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Esquadrão Imortal – Paris Saint-Germain 1992-1998

Em pé: Guérin, Le Guen, Raí, Kombouaré, Cobos e Lama. Agachados: Weah, Bravo, Ginola, Colleter e Valdo.

 

Grandes feitos: Campeão da Recopa da UEFA (1995-1996), Campeão do Campeonato Francês (1993-1994), Tricampeão da Copa da França (1992-1993, 1994-1995 e 1997-1998), Bicampeão da Copa da Liga Francesa (1994-1995 e 1997-1998) e Bicampeão da Supercopa da França (1995 e 1998). Conquistou o primeiro título internacional da história do clube e foi o primeiro campeão da Copa da Liga Francesa da história.

Time-base: Bernard Lama (Vincent Fernandez / Revault); Colleter (Sassus / Kombouaré / Jimmy Algerino), N’Gotty (Ricardo Gomes / Francis Llacer), Le Guen (Rabésandratana) e Alain Roche (Didier Domi / José Cobos); Fournier (Leroy / Édouard Cissé), Bravo (Cauet / Franck Gava) e Guérin (Ducrocq); Raí (Valdo); Djorkaeff (George Weah / Leonardo / Marco Simone) e Patrice Loko (David Ginola / Nouma / Valdés / Florian Maurice). Técnicos: Artur Jorge (1992-1994 e 1998), Luis Fernandez (1994-1996), Ricardo Gomes e Joël Bats (1996-1998) e Alain Giresse (1998).

 

“Tempos de (bom) futebol na Cidade Luz”

 

Por Guilherme Diniz

No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, o futebol francês viu o protagonismo de um só clube: o Olympique de Marselha, multicampeão nacional e campeão da Liga dos Campeões da UEFA (leia mais clicando aqui). Após um escândalo, o time viu sua imagem ficar arranhada, bem como a do próprio futebol francês. Foi então que uma novata equipe da capital transformou completamente aquele cenário com atuações de gala e craques como nunca antes a Cidade Luz havia visto. Durante seis anos, o Paris Saint-Germain se consagrou de vez como uma força francesa, celebrou conquistas nacionais, enterrou um jejum de quase uma década sem taças e moldou sua imagem na Europa com um inesquecível título da Recopa da UEFA.

Com bons treinadores em diferentes momentos – Artur Jorge, Luis Fernandez e Ricardo Gomes – e grandes jogadores como Lama, Sassus, Le Guen, Alain Roche, Fournier, Valdo, Weah, Ginola, Raí, Leonardo, Djorkaeff, Loko e Simone, isso só para citar alguns, o PSG fez uma nova geração começar a olhar com mais atenção para o futebol da França e sair um pouco do “conglomerado” Itália-Inglaterra-Espanha. Era um prenúncio do apogeu de 1998, quando a Seleção Francesa conquistaria a Copa do Mundo em casa. E a prova de que nem só de arte, moda e gastronomia vivia a famosa Paris. É hora de relembrar.

Índice

 

Em sintonia financeira

Susic, do PSG, e Papin, do Olympique, em 1991: protagonismo seria da dupla naquele começo de anos 90 na França.

 

Fundado oficialmente em 1970, o PSG era um novato no futebol francês naquele início de anos 90. Com um título nacional (em 1985-1986) e duas Copas da França (em 1981-1982 e 1982-1983) o clube tentava cravar seu espaço entre os grandes do país, mas ainda estava longe dos holofotes e da tradição do Saint-Étienne, Stade de Reims, Bordeaux e Olympique de Marselha, este o mais famoso do país à época por conta dos títulos e das estrelas que tinha no elenco. Após o flerte do Racing Club de Paris, que tentou rivalizar pelo protagonismo na capital com os investimentos de Jean-Luc Lagardère, da Matra – que até mudou o nome do clube de Racing para Matra Racing – o PSG ganhou um importante parceiro para viver uma verdadeira revolução em seu futebol.

Em 1991, o famoso canal televisivo Canal + assumiu o controle societário do clube e passou a investir em grandes contratações para fazer do PSG, enfim, um grande. A primeira iniciativa foi buscar um técnico experiente que havia conseguido oito grandes títulos – incluindo uma Liga dos Campeões da UEFA – com o FC Porto (leia mais clicando aqui): o português Artur Jorge, que esperava ter o sucesso que não teve em sua passagem pela França, no Racing de Paris de Lagardère, entre 1987 e 1989.

George Weah: um dos maiores mitos do futebol brilhou, também, no PSG – Flash Press

 

Depois dele, era preciso contratar bons jogadores para compor um elenco que pudesse brigar por títulos. E o Canal + foi buscar o goleiro Lama, os defensores Alain Roche e Paul Le Guen, o lateral Colleter, o meio-campista Guérin, o atacante e meia David Ginola, os brasileiros Ricardo Gomes, para a zaga, e Valdo, para o meio de campo, e, pouco tempo depois, o atacante George Weah, craque liberiano que já despontava como uma estrela após grandes partidas pelo Monaco – pelo qual fez 18 gols na Ligue 1 de 1991-1992. Falando naquela temporada, o PSG, com praticamente uma equipe novinha em folha, fez jus ao investimento e terminou na terceira colocação o Campeonato Francês de 1991-1992, com apenas oito derrotas em 38 jogos, atrás do Monaco (vice) e Olympique (campeão). Com a chegada de Weah, o torcedor parisiense tinha boas perspectivas. Afinal, seu clube poderia, enfim, brigar com os grandes do país. E, quiçá, do continente.

 

A nova força

Artur Jorge e o goleiro Lama.

 

A temporada de 1992-1993 foi uma verdadeira apresentação daquele novo PSG ao grande público e à imprensa europeia. Entrosando seus jogadores aos poucos e explorando o que de melhor eles podiam oferecer, o técnico Artur Jorge montou um time forte no ataque, eficiente na defesa, criativo e muito competitivo. A maior vitrine da equipe naquela temporada foi, sem dúvida, a Copa da UEFA, na qual o PSG chegou até as semifinais. Durante a caminhada continental, a equipe parisiense despachou PAOK-GRE, Napoli-ITA (com uma vitória por 2 a 0 em pleno San Paolo, com dois gols de Weah), Anderlecht-BEL e Real Madrid-ESP, este um embate épico que mostrou a força que aquela equipe estava começando a ter.

No primeiro duelo, em Madri, o PSG perdeu por 3 a 1 e precisaria de uma vitória por dois gols de diferença se quisesse seguir vivo na competição. Com uma atuação de gala, a equipe venceu os espanhóis por acachapantes 4 a 1 no Parc des Princes, com gols de Weah, Ginola, Valdo e Kombouaré, zagueiro que se destacava pelos gols decisivos que costumava marcar. O triunfo foi destaque em todo continente não só pela grande virada, mas por se tratar do Real Madrid, que contava com nomes como Ricardo Rocha, Hierro, Butragueño, Míchel, Zamorano, Prosinecki e Luis Enrique.

Na semifinal, porém, a equipe não foi párea para a Juventus-ITA de Roberto Baggio, Dino Baggio, Kohler, Vialli, Ravanelli e do técnico Giovanni Trapattoni, que venceu em casa (2 a 1) e também em Paris (1 a 0), resultados que colocaram a Velha Senhora na final – ela seria campeã. George Weah foi o vice-artilheiro daquela competição com sete gols e provou estar mesmo em ótima fase, além de ser muito bem municiado pelo brasileiro Valdo, pelo francês Vincent Guérin e por Ginola, que encantava a torcida com seus passes, dribles e muita categoria com a bola os pés, além de esbanjar técnica, velocidade e ser ótimo finalizador.

