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Esquadrão Imortal – Tottenham Hotspur 1960-1963

Tottenham Hotspur 1960-1963
Em pé: Tony Marchi, Danny Blanchflower, Maurice Norman, Ron Henry, Bobby Smith e William Brown. Agachados: Terry Dyson, Cliff Jones, John White, Jimmy Greaves e Peter Baker.

 

 

Grandes feitos: Campeão da Recopa da UEFA (1962-1963), Campeão do Campeonato Inglês (1960-1961), Bicampeão da Copa da Inglaterra (1960-1961 e 1961-1962) e Bicampeão da Supercopa da Inglaterra (1961 e 1962). Foi o primeiro clube britânico a conquistar um título continental de uma grande competição da UEFA e o primeiro clube inglês a faturar o Double (Campeonato Inglês e Copa da Inglaterra em uma mesma temporada) no século XX.

Time-base: William “Bill” Brown; Peter Baker, Maurice Norman e Ron Henry; Danny Blanchflower e Tony Marchi (David Mackay); Cliff Jones, John White (Terry Medwin), Bobby Smith, Jimmy Greaves (Les Allen) e Terry Dyson. Técnico: Bill Nicholson.

 

 

“Do Lema à Imortalidade”

Por Guilherme Diniz

Fundado no longínquo ano de 1882, o Tottenham Hotspur carrega consigo o lema em latim Audere est Facere, que significa “ousar é fazer”. E, naquele começo de anos 60, nenhum clube da Inglaterra, Escócia ou qualquer outro lugar da Grã-Bretanha havia ousado em vencer um título continental. Nem Manchester United, nem Liverpool, nem Chelsea, nem Celtic, nem Rangers. Coube ao clube azul e branco de Londres a honra e o pioneirismo de erguer uma taça europeia, em 1963, após derrotar o Atlético de Madrid-ESP com uma sonora goleada de 5 a 1 (maior resultado em uma decisão em toda a história do torneio) na final da Recopa da UEFA, segunda competição mais importante da Europa durante muitas décadas. Aquele troféu, além de significar a primeira glória internacional de um clube britânico e do próprio Tottenham, foi o auge de um esquadrão que marcou época no futebol inglês ao faturar títulos em sequência e demonstrar um enorme poder ofensivo, técnico e físico perante os rivais.

Comandados com paixão e gana por Bill Nicholson (o “Mr. Spurs”), o Tottenham faturou um Double na temporada 1960-1961 (algo que não acontecia desde os tempos áureos do Preston North End de 1988-1889), encerrou um jejum de dez anos sem taças e cravou na memória de qualquer torcedor as atuações de gala de jogadores como Willian Brown, Danny Blanchflower, David Mackay, Cliff Jones, Bobby Smith, Jimmy Greaves e outras lendas que fizeram do clube de White Hart Lane um dos mais notáveis de toda a história do futebol inglês e europeu. É hora de relembrar.

 

A chegada do Mr. Spurs

Nicholson e Blanchflower: lendas transformariam para sempre a história do Tottenham.
Nicholson e Blanchflower: lendas transformariam para sempre a história do Tottenham.

 

 

Depois de levantar pela primeira vez o título do Campeonato Inglês na temporada 1950-1951, o Tottenham não conseguiu repetir o feito do esquadrão de Alf Ramsey, Ronnie Burgess e Sonny Walters e precisou apostar em um dos heróis de 1951 para voltar a sorrir naquele final de anos 50 e início de anos 60: Bill Nicholson. O ex-meio-campista fez um curso de técnico na FA Association e saiu de lá direto para o corpo técnico dos Spurs logo após sua aposentadoria, em meados de 1955. Após fazer parte da comissão técnica da Seleção Inglesa que disputou a Copa do Mundo de 1958, Nicholson foi promovido ao cargo de treinador do Tottenham em outubro de 1958, para suprir a saída de Jimmy Anderson.

