Grandes feitos: Campeão Mundial Interclubes (1984), Campeão da Copa Libertadores da América (1984) e Campeão do Campeonato Argentino (1983 – Metropolitano). Consolidou o clube como o maior vencedor da história da Copa Libertadores com sete conquistas.
Time-base: Carlos Goyén; Néstor Clausen (Rodolfo Zimmermann), Hugo Villaverde (Pedro Monzón), Enzo Trossero e Carlos Enrique; Ricardo Giusti, Claudio Marangoni, Jorge Burruchaga e Ricardo Bochini; Sergio Bufarini (José Percudani / Gabriel Calderón) e Alejandro Barberón (Carlos Morete / Enrique Sánchez). Técnico: José Omar Pastoriza.
“Enamorados por la séptima vez”
Por Guilherme Diniz
Assunção, Paraguai, 29 de Junho de 1975. Após derrotar o Unión Española-CHI por 2 a 0, o Independiente conquista o tetracampeonato consecutivo da Copa Libertadores da América, algo sem precedentes na história da competição. De quebra, o clube chega ao sexto título no total e se consagra como o maior campeão do torneio, com 100% de aproveitamento nas seis decisões disputadas. No entanto, aquele conto de amor terminou exatamente após o gol da vitória, anotado por Daniel Bertoni. Os anos começaram a passar e nada de o clube rojo voltar a brilhar em solo continental. Pior: o Boca Juniors-ARG havia levantado um bicampeonato (leia mais clicando aqui), Nacional e Peñarol voltavam a atormentar (leia mais clicando aqui e aqui), o Olimpia provava a força do futebol paraguaio no final dos anos 70 (leia mais clicando aqui) e os brasileiros Cruzeiro, Flamengo e Grêmio renovavam o protagonismo brasileiro na competição, algo que não se via desde o Santos de Pelé.
A Libertadores estava se tornando plural. Possibilitava novas forças. E novos romances. Porém, em 1984, após cinco anos sem disputar a competição, o Independiente voltou. Não tinha mais Pavoni. Não tinha mais Francisco Sá. Não tinha mais Bertoni. Mas tinha Trossero. Tinha Giusti. Tinha Marangoni. Tinha Burruchaga. E tinha o maestro, o homem presente na epopeia do tetra lá dos anos 70. O ídolo de Maradona. O maior ídolo rojo: Ricardo Bochini.
Com ele em campo e a torcida lotando o estádio La Doble Visera em Avellaneda, o Independiente reconquistou sua competição mais querida. E não foi apenas uma conquista qualquer. Foi uma nova história de paixão. Enamorados por la séptima vez. Uma conquista soberba, incontestável, sobre nada mais nada menos que o Grêmio, campeão da América e do mundo no ano anterior, com Hugo De León, Paulo César, Tarciso e Renato Gaúcho. Com uma vitória em pleno estádio Olímpico. Magra. Mas que poderia ter sido de 3, 4 gols tamanha superioridade dos argentinos. Eles deram “cátedra”. Na volta, bastou um empate. E a séptima foi levantada.
Em dezembro, os reis da América foram ao Japão e coroaram aquele retorno com mais uma vitória histórica, dessa vez na final do Mundial Interclubes sobre o Liverpool-ING de Grobbelaar, Phil Neal, Kenny Dalglish e Ian Rush. Em 1984, não teve para ninguém: o Independiente foi absoluto. Mostrou quem era o rei da América. E também o rei do mundo. Foi o ano que fechou uma história que começou a ser escrita após dois vice-campeonatos nacionais. Que teve volta por cima. Que teve título nacional justamente no ano em que o maior rival (Racing) foi rebaixado. O que poderia ser melhor do que ser campeão, ver o rival rebaixado, e, no ano seguinte, conquistar a América e o mundo? Absolutamente nada! É hora de relembrar a sétima história de amor do Rey de Copas e sua querida Copa Libertadores.
Bons prenúncios após os vices
Após a vertiginosa década de 70, o Independiente começou os anos 80 reformulando sua equipe para voltar a brigar por títulos. O clube foi buscar peças pontuais para vários setores do campo, em especial o meio e o ataque, que tinham como remanescente dos tempos dourados Ricardo Bochini, o grande maestro das ações ofensivas do rojo. Com isso, a equipe trouxe o meio-campista Ricardo Giusti (ex-Argentinos Juniors), o meia Jorge Burruchaga (ex-Arsenal de Sarandí), que podia atuar também como ponta-direita, e o meio-campista Claudio Marangoni, que vinha de passagens pelo San Lorenzo, Sunderland-ING e Huracán. Para a zaga, o clube trouxe de volta o zagueiro Enzo Trossero, que havia jogado no futebol francês e atuou no Independiente entre 1975 e 1979.
Com essas novas peças, o diablo tratou de colocar as competições nacionais como caminho para voltar aos trilhos continentais. Porém, o início foi bem difícil. O elenco era bom, mas a taça escapou por detalhes (ou melhor, dois pontos) no Campeonato Metropolitano de 1982. Capitaneado pelo atacante Carlos “El Puma” Morete, o Independiente perdeu apenas três dos 36 jogos que disputou, teve o melhor ataque (64 gols), o artilheiro (Morete, com 20 gols), mas viu o Estudiantes do técnico Carlos Bilardo ficar com o título. O empate na última rodada com o Racing de Córdoba, enquanto o Estudiantes venceu o Talleres na mesma cidade, custou a taça.
