Grandes feitos: Campeão Invicto da Recopa da UEFA (1993-1994), Bicampeão do Campeonato Inglês (1988-1989 e 1990-1991), Campeão do Troféu Centenário da FA (1988-1989), Campeão da Copa da Inglaterra (1992-1993), Campeão da Copa da Liga Inglesa (1992-1993) e Campeão da Supercopa da Inglaterra (1991). Encerrou um jejum de 18 anos sem títulos no Campeonato Inglês e conquistou o primeiro título da UEFA da história do clube.
Time-base: David Seaman (John Lukic); David O’Leary; Lee Dixon, Tony Adams, Steve Bould (Andy Linighan) e Nigel Winterburn (Kenny Sansom); Paul Davis (Kevin Richardson / Martin Keown), Michael Thomas (Ray Parlour / Ian Selley), David Rocastle (Steve Morrow / John Jensen) e Paul Merson (Martin Hayes / Brian Marwood / Anders Limpar); Alan Smith (Kevin Campbell / Ian Wright). Técnico: George Graham.
“Gunners of Europe”
Por Guilherme Diniz
Dentre os considerados grandes clubes da Inglaterra, o Arsenal é o que mais sofre com a concorrência quando o assunto é título continental. Mesmo com vários esquadrões ao longo de sua história, os Gunners jamais venceram a Liga dos Campeões da UEFA ou mesmo a Liga Europa, embora oportunidades não tenham faltado. Só que muita gente não sabe que os alvirrubros têm, sim, um título europeu. Ele data da temporada 1993-1994 e foi a cereja do bolo de uma das mais gloriosas e emocionantes eras do clube londrino. Naquela época, o Arsenal levantou a Recopa da UEFA, então segunda competição mais importante do continente. E o fez de maneira invicta, derrotando na decisão o forte Parma-ITA de Sensini, Benarrivo, Crippa, Brolin, Asprilla e Zola.
Mas aquele esquadrão fez muito mais. Entre 1988 e 1994, foram sete títulos e o fim do jejum de 18 anos sem conquistas no Campeonato Inglês, hiato encerrado em uma das mais lendárias partidas da história do torneio: a vitória por 2 a 0 sobre o concorrente direto, o Liverpool, na última rodada e pelo exato placar necessário para o troféu dos Gunners, com o gol da vitória nos segundos finais do jogo e dentro de Anfield Road, contrariando qualquer prognóstico das apostas na época e como vemos hoje no https://cassinohex.com/casas-de-apostas/. Foram tempos espetaculares em Highbury, com uma famosa linha defensiva conhecida como “The Famous Back Four”, talentosas crias das categorias de base e o técnico George Graham, que forjou a base para o estrelato que o Arsenal iria atingir no começo dos anos 2000. É hora de relembrar.
Pelo fim do jejum
O Arsenal via a década de 1980 chegar ao fim sem gritar “é campeão” uma única vez. Os londrinos ainda recordavam a glória da Copa da Inglaterra de 1978-1979 como última grande taça e acompanharam clubes como Liverpool, Manchester United e Everton celebrarem taças e mais taças no período. Até mesmo o Aston Villa conseguiu naquela década uma glória na Liga dos Campeões da UEFA em 1981-1982. Sem qualquer perspectiva, a diretoria viu Don Howe deixar o comando técnico do clube e teve que começar a busca por um treinador que pudesse mudar a mentalidade do elenco e ter novas ideias. O primeiro nome no radar foi Terry Venables, do Barcelona, sem sucesso. Depois, eles fizeram uma oferta para o escocês Alex Ferguson, que vinha de um trabalho brilhante no Aberdeen-ESC e estava dirigindo temporariamente a seleção da Escócia após a morte de Jock Stein. Ferguson optou por esperar o fim da Copa do Mundo de 1986 para dar uma resposta, mas a ansiosa diretoria do Arsenal optou por conversar com George Graham, ex-jogador do próprio Arsenal e que havia feito um satisfatório trabalho no modesto Millwall.
Após uma reunião com a diretoria dos Gunners, Graham foi contratado para assumir o clube em maio de 1986, ano que marcava o centenário de fundação do Arsenal. Era o momento ideal para a mudança, por tempos melhores e acabar de vez com a hegemonia de Liverpool e Everton no futebol inglês – os rivais de Merseyside polarizaram os títulos na primeira divisão de 1981-1982 até 1987-1988. Graham era conhecido pelo jeito descontraído nos tempos de jogador, mas a faceta mudou completamente quando ele passou para o outro lado do campo.