Logo em sua primeira partida, contra o Everton, Nicholson guiou os Spurs a uma incrível vitória por 10 a 4 sobre o Everton, goleada que foi durante algum tempo a maior do clube na história do futebol inglês – e que só seria superada em 1960, nos 13 a 2 sobre o Crewe Alexandria (com 10 a 0 só no primeiro tempo!). Adepto do futebol ofensivo e do esquema 2-3-5, Nicholson ganhou rapidamente a confiança da diretoria e a liberdade necessária para construir um time que faria história na Inglaterra.

Apaixonado pelo Tottenham e muito identificado com o clube que ele era praticamente vizinho (sua casa ficava cerca de 600 metros do estádio White Hart Lane), Nicholson ajudou a diretoria a trazer reforços pontuais e trabalhou diversos aspectos para conquistar a lealdade de seus jogadores. Vieram o goleiro William Brown (do Dundee, em 1959), o habilidoso ponta Cliff Jones (do Swansea, em 1958), os atacantes John White (do Falkirk, em 1959) e Les Allen (do Chelsea, em 1959) e o meio-campista Tony Marchi (do Torino, em 1959), que havia começado a carreira no próprio Tottenham, em 1949. Além deles, o clube contava com jogadores como Ron Henry e Danny Blanchflower, membros de longa data dos Spurs que eram peças fundamentais no esquema de jogo do time.

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Além de amplo foco à parte tática e ao bom passe, Nicholson saía do trivial para dar exemplos do cotidiano que poderiam ser aplicados no campo de jogo. Certa vez, o treinador levou seu elenco para uma excursão até a Rússia, algo pouco comum para a época, e fez questão de levar seus atletas ao Ballet Bolshoi para descobrir como os bailarinos eram tão fortes e tinham tanto equilíbrio. Uma das fontes, segundo os russos, era a musculação intensa, bem como os treinos meticulosamente preparados para cada grupo de músculos e com foco em variados movimentos. Após a visita, Nicholson fez questão de implantar rígidos treinamentos no Tottenham que ajudariam na ótima forma física que todo o elenco iria demonstrar nos anos seguintes, embora o técnico tenha ouvido várias queixas de fadigas de alguns “preguiçosos” no início da novidade atlética. Mas tudo aquilo só traria benefícios aos Spurs. E alegrias imensas aos torcedores.

 

Goleadores à moda antiga

Cliff Jones, notável ponta dos Spurs nos anos 60.
Cliff Jones, notável ponta dos Spurs nos anos 60.

 

 

Enquanto muitos times já jogavam com quatro homens atrás e em variantes do 4-2-4 amplamente difundido pela Hungria de Puskás, o Tottenham ainda se arriscava num quase 2-3-5 extremamente ofensivo que mostrou ser eficiente nas primeiras rodadas do Campeonato Inglês de 1960-1961. O time queria mais do que o terceiro lugar da temporada anterior e provou isso com uma sequência formidável de 11 vitórias seguidas entre os dias 20 de agosto e 1º de outubro de 1960. Os destaques ficaram por conta dos triunfos sobre Manchester United (4 a 1, em casa, com dois gols de Smith e dois de Allen), Arsenal (3 a 2, fora de casa, com gols de Saul, Allen e Dyson), Aston Villa (6 a 2, em casa, com dois gols de White, um de Mackay, um de Smith, um de Allen e um de Dyson) e Wolverhampton Wanderers (4 a 0, fora de casa).

Na 12ª rodada, os Spurs empataram em 1 a 1 com o Manchester City, em casa, mas emendaram quatro vitórias seguidas e mantiveram a liderança do torneio. Só na 17ª rodada que o time de Nicholson conheceu a primeira derrota: 2 a 1, fora de casa, para o Sheffield Wednesday. Nas oito rodadas seguintes, os Spurs venceram sete jogos, empataram um e foram com tranquilidade para o início da Copa da Inglaterra, no dia 07 de janeiro de 1961, com vitória por 3 a 2 sobre o Charlton Athletic, em casa (dois gols de Allen e um de Dyson).