O zagueiro Kombouaré sobe para marcar: goleada do PSG pra cima do Real!

 

Em solo nacional, o clube conseguiu encerrar um longo jejum sem títulos com a conquista da Copa da França, após eliminar Monaco (1 a 0), Bordeaux (2 a 0), Stade Lavallois (1 a 0) e derrotar o Nantes na final por 3 a 0, com gols de Kombouaré, Ginola e Roche, em um Parc des Princes com quase 50 mil pessoas. No campeonato nacional, a equipe foi vice-campeã, com quatro pontos a menos que o Olympique, mas aquele torneio terminou sem campeão por causa de um escândalo de corrupção envolvendo o Olympique.

Ricardo Gomes, um dos principais defensores daquele PSG.

 

A federação francesa descobriu um esquema de manipulação de resultados no qual o jogador Eydelie, do OM, entrou em contato com três jogadores do Valenciennes para que o clube entrasse com o “pé leve” no jogo contra o OM pelo campeonato francês, que seria fundamental para a conquista do título nacional, e para a equipe rival não machucar nenhum atleta do Olympique para que eles pudessem jogar a final da Liga dos Campeões. Eydelie disse que uma grande quantia de dinheiro seria oferecida.

Porém, um dos jogadores do Valenciennes, Jacques Glassman, reportou a chantagem às autoridades do futebol, o que ocasionou a suspensão do Olympique de Marselha da Supercopa da UEFA de 1993, da Liga dos Campeões de 1993-1994 e do Mundial Interclubes de 1993, além do rebaixamento da equipe à segunda divisão do futebol francês (válida na temporada 1994-1995) e cassação do título conquistado em 1992-1993. A Federação Francesa decidiu ceder o título ao PSG, vice-campeão, mas o Canal +, com receio de perder telespectadores e credibilidade, abdicou da taça. Com isso, a Ligue 1 daquela temporada não teve campeão. No fim, a recusa faria bem ao clube. Ele não precisava de um título entregue no colo. Ele tinha elenco para vencê-lo em campo.

 

Reis da França

Ginola…

 

… E Valdo, estrelas do setor ofensivo do PSG campeão francês de 1993-1994.

 

Passado o escândalo de 1993, o PSG começou a temporada 1993-1994 com foco total no título francês. Paralelo ao torneio nacional, a equipe teria a disputa da Recopa da UEFA. Assim como no ano anterior, os parisienses chegaram às semifinais e eliminaram, de novo, o Real Madrid-ESP nas quartas com uma vitória por 1 a 0 em pleno Santiago Bernabéu por 1 a 0 (gol de Weah) e empate em 1 a 1 no Parc des Princes. Na semifinal, a equipe acabou eliminada pelo Arsenal-ING de Seaman, Tony Adams, Alan Smith e Ray Parlour após empatar em 1 a 1 em casa e perder por 1 a 0 fora.

Embora tenha batido na trave mais uma vez num torneio continental, a equipe do técnico Artur Jorge fez bonito, mesmo, no Campeonato Francês. Com o reforço do meia brasileiro Raí, que tinha jogado tudo e mais um pouco no São Paulo de Telê Santana (leia mais clicando aqui), a equipe encerrou um jejum de quase uma década sem o título da Ligue 1 e sagrou-se campeã francesa com uma campanha irretocável: 38 jogos, 24 vitórias, 11 empates, apenas três derrotas, 54 gols marcados e 22 gols sofridos (melhor defesa). Vale lembrar que o PSG ficou na liderança da 13ª rodada até o término do campeonato.

A força daquele time ficou comprovada, principalmente, em casa, onde ficou invicto – venceu 14 e empatou cinco jogos, marcou 26 gols e sofreu apenas sete. David Ginola foi o artilheiro do time com 13 gols em 38 jogos, foi eleito o melhor jogador francês de 1993 e o melhor jogador do campeonato, seguido de George Weah, com 11 gols em 32 jogos. Raí também foi bem e marcou seis gols em 28 jogos, sendo um 12º titular do time ao longo da temporada. O título deu ao clube uma vaga na Liga dos Campeões da UEFA e uma nova chance de brilhar em solo europeu.

O PSG campeão nacional: força defensiva, ataque perigoso e ainda com o luxo de ter Raí no banco!

 

Tropeços no campeonato, pioneirismo e títulos

Roche ergue a Copa da Liga: PSG foi o primeiro campeão da história do torneio.

 

Na temporada 1994-1995, o PSG mudou o técnico Artur Jorge por Luis Fernandez e se reforçou com mais alguns nomes como Didier Domi e Pierre Ducrocq, entre outros, além da cria da casa, Pascal Nouma, ter mais chances no time titular do que nas temporadas anteriores. Com vários bons jogadores para diferentes setores do campo, Fernandez conseguiu armar diferentes esquemas para a disputa dos vários torneios que o PSG teria pela frente – campeonato, copa nacional, copa da liga e Liga dos Campeões. No campeonato, o PSG viu o título escapar muito por causa de seus resultados ruins nas primeiras dez rodadas, nas quais não ficou nem entre os cinco primeiros.

Só a partir da 15ª rodada que a equipe chegou à vice-liderança e não saiu mais do top 3 do torneio. No fim, derrotas em casa para o campeão Nantes (3 a 0) e para o Nice (3 a 2), além de sonoros revezes fora de casa para Bordeaux (3 a 0) e Stade Rennais (4 a 0) deixaram a equipe na terceira colocação, 12 pontos atrás do líder. Na artilharia, destaque para o brasileiro Raí, que anotou 12 gols em 28 jogos e se tornou o artilheiro do time na competição, um gol à frente de Ginola e cinco a mais que Weah.

No entanto, a cereja do bolo daquele time ficou por conta de suas participações nas copas nacionais. Naquela temporada, a Liga de Futebol Profissional da França criou a Copa da Liga Francesa, com clara inspiração no futebol inglês, reunindo clubes das primeira e segunda divisões do país. A estreia do time de Paris foi na segunda fase, na qual derrotou o Auxerre por 1 a 0 (gol de Guérin). Nas oitavas, vitória por 2 a 1 sobre o Lyon (com dois gols de Valdo). Nas quartas, goleada de 3 a 0 sobre o Toulouse (gols de Weah, Kombouaré e Mboma), e, nas semis, vitória por 1 a 0 sobre o Le Havre, com gol de Raí. Na final, no Parc des Princes, a equipe se impôs sobre o Bastia e venceu por 2 a 0 – gols de Raí e Roche – resultado que deu ao clube a primeira Copa da Liga Francesa da história.