Disciplinador, o técnico impôs uma metodologia de ordem, ética no trabalho e foco nos resultados desde seu primeiro dia no comando dos Gunners. Sua grande virtude eram as energéticas preleções nos vestiários que mudariam completamente o comportamento dos jogadores. A fim de ter o grupo em suas mãos, Graham viu que alguns nomes não tinham o “espírito” que ele buscava e dispensou logo de cara os atletas que não via como “agregadores”, tais como Paul Mariner, Tony Woodcock, Stewart Robson e Tommy Caton.
A prioridade de Graham seriam os jovens revelados na base, em especial Tony Adams, defensor de exímio talento que seria um dos maiores ídolos da história do clube, o ponta Martin Hayes, o atacante Niall Quinn e os meio-campistas Michael Thomas e David Rocastle. E a primeira temporada de Graham no comando do Arsenal trouxe frutos rapidamente. Com Martin Hayes em grande fase e artilheiro do time com 24 gols na temporada 1986-1987 (sendo 19 gols no Campeonato Inglês), o Arsenal terminou em 4º lugar a primeira divisão, teve a melhor defesa com 35 gols sofridos em 42 jogos e venceu a Copa da Liga Inglesa derrotando o Liverpool na decisão por 2 a 1, em Wembley.
Ian Rush, do Liverpool, abriu o placar, mas Charles Nicholas virou e deu o título ao Arsenal, que acabou com o amargo jejum de troféus de quase uma década – justamente em seu centenário. Além disso, o Arsenal conseguiu quebrar uma curiosa escrita dos Reds: foi a primeira vez depois de 144 jogos que o Liverpool perdeu um jogo no qual Ian Rush marcou um gol! Isso mesmo! Nos últimos 144 jogos que o atacante havia anotado pelo menos um gol, o Liverpool não havia perdido!
Na temporada seguinte, os Gunners tiveram que ir em busca de um lateral-direito após a venda de Viv Anderson para o Manchester United e contrataram Nigel Winterburn, ex-Wimbledon, além do atacante Alan Smith, ex-Leicester City. Com os reforços, o Arsenal tentou seguir no pelotão de frente do Campeonato Inglês, mas a equipe ficou apenas na sexta colocação, com o Liverpool mais uma vez campeão. Nem as 10 vitórias seguidas conquistadas da 4ª até a 15ª rodada foram suficientes para o fim do jejum na First Division.
A torcida ainda viveu a expectativa do bicampeonato na Copa da Liga Inglesa após o Arsenal eliminar o Everton na semifinal com duas vitórias (1 a 0, fora de casa, e 3 a 1, em casa) e chegar à final contra o modesto Luton Town. A chance dos londrinos ficarem com o título era gigantesca diante das mais de 95 mil pessoas em Wembley, mas os azarões do Luton Town aprontaram. Logo aos 13’, Brian Stein fez 1 a 0 e o placar seguiu assim até metade do segundo tempo, quando Hayes, aos 26’, e Alan Smith, aos 29’, viraram o jogo. Bicampeonato garantido? Nada… Daniel Wilson, aos 37’, e Brian Stein, aos 45’, decretaram a nova virada para 3 a 2 e o título ficou com os Hatters (apelido que tem a ver com a histórica relação da cidade de Luton na produção de chapéus – hat making), que celebraram sua primeira grande conquista em mais de 100 anos de história na época – até hoje é o maior troféu do clube. A derrota foi uma das mais desastrosas do Arsenal, mas serviu como combustível para o técnico Graham motivar o elenco a dar a volta por cima.
Campeões do Centenário
Já no final da temporada 1987-1988, o Arsenal se reforçou ainda mais com as chegadas dos defensores Lee Dixon e Steve Bould, dupla que iria completar o paredão defensivo do time nos anos seguintes. O técnico Graham promoveu ainda o defensor Tony Adams, de apenas 21 anos, como novo capitão, sucedendo o lateral Kenny Sansom, que estava de malas prontas para jogar no Newcastle United. Com a mesma base e o aprendizado de não cometer os erros que custaram o título da Copa da Liga Inglesa, o Arsenal foi em busca da coroa no Campeonato Inglês e também do Troféu Centenário da FA, uma rara edição disputada apenas no ano de 1988 em comemoração dos 100 anos da Football League. Participaram os oito melhores colocados na última edição do Campeonato Inglês, que se enfrentaram em duelos eliminatórios definidos por sorteio. Antes, os Gunners realizaram oito amistosos, venceram sete e empataram um, com destaque para os 3 a 0 sobre o Bayern München e um 4 a 0 pra cima do rival Tottenham.