Com apetite por títulos, o time londrino tinha uma folga suficiente para depositar suas forças naquele começo de copa e até se dar ao luxo de tropeçar no campeonato. Mas os azuis e brancos quase brincaram com a sorte. Nas nove rodadas disputadas entre 16 de janeiro e 25 de março, os Spurs venceram apenas três, empataram dois e perderam quatro partidas. Pelo menos um dos triunfos foi contra o rival Arsenal, que levou de 4 a 2 em White Hart Lane com dois gols de Smith, um de Allen e outro do capitão Blanchflower. Nesse período, o time eliminou Crewe Alexandra, Aston Villa, Sunderland e Burnley nos mata-matas da Copa da Inglaterra e garantiu sua vaga na grande final em Wembley, algo que não acontecia desde a temporada 1920-1921, a última na qual o time azul e branco venceu o mais antigo torneio do futebol mundial.

 

O inesquecível Double

Blanchflower ergue a Copa da Inglaterra de 1961: Spurs foram os primeiros vencedores do Double no século XX.
Blanchflower ergue a Copa da Inglaterra de 1961: Spurs foram os primeiros vencedores do Double no século XX.

 

 

No mês de abril, o Tottenham parou com a brincadeira e se concentrou somente no Campeonato Inglês. Após vários resultados ruins, o clube venceu seis dos oito jogos finais e conquistou seu segundo título inglês na história, exatos dez anos após a primeira taça. A campanha dos Spurs foi arrasadora e sem chance alguma para o segundo colocado, o Sheffield Wednesday, que ficou oito pontos atrás dos comandados de Nicholson, que venceram 31 jogos, empataram quatro e perderam sete dos 42 jogos disputados, com 115 gols marcados (recorde na história do clube até hoje) e 55 gols sofridos. Bobby Smith marcou 28 gols e foi o artilheiro do time, seguido de Les Allen, com 22, e Cliff Jones, com 15. Além da taça, o Tottenham cravou dois recordes naquela temporada: a maior sequência de vitórias em começo de campeonato (11 triunfos seguidos) e o maior número de vitórias em uma só competição (31 vitórias em 42 jogos).

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Mas o título histórico só virou imortal, mesmo, alguns dias depois, quando os Spurs entraram no estádio de Wembley, em 06 de maio de 1961, e bateram o Leicester City do lendário goleiro Gordon Banks por 2 a 0, com gols de Smith e Dyson, na final da Copa da Inglaterra. As mais de 100 mil pessoas viram uma grande atuação dos comandados de Nicholson, que suportaram a tensão do primeiro tempo sem gols para liquidar a fatura na etapa complementar. A segunda taça e o consequente Double marcou a história do Tottenham e fez do clube o primeiro na Inglaterra a conseguir o feito no século XX. Mas aquilo era só o começo…

O Totttenham do Double: em tempos de 4-2-4, o time londrino abusava do estilo ofensivo com cinco homens no ataque.
O Tottenham do Double: em tempos de 4-2-4, o time londrino abusava do estilo ofensivo com cinco homens no ataque.
 

 

O maior dos reforços e tropeço continental

Greaves: o maior artilheiro da história do Tottenham.
Greaves: o maior artilheiro da história do Tottenham.

 

 

Em dezembro de 1961, o Tottenham adquiriu por £99,999 o atacante Jimmy Greaves, prolífico artilheiro que havia estourado no Chelsea entre 1957 e 1961 e estava infeliz no Milan-ITA (o curioso valor foi “criado” apenas para que o artilheiro não carregasse o peso de ser o primeiro jogador de 100 mil libras da história da Inglaterra). A chegada do craque seria de extrema importância para o clube pelo fato de Greaves se tornar, em pouco tempo, o maior artilheiro da história do Tottenham em todos os tempos e provar em campo sua fase magnífica. Jogando ao lado dos remanescentes do Double, Greaves seria um dos intocáveis do técnico Nicholson para os próximos desafios. E um desses desafios seria a Liga dos Campeões da UEFA de 1961-1962, a primeira disputada pelos Spurs.