Na outra competição nacional de tiro curto, a Copa da França, o PSG provou a força de seu elenco e eliminou Stade Rennais, Martigues, Le Havre e Nancy-Lorraine até chegar à semifinal. Nela, a equipe bateu o rival Olympique de Marselha por 2 a 0, com gols de Ricardo Gomes e Weah, e carimbou a vaga na final. Com a torcida a seu favor no Parc des Princes, o time parisiense venceu o Strasbourg por 1 a 0 (gol de Le Guen) e conquistou sua segunda copa em apenas três anos, além de garantir uma vaga na Recopa da UEFA da temporada 1995-1996. Mesmo com esses títulos, o feito mais notável daquele time foi, acredite, na Liga dos Campeões da UEFA. Motivo? Você vai saber agora…

 

Faltou (muito) pouco

 

O título francês da temporada anterior deu ao PSG uma vaga na fase preliminar da Liga dos Campeões da UEFA. Após superar o Vaci FC-HUN com duas vitórias (3 a 0 e 2 a 1), a equipe se garantiu na fase de grupos, mas em um grupo nada digesto: ao lado de Bayern München-ALE, Spartak Moscou-RUS e Dynamo Kiev-UCR. O primeiro desafio foi justamente contra o mais forte do grupo, o Bayern, de Oliver Kahn, Ziege, Matthäus, Helmer, Jorginho, Scholl e Mazinho. Com quase 40 mil pessoas no Parc des Princes, o PSG mostrou sua força e venceu por 2 a 0, com gols de Weah e Bravo. O triunfo foi fundamental para dar moral e ânimo para a sequência de uma competição difícil, mas não impossível. No duelo seguinte, na fria Moscou, a equipe parisiense venceu o Spartak por 2 a 1 (gols de Le Guen e Valdo) e encerrou o turno do grupo com nova vitória fora de casa – 2 a 1 sobre o Dynamo, com gols de Guérin e Weah e diante de mais de 93 mil pessoas!

Com a classificação muito bem encaminhada, o time azul e vermelho fez 1 a 0 no Dynamo (gol de Weah), em casa, viajou até Munique e venceu o Bayern em pleno estádio Olímpico por 1 a 0 (gol de Weah) e encerrou a fase de grupos com uma vitória por 4 a 1 sobre o Spartak (dois gols de Weah, um de Ginola e um de Raí). Os franceses estavam simplesmente irresistíveis, com 100% de aproveitamento e uma campanha impressionante naquele Grupo: 18 pontos, seis vitórias em seis jogos, 12 gols marcados e apenas três gols sofridos.

Raí comemora o empate contra o Barça… (foto JEAN-LOUP GAUTREAU)…

 

…Guérin chuta…

 

… E celebra a virada histórica!

 

 

Nas quartas de final (naquela edição do torneio, não houve oitavas de final) o time de Fernandez teria um duro teste pela frente: o Barcelona-ESP do técnico Johan Cruyff e de jogadores como Ferrer, Guardiola, Koeman, Bakero, Amor, Stoichkov e Begiristian, alguns dos remanescentes do famoso Dream Team catalão do começo dos anos 90 (leia mais clicando aqui). Óbvio que o Barça era favorito, mas o PSG tratou de esperar o duelo acontecer para mostrar sua força. Na ida, em Barcelona, Korneev abriu o placar para os donos da casa no comecinho do segundo tempo, mas o craque Weah empatou logo em seguida e deu uma boa vantagem para o duelo de volta. No Parc des Princes, a torcida viu um show do PSG no primeiro tempo. Com um volume de jogo absoluto, toques envolventes e dribles, o time envolveu o rival e chutou incríveis quatro bolas na trave.

Mas, você sabe, o futebol é o esporte mais injusto e imprevisível que existe, certo? Pois é. Logo no começo do segundo tempo, Bakero abriu o placar para o Barça. Será que o PSG iria cair mesmo jogando tão bem? Não! Tempo depois, Raí, de cabeça, empatou e colocou novamente o time parisiense no jogo. Dez minutos depois, Guérin virou com um belo chute e deu a vitória ao clube francês. A festa foi homérica no estádio e tomou conta da cidade. Era a primeira vez que o time chegava tão longe na principal competição europeia. O presidente Michel Denisot, eufórico, disse após o jogo: “Essa noite é a minha mais bela emoção como presidente do PSG. Muito mais bela do que aquelas vitórias sobre o Real”, em referência aos triunfos sobre os madrilenos nas temporadas anteriores.

Raí tenta passar por Baresi (à esq.). Contra o Milan, não deu.

 

Na semifinal, o PSG teve pela frente o poderoso Milan-ITA do técnico Fabio Capello, campeão europeu e com as estrelas Baresi, Maldini, Desailly, Albertini, Boban e Savicevic (leia mais clicando aqui). Seriam os jogos mais difíceis da temporada, sem dúvida. Fernandez mandou a campo o que tinha de melhor – Lama, Llacer, Roche, Ricardo Gomes e Cobos; Bravo, Guérin, Le Guen e Raí; Weah e Ginola. Com quase 45 mil pessoas, o estádio viu um primeiro tempo todo do Milan, que encurralou o PSG e quase chegou ao gol em lances de Savicevic e Simone. Só nas bolas paradas que o time francês conseguia expor algum perigo. No segundo tempo, o Milan ficou mais na defensiva e esperou o momento certo para contra-atacar.

Experiente, a equipe italiana cozinhava o jogo e mostrava saber muito bem como jogar uma Liga dos Campeões – eles buscavam sua terceira final seguida. Foi então que, aos 45’ do segundo tempo, o Milan engatilhou o contra-ataque que precisava. Com o PSG todo no ataque após um escanteio, Massaro pegou a bola e disparou sem a marcação de Roche. O italiano tocou para Savicevic, que tocou para Boban. O croata girou e chutou no ângulo do goleiro Lama. Vitória italiana por 1 a 0. E fim da invencibilidade francesa na Liga.

Na volta, no San Siro abarrotado de gente (79.855 pagantes), o técnico Fernandez optou pelo brasileiro Valdo no lugar de Raí a fim de ter mais precisão na armação das jogadas e mais combate no meio de campo. Mas a tática não deu certo. Albertini e Desailly dominaram completamente as ações, Weah ficou isolado no ataque e preso na marcação de Baresi e a zaga passava apuros com as investidas rossoneras. Resultado: o Milan venceu por 2 a 0, com um gol de Savicevic em cada tempo. A eliminação foi dolorida, mas ensinou que o clube precisava evoluir um pouco mais para conquistar a sua sonhada primeira taça continental.

George Weah terminou a competição como artilheiro com sete gols e catapultou sua nomeação como vencedor do Ballon d’Or da revista France Football, em 1995, e ao prêmio da FIFA de Melhor Jogador do Mundo. Além disso, a torcida ainda viu Bernard Lama ser eleito o Melhor Jogador Francês do Ano (à época, o prêmio era apenas para os jogadores que jogavam no país) e Vincent Guérin ser eleito o Melhor Jogador do Campeonato Francês pela UNFP (União Nacional dos Jogadores Profissionais).

O time que bateu o Barça em 1995. Em pé: Guérin, Le Guen, Raí, Kombouaré, Cobos e Lama. Agachados: Weah, Bravo, Ginola, Colleter e Valdo.

 

Com a visibilidade adquirida no PSG, Weah não resistiu a uma oferta do Milan e foi jogar na Itália. Ricardo Gomes e Valdo deixaram o clube para voltar ao Benfica, Ginola foi jogar no futebol inglês e a torcida temeu uma queda de rendimento para a próxima temporada. Mas, felizmente, isso não iria acontecer.

 

 

Novas peças e o foco na Europa

Youri Djorkaeff, principal reforço do PSG para a temporada 1995-1996.

 

Na temporada 1995-1996, o PSG já era um dos times mais fortes da Europa e reconhecido pelo futebol competitivo que praticava. Com títulos e atuações de gala enfrentando vários times tradicionais do continente nos últimos anos, a equipe queria uma taça europeia para, enfim, entrar num patamar extremamente restrito para os clubes da França. Afinal, naquela época, apenas o Olympique de Marselha tinha uma glória continental (a Liga dos Campeões de 1993). Por isso, Luis Fernandez colocou como prioridade a Recopa da UEFA, deixando as competições nacionais em segundo plano.