O Arsenal, 6º colocado na temporada 1987-1988, enfrentou o Queens Park Rangers, 5º colocado, no Loftus Road, em Londres. A partida aconteceu em agosto de 1988 e foi um bom teste de preparação do elenco para a sequência da temporada. Com um gol de Tony Adams logo aos 3’ e outro de Marwood, aos 31’, os Gunners venceram por 2 a 0 e carimbaram a vaga na semifinal, onde tiveram pela frente o sempre perigoso Liverpool – um adversário que seria marcante para os londrinos naquela época. O jogo foi em Highbury, casa do Arsenal, e o time se impôs desde o início do jogo com um gol de Groves, aos 33’ da primeira etapa. No segundo tempo, Marwood deixou o dele mais uma vez e Staunton descontou para os Reds, mas o placar de 2 a 1 permaneceu e garantiu o Arsenal na decisão. O adversário final foi o Manchester United, em duelo no Villa Park, considerado a casa da Football League e inaugurado em 1897 (!).
Embora o torneio não tivesse o apelo esperado por mídia e torcida, o Arsenal sabia que uma conquista já naquele início de temporada iria ajudar bastante no moral do elenco e na corrida pelo título inglês. O técnico Graham disse na época que “se você vai entrar em uma competição, você tem que vencê-la”, provando que seu time queria, sim, conquistar o título. E, com gols de Paul Davis, aos 36’, e Michael Thomas, aos 40’ do primeiro tempo, o Arsenal venceu os Red Devils por 2 a 1 e se tornou o campeão do centenário da Football League. Foi a primeira taça erguida pelo novato capitão Tony Adams, embora ela não fosse lá tão bonita nem com a imponência que o torneio merecia. No entanto, era uma conquista simbólica e única, algo que nenhum outro clube da Inglaterra poderia ter. E, àquela altura, o impulso pela dura caminhada na primeira divisão.
Hora das batalhas
Os clubes ingleses ainda sofriam naquela temporada 1988-1989 a punição da UEFA pela Tragédia de Heysel e não podiam participar de qualquer competição continental. Com isso, eles tinham apenas os torneios nacionais no radar, deixando as disputas internas muito mais ferrenhas. O Liverpool, mais uma vez, era o favorito ao título para coroar uma década de ouro, mas que terminava com o sabor amargo de Heysel e que teria naquela temporada outra tragédia: em Hillsborough, quando 97 pessoas morreram durante uma partida semifinal da Copa da Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest. Do lado do Arsenal, George Graham tinha um time forte na defesa, com o quarteto Adams, Dixon, Bould e Winterburn, e também no ataque, no qual os destaques eram os meio-campistas David Rocastle, Michael Thomas e Paul Merson, que defendiam e apareciam muito bem no ataque para municiar de maneira plena o atacante Alan Smith. Era um time muito equilibrado e que podia, sim, brigar pelo troféu, com o cartão de visitas apresentado já na estreia com a goleada de 5 a 1 sobre o Wimbledon fora de casa.
No duelo seguinte, a equipe acabou perdendo em casa para o Aston Villa por 3 a 2, mas venceu na sequência o Tottenham, fora, por 3 a 2. Aliás, aquela seria uma curiosa tona do esquadrão de Graham na competição: eles venceriam mais duelos fora de Highbury do que dentro dele. O Arsenal só embalou a partir da 6ª rodada, quando venceu o West Ham por 4 a 1, fora, bateu o QPR por 2 a 1, em casa, empatou em 1 a 1 com o Luton Town, fora, e emendou quatro vitórias seguidas, com destaque para os 4 a 1 sobre o forte Nottingham Forest do técnico Brian Clough, fora de casa.
Entre a 13ª e 15ª rodadas, o time empatou dois jogos e perdeu um, mas venceu mais cinco partidas seguidas e manteve-se firme no topo da 17ª até a 36ª rodada, derrubando o Norwich City, que vinha em uma campanha surpreendente, para o segundo lugar. Só que o returno não foi tão bom, possibilitando a aproximação do Liverpool, que conseguiu bons resultados e começou a ameaçar os Gunners na tabela. Entre a 26ª e a 29ª rodadas, por exemplo, o Arsenal disputou quatro jogos seguidos em casa e só venceu um (2 a 0 sobre o Luton Town). Os empates diante do Millwall (0 a 0) e Charlton Athletic (2 a 2), e a derrota por 3 a 1 para o Nottingham Forest deixaram a disputa ainda mais parelha. O torcedor dos Gunners já temia pelo pior, ainda mais depois do time chegar a ficar 11 pontos na frente do Liverpool no começo do ano. E mais: o Liverpool permaneceu 18 jogos seguidos sem perder no Campeonato Inglês, uma série que começou no dia 03 de janeiro de 1989, na 20ª rodada, e foi até os 5 a 1 sobre o West Ham em 23 de maio, na 37ª rodada.