Antes da chegada do atacante, a equipe azul e branca teve que superar obstáculos na primeira fase e nas oitavas de final. O primeiro adversário foi o Górnik Zabrze-POL, que fez 4 a 2 nos ingleses na partida de ida, em Chorzów, mas levaram de 8 a 1 na volta, em Londres, com três gols de Jones, dois de Smith, um de Blanchflower, um de Dyson e outro de White. Nas oitavas, o Tottenham não temeu o lotado estádio do Feyenoord-HOL no duelo de ida e venceu por 3 a 1, triunfo que fez a partida de volta, em White Hart Lane, ser tranquila com um empate em 1 a 1 que colocou os ingleses nas quartas de final.

O rival seguinte foi o Dukla Praga-TCH, que venceu o duelo de ida por 1 a 0, mas perdeu a volta, em Londres, por 4 a 1 (dois gols de Mackay e dois de Smith). Na semifinal, os Spurs tiveram um duro teste contra o campeão da temporada anterior, o Benfica-POR, de Eusébio, Coluna e o técnico “feiticeiro” Béla Guttmann. Em Lisboa, os encarnados mostraram força e venceram por 3 a 1, com dois gols de Augusto e um de Simões. Na volta, em Londres, as mais de 64 mil pessoas em White Hart Lane viram o artilheiro José Águas abrir o placar para os portugueses logo aos 15´do primeiro tempo, tento que tornou a missão inglesa ainda mais difícil. Smith e Blanchflower viraram para 2 a 1, mas os gols cessaram e o Benfica conseguiu a classificação. Era o fim do sonho continental. Mas ainda havia tempo para conquistar uma taça naquela temporada.

 

Dobradinha e vaga na Recopa

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Se no Campeonato Inglês o Tottenham não conseguiu conquistar o bicampeonato (terminou na 3ª posição) por culpa da irregularidade e a atenção voltada para a Liga dos Campeões, na Copa da Inglaterra os Spurs mantiveram sua força e foram longe. Após eliminar Birmingham City (3 a 3 e 4 a 2), Plymouth Argyle (5 a 1), West Bromwich Albion (4 a 2), Aston Villa (2 a 0), e Manchester United (3 a 1, com gols de Greaves, Jones e Medwin), os londrinos chegaram à final e enfrentaram o Burnley, vice-campeão inglês daquela temporada. O jogo foi extremamente tático e com os times atuando como em um tabuleiro de xadrez, dando à decisão o apelido de “The Chessboard Final”. Mas, no fim, quem celebrou foi o Tottenham, que conseguiu o xeque-mate com um 3 a 1 construído com gols de Greaves (artilheiro do time na competição com nove gols em sete jogos), Smith e Blanchflower. O bicampeonato garantiu a equipe londrina na Recopa da UEFA de 1962-1963, segunda maior competição europeia na época e disputada apenas pelos clubes vencedores das copas nacionais de seus países (o que dava ao torneio o nome de “Copa dos Vencedores de Copas” na Europa).

 

Maduros e prontos para fazer história

Com grandes títulos conquistados e a base mantida, o Tottenham precisava de um troféu continental para coroar uma era de ouro que vivia naquela temporada de 1962-1963. O técnico Nicholson tratou a Recopa como objetivo principal muito pelo fato de o torneio ser em mata-mata (especialidade da equipe na época) e também por nenhum clube britânico ter conseguido sucesso em competições da UEFA. Vencer um torneio europeu ainda era um mero sonho para os clubes tradicionais das ilhas e os Spurs confiavam na experiência de seu grupo e nos gols de Greaves para ir longe. A prévia da temporada foi a goleada de 5 a 1 sobre o Ipswich Town, campeão inglês, na final da Supercopa da Inglaterra de 1962. Mesmo jogando fora de casa, o Tottenham mostrou a força de seu ataque com Greaves, Smith e White entrosados ao extremo, além de o setor defensivo ganhar mais força com alguns jogadores mais recuados no esquema mais precavido do técnico Nicholson.