Após as saídas de Weah, Ricardo Gomes, Valdo e Ginola, o PSG se reforçou com os atacantes Djorkaeff (ex-Monaco), Loko (ex-Nantes) e Valdés (ex-Cagliari), a volta do meio-campista Fournier e contratação do zagueiro e volante Bruno N’Gotty (ex-Lyon). Fernandez soube remodelar a equipe e manter o padrão de jogo pautado no talento de Raí, na força defensiva e na habilidade e velocidade de Loko, Djorkaeff e Valdés. Uma curiosidade daquela época foi a estreia no futebol profissional de Nicolas Anelka, então com 17 anos, que debutou com a camisa do PSG em algumas oportunidades durante a temporada, mas acabou sendo negociado rapidamente com o Arsenal-ING.

No Campeonato Francês, o PSG fez ótimas partidas, somou goleadas (5 a 1 no Bastia, 3 a 0 no Bordeaux de Zidane, 5 a 0 no Nantes, 4 a 0 no Saint-Étienne), foi líder da 5ª até a 11ª rodada e da 16ª até a 33ª rodada, mas não conseguiu focar no torneio diante dos compromissos continentais e perdeu a ponta para o Auxerre, que acabou com o título. A equipe teve 19 vitórias, 11 empates, oito derrotas, 65 gols marcados (segundo melhor ataque), 36 gols sofridos e 68 pontos, quatro a menos do que o Auxerre. Valdés foi o artilheiro do time no torneio com 15 gols, seguido de Raí, com 14, e Djorkaeff, com 13. Na Copa da Liga, o time caiu logo na primeira fase, e, na Copa da França, a eliminação veio nas oitavas de final após revés de 3 a 1 para o algoz Auxerre. O único título conquistado em solo nacional naquela temporada foi a Supercopa da França, contra o Nantes. No jogo disputado em Brest, a equipe empatou em 2 a 2 num primeiro tempo agitado e venceu nos pênaltis por 6 a 5, quando Makélélé (sim, ele mesmo, o craque que jogou no Real Madrid, Chelsea e na Seleção Francesa!) desperdiçou sua cobrança pelo Nantes. Aquele foi o primeiro título da Supercopa do clube na história.

 

Gol de Raí contra o Parma estampou a capa do L’Équipe.

 

Na grande vedete do ano, a Recopa da UEFA, o PSG despachou o modesto Molde FK-NOR com duas vitórias (3 a 2 e 3 a 0) até enfrentar o tradicional Celtic-ESC, no primeiro duelo complicado na caminhada continental. Na ida, em casa, os parisienses venceram por 1 a 0, gol de Djorkaeff. Na volta, em pleno Celtic Park com quase 40 mil pessoas, o time de Paris aplicou sonoros 3 a 0 nos escoceses, com dois gols de Loko e um de Pascal Nouma. Nas quartas de final, novo adversário complicado: o Parma-ITA de Benarrivo, Cannavaro, Sensini, Apolloni, Dino Baggio, Stoichkov e Zola, um fortíssimo esquadrão já relembrado aqui.

E mais: o time havia sido campeão em 1993 e vice em 1994. No primeiro jogo, na Itália, o Parma fez 1 a 0 (gol de Stoichkov), mas não conseguiu ampliar o placar para a volta. Nela, a torcida do PSG lotou o Parc des Princes (43.686 pagantes) e viu Raí abrir o placar, de pênalti, logo aos nove minutos. Melli empatou, aos 26’, mas Loko, aos 38’, colocou os franceses em vantagem. Na segunda etapa, o PSG pressionou e chegou ao gol da classificação de novo com Raí, de pênalti. Foi mais uma festa em Paris! E mais um triunfo sobre um clube badalado do continente.

Na semifinal, nova preocupação. Não era nem com o adversário, o Deportivo La Coruña-ESP de Fran, Donato e Bebeto. Era o estigma das semifinais. Nas últimas três competições continentais que aquele time havia disputado, em todas ele havia caído na semifinal. Será que eles iriam conseguir disputar uma final depois de tanto bater na trave? As derrotas na Copa da UEFA, Recopa e Liga dos Campeões ainda estavam frescas na memória de todos. Mas o técnico Fernandez soube trabalhar o psicológico do time, e, no Riazor, a equipe jogou muito, Lama fez um partidaço, mas a bola teimava em não entrar.

Foi então que, aos 45’ do segundo tempo, um lance mágico de Djorkaeff fez justiça ao que o PSG trabalhou durante o jogo. E provou que o futebol é mesmo um esporte incrível. O francês recebeu na ponta esquerda, dominou, driblou um, dois e desferiu um chute espetacular. O goleiro nem na bola foi. Uma obra prima! A vitória por 1 a 0 deu muito mais tranquilidade para a partida de volta, em Paris, na qual 43 mil pessoas viram Loko fazer o gol de mais uma vitória parisiense por 1 a 0. Enfim, o PSG estava em uma final internacional! Era o fim do estigma! E hora de fazer história.

 

Les champions!

No dia 08 de maio de 1996, o PSG foi até o King Baudoin Stadium, em Bruxelas-BEL, para a decisão da Recopa da UEFA contra o Rapid Wien-AUT, que havia eliminado Petrolul Ploiesti-ROM, Sporting-POR, Dynamo Moscow-RUS e Feyenoord-HOL no caminho até a final. O destaque do time austríaco era o atacante alemão Carsten Jancker, que brilharia tempo depois no Bayern. Jogando com seu “11 ideal”, o PSG era mais time e sabia disso. Com boas investidas e controle do jogo, a equipe francesa deu as cartas desde o início, e, num lance de bola parada, decidiu o jogo. Em cobrança de falta ensaiada, o zagueiro Bruno N’Gotty deu um chutaço rasteiro sem chances para o goleiro Konsel, aos 29’ do primeiro tempo.

Com a vantagem, o PSG neutralizou as investidas dos austríacos, manteve a posse de bola e sagrou-se campeão da Recopa da UEFA pela primeira vez em sua história. De quebra, se tornava apenas o segundo clube em toda a história do futebol francês a conquistar um título europeu. Foi a justa coroação de um trabalho que começou lá em 1992 e de nomes como Lama, Le Guen, Guérin, Roche e Raí, presentes em grande parte daquela jornada. Falando em Raí, o craque teve que ver a maior parte do jogo do banco de reservas por sair machucado aos 11’ do primeiro tempo.

“A alegria pelo título compensa qualquer coisa, até mesmo a frustração por ter saído machucado tão cedo”. Raí, após a partida.

 

Capa do L’Équipe destaca a “consagração” do clube na Europa…

 

… E a festa nas ruas de Paris na volta para casa.

 

Os jogadores com a taça. Photo by Yves Herman / REUTERS

 

O time campeão de 1996. Em pé: Guérin, Le Guen, Bruno N’Gotty, Raí, Bernard Lama e Alain Roche. Agachados: Laurent Fournier, Patrice Loko, Djorkaeff, Bravo e Colleter.

 

Na volta para casa, as ruas de Paris ficaram tomadas pela torcida e os jogadores desfilaram em carro aberto, passando por todos os pontos turísticos da cidade. Foi uma celebração sem precedentes que contou com mais de 50 mil pessoas só na principal avenida da cidade, a Champs-Élysées. Até o presidente da França, Jacques Chirac, fez questão de receber os jogadores com a taça. Era o auge do PSG. E sua subida a um patamar diferenciado no futebol europeu.

No time campeão da Recopa, Raí era o maestro num 4-3-1-2 muito forte e competitivo.