Da rodada 32 até a 35, o Arsenal ganhou sobrevida com quatro vitórias seguidas e sem levar gols: 2 a 0 no Everton (em casa), 1 a 0 no Newcastle (em casa), categórico 5 a 0 no Norwich (em casa) e 1 a 0 no Middlesbrough (fora). Faltando três rodadas para o fim, os alvirrubros tropeçaram de novo na derrota para o Derby County por 2 a 1, em casa, e empataram em 2 a 2 com o Wimbledon também dentro do Highbury, perdendo a liderança para o Liverpool e chegando à última rodada com uma chance remotíssima de título.
Os Gunners teriam pela frente exatamente o Liverpool, fora de casa, em Anfield Road. Os Reds tinham 76 pontos contra 73 do Arsenal. O Liverpool só precisava vencer ou empatar para ser campeão. E podia até perder por um gol de diferença. Por outro lado, para o título ficar com o Arsenal, os comandados de George Graham teriam que vencer de duas maneiras:
- Por três gols ou mais para garantir o troféu pelo saldo de gols;
- Por exatos dois gols para garantir o troféu pelo critério de gols marcados.
Praticamente uma missão impossível. O Liverpool não perdia por dois gols ou mais em Anfield há três anos. Em sua casa, o time de Merseyside tinha na época uma impressionante fama de invencível, algo reconhecido até pelos rivais e muito por causa dos tantos títulos que o clube empilhava desde 1975. Toda vez que os atacantes John Aldridge e Ian Rush jogavam juntos, o time vermelho não perdia. Além disso, os Reds estavam invictos há 24 jogos e vinham de um título da Copa da Inglaterra sobre o rival Everton.
Era um momento único para o clube de Merseyside. E indigesto para Arsenal, que viu o jornal Daily Mirror estampar uma manchete com os dizeres “You Haven’t Got A Prayer, Arsenal”, algo como “Você não tem uma oração, Arsenal”, como se nenhuma prece fosse possível para salvar o clube londrino. Mesmo assim, criou-se um clima jamais visto na primeira divisão. Seria uma final, literalmente, com milhões vidrados na TV e milhares e milhares nas arquibancadas de Anfield Road. Seria ainda a primeira partida da história do Campeonato Inglês transmitida pela TV na Escócia, tamanha expectativa pelo duelo. O dia 26 de maio de 1989 entraria para a história. Com o óbvio título do Liverpool. Ou uma das maiores reviravoltas de todos os tempos…
Anfield ‘89
Após o empate com o Wimbledon, o técnico Graham decidiu aliviar a tensão de seus atletas e deu dois dias de folga aos jogadores. Na volta aos treinamentos, nada muito desgastante, apenas exercícios leves. Os atletas viajaram até Liverpool no dia do jogo, algo que surpreendeu a todos. Durante a viagem, Graham exibiu um vídeo com a campanha do Arsenal no título de 1970-1971 (o último caneco da primeira divisão dos Gunners até então, no qual o próprio Graham participou como jogador) para os atletas a fim de inspirá-los a acabar com aquele jejum de quase 20 anos.
Na hora da escalação, o treinador optou por um pouco usual 5-4-1, com o defensor David O’Leary atuando como um líbero no meio dos dois zagueiros e possibilitando Lee Dixon e Nigel Winterburn atuarem mais avançados, “empurrando” os pontas do Liverpool para seu próprio campo e dando mais poderio ofensivo aos Gunners. A ordem era manter-se firme e não levar gols de maneira alguma. Ele salientou que os jogadores não deveriam ficar tensos caso o placar ainda estivesse 0 a 0 ao fim do primeiro tempo, pois na segunda etapa eles iriam “agredir mais”. Foi uma tática genial. E, antes do jogo, os jogadores do Arsenal ainda amenizaram o clima de tensão distribuindo flores em diferentes partes do estádio aos torcedores do Liverpool como forma de respeito às vítimas de Hillsborough, um gesto louvável e espetacular que rendeu muitos elogios e aplausos de todos. Era, de fato, uma partida única e histórica, que tinha a esperança de tempos melhores e que iriam ajudar na transformação do futebol inglês como um todo, com o nascimento da Premier League no começo dos anos 1990.