Cartaz da final da Recopa de 1963.
Cartaz da final da Recopa de 1963.

 

 

Na Recopa, o Tottenham estreou contra o vizinho britânico Rangers-ESC e goleou por 5 a 2 os escoceses no primeiro duelo, em Londres, e venceu a partida de volta por 3 a 2. Nas quartas de final, os ingleses não temeram a derrota por 2 a 0 na partida de ida contra o Slovan Bratislava-TCH e enfiaram 6 a 0 nos tchecos em White Hart Lane, com dois gols de Greaves, um de Mackay, um de White, um de Smith e outro de Jones. Nas semifinais, os iugoslavos do OFK Beograd foram derrotados em Belgrado (2 a 1) e em Londres (3 a 1), resultados que colocaram os Spurs na final da Recopa. O adversário seria o Atlético de Madrid-ESP, campeão da temporada anterior e lutando pelo bi.

 

O pioneirismo veio com espetáculo

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No dia 15 de maio de 1963, a cidade de Roterdã, na Holanda, recebeu espanhóis e ingleses para um duelo histórico. Naquele dia, ou o Atlético seria o primeiro bicampeão da história da Recopa Europeia ou o Tottenham se tornaria o primeiro clube britânico a conquistar um título continental. Muitos esperavam um jogo equilibrado entre os seguros e goleadores ingleses contra os experientes espanhóis, que tinham vários dos remanescentes da conquista de 1962. Mas, em campo, os mais de 49 mil torcedores viram um show de futebol dos ingleses, que abriram 2 a 0 com Greaves e White e foram para o intervalo com a mão na taça.

Logo aos dois minutos, Collar, de pênalti, diminuiu a vantagem inglesa, mas Dyson, duas vezes, e Greaves construíram o incrível placar de 5 a 1 que deu o título inédito e histórico ao Tottenham. A goleada jamais foi repetida por nenhum outro clube em toda a história da Recopa e entrou direto para o rol dos maiores placares em finais europeias em todos os tempos. A festa tomou conta das ruas de Londres e fez a torcida dos Spurs tirar onda de todo e qualquer torcedor rival. Afinal, nenhum clube em toda a Inglaterra tinha a taça que eles tinham.

Baker e Greaves com a taça da Recopa.
Baker e Greaves com a taça da Recopa.

 

 

Tanto foco na Recopa custou ao Tottenham voos mais altos no futebol inglês naquela temporada. Na Copa da Inglaterra, a equipe perdeu a chance do tri ao ser eliminada logo na terceira fase com um revés de 3 a 0 para o Burnley. No Campeonato Inglês, os londrinos tiveram o artilheiro da competição (Greaves, com 37 gols), mas ficaram na 2ª posição e seis pontos atrás do campeão, o Everton. Mesmo assim, os Spurs tiveram o melhor ataque disparado do torneio com 111 gols em 42 jogos. Um melhor desempenho fora de casa (foram nove vitórias, nove derrotas e três empates em 21 jogos) teria revertido esse cenário. Em casa, os azuis e brancos venceram 14 jogos, empataram seis e perderam só um, com destaque para as goleadas de 7 a 2 sobre o Liverpool, 6 a 2 sobre o Manchester United, 9 a 2 sobre o Nottingham Forest e 5 a 0 sobre o Ipswich Town.

 

O fim do encanto

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Com a idade chegando para vários jogadores, o técnico Nicholson começou a promover mudanças no elenco do Tottenham a partir da temporada de 1963-1964 e o time não manteve o apetite por títulos de antes. Jimmy Greaves seguiu como artilheiro nato do clube até 1970 e os Spurs venceram a Copa da Inglaterra de 1966-1967, com vitória por 2 a 1 sobre o Chelsea e vários novos nomes como Pat Jennings, Alan Mullery, Mike England e Alan Gilzean. Em 1972, o clube voltou a demonstrar sua faceta pioneira ao levantar a primeira Copa da UEFA da história, na decisão doméstica contra o Wolverhampton Wanderers. O Tottenham era comandado pelo bom e velho Nicholson, mas não teve o brilho que o esquadrão do começo dos anos 60 teve. Um time que quebrou recordes e tabus, encerrou jejuns e segue intacto como o melhor e mais lembrado Tottenham Hotspur de todos os tempos. Um esquadrão imortal.