No ano seguinte, no Torneio Nacional, os comandados de Nito Veiga dominaram as fases iniciais da competição (que era formada por grupos e, depois, mata-mata) e eliminaram Unión, nas oitavas, Racing de Córdoba, nas quartas, e Argentinos Juniors, na semifinal, até a grande final contra (adivinhe) o Estudiantes, campeão do ano anterior. No primeiro duelo, em La Plata, os alvirrubros venceram por 2 a 0. Na volta, o Independiente teria que vencer por três gols de diferença. Giusti abriu o placar aos 14’ do primeiro tempo, mas Trama empatou, aos 44’. Na segunda etapa, Trossero deixou os diablos em vantagem, mas o time de La Plata se segurou como pôde, e, mesmo com a derrota por 2 a 1, levantou o bicampeonato.
Foi uma profunda tristeza para os torcedores. Eles não estavam acostumados a lamentar tanto, muito menos a acumular dois vices em dois anos seguidos. O que mais deixava a torcida ressabiada era que o time merecia mais. O elenco era forte, jogava um belo futebol, tinha equilíbrio e perdia pouquíssimas partidas. Por isso, a diretoria decidiu mudar de técnico e trazer um velho conhecido para assumir a prancheta: José Omar Pastoriza, jogador do rojo entre 1966 e 1972, pelo qual conquistou três títulos nacionais e uma Libertadores, e técnico do diablo entre 1976 e 1979, período no qual venceu uma Copa Interamericana e dois títulos nacionais. Ele conhecia muito bem o modo de trabalho em Avellaneda e tinha grandes amigos por lá, além de já ter trabalhado com os zagueiros Trossero e Villaverde e, claro, o maestro Bochini.
Pastoriza tratou de aperfeiçoar o lado mais técnico do Independiente, colocando em la cancha as maiores virtudes de cada jogador. Ele montou um quarteto no meio de campo que seria praticamente o coração do time: Giusti, Marangoni, Bochini e Burruchaga. Os dois primeiros eram incubidos de marcar e, ao mesmo tempo, criar o importante elo entre o meio e o ataque, comandado pela visão de jogo impecável de Bochini, que tinha cadência e velocidade nas medidas certas, e Burruchaga, que abria espaços pela direita e se transformava em um terceiro atacante em muitas partidas. Lá na frente, Pastoriza iria alternar jogadores como Percudani e Morete, além dos reservas Calderón e Sánchez.
No sistema defensivo, Trossero e Villaverde compunham uma dupla de zaga ótima, super entrosada e equilibrada, com a segurança de Clausen e Enrique, pelas laterais, além de Zimmermann e Monzón, outros que também jogavam como titulares em algumas partidas. No gol, o uruguaio Carlos Goyén era absoluto desde 1981 com sua ótima colocação e grande impulsão originária dos tempos de infância, quando adorava jogar basquete. Pronto. O time estava arrumado, entrosado e afiado. Não havia mais espaço para vice. Eles queriam ser campeões. E voltar à querida Copa Libertadores.
A caminhada argentina
Mesmo com as mudanças no time, o Independiente demorou um pouco para engrenar no Campeonato Argentino – Metropolitano de 1983. Nas três primeiras rodadas, empates contra Rosario Central (1 a 1), Platense (1 a 1) e Boca Juniors (2 a 2). A equipe acordou de vez contra o perigoso Ferro Carril da época, fora de casa, ao vencer por 1 a 0. Na sequência, os rojos venceram mais três seguidas – 3 a 2 no Unión (em casa), 3 a 1 no Instituto de Córdoba (em casa) e 3 a 2 no San Lorenzo, fora. Na 8ª rodada, empate sem gols contra o Racing de Córdoba, em casa, e, na 9ª, a primeira derrota: 1 a 0 para o Newell’s, do artilheiro Víctor Rogelio Ramos. Ali, começaria uma incômoda sequência de empates do rojo – foram seis, entre eles contra River Plate (0 a 0, em casa) e Estudiantes (0 a 0, fora).
Só na 16ª rodada que a equipe voltou a vencer – 2 a 1 sobre o Temperley, em casa, mas uma derrota para o Vélez por 3 a 1, fora, deixou muitos desacreditados no título. Após encerrar o primeiro turno com vitória por 3 a 0 sobre o Talleres e triunfo por 2 a 1 sobre o rival Racing, a equipe começou o returno com derrota por 2 a 0 para o Rosario, fora. Pastoriza não admitia mais tropeços e tratou de colocar seu time nos trilhos nos jogos seguintes. Dito e feito, o Independiente venceu o Platense (2 a 0), arrancou um empate de 3 a 3 com o Boca, fora, e venceu o Ferro por 1 a 0, em casa, resultado que colocou o time na liderança. No entanto, a equipe voltou a empatar demais nas rodadas seguintes – 1 a 1 com o Unión, fora, 1 a 1 com o Racing de Córdoba, fora, e 1 a 1 com o Newell’s, em casa, além de perder para o San Lorenzo por 2 a 0, em casa, resultados que acenderam o alerta no time mais uma vez.