Quando a bola rolou, porém, o Arsenal jogou com uma garra marcante e não dando trégua alguma ao Liverpool, que sofreu desde o primeiro minuto com a intensidade de jogo dos Gunners. Tentando bolas longas em direção ao ataque, pressionando a saída de bola e anulando os principais nomes dos Reds, o Arsenal dominou o jogo, mas não conseguiu fazer o gol, algo que não afligiu o técnico Graham, que estava contente com o seu “plano perfeito” ao término da primeira etapa: placar em 0 a 0 e Liverpool sem grandes chances. Agora era hora da segunda parte do plano: ir com tudo no começo da segunda etapa, marcar um gol e fazer outro pelo menos 20 minutos depois.
“Eu disse para os rapazes que ir com 0 a 0 para o intervalo seria bom. Depois, poderíamos ir e marcar um gol logo após o intervalo – o que fizemos – e então realmente tentar nos 20 minutos finais porque o Liverpool estaria nervoso”. – George Graham, em entrevista ao Hampstead and Highgate (UK), 22 de maio de 2009.
Com apenas oito minutos decorridos da etapa complementar, o Arsenal seguiu com o plano. Em falta de fora da área, Winterburn cobrou com perfeição para a área e o artilheiro Alan Smith apareceu sozinho para cabecear no canto oposto do goleiro Grobbelaar e fazer 1 a 0. Os jogadores do Liverpool reclamaram que o gol foi irregular, mas não foi. O tento inflamou o Arsenal, que seguiu em busca do gol da glória e fez com que o técnico Graham mudasse o esquema para um 4-4-2 com as entradas de Martin Hayes e Perry Groves. Por outro lado, essa mudança deu mais espaço para contra-ataques do Liverpool, mas nem John Barnes, nem John Aldridge, nem Ian Rush conseguiam boas finalizações. Aos 29’, Michael Thomas teve uma chance de ouro ao receber dentro da área, mas o chute saiu muito fraco.
Os minutos foram se passando e o Liverpool se conformando com a derrota magra. Gastando o tempo, o time da casa só queria o apito final para celebrar mais um double (Copa e Campeonato na mesma temporada) na década. Quando o relógio marcava 44’, Richardson sentiu uma lesão e o jogo foi paralizado. Enquanto isso, as câmeras flagraram o meio-campista do Liverpool Steve McMahon fazer o sinal de “one minute” para os companheiros, alertando que só faltava um minuto para o fim do jogo. Por conta do atendimento a Richardson, o jogo teve pouco mais de dois minutos de acréscimos. Moroso, o Liverpool gastou um pouco de tempo no campo de defesa até John Barnes receber na ponta-direita, invadir a área e ser desarmado por Richardson, que recuou para o goleiro Lukic.
O camisa 1 tocou para o lateral-direito Dixon, que olhou para frente e fez um lançamento em direção ao artilheiro Alan Smith. O atacante dominou, girou e tocou com categoria no meio. Quem estava ali? Michael Thomas, o mesmo que havia perdido um gol feito lá aos 29’. O meio-campista ajeitou, a bola teimou em escapar e bateu em Steve Nicol, do Liverpool. Mas parecia que a bola estava magnetizada e Thomas tinha um imã em si, pois ela voltou exatamente para o jogador do Arsenal. Ele conduziu até a área e tocou com o bico do pé na saída do goleiro Grobbelaar. Gol. Faltando pouco mais de 30 segundos para o fim.
Thomas deu até uma cambalhota na comemoração, em profundo êxtase. A torcida do Arsenal celebrava quase sem acreditar. A do Liverpool, atônita, era a representação do maior silêncio da história de Anfield Road. Kenny Dalglish, técnico do Liverpool, ficou perplexo no banco de reservas sem entender absolutamente nada. Na saída de jogo, o Liverpool foi desesperadamente para o ataque, mas sem ordem nem tática. Não havia mais tempo para milagres. Nem orações. O único possível estava consumado. Arsenal campeão inglês depois de 18 anos.
“Momentos antes, eu estava pensando em como meu time havia jogado bem e como eles fizeram um esforço tão magnífico. Eles deram o seu melhor, e, mesmo que não ganhássemos o título, estava muito orgulhoso deles. Então, tudo mudou … Eu não estava sendo legal, não foi pré-planejado ou algo parecido. Se eu for completamente honesto, eu estava em um choque profundo, acredite em mim”, comentou o técnico Graham tempo depois.