 

Os personagens:

William Brown: depois de brilhar no Dundee por uma década, o escocês chegou ao Tottenham em 1959 para viver mais anos de glórias e conquistas. Embora fragilizado pelo esquema ofensivo do técnico Nicholson no começo da década de 60, o goleiro se destacou com grandes defesas e virou ídolo da torcida. Jogou no clube até 1966 e disputou mais de 220 jogos.

Peter Baker: foram quase 15 anos de Tottenham e segurança absoluta no setor direito da defesa do clube. Baker marcava muito bem e às vezes se arriscava no ataque com seus passes e boa velocidade. Foi um dos grandes ídolos do clube.

Maurice Norman: atuava como um zagueiro central clássico e também como volante no esquema do técnico Nicholson. Foi convocado várias vezes para a Seleção Inglesa e disputou mais de 400 partidas nos 11 anos em que defendeu os Spurs. Fundamental para os títulos conquistados pela equipe no período.

Ron Henry: titular absoluto na lateral-esquerda, Henry só vestiu a camisa do Tottenham na carreira entre 1952 e 1966 e apenas uma única vez o manto inglês. Fazia o básico e não brincava em serviço. Tinha função exclusiva na marcação e quase nunca subia ao ataque.

Danny Blanchflower: rápido, inventivo, líder e craque. Nascido na Irlanda do Norte, o meio-campista Blanchflower foi simplesmente um mito do Tottenham e grande capitão do time em seu período mais áureo. Preciso nos passes, elemento surpresa no ataque e perito em cobranças de pênalti, o médio disputou mais de 330 jogos com a camisa dos Spurs e foi a referência máxima do time entre 1954 e 1964, ano em que encerrou a carreira. Disputou mais de 50 jogos pela Irlanda do Norte e foi o capitão de sua seleção na Copa do Mundo de 1958, quando os norte-irlandeses chegaram até as quartas de final.

Tony Marchi: atuava pelas pontas do meio de campo e começou a carreira no Tottenham em 1949 até deixar a equipe em 1957 e retornar em 1959 para conquistar títulos e ser um dos bons jogadores do time entre 1959 e 1965.

David Mackay: o escocês podia jogar no meio de campo e também como líbero com as mesmas qualidades e a mesma segurança. Rápido, Mackay tinha destaque na marcação e ainda marcava vários gols quando aparecia no ataque – foram mais de 50 nos 318 jogos que disputou no Campeonato Inglês pelo Tottenham. Foi aclamado como um dos melhores jogadores de seu tempo.

Cliff Jones: habilidoso, rápido e oportunista, o galês foi um dos principais jogadores dos anos 50 e 60 e tido como um dos melhores pontas do mundo na época. Arma letal no ataque dos Spurs, Jones é o 4º na lista dos maiores artilheiros da história do Tottenham, com 159 gols em 378 jogos, e foi uma das estrelas da seleção de País de Gales no final da década de 50.

John White: o escocês podia jogar em quase todas as posições do ataque que dava conta do recado com passes na medida, muita velocidade, gols e boa visão de jogo. Era perito em cruzamentos e um notável elemento surpresa na entrada da área dos rivais, que lhe dava o apelido de “The Ghost” (o fantasma).

Terry Medwin: outro que atuava mais pelos flancos do campo, Medwin brilhou entre 1956 e 1963 no Tottenham, clube onde encerrou a carreira e conquistou títulos. Marcou 72 gols em pouco mais de 210 jogos pelos Spurs e foi um dos grandes jogadores da equipe naquele começo de anos 60.