Era preciso uma sacudida para a liderança voltar a ser palpável. E, no dia 20 de novembro, debaixo de muita chuva em Buenos Aires, o Independiente visitou o River Plate em pleno estádio Monumental e venceu por 2 a 1. Foi uma vitória fundamental para os rojos acabarem de vez com os vices. Nas seis rodadas seguintes, acumularam três vitórias e três empates, tiveram equilíbrio, viram o Ferro tropeçar e chegaram na última rodada com a necessidade de uma vitória simples para celebrar um título tão desejado. E quis o destino que a data para aquilo acontecer fosse tão emblemática e sob circunstâncias únicas: o rival seria o Racing, que há quatro dias havia sido rebaixado pela primeira vez em sua história. Imagine só: o Independiente poderia ser campeão após dois vices seguidos sobre o maior rival e dias após a queda do mesmo para a B.
Feliz Navidad!
No dia 22 de dezembro de 1983, o estádio La Doble Visera estava lotado. Era dia de clássico. De um lado, um Independiente completo e pronto para ser campeão. Do outro, um Racing destruído moralmente com a queda para a segunda divisão. A torcida dos rojos via aquele momento como uma oportunidade para celebrar um título único, saboroso, histórico. E, claro, Bochini e companhia trataram de tornar a véspera de Natal dos torcedores simplesmente inesquecível. No finalzinho do primeiro tempo, Giusti fez 1 a 0. Aos cinco da segunda etapa, Trossero ampliou. Era o suficiente. Não era preciso golear. Eles já haviam goleado na técnica, nos passes, na velocidade, no futebol. O placar de 2 a 0 era mais do que suficiente. Ao apito do árbitro Carlos Espósito, o Independiente era campeão argentino, sacramentava sua vaga na Libertadores de 1984 e aumentava ainda mais a dor do rival. Aquela foi uma data emblemática para o torcedor rojo. Quase uma data religiosa para a rivalidade no clássico de Avellaneda.
O Independiente foi campeão após 36 jogos, 16 vitórias, 16 empates e apenas quatro derrotas, com 54 gols marcados e 38 sofridos (segunda melhor defesa). Burruchaga foi o artilheiro do time com 15 gols marcados e provou ser um dos mais destacados atletas do elenco. Bochini, claro, foi o maestro, a cadência, a visão, o camisa 10 de um time que merecia demais aquele título. Enfim, eles estavam de volta à América. Era hora do Rei mostrar sua força.
Só para gigantes
Em 1984, o Independiente se reforçou com as chegadas do atacante Barberón, cria das bases e que havia passado um tempo no futebol colombiano, e Bufarini, contratado junto ao Deportivo Armenio. Eles seriam os atacantes titulares do novo esquema do técnico Pastoriza, que colocou a Libertadores como objetivo principal da temporada. Com isso, o Campeonato Argentino – Nacional, disputado no primeiro semestre, foi deixado de lado. Também pudera, afinal, a competição continental da época não era para qualquer um. Só se classificavam os campeões e/ou vice-campeões de cada país. Era muito mais difícil chegar até ela e vencê-la.
Naquele ano, os classificados eram equipes de peso que tornavam a disputa totalmente imprevisível. Além do Independiente, havia clubes como Estudiantes (campeão argentino do torneio Nacional de 1983), Flamengo (campeão brasileiro de 1983), Santos (vice-campeão brasileiro), Grêmio (campeão da Libertadores de 1983), Universidad Católica (campeã da Copa Chile), América de Cali (campeão colombiano), Olimpia (campeão paraguaio), Danubio (campeão da Liguilla Pré-Libertadores e vice-campeão uruguaio) e Nacional (campeão uruguaio e vice-campeão da Liguilla Pré-Libertadores).
Na primeira fase, os clubes eram divididos em grupos compostos por times de dois países e apenas os campeões de cada grupo se classificavam. No grupo 1, estavam os times de Argentina e Paraguai. No 2, de Chile e Bolívia. No 3, de Brasil e Colômbia. No 4, de Uruguai e Equador. E no 5, de Venezuela e Peru. Só o Grêmio que tinha a vantagem de entrar na segunda fase, chamada de semifinal, composta por dois grupos com três times cada, com o campeão de cada grupo fazendo a final. Com isso, o Independiente teve pela frente o Estudiantes, o Olimpia e o Sportivo Luqueño.
A estreia foi contra o Estudiantes, em La Plata, um verdadeiro clássico devido a grande disputa entre ambos nos torneios nacionais naquele começo de década de 80. Num duelo bastante equilibrado, com chance de gols para ambos os lados, o empate em 1 a 1 foi bom para os dois, mas ainda mais para o Independiente, que fez seu gol com Barberón e jogou melhor a segunda etapa. No duelo seguinte, também fora de casa, os rojos venceram o Sportivo (que tinha em sua meta José Luis Chilavert) no Paraguai por 1 a 0, gol de Burruchaga. No último jogo do turno, derrota por 1 a 0 para o Olimpia, fora, a qual seria a única do time na competição.
No returno, com todos os jogos em casa, o Independiente foi absoluto. Primeiro, venceu o Sportivo por 2 a 0 (gols de Marangoni e do reserva Merlini). Depois, goleada de virada pra cima do Estudiantes por 4 a 1, com dois gols de Bochini (um deles um golaço por cobertura), um de Burruchaga e outro de Barberón. Para fechar a campanha, uma outra grande vitória de virada: 3 a 2 sobre o Olimpia, com gols de Marangoni, Burruchaga e Bufarini. Independiente e Olimpia terminaram com os mesmos nove pontos, mas a vantagem no saldo de gols do rojo (construída graças a goleada sobre o rival Estudiantes) foi fundamental para classificar os argentinos.