Na verdade, o mundo do futebol estava em choque. Aquele jogo foi, durante décadas, a mais emocionante e improvável decisão de título de um Campeonato Inglês em todos os tempos. Nem o mais fanático torcedor do Arsenal poderia prever um desfecho tão perfeito, tão único. Contra todos os prognósticos, contra o Liverpool, em Anfield e diante de tanto misticismo, números, favoritismo. Foi a prova de que o futebol inglês poderia ser apoteótico, energético e emocionante sem qualquer tipo de selvageria, hooliganismo e desordem. Como muitos veículos de imprensa destacaram na época, aquele jogo foi o ponto de partida para se começar algo novo, deixar a bagunça e a tragédia de Hillsborough em páginas que jamais deveriam ser copiadas. Um ponto de louvor foi o comportamento da torcida do Liverpool, que permaneceu no estádio até depois do apito final para aplaudir o Arsenal e seu grande feito. Foi um reparo na reputação do football. Algo desse porte só foi acontecer em 2012, no igualmente épico e insano Manchester City 3×2 Queens Park Rangers.
O Arsenal terminou o campeonato com 76 pontos em 38 jogos, acumulando 22 vitórias, 10 empates, seis derrotas, 73 gols marcados (melhor ataque), 36 gols sofridos e saldo de 37 gols. Alan Smith, do Arsenal, foi o artilheiro do torneio com 23 gols. Paul Merson, com 10 gols, e Brian Marwood, com nove, foram os outros artilheiros dos Gunners no torneio.
Da ressaca aos quase invencibles
Na temporada 1989-1990 (ainda com a proibição dos times ingleses em competições europeias), o Arsenal não conseguiu manter o ritmo e terminou o Campeonato Inglês apenas na 4ª colocação. Nas copas nacionais, quedas precoces minaram as chances de títulos. Com isso, o clube teve que ir às compras se quisesse voltar a brigar por canecos na temporada 1990-1991. A primeira grande contratação foi para o gol, quando os Gunners trouxeram David Seaman (ex-QPR), embora o clube ainda contasse com o grande John Lukic. Quando questionado sobre a vinda de um novo camisa 1, o técnico Graham foi enfático na época: “Eu ainda acho o John Lukic um dos melhores goleiros do país. Mas eu acho o David Seaman o melhor”.
Com a vinda de Seaman, Lukic acabou indo para o Leeds United já em 1990. Além do reforço para o gol, o clube londrino trouxe o atacante sueco Anders Limpar, que daria muitas alternativas ofensivas ao time atuando pelas pontas, setor carente após as saídas de Martin Hayes e Brian Marwood. Outros que também chegaram para compor o elenco foram o zagueiro Andy Linighan, o meio-campista David Hillier e o atacante Andy Cole, este oriundo das categorias de base, mas que não teria chances na temporada.
Com os novos nomes e entrosamento perfeito de Limpar com Alan Smith, Rocastle e Kevin Campbell – cria das bases que faria uma temporada sensacional e com muitos gols -, o Arsenal mostrou desde o início do campeonato nacional que queria reconquistar a coroa. A briga mais uma vez foi contra o Liverpool, líder em boa parte do primeiro turno, Crystal Palace e Leeds United. Com uma força defensiva impressionante e um ataque prolífico e eficiente, o Arsenal não perdeu um jogo sequer durante 23 rodadas! Veja a sequência:
3 a 0 Wimbledon (fora)
2 a 1 Luton Town (em casa)
0 a 0 Tottenham (em casa)
1 a 1 Everton (fora)
4 a 1 Chelsea (em casa)
2 a 0 Nottingham Forest (fora)
2 a 2 Leeds United (fora)
2 a 0 Norwich City (em casa)
1 a 0 Manchester United (fora)
1 a 0 Sunderland (em casa)
2 a 0 Coventry City (fora)
0 a 0 Crystal Palace (fora)
4 a 0 Southampton (em casa)
3 a 1 QPR (fora)
3 a 0 Liverpool (em casa)
1 a 1 Luton Town (fora)
2 a 2 Wimbledon (em casa)
0 a 0 Aston Villa (fora)
3 a 0 Derby County (em casa)
4 a 1 Sheffield United (em casa)
1 a 0 Manchester City (fora)
0 a 0 Tottenham Hotspur (fora)
1 a 0 Everton (em casa)
Nessa sequência, o time ficou seis jogos seguidos sem levar gols, meteu 3 a 0 no Liverpool e derrotou o United por 1 a 0 em pleno Old Trafford em um duelo que ficou marcado por uma confusão entre os jogadores após um lance envolvendo Winterburn e Limpar, do Arsenal, e Denis Irwin, do United. Apenas David Seaman não participou da bagunça e a FA decidiu punir os clubes tirando dois pontos do Arsenal e um ponto do United. Mesmo com dois pontos a menos, o Arsenal não deixou em nenhum momento o pelotão de frente e assumiu a liderança na 23ª rodada, na vitória sobre o Everton por 1 a 0 em casa.
