessos a construir entre outros. Por isso, em fevereiro de 2002, Rui Rio disse que a Câmara não teria condições de ajudar. “A Câmara do Porto não tem meios para financiar esta obra. E uma vez que o país decidiu fazer a Euro 2004 em Portugal, o Governo deve ponderar a posição que tem tido até à data e deve aumentar o nível de apoio ao novo estádio do Futebol Clube do Porto”, exigia Rio, em entrevista ao jornal Público (POR) na época.
Com as obras já em andamento, Pinto da Costa decidiu pará-las enquanto a Câmara, a ACP (Associação de Comerciantes do Porto) e o Grupo Amorim chegassem a um acordo. Milhares de torcedores protestaram contra Rui Rio na região das Antas e queriam “a cabeça” do político, que teve que rever suas exigências diante da possibilidade da cidade ficar de fora da Eurocopa 2004, que já tinha Lisboa garantida com o Estádio da Luz – também em obras na época. Só com a intervenção do Presidente da República, Jorge Sampaio, que os imbróglios acabaram e a condução do processo passou a ser feita por seus assessores a partir dali.
Enfim, a construção
Apesar de toda burocracia e guerra política envolvendo as obras, o Estádio do Dragão foi erguido em tempo recorde. Em apenas três anos, a nova casa do Porto foi idealizada como um estádio moderno, confortável e funcional, com capacidade para pouco mais de 50.000 espectadores distribuídos em arquibancadas amplas e cobertas. Durante o processo de construção, foi necessário demolir parte do antigo Estádio das Antas e requalificar a área ao redor, criando um espaço urbano mais moderno e integrado à cidade do Porto. O Estádio das Antas, porém, permaneceu de pé até a conclusão do novo estádio e só foi demolido meses depois. Hoje, resta apenas um dos seus quatro holofotes de iluminação no local.
Antes de escolher o nome do novo estádio, dirigentes e torcedores sugeriram que o estádio continuasse com o nome “Estádio das Antas”, ou também “Novo Estádio das Antas” e “Estádio Pinto da Costa”. No entanto, o presidente Pinto da Costa recusou o seu próprio nome e escolheu “Estádio do Dragão”, em referência ao dragão que figura no escudo do clube.
“O Dragão está em nosso símbolo e no brasão da cidade, não havia melhor escolha para simbolizar a força e a vitalidade do FC Porto, nem a certeza do nosso futuro. Não há nome que, mitologicamente ou ideologicamente, transmita a vontade de novas conquistas como o do Dragão”, comentou Pinto da Costa na época.
O nome forte caiu nas graças do torcedor e foi um dos muitos predicados da nova casa portista, que passou a ser reconhecida não apenas por sua beleza arquitetônica, mas também pela sua sustentabilidade e inovação. Foi o primeiro estádio de futebol em Portugal a receber certificação ambiental, graças ao seu design que favorece a eficiência energética e a redução de emissões de carbono. Outro fato em destaque seria a acústica do estádio, que proporcionaria um som impressionante nos gritos de “golo” da fanática torcida portista.
O estádio foi inaugurado em novembro de 2003, em amistoso disputado entre Porto e Barcelona. A partida, curiosamente, ostenta até hoje o maior público da história do estádio: pouco mais de 52 mil pessoas, e terminou com vitória por 2 a 0 do esquadrão alviazul comandado por José Mourinho – os gols foram de Derlei e Hugo Almeida. A partida ficou marcada ainda por um momento único: foi a estreia de um jovem de 16 anos chamado Lionel Messi com a camisa do Barcelona. “Só” isso…
Após a inauguração, o Porto só voltaria a jogar no Estádio do Dragão oficialmente em fevereiro de 2004, por conta de um problema com o gramado, que teve que ser replantado. Nesse período, a equipe disputou seus últimos jogos no Estádio das Antas, fiel e presente até em seus últimos momentos. No Estádio das Antas o FC Porto jogou 1002 jogos, tendo vencido 803, empatado 119 e perdido apenas 80. No fim das contas, o percentual de vitórias foi de 80,1% em casa.
Eurocopa e grandes momentos
Após o plantio da nova grama, o Estádio do Dragão ajudou o Porto a alcançar a final da Liga dos Campeões da UEFA de 2003-2004, sendo sede dos principais jogos da equipe no mata-mata. Nas oitavas de final, o Porto derrotou o Manchester United de Alex Ferguson por 2 a 1 e segurou o empate na Inglaterra para se classificar. Nas quartas, os alviazuis derrotaram o forte Lyon-FRA por 2 a 0 e mais uma vez empataram fora para garantir a vaga. E, nas semis, empataram sem gols contra o Deportivo La Coruña-ESP, mas venceram fora e avançaram à final, na Alemanha, onde derrotaram o Monaco por 3 a 0 e levantaram o bicampeonato da Liga dos Campeões, troféu que não vinha desde 1987.