Em seis jogos, foram quatro vitórias, um empate, uma derrota, 11 gols marcados (o Olimpia fez apenas oito) e cinco sofridos. Os jogos do returno da equipe foram amplamente elogiados pela mídia argentina pelo domínio de bola da equipe, a consistência do meio de campo e a velocidade do ataque, além das partidaças de Bochini. O tal do “quadrado mágico” Giusti-Marangoni-Bochini-Burruchaga funcionava muitíssimo bem. Aquele esquadrão chegava com reais chances de ir à final.
“De volta ao lar”, nove anos depois!
Na segunda fase, o Independiente passou longe dos brasileiros Grêmio e Flamengo e teve pela frente Nacional-URU e Universidad Católica-CHI no Grupo A. Assim como na primeira fase, o Independiente iria disputar os primeiros jogos fora de casa. Com isso, a tática de arrancar no mínimo um empate em ambos foi aplicada. E concluída. No primeiro duelo, contra os uruguaios em Montevidéu, empate em 1 a 1, com o gol dos rojos anotado por Barberón.
Em seguida, empate sem gols contra os chilenos. No returno, vitória por 2 a 1 sobre a Universidad (gols de Bufarini e Burruchaga) mesmo debaixo de um verdadeiro dilúvio em Buenos Aires, e triunfo suado de 1 a 0 sobre o Nacional (gol de Burruchaga), vitória que colocou o Independiente na decisão da Libertadores depois de nove anos de ausência. “La séptima” era possível! No entanto, o adversário seria muito, mas muito complicado: o Grêmio, campeão da América e do mundo no ano anterior.
O show do Rey
No dia 19 de julho, no Pacaembu, Grêmio e Flamengo duelaram em uma partida extra para definir qual equipe iria enfrentar o Independiente na decisão. Como acabaram com o mesmo número de pontos, os times brasileiros se enfrentaram com o Grêmio precisando apenas do empate por causa do saldo de gols. Pois é. Mesmo com os gaúchos com mais saldo, eles tiveram que disputar uma nova partida para “desempatar” a disputa com o Flamengo. Diga, caro leitor (a), se os regulamentos das Libertadores passadas não eram simplesmente patéticos, para dizer o mínimo?!
Pois bem, após 120 minutos (ainda teve prorrogação…), o jogo terminou 0 a 0 e o Grêmio só confirmou uma vaga que lhe era de direito. Naquele dia, José Pastoriza estava no Pacaembu e viu o que precisava fazer para derrotar o tricolor, que baseava suas ações na força de De León, na zaga, no toque do meio de campo e na velocidade de Renato pela direita.
No dia 24 de julho, em Porto Alegre, o Olímpico estava lotado para ver uma vitória do Grêmio. Ninguém esperava outro resultado. Talvez, no mais trágico cenário, um empate. No entanto, o que se viu naquele dia foi uma verdadeira aula de futebol do Independiente. Pastoriza disse para Enrique, lateral-esquerdo, anular Renato. Ele o fez. Com perfeição. O habilidoso ponta gremista não fez absolutamente nada. Do outro lado, Clausen destroçou qualquer ação de Tarciso. Eram laterais rápidos e marcadores plenos. Não se importavam em ir até a linha de fundo. Eles fechavam lá atrás para o quadrado mágico tomar conta do ataque. Pastoriza também fez com que seu time reduzisse os espaços do Grêmio, atacando-o lá no campo de defesa para atordoar o soberbo De León.
Depois de apenas cinco minutos com a bola em seus pés, o time da casa passou de dominador para dominado. O Independiente tratou a redonda com carinho, tocava de um lado para o outro, parava, acelerava. Aos 24’, De León tocou para frente, mas Marangoni interceptou com um chute. A bola foi parar nos pés de Bochini, o maestro. Ele cadenciou. Esperou. O rei de “La Pausa” olhou Burruchaga e tocou. O meia entrou na área tricolor como um foguete e marcou um lindo gol: 1 a 0. O Grêmio tentou responder, mas, nas chances que teve, não conseguiu passar por Goyén, intransponível no gol.
Na segunda etapa, o rojo seguiu com a autoridade de um time hexacampeão da América em busca do sétimo título. Continuou com sua cátedra. Ocupando cada espaço do gramado do Olímpico. Ganhando todas na defesa com sua dupla de zaga. Chegava ao ataque e só não fazia mais por causa do goleiro tricolor, da trave e de uma ligeira falta de pontaria. Antes mesmo do fim do jogo, o estádio aplaudiu aquele partidaço dos argentinos. Aos jogadores gremistas, restava a certeza de que eram inferiores. Como bem disse Bochini: “quando começou a partida, nos vaiaram. Ao final, as 80 mil pessoas nos aplaudiram em pé. Tínhamos que ter vencido por 5 a 0. Foi um baile”. Foi mesmo. Foi um monólogo. Uma aula escrita em vermelho. Até De León, zagueiro gremista, salientou a qualidade do rival naquela partida:
“Em uma ação, tocaram a bola 12 vezes e a jogada terminou com a bola no travessão. O Independiente nos atropelou. Tinha um timaço e a magia de Bochini”. – Hugo De León, em entrevista ao Clarín.com (ARG), 23 de agosto de 2011.
No dia seguinte, o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, deu nota 10 para todos os jogadores do Independiente. Eduardo Rafael, jornalista da tradicional revista El Gráfico (ARG), disse que a atuação do Independiente foi “superlativa” e que “em anos de cobertura futebolística poucas vezes viu uma superioridade tão notável em uma final como aquela”.