 

Dupla no comando técnico e decepções

Luis Fernandez anunciou sua saída do clube após a temporada e, com isso, o PSG passou a ser comandado por dois técnicos: o ex-jogador Ricardo Gomes e o ex-goleiro Joël Bats, ambos muito identificados com o time e com a torcida. A dupla teria a missão de manter o PSG entre os melhores do país e da Europa e reconquistar o título francês. O principal reforço para a temporada foi o polivalente brasileiro Leonardo, amigo de Raí nos tempos de São Paulo e apto para jogar na lateral, meio de campo e até no ataque. Em solo nacional, a equipe mais uma vez foi líder em boa parte do campeonato – entre a 5ª e 21ª rodadas – mas caiu de produção na reta final, ficou em segundo e perdeu o título para o Monaco.

Os problemas foram os empates em casa (oito, número muito alto em um torneio de pontos corridos), a derrota em casa para o Nancy-Lorraine por 2 a 1 e os confrontos diretos contra o próprio Monaco – empate sem gols em casa e derrota por 2 a 0 fora. No fim, o time somou 67 pontos (12 a menos do que o campeão), com 18 vitórias, 13 empates, sete derrotas, 57 gols marcados e 31 sofridos. Patrice Loko foi o artilheiro do PSG no torneio com 15 gols, seguido de Raí, com nove.

Na Copa da França, os parisienses caíram incrivelmente nas oitavas de final diante do modesto Clermont Foot 63 num jogo para esquecer. O time da capital vencia por 4 a 1 e deixou o rival empatar em 4 a 4. Nos pênaltis, o goleiro do Clermont defendeu os chutes de Paul Le Guen e Vincent Guérin e deu a vitória por 4 a 3 ao pequeno time de Auvergne, levando à loucura os 20 mil torcedores no estádio, que foram fazer a festa na Place de Jaude, em Clermont-Ferrand. Na Copa da Liga, o PSG caiu precocemente (derrota para o Lyon por 2 a 1 na fase de 16 avos de final) e encerrou a temporada sem nenhum título nacional. Em janeiro de 1997, o clube ainda teve a disputa da Supercopa da UEFA contra a Juventus-ITA, campeã da Liga dos Campeões na temporada anterior e recheada de craques como Ferrara, Deschamps, Zidane, Del Piero e companhia (leia mais clicando aqui).

Na época, a competição era decidida em dois confrontos. Mas, na verdade, ele foi decidido logo na primeira partida. Em pleno Parc des Princes, a Juventus aplicou uma sonora goleada de 6 a 1 pra cima do PSG, que não viu a placa da Ferrari que lhe passou por cima. Raí, de pênalti, fez o gol de honra dos parisienses quando o jogo já estava 4 a 0 para os italianos. Na volta, em Turim, nova vitória italiana – 3 a 1 – e novo gol de Raí de pênalti. Mas ainda tinha outro desafio para aquele time: tentar o bicampeonato da Recopa.

 

Tinha um Ronaldo no caminho…

Como campeão vigente, o PSG entrou na primeira fase após a fase preliminar da Recopa de 1996-1997. E, contra o fraco Vaduz, de Liechtenstein, os franceses venceram por 7 a 0 no placar agregado. Nas oitavas de final, a equipe enfrentou o Galatasaray-TUR, que já tinha alguns dos jogadores que fariam história pelo clube como Davala, Hagi, Hakan Sükür, Ünsal, e o técnico Fatih Terim (leia mais clicando aqui). No primeiro jogo, em Istambul, um jogaço deu a vitória por 4 a 2 aos turcos. Os gols marcados por Le Guen e Valdés deram uma sobrevida aos parisienses para a volta, mas eles nem foram necessários. Empurrado por sua torcida e com uma atuação coletiva fantástica, o PSG venceu por 4 a 0, com gols de Leonardo, Valdés, Raí e Loko.

Nas quartas, a equipe passou bem sobre o AEK Atenas-GRE (empate em casa sem gols e vitória por 3 a 0 fora com três gols de Loko) e, na semifinal, teve mais um duro teste: o Liverpool-ING, de Wright, McManaman, Fowler e Redknapp. No primeiro jogo, em Paris, o PSG teria que construir um bom placar para segurar a vantagem no alçapão de Anfield. E foi exatamente isso que ele fez. Com gols de Leonardo, Cauet e Leroy, o time azul e vermelho venceu por 3 a 0. Na volta, o Liverpool deu trabalho, fez 2 a 0, mas o PSG se fechou e não levou o terceiro. Com isso, o 3 a 2 no agregado colocou o time francês em mais uma final da Recopa. Em Roterdã-HOL, os parisienses reencontraram um velho conhecido: o Barcelona-ESP, que tinha em seu plantel um jovem letal, habilidoso e pronto para ganhar o mundo: Ronaldo.

O brasileiro deu trabalho para a zaga francesa, e, de pênalti, deixou sua marca. O Barça venceu por 1 a 0 e faturou sua quarta Recopa na história. Era o fim do sonho do bi para o PSG. E, depois da glória histórica de 1996, o clube passava em branco uma temporada na qual o poder de fogo ofensivo mesmo sem Djorkaeff foi ofuscado por sérios problemas defensivos que não foram corrigidos por Ricardo Gomes e Jöel Bats. Será que aquele time tinha chegado ao fim? Ainda não…

 

Inspiração para voltar às glórias

Na temporada 1997-1998, o PSG trouxe o atacante italiano Marco Simone para suprir a saída de Leonardo (que iria para o Milan) e também o atacante Florian Maurice (ex-Lyon), este por 41 milhões de francos, na maior compra do futebol francês à época. Com a base mantida, o time mais uma vez era favorito em todas as competições nacionais e ainda teria pela frente a Liga dos Campeões da UEFA por ter sido vice-campeão francês na temporada anterior. Os parisienses entraram na fase preliminar e enfrentaram o Steaua Bucareste-ROM. No primeiro jogo, o time viajou até a Romênia, marcou dois gols, mas acabou perdendo por 3 a 2. Até aí, sem problemas, afinal, teria a volta em Paris.

Mas um erro administrativo quase colocou tudo a perder. Antes do jogo contra o Steaua, a UEFA enviou um fax (sim, ele ainda existia!) para o PSG informando que Laurent Fournier não poderia jogar por estar suspenso por causa de um estranho critério adotado pela entidade por causa de acumulo de cartões levados em jogos anteriores – mais precisamente um vermelho contra a Juventus, na final da Supercopa da UEFA, e um amarelo na final da Recopa contra o Barcelona. Acontece que a diretoria do clube perdeu o tal fax. Resultado? Fournier jogou os 90 minutos e a UEFA puniu o clube francês com a alteração no placar do jogo de 3 a 2 para 3 a 0 para o Steaua.

Raí fez dois de pênalti…

 

… Maurice completou 4 a 0 só no primeiro tempo…

 

… E o craque brasileiro fez mais um, de cabeça. Um espetáculo!

 

O PSG precisaria de pelo menos quatro gols e um verdadeiro milagre se quisesse se classificar para a fase de grupos. Foi então que, no dia 27 de agosto de 1997, as mais de 43 mil pessoas que lotaram o Parc des Princes viram uma das melhores e mais emocionantes partidas da história do clube. Com Raí simplesmente infernal, o time parisiense fez 5 a 0 nos romenos. O craque brasileiro fez 2 a 0 em apenas 19 minutos, ambos de pênalti. Simone ampliou, aos 30’. Maurice, aos 41’, fez 4 a 0. Aos 10’ do segundo tempo, Raí fez mais um. E o PSG se garantiu na fase de grupos da Liga dos Campeões. Uma vitória como aquela foi crucial para inspirar o time no decorrer da temporada.