Bobby Smith: antes de Greaves dar as caras, era Robert “Bobby” Smith o grande homem-gol do Tottenham. O atacante tinha enorme faro de gol, oportunismo e a vocação para ser um legítimo centroavante. Smith é até hoje o segundo maior artilheiro da história dos Spurs com 208 gols em 317 jogos.

Jimmy Greaves: com amplo domínio de bola, velocidade e um talento extraordinário para encontrar espaços no campo, o atacante Jimmy Greaves foi um dos maiores craques da história da Inglaterra e também um imortal no Campeonato Inglês. O jogador segue intocável como o maior goleador da competição com 357 gols, sendo 220 apenas pelo Tottenham, clube que ele defendeu entre 1961 e 1970 e se tornou o maior goleador com 266 gols em 379 jogos no total. Greaves brilhou, também, pela Seleção Inglesa e detém o recorde de seis hat-tricks pelo English Team, algo que nem craques como Lineker e Charlton conseguiram superar. Bem-humorado e ídolo, Greaves foi uma lenda e é um ídolo eterno do Tottenham.

Les Allen: outro atacante de talent dos Spurs, Allen brilhou na conquista do Double e foi uma referência no setor ofensivo do time naquele começo de anos 60. Jogou de 1959 até 1965 no clube e marcou 47 gols em 119 jogos do Campeonato Inglês com a camisa azul e branca. Perdeu espaço com a chegada de Greaves.

Terry Dyson: foi o dono da ponta-esquerda do Tottenham por uma década e brilhou com sua velocidade, passes cruzados e muitos gols. Foi fundamental na conquista do Double e na Recopa da UEFA, com destaque para seus dois gols na decisão contra o Atlético de Madrid. O jogador ainda detém a façanha de ser o único na história dos Spurs a ter anotado um hat-trick em um clássico contra o Arsenal, em agosto de 1961, no triunfo por 4 a 3.

Bill Nicholson (Técnico): assim como Ferguson foi uma lenda no Manchester United, Shankly no Liverpool e Clough no Nottingham Forest, Nicholson virou referência no futebol inglês por seu maravilhoso trabalho no Tottenham. Fã incondicional do clube desde seus tempos de jogador, o técnico construiu um time aguerrido, goleador e altamente competitivo que quebrou recordes e fez história com títulos, grandes jogos e encantamento pleno do público. Pelos Spurs, Nicholson venceu quase tudo o que disputou por mais de três décadas e ganhou o status de melhor e mais notável treinador do time londrino em todos os tempos. Como ele mesmo dizia: “o Tottenham tem sido minha vida e eu amo esse clube. Naturalmente, eu sou um homem do Tottenham”. E foi mesmo.

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Comentários encerrados

7 Comentários

  1. e por isso que amo o futebol tem varios clubes grandes e com titulos imensos e torcida fanatica como o otimo nothingam fores do brian clough inclusiva descubre esse time e esse treinador lendo no treinadores imortais e esquadroes imortais united das triplices coroas o excelente arsenal campeao invicto realmente um time espetacular cheio recheado de craque em todas os setores lehman fabregas campell henru ljumber bergamp o pliverpool e seu esquadrao em 2005 e muitos outros times grandes que esta em baixa e tambem com o blog aprendempos que nao tem so o 4 de mesmo e tem outros times com titulos e idolos hoje o tottenham estra atras dos rivasi mas tem uma torcida fanatica e jogadores brilhantes que ja passaram por la bale paulinho modric etc parabens e quem gosta do toottenham e futebol ingles e um prato cheio eu adoro e gosto do tottenham apesar de ser blue podia ter algum esquadrao blue no blog

  2. Como sempre,ótimo trabalho,O que mais gosto no “Esquadrão Imortal” é a parte “Os personagens”,fico imaginando o trabalho que os caras tiveram para descrever detalhadamente as principais características de cada jogador.Muito bom mesmo,na minha opinião é disparado o melhor site de futebol,sempre entro para ver se saiu alguma publicação nova.

Craque Imortal – Beckham

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Esquadrão Imortal – Juventus 1994-1998