Heptacampeões!
Apenas três dias depois do duelo no Olímpico, La Doble Visera viu um duelo mais parelho do que o jogo anterior, com o Grêmio mais seguro na defesa e o Independiente sem se arriscar muito no ataque. Com isso, a partida foi baseada na marcação, na luta e na tática. O goleiro João Marcos, do Grêmio, salvou o tricolor em várias chances – principalmente em uma chegada de Burruchaga -, e o 0 a 0 não saiu do placar. Ao apito do árbitro, eis que a torcida do rojo soltou o grito de “campeón!” entalado na garganta desde 1975. O Independiente reconquistava a América com categoria, autoridade e futebol. Para muitos, aquele esquadrão era tão bom ou superior que o próprio Independiente tetra nos anos 70 ou o time bicampeão nos anos 60.
O técnico Pastoriza entrava na história, também, como um dos privilegiados a vencer a Libertadores como jogador e técnico. E Bochini, o maestro, acumulava sua quinta Libertadores na carreira. A campanha do rojo foi incontestável: 12 jogos, sete vitórias, quatro empates e apenas uma derrota, com 16 gols marcados e sete gols sofridos. Burruchaga, com seis gols, foi o artilheiro do time na competição, apenas dois gols a menos do que Tita, do Flamengo, artilheiro geral. Com incríveis sete taças, o Independiente ganhava de vez a condição de Rey de Copas, o maior campeão da Libertadores e com a invejável marca de sete vitórias nas sete finais disputadas, um desempenho superior até mesmo que do Real Madrid, “rei da Europa”, que na época já havia perdido as finais continentais de 1962, 1964 e 1981.
Vale lembrar que, até hoje, só na América do Norte e Central, Oceania e Ásia existem clubes com desempenho semelhante ao do Independiente em finais das principais competições continentais. O América-MEX venceu as sete finais de Liga dos Campeões da CONCACAF que disputou (1977, 1987, 1990, 1992, 2006, 2015 e 2016), bem como o Pachuca-MEX, que venceu as cinco que disputou (2002, 2007, 2008, 2010 e 2017). Na Oceania, o Auckland City-AUS venceu as nove finais de Liga dos Campeões da OFC que disputou (2006, 2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017), todas neste século XXI. E, na Ásia, o sul-coreano Pohang Steelers venceu as três finais disputadas na Liga dos Campeões da AFC (1997, 1998 e 2009).
Pela honra e orgulho, campeão mundial
O título da América deu ao Independiente o direito de disputar a final do Mundial Interclubes de 1984, no Japão, contra o campeão europeu. E, mais do que um título, eles queriam vencer pelo povo argentino. Motivo? Os rojos iriam encarar o Liverpool, da Inglaterra, país que havia derrotado a Argentina na Guerra das Malvinas de 1982. Seria o primeiro confronto de um time argentino contra uma equipe inglesa após a fatídica guerra. Uma final muito além do futebol. Política. Carlos Goyén, goleiro do Independiente, comentou sobre aquela ocasião ao Diário Castellanos (ARG), em 2004. Mesmo uruguaio, ele já tinha uma vida na Argentina e laços muito fortes com o país.
“Era mentira quando diziam que o futebol se separava da guerra, que esse sentimento que tínhamos por dentro não iria nos afetar. Sabíamos que deveríamos superá-lo, controlá-lo. Mas uma guerra é algo muito forte, doloroso, que deixa feridas que jamais se fecharão por completo. E, naquele ano, elas estavam abertas. Na Argentina, foi algo inédito, algo que só se passava na Europa e que víamos pela TV ou em filmes. E, de repente, esse absurdo chegou até aqui e nos vimos frente a frente com os ingleses brigando por algo que sempre tivemos como próprio. Perdemos. Perdemos a guerra e muitos filhos. Todos tínhamos algum amigo ou conhecido que deixou a vida nas ilhas. As pessoas nos paravam na rua e diziam para vencermos aquela partida, que era o primeiro choque entre argentinos e ingleses após a guerra. Era como uma vingança. Era impossível esse sentimento não nos afetar. Por isso trabalhamos para dominá-lo”. – Carlos Goyén, goleiro do Independiente em 1984, em entrevista ao Diário Castellanos (ARG), 24 de dezembro de 2004.
Felizmente, em campo, Goyén e seus companheiros não usaram da violência para com os ingleses, nem os ingleses para com os argentinos. Era um dia de sol e céu azul no Japão. O gramado não estava lá muito bom, mas as mais de 60 mil pessoas nas arquibancadas faziam uma grande festa, com cornetas e entusiasmo. O Liverpool era um dos grandes esquadrões da Europa naquela época, enfileirava taças desde 1975 e já tinha quatro Liga dos Campeões conquistadas em 1977, 1978, 1981 e 1984. No entanto, os ingleses não tinham nenhuma taça do Mundial. Na última chance que tiveram de conquistá-la, em 1981, perderam para o Flamengo de Zico num jogo histórico do rubro-negro (leia mais clicando aqui). Calejada, a equipe de Joe Fagan e de jogadores como Bruce Grobbelaar, Phil Neal, Kenny Dalglish e Ian Rush queria a taça de uma vez por todas.