Foi a prova de que eles poderiam voltar à rota dos títulos e fazer a alegria de uma torcida fiel que sempre comparecia ao estádio. Uma curiosidade é que o presidente do clube na época, Michel Denisot, confessou que apelou para uma “ajuda divina” em prol de seu clube. Ele recorreu a um marabuto – líder espiritual muçulmano muito comum na África Setentrional – a fim de rezar por seus atletas em busca da vitória. Quem deu a dica foi Claude Le Roy, diretor esportivo que conhecia um marabuto chamado Sidi.

“O tal Sidi disse que o PSG venceria por 5 a 0 e Maurice marcaria um gol aos 40’ do primeiro tempo. Ele acertou o placar e o autor do gol, só errou em um minuto o tempo do gol!”, Michel Denisot, em entrevista ao site romeno Ziare, 07 de outubro de 2014.

 

A escalação que massacrou o Steaua: praticamente cinco homens na frente e um volume de jogo impressionante.

 

Foco nas Copas

Ao contrário das outras temporadas, o PSG não esteve entre os primeiros no campeonato nacional. A equipe foi líder em apenas sete rodadas e terminou a competição na oitava colocação, com 14 vitórias, oito empates e 12 derrotas. Marco Simone manteve a boa fase dos tempos de Milan e foi artilheiro do time com 13 gols, seguido do capitão Raí, com 10. Na Liga dos Campeões, o time terminou na segunda colocação do Grupo E, com o mesmo número de pontos que o Bayern-ALE, líder, e à frente de Besiktas-TUR e IFK Göteborg-SUE. A equipe venceu todos os adversários em casa (3 a 1 no Bayern, 2 a 1 no Besiktas e 3 a 0 nos suecos), perdeu duas fora (para Bayern e Besiktas) e venceu o Göteborg, fora, por 1 a 0. Como na época se classificavam para a próxima fase apenas os primeiros colocados e os dois melhores segundos colocados no geral, o clube francês ficou de fora do mata-mata.

No entanto, a história foi bem diferente nas copas nacionais. Na Copa da Liga, a equipe estreou com vitória por 1 a 0 sobre o Lyon (gol de Maurice), passou pelo Montpellier, nas oitavas (2 a 0, gols de Debbah e Maurice), pelo Metz, nas quartas (1 a 0, gol de Maurice), e pelo Lens (campeão francês daquele ano), na semifinal – 2 a 1, gols de Simone. Na final, disputada em abril no novíssimo Stade de France (que abrigaria vários jogos da Copa do Mundo de 1998 e recebia seu primeiro jogo decisivo), mais de 77 mil pessoas viram PSG e Bordeaux fazerem um jogo à altura de um estádio tão bonito. Micoud abriu o placar para o Bordeaux, aos 30’ do primeiro tempo, e Simone empatou, aos 35’ do segundo, após rebote de um pênalti batido por Raí defendido pelo goleiro Rame.

Na prorrogação, Raí aproveitou passe de Loko e testou firme: 2 a 1. Pouco tempo depois, Papin empatou e levou a decisão para os pênaltis. Nela, o goleiro Fernandez, do PSG, defendeu o chute de Gralak e viu Papin isolar o seu. Do lado parisiense, Rabésandratana, Simone, Raí e Loko converteram suas cobranças, garantiram o 4 a 2 e o PSG venceu sua segunda Copa da Liga na história. De quebra, teve a honra de ser o primeiro a erguer uma taça no Stade de France – meses antes de Deschamps levantar a Taça FIFA na Copa do Mundo pela França! Mas aquele time ainda queria mais um troféu para a coleção.

 

A taça para coroar uma geração

Raí ergue Domi com a Copa da França.

 

Na Copa da França, o PSG enfrentou dificuldades no início, mas conseguiu superar seus adversários até a final. Na primeira fase, venceu o Thouars por 3 a 1, fora de casa (gols de Raí, Maurice e Fournier), e bateu o Lorient por 1 a 0 (gol de Simone) na fase seguinte. Nas oitavas, o time enfrentou o Pau FC (acredite, existe um time com esse nome! Ele fica na comuna homônima no sudoeste da França, na região de Nouvelle-Aquitaine, próxima aos Pirineus) e venceu por 1 a 0 (gol de Raí, na prorrogação). Nas quartas, triunfo por 1 a 0 sobre o Monaco (gol contra de Dumas), e, na semifinal, vitória por 1 a 0 contra o Guingamp (gol de Maurice).

O time campeão da Copa da França de 1998. Em pé: Fernandez, Le Guen, Algerino, Domi, Rabésandratana e Roche. Agachados: Simone, Gava, Ducrocq, Raí e Maurice.

 

Na decisão, disputada em 02 de maio, outra vez no Stade de France, o time enfrentou o Lens, campeão francês daquela temporada e que tinha como destaques o camaronês Marc-Vivien Foe e o checo Smicer. Aos 24’, Raí começou a jogada que originou em um gol dele mesmo, quando tocou para Maurice e este cruzou na cabeça do brasileiro: 1 a 0. No começo do segundo tempo, Simone recebeu e encheu o pé para fazer 2 a 0. Faltando sete minutos para o fim, Smicer descontou, mas o PSG tinha a partida sob seu controle. Aquela geração conquistava o tricampeonato do torneio, enchia a torcida de orgulho e mantinha o clube no topo do futebol francês.

 

Uma era para a história

Após o título da Copa da França, o PSG perdeu seu ídolo Raí, que voltou para o São Paulo onde, apenas oito dias depois, foi campeão Paulista com um gol ao seu estilo: de cabeça. Sem o camisa 10 e nomes como Fournier, Le Guen, Guérin e Roche, que também deixaram o clube, o esquadrão que dominou as manchetes do país durante seis anos perdeu força e venceu apenas a Supercopa da França de 1998 contra o Lens (1 a 0), já sob o comando de Alain Giresse. O presidente Denisot foi substituído por Charles Biétry, este não soube contratar bons nomes, o aporte do Canal + caiu e o declínio do PSG foi instantâneo. O time só voltaria a conquistar uma taça em 2004, quando venceu a Copa da França.

Com um novo investidor e cheio de dinheiro neste século XXI, o clube espera reconquistar um título continental e figurar entre os grandes do continente. Por enquanto, apenas a geração dos anos 1990 conseguiu. Com partidas inesquecíveis, triunfos contra titãs, viradas históricas, e, claro, títulos, aquele PSG é até hoje lembrado como o melhor da história. Um esquadrão que mudou a ordem do futebol francês, celebrou uma glória antes inalcançável para os times do país – a Recopa da UEFA e colocou Paris na rota do futebol. Un PSG énorme! Et imortal.

 

Os personagens:

Bernard Lama: excêntrico e baixo para a posição (tinha pouco mais de 1,80mts), o goleiro compensava a baixa estatura com boa colocação, agilidade e muita segurança. Foi um dos melhores goleiros da França nos anos 90 e só não foi titular da seleção francesa porque tinha um ainda melhor do que ele na época – Fabien Barthez. Dono de reflexos impressionantes, Lama fez a alegria da torcida entre 1992 e 1997 e 1998 e 2000, quando voltou após um breve período no futebol inglês. Disputou 318 jogos pelo clube. Esteve na Seleção da França campeã do mundo em 1998 e da Euro de 2000.