A equipe só perdeu a primeira na rodada 24, nos 2 a 1 para o Chelsea em Stamford Bridge. Mas foi apenas um acidente de percurso, pois os comandados de Graham venceram mais três jogos seguidos: 4 a 0 no Crystal Palace (em casa), 2 a 0 no Leeds United (em casa) e 1 a 0 no Liverpool em Anfield Road, mais uma vitória gigante dos Gunners e que aumentou ainda mais a confiança pelo título. A liderança foi perdida momentaneamente na rodada 29, após dois empates seguidos com Nottingham Forest (1 a 1) e Norwich City (0 a 0), mas retomada já na rodada 30 com o 2 a 0 sobre o Derby County, fora, e consolidada nos 5 a 0 sobre o Aston Villa, em casa, e nos 2 a 0 sobre o Sheffield United, fora.
Faltando seis rodadas para o fim, o título já era quase certo nas bandas de Highbury. O time jogava bem e tinha um notável equilíbrio entre defesa e ataque. Sem a concorrência das copas nacionais – os Gunners foram eliminados tanto da Copa da Inglaterra (na semifinal) quanto da Copa da Liga Inglesa (nas oitavas de final) -, o time londrino focava todos os seus esforços no Campeonato Inglês. E, após três empates e uma vitória, o Arsenal chegou à rodada 37 com a chance de ser campeão por antecipação. Jogando em casa, contra o Manchester United, o Arsenal não deu margem alguma para o azar e venceu por 3 a 1, com show de Alan Smith, autor dos três gols dos Gunners. Foi a festa para as mais de 40 mil pessoas que lotaram o Highbury e celebraram uma nova glória nacional.
Na última rodada, a goleada de 6 a 1 sobre o Coventry City, também em casa, selou a campanha incontestável e o título merecido: 38 jogos, 24 vitórias, 13 empates, uma derrota, 74 gols marcados (segundo melhor ataque) e míseros 18 gols sofridos (melhor defesa). Com 83 pontos, o Arsenal ficou sete pontos à frente do vice-campeão, Liverpool, isso porque os Gunners perderam dois pontos, caso contrário seriam nove pontos de vantagem! Alan Smith foi mais uma vez o artilheiro da competição ao anotar 22 gols. Paul Merson, com 13 gols, Anders Limpar, com 11, e Kevin Campbell, com nove, foram os outros artilheiros do time no torneio. O título de 1990-1991 foi o 10º na história do Arsenal e consolidou o clube como segundo maior campeão inglês na época, ficando atrás apenas dos 18 títulos do Liverpool.
A chegada do artilheiro e um novo esquadrão
Assim como na época 1989-1990, o Arsenal viveu uma nova entressafra em 1991-1992. Após dividir o título da Supercopa da Inglaterra com o Tottenham (o duelo ficou 0 a 0), os Gunners foram eliminados precocemente das copas nacionais, caíram já no “segundo round” da Liga dos Campeões da UEFA (naquela temporada os clubes ingleses retornaram ao torneio) e terminaram o Campeonato Inglês na 4ª colocação (o campeão foi o Leeds United). Mas o time londrino conseguiu se destacar com o melhor ataque do torneio nacional com 81 gols em 38 jogos. O “culpado” dessa marca estonteante foi o atacante Ian Wright, contratado naquela época por um valor recorde de 2,5 milhões de libras e autor de 24 gols em 30 jogos – ele já havia marcado outros cinco gols pelo Crystal Palace, com isso, se tornou o artilheiro da competição com 29 gols.
Wright foi uma máquina de gols, virou um ídolo instantâneo da torcida e comandou a linha de frente dos Gunners. Em um jogo contra o Everton, o atacante marcou todos os gols da vitória por 4 a 2; deixou mais três em um 4 a 0 contra o Southampton; ficou quatro jogos seguidos marcando gols e anotou dois na goleada de 4 a 0 sobre o Liverpool, na 36ª rodada, em casa. Sem títulos, o técnico Graham decidiu mudar algumas coisas na parte tática para a temporada 1992-1993. Ao invés de seguir com o esquema de jogo onde todos tinham chances de marcar gols, ele deixou Ian Wright como principal homem-gol e tornou o Arsenal mais defensivo. Essa tática se mostrou péssima para o Campeonato Inglês (justo na temporada inaugural da Premier League) e o clube terminou na 10ª colocação e com apenas 40 gols marcados, o pior número dentre todos os clubes da primeira divisão. Por outro lado, a tática teria grandes resultados nas competições de tiro curto.