Mas, do outro lado, estava um Independiente igualmente copeiro, que queria seu segundo título mundial e o primeiro de um clube argentino no Japão. Quando o jogo começou, a bola foi disputada de maneira viril pelas equipes, com a marcação muito bem implantada pelos treinadores, que fizeram questão de anular cada estrela adversária. Do lado rojo, Villaverde “colou” em Ian Rush e não deixou o centroavante aprontar das suas. Trossero e Enrique davam combate às investidas de Dalglish. Nos reds, o meio de campo trabalhava muito bem com uma marcação concentrada em Bochini, com John Wark e Jan Molby mais contidos no camisa 10. Embora logo no início do jogo Enrique e Craig Johnston tenham se estranhado, o jogo milagrosamente correu bem, sem faltas ou jogadas ríspidas. E, aos seis minutos, Marangoni deu um lindo passe para Percudani, que correu livre e deu um toque na saída do goleiro para marcar o primeiro gol argentino: 1 a 0.
Festa no Japão. E por toda Argentina, que vibrava por seus filhos como seu fosse uma Copa do Mundo. A partir dali, Pastoriza pediu para seus comandados não se arriscarem tanto no ataque e se defenderem. A vantagem era deles. Quem tinha que correr, agora, era o Liverpool. Os ingleses tentaram de todas as maneiras, mas o sistema defensivo e o toque argentino foram impecáveis. Trossero e Villaverde pareciam duas torres. Ganhavam todas no jogo aéreo, algo impressionante e já visto na Libertadores daquele ano.
Ao apito final do árbitro brasileiro Romualdo Arpi Filho, a festa no Japão foi “roja”, e não “red”. O Independiente era bicampeão mundial de futebol. Vencia o primeiro embate contra ingleses após a guerra. E cicatrizou, ainda que por um breve momento, a ferida no orgulho argentino. Percudani, o autor do gol, ganhou também o prêmio de Melhor Jogador da partida. Uma curiosidade é que ele quase não foi incorporado ao elenco naquele ano, pois teve que prestar o serviço militar e só foi liberado após um comandante fanático pelo Independiente dar-lhe liberação para voltar a jogar.
Com Bufarini no time titular, ele teve que esperar alguns meses até ganhar sua chance. Ela veio. E o título também! Os ingleses reconheceram a vitória argentina após o jogo. Segundo o técnico Joe Fagan, em relato ao The Times (ING), no dia 10 de dezembro de 1984:
“O Independiente foi um time muito bom defensivamente e nós não conseguimos encontrar um jeito de marcar. O clima estava ideal e tínhamos as mesmas condições físicas que eles. Os sul-americanos têm um melhor controle de bola do que o nosso. Estou desapontado com o resultado, mas não com o que foi mostrado”.
Enfim, o Independiente chegava ao topo do mundo. Porém, aquela taça lá no Oriente seria o fim de uma era.
À espera de um novo romance
Em 1985, o Independiente teve o caminho rumo ao oitavo título da Libertadores encurtado por ser o campeão da edição anterior e já entrou na segunda fase. No entanto, a equipe acabou de fora ao perder por 2 a 1 para o surpreendente Argentinos Juniors (leia mais clicando aqui). Estrelas das conquistas de 1983 e 1984 saíram e o time não conseguiu mais retomar a coroa na Libertadores. O fato é que aquele Independiente ficou marcado por colocar o clube num patamar impressionante no futebol sul-americano. Em um posto que lhe fez mudar até o nome de seu reformulado estádio para Estádio Libertadores de América, além de nomear a rua principal do mesmo para “calle Ricardo Enrique Bochini, 751”.
Jogando um futebol de autoridade, técnica e ao mesmo tempo brio, ele mostrou como conquistar títulos jogando em territórios hostis. A maior prova da qualidade do time foi que, do selecionado argentino campeão do mundo na Copa de 1986, quatro jogadores foram convocados: Bochini, Clausen, Giusti e Burruchaga. Do chamado “quadrado mágico”, só Marangoni ficou de fora (mesmo sendo mais técnico que Batista e Olarticoechea) por opção de Bilardo. E, no time titular que bateu a Alemanha na decisão, lá estavam Giusti e Burruchaga, e este fez o gol do título mundial da albiceleste, num lance bem parecido com aquele do baile sobre o Grêmio em 1984.
Quase quatro décadas já se passaram e nunca mais o clube voltou a uma final de Liberta. Mesmo assim, ele segue intacto em seu trono. Nem Boca, nem Peñarol, nem Estudiantes, nem São Paulo, nem Santos, nem ninguém. O Independiente segue como o maior vencedor da história da Copa Libertadores da América. E a torcida espera que continue assim por muito tempo, mas com uma quantidade maior o mais rápido possível.
Os personagens:
Carlos Goyén: o uruguaio se transformou em um dos maiores ídolos do rojo e ficou extremamente identificado com o clube. Disputou mais de 200 jogos entre 1981 e 1985 e demonstrava muita segurança em sua meta. Levava poucos gols e tinha muita agilidade, além de agarrar firme os chutes dos adversários graças a sua experiência adquirida nos tempos em que praticava basquete. Deixou o rojo para jogar no futebol colombiano, mas voltou à Argentina e não saiu mais de lá mesmo após a aposentadoria.
Néstor Clausen: marcador implacável, era um clássico defensor da escola argentina, com boa antecipação, seguro e ótima chegada ao campo ofensivo. Cria do Independiente, jogou por lá de 1980 até 1988, disputando cerca de 260 partidas pelo rojo. Suas grandes atuações o levaram à seleção, pela qual disputou 26 partidas na carreira. Era titular no time de Bilardo e jogou na partida contra a Coreia do Sul na Copa do Mundo de 1986, mas perdeu o posto por causa da mudança no esquema tático promovida pelo treinador. Mesmo assim, foi campeão do mundo com a albiceleste, título que ele somou ao conquistado pelo Independiente em 1984.