Vincent Fernandez: cria das bases do clube, foi titular em vários jogos na temporada 1997-1998 e um dos destaques do time nas conquistas das copas nacionais daquele ano. Fez a torcida lembrar um pouco de Lama por ter baixa estatura para a posição, mas não tinha a qualidade do antecessor.

Revault: não foi titular absoluto por causa da concorrência com Fernandez, mas fez alguns bons jogos na temporada 1997-1998. Com boa colocação, não era espalhafatoso e cumpria bem seu papel.

Colleter: lateral muito duro na marcação e de combate, não dava moleza para os rivais e se restringia mais ao campo defensivo do que no apoio ao ataque. Fez grandes jogos no clube e foi titular em boa parte daquela era de ouro. Disputou 214 jogos pelo PSG.

Sassus: veterano, o lateral-direito mostrou vitalidade e foi um dos destaques do título nacional de 1993-1994. Forte na marcação, costumava aparecer bem no ataque e conseguiu marcar quatro gols nos 76 jogos que disputou com a camisa do clube. Ficou marcado, também, por ter sido um dos mais velozes jogadores do futebol francês, sendo capaz de correr 100 metros em pouco mais de 11 segundos.

Kombouaré: o zagueiro jogou de 1990 até 1995 no PSG e foi um dos grandes jogadores da equipe no período. Não era titular absoluto, mas foi a primeira opção quando alguns dos titulares da zaga não podiam jogar. Forte, rápido e com instinto artilheiro, costumava ir ao ataque e marcar gols importantes. Disputou 137 jogos e marcou oito gols com a camisa do PSG. Foi capitão do time em várias oportunidades, inclusive na Liga dos Campeões.

Jimmy Algerino: o lateral chegou em 1996 no PSG e ficou até 2001, alcançando a titularidade aos poucos e sendo um dos destaques do time nas campanhas dos títulos das copas nacionais da temporada 1997-1998. Era bom no passe e também marcava gols – foram nove em 178 partidas.

N’Gotty: com quase 1,90m, o defensor impunha respeito e não deixava qualquer um chegar ao goleiro Lama. Eficiente na marcação, bom no jogo aéreo e com muito fôlego, Bruno N’Gotty foi um dos melhores jogadores daquela geração e herói na conquista da Recopa da UEFA, quando marcou o gol do título. Chegou a ser convocado seis vezes para a seleção francesa e jogou de 1995 até 1998 no clube. Disputou 113 jogos e marcou dez gols.

Ricardo Gomes: o zagueiro já estava perto do fim da carreira e longe do auge que viveu no Fluminense e no Benfica, mas ainda mostrou categoria e grande senso de colocação em sua época no PSG. Ao lado de Roche, o brasileiro fez grandes partidas, marcou gols e foi um dos pilares da zaga do time. Sofreu um pouco com problemas físicos, mas ainda sim disputou 154 jogos e marcou 17 gols no período em que jogou no clube francês – de 1991 até 1995. Após pendurar as chuteiras, virou técnico e continuou a fazer história.

Francis Llacer: revelado pelo próprio PSG, Llacer jogou de 1989 até 1999 no clube parisiense e fez bons jogos como lateral direito e como zagueiro. Veloz e com bom passe, foi um dos destaques do time campeão francês e da campanha de destaque na Liga dos Campeões de 1994-1995. Após passagens por Strasbourg, Saint-Étienne e Montpellier, fez questão de encerrar a carreira no PSG, entre 2001 e 2003.

Le Guen: um dos jogadores que mais vestiu a camisa do clube na história – 344 jogos, Paul Le Guen é um dos maiores ídolos da história do PSG e ícone do meio de campo e da zaga entre 1991 e 1998. Sério, cheio de fôlego e técnico, era entrega total em campo e um dos líderes do time – foi capitão de 1991 até 1994. Marcou 24 gols pelo PSG, foi um dos maiores “garçons” do time com 39 assistências e é, também, o que mais jogou pelo clube em competições da UEFA: 57 jogos.

Rabésandratana: a origem de Madagascar explica o sobrenome exótico do defensor que se destacou no time entre 1997 e 2001. Alto e com boa presença nas jogadas aéreas, mostrou muita segurança e vigor em seu período no clube. Chegou a jogar no futebol grego e encerrou a carreira na Bélgica.

Alain Roche: polivalente do setor defensivo, Roche foi sinônimo de PSG naqueles anos 90. Jogou no clube exatamente durante o período que durou esse esquadrão – de 1992 até 1998 – e disputou mais de 200 jogos pelo time parisiense. No miolo de zaga, fez partidas notáveis com bom senso de colocação, boas investidas e desarmes. Teve ainda 25 convocações para a seleção francesa. Foi capitão do time entre 1994 e 1996.

Didier Domi: outro revelado pelo clube, o lateral jogou de 1994 até 1998 no PSG e foi muito eficiente nas subidas ao ataque e nos cruzamentos. Com apenas 17 anos, fez sua estreia no time profissional. Disputou 117 jogos pelo clube.

José Cobos: após oito anos no Strasbourg, chegou ao PSG em 1993 para jogar até 1996. Foi titular na lateral esquerda do time campeão da Recopa e em vários jogos pelos torneios nacionais. Não era de atacar muito, ficando mais na proteção à zaga. Disputou 110 jogos pelo PSG.

Fournier: meio-campista com duas passagens pelo PSG (de 1991 até 1994 e de 1995 até 1998), Laurent Fournier foi um dos motores do elo entre meio de campo e ataque em duas fases distintas daquele esquadrão. Habilidoso e com boa visão de jogo, foi um dos mais queridos pela torcida. Era muito raçudo e, com isso, ganhava alguns cartões em excesso. Ficou famoso pelo caso que quase tirou o PSG da Liga dos Campeões naquela partida contra o Steaua. Disputou 252 jogos e marcou 18 gols pelo time parisiense.

Leroy: outro jogador revelado pelo PSG, Jérôme Leroy jogou de 1995 até 2000 no time da capital francesa. Era eficiente na marcação e aparecia bem no ataque, marcando gols importantes, como na vitória sobre o Liverpool por 3 a 0 na Recopa de 1996-1997. Disputou 167 jogos e marcou 12 gols pelo clube.

Édouard Cissé: chegou ao clube em 1997 e ficou até 2007, mas acabou jogando muito pouco com os remanescentes da geração de ouro. Meio campista, dava proteção à zaga e ajudava na construção de jogadas.

Bravo: o volante chegou em 1989 ao PSG e pegou toda a transição do clube para o estrelato. Volante de espírito combativo e habilidoso, aparecia bem no ataque, marcava gols e fazia importantes tabelas com os atacantes. Foi um dos principais jogadores no período e titular em boa parte daquela era. Disputou 275 jogos e marcou 26 gols com a camisa do clube.

Cauet: o meio-campista foi titular da equipe na temporada 1996-1997, a única dele com a camisa do clube, mas deu azar por não ter vencido nenhum título. Podia jogar na região central e na esquerda do meio de campo. Após 48 jogos e seis gols, foi jogar na Internazionale-ITA, onde viveu seu auge.

Franck Gava: outro titular em apenas uma temporada, a de 1997-1998, Gava fez grandes partidas pelo campeonato nacional e também nas copas nacionais, conquistando as duas naquele ano. Na temporada seguinte, jogou no Monaco e encerrou a carreira no Stade Rennais, em 2000.

Guérin: meia habilidoso, técnico e com grande visão de jogo, Guérin foi um dos maiores símbolos daquela geração dourada do PSG. Com 255 jogos e 24 gols no exato período em que jogou no clube e que durou esse esquadrão – de 1992 até 1998 – Guérin foi ídolo da torcida e ganhou 19 convocações para a seleção francesa.