Logo após a conquista europeia, o Estádio do Dragão abrigou cinco jogos da Eurocopa de 2004, incluindo a abertura, entre Portugal 1×2 Grécia, e ainda os seguintes jogos:
- Alemanha 1×1 Holanda (Grupo D)
- Itália 1×1 Suécia (Grupo C)
- República Tcheca 3×0 Dinamarca – Quartas de final
- Grécia 1×0 República Tcheca – Semifinal
Cinco anos depois, o estádio ganhou a “companhia” da Dragão Arena, pavilhão utilizado para a prática de hóquei em patins, Handebol, Basquete e Vôlei, com capacidade para pouco mais de 2 mil pessoas. Ainda em 2009, o comitê da Race of Champions (ROC) escolheu o estádio para sediar a Final Regional do Sul da Europa da Race of Champions de 2009, convertendo o gramado em um exótico circuito de asfalto para acomodar a corrida. Além disso, por meio de diferentes promotoras musicais e empresas especializadas na gestão de eventos, o estádio já serviu como palco para turnês internacionais de renomados artistas musicais, como Deep Purple, The Rolling Stones, Coldplay, Muse e One Direction.
Na década de 2010, o Estádio do Dragão viu uma nova era de ouro do Porto, que emendou títulos históricos no Campeonato Português – dois deles invictos – e ainda a Liga Europa da UEFA de 2010-2011. Em 2013, ano do tricampeonato nacional, o Porto fez um clássico épico contra o Benfica que iria decidir o campeão. E, com um gol no finalzinho do jogo anotado por Kelvin, o Porto venceu por 2 a 1 e ficou com a liderança – e a taça. O golo foi um dos mais gritados da história do estádio e, em 2023, ano do aniversário de 20 anos do estádio, foi eleito o mais bonito da história da casa portista. Leia mais clicando aqui!
Título da seleção e palco de final de UCL
Ao longo dos anos, o Estádio do Dragão abrigou algumas partidas da seleção de Portugal válidas por amistosos, Eliminatórias ou torneios oficiais. Mas a mais importante aconteceu em 2019, quando a Seleção das Quinas, então campeã da Eurocopa de 2016, levantou a edição inaugural da Liga das Nações da UEFA em pleno Estádio do Dragão. Jogando contra a Holanda, Portugal venceu por 1 a 0 – gol de Gonçalo Guedes – e levantou mais um troféu continental que selou uma era vencedora inédita e histórica para a equipe. Aliás, tirando a partida de estreia da Eurocopa de 2004, Portugal nunca mais perdeu jogando na casa do Porto: foram 14 jogos, 11 vitórias e três empates desde então. O título levantado em casa deixou o torcedor do Porto ainda mais orgulhoso e deu um tempero extra na rivalidade com o Benfica, afinal, foi na casa encarnada que Portugal perdeu a Eurocopa de 2004 para a Grécia, enquanto que a casa do Porto foi o local onde Portugal venceu a Liga das Nações.
Em 2021, foi a vez da Liga dos Campeões da UEFA ter uma final na casa portista. A final foi inglesa, entre Chelsea e Manchester City, e terminou com vitória dos Blues por 1 a 0, em jogo que teve público reduzido – pouco mais de 14 mil pessoas – por conta da pandemia da COVID-19 que ainda impunha restrições em grandes eventos. Moderno, quatro estrelas da UEFA e orgulho portista, o Estádio do Dragão já está consolidado como um dos melhores e mais icônicos da Europa e modelo até mesmo para outros estádios, como a RB Arena, do RB Leipzig-ALE. A casa alviazul espera continuar com sua história de bons ventos e inspiração de glórias para o Porto e para a seleção de Portugal.
Números e curiosidades:
- Em clássicos contra o Benfica, o Porto só perdeu cinco jogos desde que passou a jogar no Estádio do Dragão;
- A distribuição dos assentos no estádio é a seguinte:
Camarotes Empresa: 1369
Tribuna Empresas: 1154
Camarotes Sócio: 174
Tribuna Sócios: 1036
Arquibancada Central: 19 536
Arquibancada Central 2º nível: 12 270
Topos: 16 474
- O estádio conta com 1187 vagas de estacionamento
- O Estádio do Dragão possui Grau A e pode ser o palco de qualquer evento futebolístico nacional ou internacional;
- O Estádio do Dragão é o primeiro estádio europeu a conseguir a certificação GreenLight, uma certificação da Comissão Europeia (através da ADENE – Agência para a Energia), que premia o esforço realizado em termos da utilização racional de energia e na qualidade da iluminação;
- O estádio conta com loja oficial, um grande painel de azulejos, quadros com conquistas do clube e várias áreas de lazer em setores VIPs.
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