Rodolfo Zimmermann: podia jogar nas duas laterais, mas se destacava mais pela direita. Muito bom na marcação, foi titular em boa parte da campanha do título nacional de 1983 e em vários jogos da Libertadores.
Hugo Villaverde: técnico, ágil, rápido e impecável nas jogadas aéreas, além de saber sair jogando e de antever as ações dos adversários. Villaverde foi um dos maiores zagueiros da história do Independiente e também do futebol argentino. Ao lado de Trossero, compôs a melhor dupla de zaga da história do clube e do futebol argentino naquela época. Sempre comedido, raramente dava entrevistas ou falava com a imprensa. Preferia escutar e fazer seu trabalho. Disputou mais de 400 partidas pelo clube de 1975 até 1989 e encerrou a carreira no próprio rojo. Por não ser tão forte fisicamente, se lesionava com facilidade e, por isso, acabava preterido na seleção argentina, pela qual disputou apenas seis partidas na carreira.
Pedro Monzón: o defensor jogou 11 anos no Independiente e foi titular em vários jogos. Era firme na marcação e não dava moleza para os adversários. Tanta “vontade” causava algumas expulsões. Por causa disso e da concorrência com Villaverde, só jogava quando este estava machucado ou por opção do técnico.
Enzo Trossero: jogador clássico, de temperamento forte, ídolo da torcida, capitão de uma era inesquecível, ótimo no jogo aéreo e na marcação, além de chutar bem de longa distância. Trossero foi outro símbolo daquele Independiente campeão. Jogou no clube de 1975 até 1979 e de 1982 até 1985. Nos dois períodos, sempre teve ao seu lado Villaverde, com o qual formava uma dupla incrível no setor defensivo. É um dos dez jogadores com mais jogos pelo clube: 341 jogos. Disputou, também, 28 partidas pela seleção, mas não foi para a Copa de 1986. Com vocação ofensiva, marcou quase 100 gols na carreira, um número notável.
Carlos Enrique: cria de Avellaneda, jogou de 1982 até 1988 no Independiente e ganhou o apelido de “El Loco” pelo jeito temperamental e pela garra que demonstrava em campo. Não dava nenhuma bola como perdida e dominava seu campo como se não houvesse amanhã. Foi com essa gana que ele anulou Renato Gaúcho nas finais da Liberta de 1984. Após sua passagem pelo Independiente, jogou no River, pelo qual ganhou suas primeiras convocações para a seleção.
Ricardo Giusti: outro ídolo histórico do rojo, disputou mais de 330 jogos com a camisa do clube e foi um dos mais brilhantes meio-campistas dos anos 80. Foram 11 anos de Independiente – de 1980 até 1991 – e grandes atuações. Técnico, bom passador e com grande visão de jogo, era muito importante na parte tática tanto para o técnico Pastoriza quanto para Bilardo, que fez de Giusti um de seus titulares na Copa do Mundo vencida pela Argentina em 1986.
Claudio Marangoni: elegante, de grande presença física e muito técnico, foi outro que se destacou jogando naquele Independiente imortal. Com ótima precisão nos chutes de média e longa distância, bons lançamentos e visão, dava muita qualidade ao setor de meio de campo daquele esquadrão. Jogou de 1982 até 1988 no clube, disputando mais de 230 partidas. Uma pena que tenha ficado de fora da Copa de 1986, pois seria muito útil para o técnico Bilardo. Após a aposentadoria, virou empreendedor nas áreas de esportes, saúde, recreação e educação.
Ricardo Bochini: o que dizer do homem que jogou durante toda a carreira no Independiente, de 1972 até 1991? De um homem que venceu cinco Libertadores. Que venceu dois Mundiais. Que é o jogador com mais títulos da história do clube – 13 taças. Que é o que mais vestiu a camisa do rojo na história – 714 no total. Do quarto maior artilheiro da história do clube com 108 gols. Do jogador que virou nome da rua do estádio que ele ajudou a rebatizar por causa da quantidade de Libertadores que ganhou? Enfim, não há como sintetizar o genial Ricardo Bochini, maior patrimônio da história do Independiente e um dos mais talentosos jogadores da história do futebol argentino e mundial. Ele era o autêntico camisa 10, capaz de mudar uma partida com um passe, um lançamento. Ele mesmo dizia que preferia ver um companheiro celebrar um gol do que ele mesmo fazer o seu. Ídolo de Maradona, foi para a Copa do Mundo de 1986 muito por causa do próprio Dieguito, que sabia que ele merecia estar no elenco.