Ducrocq: revelado pelo PSG, jogou no clube de 1994 até 2002 e foi titular em várias oportunidades. Podia jogar como zagueiro e volante, sempre com eficiência na marcação e com boa visão de jogo.

Raí: que ele era um craque fora de série e incrível com a bola nos pés isso todo brasileiro – e todo torcedor do São Paulo – já sabia. Mas faltava a Europa ver de perto o que ele era capaz de fazer. E viu. Com partidas exuberantes, presença de campo incontestável e gols decisivos, Raí se tornou um dos maiores ídolos da história do PSG, foi capitão de 1996 até 1998 e cravou seu nome na história como poucos estrangeiros conseguiram em um clube europeu. Em sua despedida, o clube tocou Aquarela do Brasil em sua homenagem, num gesto emocionante. Raí disputou 215 jogos e marcou 72 gols com a camisa do PSG. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Valdo: meia clássico, com grande visão de jogo e passes precisos, o brasileiro já era um jogador consagrado após suas passagens por Grêmio, Benfica e Seleção Brasileira – inclusive como titular na Copa do Mundo de 1990 – quando chegou ao PSG, em 1991. Com a camisa 10, foi o maestro do time e fundamental na conquista do campeonato nacional de 1993-1994. Se destacava, também, com os passes que dava para gols. Prova disso é que ele é o nono na lista dos maiores garçons da história do clube com 40 assistências. Disputou 153 jogos e marcou 16 gols pelo clube. Encerrou a carreira no Botafogo, em 2004, já com 40 anos.

Djorkaeff: seu pai, Jean Djorkaeff, foi o primeiro capitão do PSG, lá nos anos 70, por isso, não faltou inspiração para Youri fazer da temporada de 1995-1996 a sua temporada. Com habilidade, velocidade e dribles desconcertantes, Djorkaeff foi um dos principais jogadores do PSG e essencial para a histórica conquista da Recopa da UEFA. Ao lado de Raí, fez uma parceria que encantou a torcida. Pena que só ficou por pouco tempo até partir para a Internazionale. Disputou 47 jogos e marcou 20 gols pelo PSG. Foi titular da Seleção Francesa durante muitos anos e uma das estrelas do time campeão da Copa do Mundo de 1998 e da Euro de 2000.

George Weah: o liberiano foi o maior jogador africano de todos os tempos, um predador com a bola nos pés, habilidoso e capaz de marcar gols sensacionais. Na França, viveu os melhores anos da carreira e ajudou a catapultar o PSG ao topo do futebol francês. Ídolo da torcida, Weah disputou 137 jogos e marcou 55 gols pelo PSG. Brilhou, também, no Milan. Relembre a carreira do craque clicando aqui.

Leonardo: o polivalente jogador também ficou pouco no PSG (1996-1997), mas conseguiu mostrar sua qualidade como meia e até atacante no esquema dos técnicos Ricardo Gomes e Joël Bats. Rápido, preciso nos passes e com ótimo posicionamento, se entendeu muito bem com o compatriota Raí e marcou dez gols em 48 jogos pelo clube. Após encerrar a carreira, voltou ao PSG como dirigente.

Marco Simone: após grande fase no Milan, chegou ao PSG consagrado e não decepcionou. Com gols, habilidade e boa colocação, foi artilheiro da equipe em várias ocasiões e marcou 32 gols em 79 jogos entre 1997 e 1999, ajudando o time a conquistar as copas nacionais da temporada 1997-1998. Na sequência, jogou no Monaco e encerrou a carreira no Legnano-ITA, em 2006.

Patrice Loko: após brilhar pelo Nantes campeão francês de 1994-1995, o habilidoso e oportunista atacante chegou ao PSG para também fazer história. Com seus gols e velocidade, foi peça chave na conquista da Recopa de 1995-1996 e fez grandes jogos ao lado de Raí. Pela seleção francesa, disputou 26 jogos e marcou sete gols, mas acabou de fora do time que foi para a Copa do Mundo de 1998. Com as chegadas de Maurice e Simone, perdeu espaço e foi jogar no Lorient. Disputou 118 jogos e marcou 35 gols pelo PSG entre 1995 e 1998.

David Ginola: técnico, driblador, artístico, goleador, craque. Ginola foi um dos maiores jogadores da história do futebol francês nos anos 80 e 90 e também um dos maiores injustiçados daquela época. Motivo? Nas Eliminatórias para a Copa de 1994, ele errou um passe que resultou no gol da Bulgária que tirou a França do Mundial. Depois disso, ele foi “banido” da seleção e tachado como “assassino do futebol francês”. Uma crueldade. Mas, quem perdeu, foi a própria França. Melhor para o PSG, que pôde contar com El Magnifico em sua plenitude e viu o craque ser fundamental nas conquistas do campeonato nacional de 1993-1994, das Copas da França de 1992-1993 e 1994-1995 e da Copa da Liga Francesa de 1994-1995. Foram 160 jogos, 44 gols e lembranças eternas para a torcida, que jamais se esqueceu das artes do craque em campo.

Nouma: cria do PSG, o atacante alto e muito forte nas jogadas aéreas jogou de 1991 até 1996 na equipe, com passagens por empréstimo pelo Lille e Caen. Não teve muitas chances por causa da concorrência com Ginola, Weah e Loko, mas foi bem quando exigido. Disputou 95 jogos e marcou 14 gols.

Valdés: mito do futebol panamenho (é considerado o melhor jogador da história do Panamá), Julio César Dely Valdés conseguiu marcar gols importantes no PSG e fez grandes partidas com a camisa azul e vermelha. Na jogada aérea, sua especialidade, era o terror para os zagueiros. Jogou de 1995 até 1997 no clube francês e marcou 29 gols em 85 jogos.

Florian Maurice: teve destaque no Lyon antes de se transferir para o PSG, em 1997. Tido como o “novo” Papin por causa do estilo de jogo e pelos gols acrobáticos, jogou apenas uma temporada no clube, mas o suficiente para encantar a torcida e se entrosar muito bem com Simone. Marcou 14 gols em 47 jogos pelo PSG.

Artur Jorge, Luis Fernandez, Ricardo Gomes, Joël Bats e Alain Giresse (Técnicos): Todos foram campeões e entraram para o rol de imortais do clube comandando diferentes times em diferentes épocas. Artur Jorge foi o mentor do esquadrão que dominou a França entre 1992 e 1994, campeão nacional após um longo jejum e com as estrelas Valdo, Weah, Ginola e Guérin. Seu time era forte em todos os setores do campo, levava poucos gols e foi, talvez, o mais equilibrado. Luiz Fernandez deu uma faceta “continental” ao time, e, depois de aprender com as derrotas, soube conduzir o elenco à glória na Recopa da UEFA. Ricardo Gomes e Joël Bats demoraram um pouco para se entrosarem por conta da inexperiência de ambos, mas, quando entraram nos trilhos, foram campeões de duas copas nacionais na temporada 1997-1998. Giresse deu azar e chegou no fim daquela geração. Sem as estrelas de outrora, ficou apenas com uma Supercopa da França.

 

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Comentários encerrados

4 Comentários

  1. Eu aqui de novo a elogiar um texto tão bom! Não sabia muito a respeito do PSG. Uma pergunta: será que com Neymar no elenco teremos outro esquadrão imortal???
    Dei uma olhada aqui no site e li muito sobre títulos surpreendentes como os do Nottingham Forest, Cagliari e Hellas Verona. Fica a dica!!!

    Abraços

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