Dito e feito. Bochini não foi titular, mas jogou alguns minutos contra a Bélgica, o suficiente para trocar passes com Maradona, um momento mágico para a história dos Mundiais. Teve uma longa carreira pela seleção, mas acabou de fora das Copas anteriores por indiferenças com os técnicos e por lesões. Mesmo assim, disputou 28 partidas entre 1973 e 1986 (12 anos, nove meses e dois dias, até o exato jogo contra a Bélgica no Mundial de 1986), uma das mais longas carreiras internacionais da história. Foi um craque imortal. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Jorge Burruchaga: era, antes de tudo, um jogador com muita estrela. E polivalente, capaz de jogar avançado ou mais recuado, ajudando na marcação. Rápido, técnico e preciso, Burruchaga foi outro jogador emblemático dos anos 80 no futebol argentino e fundamental nos títulos e glórias do Independiente. Ele atuava como um falso ponta-direita no esquema do técnico Pastoriza, e voltava para ajudar na marcação. Solidário, dava passes e preenchia muito bem os espaços vazios com seu ótimo senso de colocação. Foi assim que ele marcou vários gols no Campeonato Argentino vencido pelo rojo, em 1983, e na Libertadores, quando apareceu como um foguete e fuzilou o Grêmio na decisão. Como num repeteco de 1984, deixou o seu na finalíssima da Copa do Mundo contra a Alemanha e deu o título mundial para a Argentina. Jogou de 1982 até 1986 no Independiente e marcou 79 gols em pouco mais de 240 jogos pelo clube.
Sergio Bufarini: foi centroavante entre 1984 e 1985 no Independiente. Ofuscado pelo talento dos companheiros, não apareceu muito, mas ainda sim teve sua importância na conquista da Libertadores com gols importantes na primeira e segunda fases. Brigador, abria espaços para Barberón e Burruchaga no ataque.
José Percudani: o jovem atacante perdeu espaço no time titular após a chegada de Bufarini e também por causa do já citado serviço militar, mas ganhou a confiança do técnico Pastoriza até o Mundial e embarcou para o Japão. Foi titular, mostrou estrela e marcou um dos gols mais importantes da história do Independiente: o do título mundial em cima do Liverpool. Era rápido, oportunista dentro da área e conseguia se desvencilhar com facilidade dos marcadores. Jogou em Avellaneda de 1982 até 1988. Vestiu a camisa da Argentina em cinco oportunidades.
Gabriel Calderón: começou a carreira como um ponteiro esquerdo rápido, com bom domínio de bola e precisão nos arremates. Depois, virou um jogador de cadência, atuando mais como meia. No Independiente, jogou de 1981 até 1983 e ajudou a equipe na conquista nacional de 1983, atuando ora como atacante, ora mais recuado. Vestiu a camisa da Argentina em duas Copas: 1982 e 1990.
Alejandro Barberón: atacante com boa velocidade e técnica, é recordista em gols em competições internacionais pelo Independiente na história, ao lado de Bochini, com 11 tentos. Fez uma ótima Libertadores e foi um dos destaques do time. Chegou em 1978 ao clube com a missão de substituir o ídolo Bertoni e não decepcionou. Ficou até 1982, foi jogar na Colômbia, e voltou em 1984 para ser campeão da América e do mundo.
Carlos Morete: foi um dos poucos atacantes a ser artilheiro de um campeonato nacional vestindo a camisa do rojo na história. Aconteceu em 1982, quando “El Puma” marcou 20 gols. Ficou apenas de 1982 até 1983, mas o suficiente para esse feito e para vencer o campeonato nacional de 1983, já sem o faro artilheiro de antes.
Enrique Sánchez: não era titular absoluto, mas atuou em alguns jogos da campanha do título nacional de 1983. Jogou de 1981 até 1986 no clube, atuando em pouco mais de 40 partidas. Costumava abrir espaços para os companheiros ao invés de marcar gols.
José Omar Pastoriza (Técnico): uma lenda em Avellaneda, Pastoriza armou um time forte, coeso e equilibrado que acabou com o estigma de vices e deu ao torcedor glórias inesquecíveis. Adepto de um modo de jogo baseado no toque de bola envolvente e na marcação plena, bateu adversários fortíssimos, viu seu time levar poucos gols e raramente ser derrotado. Em 1984, venceu um problema no coração para levar o rojo aos títulos da América e do mundo com imensa categoria. É um dos poucos a vencer a Libertadores como técnico e jogador. Foi, também, o técnico com mais títulos no comando do rojo na história – seis taças. Em agosto de 2004, o coração de Pastoriza parou definitivamente, mas seu legado segue intacto em Avellaneda.
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MAIS UMA EXCELENTE MATÉRIA. EM TERMOS DE COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA E COPA AMÉRICA NOSSOS RIVAIS SUL AMERICANOS AINDA ESTÃO BEM A NOSSA FRENTE. GOSTARIA DE VER TAMBÉM OS JOGOS LANUS 1 X 4 ATLETICO MINEIRO ONDE O TIME DO GALO FOI COVARDEMENTE AGREDIDO E A IMPRENSA BRASILEIRA NÃO DEU O VERDADEIRO DESTAQUE A ESSA SELVAGERIA DOS ARGENTINOS QUE QUANDO VEM AO BRASIL SÃO BEM RECEBIDOS. MAIS UMA VEZ PARABENS. SOU DA OPINIÃO QUE VOCES DEVERIAM ESCREVER UM LIVRO COM VARIOS FOTOS DE TODO ESSE VASTO MATERIAL QUE POSSUEM, UMA VERDADEIRA ENCICLOPÉDIA.
Obrigado pelos elogios e sugestões, Dirvan! 😀
Melhor enciclopédia do futebol, gostaria de ver do Xabi Alonso, Philip Lahm e Andrea Pirlo
Otimo Texto , estava muito afim de ler um texto sobre esse Independiente 83-84.
Queria deixar tambem uma sugestão para um futuro texto . Estudiantes 3 x 3 Grêmio 1983 , jogo conhecido como a batalha de la plata