Double nas Copas
Se o Arsenal foi um desastre na Premier League, nas Copas nacionais o time londrino fez história. Na Copa da Liga Inglesa, os Gunners eliminaram Millwall (duplo 1 a 1 e vitória nos pênaltis por 3 a 1), Derby County (1 a 1 e 2 a 1), Scarborough (1 a 0), Nottingham Forest (2 a 0) e Crystal Palace (3 a 1 e 2 a 0), até chegarem à decisão contra o Sheffield Wednesday, que havia conquistado o torneio em 1990-1991 e lutava pelo bi. Uma curiosidade daquela final de 1993 é que foi a primeira vez que clubes europeus utilizaram em um torneio no Velho Continente nomes acima dos números de suas camisas.
Quando a bola rolou, o Arsenal levou um susto no gol de Harkes logo aos 8’, mas Paul Merson empatou, aos 20’, e Steve Morrow virou no segundo tempo, decretando a vitória de 2 a 1 e o título invicto dos Gunners. Mesmo sem marcar, Ian Wright foi o artilheiro do torneio com cinco gols. Um fato pitoresco aconteceu durante a comemoração: Tony Adams foi erguer Morrow em seus ombros, mas o zagueiro escorregou e derrubou Morrow, que caiu no gramado de mal jeito, quebrou o braço e teve que ir direto para o hospital (!).
Na Copa da Inglaterra, o Arsenal superou Yeovil Town (3 a 1), Leeds United (2 a 2 e 3 a 2), Nottingham Forest (2 a 0), Ipswich Town (4 a 2) e Tottenham Hotspur (1 a 0) até reencontrar o Sheffield Wednesday em mais uma final. Os Corujas queriam a vingança e dificultaram bastante as coisas para os Gunners, com o empate em 1 a 1 exigindo um novo jogo, pois na época não havia prorrogação nem pênaltis. No replay, o Arsenal venceu por 2 a 1 (gols de Ian Wright e Linighan – este faltando um minuto para o fim da prorrogação) e ficou com o double das copas nacionais de 1992-1993, o primeiro clube inglês na história a conseguir o feito.
Outra vez Wright foi o artilheiro: 10 gols, somando 30 gols em 45 jogos na temporada – 15 na Premier League e 15 nas copas. A prova máxima de que o estilo de jogo daquele Arsenal era “bola pro Wright que é gol” foi a diferença de gols dele para os companheiros: o mais próximo do atacante na artilharia foi Kevin Campbell, que anotou nove gols… Nem Alan Smith conseguiu impor seu lado prolífico com aquela nova tática e anotou apenas seis gols em 39 jogos. Os títulos renderam aos Gunners uma vaga direta na Recopa da UEFA de 1993-1994.
Em busca da glória inédita
O Arsenal iniciou a temporada 1993-1994 sem um de seus principais jogadores, o defensor David O’Leary – no clube desde 1975 (!) -, que se transferiu para o Leeds United. O sueco Anders Limpar também saiu, mas a base do time permaneceu a mesma, com pequenas mudanças táticas a fim de corrigir a falta de gols principalmente na Premier League. Com um time mais solidário no ataque, o Arsenal melhorou e terminou em 4º lugar, com 18 vitórias, 17 empates e 7 derrotas em 42 jogos, anotando 53 gols (ainda sim um número baixo) e sofrendo apenas 28 gols, a melhor defesa da competição. Ian Wright marcou 23 gols e foi o artilheiro do time, mas longe de alcançar o líder Andy Cole, autor de 34 tentos.
Nas copas nacionais, os Gunners foram eliminados nos primeiros rounds, já que o foco era mesmo a Recopa da UEFA (também conhecida como Copa dos Vencedores de Copas), segunda competição mais importante da Europa na época e que reunia apenas os clubes vencedores das principais copas nacionais de seus países, ou seja, apenas campeões podiam disputá-la – por isso o peso maior em relação à Copa da UEFA. O torneio era em formato eliminatório, com partidas de ida e volta e apenas a final em jogo único, em sede previamente definida.
A caminhada inglesa começou contra o Odense BK-DIN e os londrinos venceram o duelo de ida, na Dinamarca, por 2 a 1 (gols de Wright e Merson), e empataram em 1 a 1 em casa (gol de Campbell). Nas oitavas de final, o adversário foi o Standard Liège-BEL e o Arsenal não tomou conhecimento dos belgas: vitória por 3 a 0 na ida (dois gols de Wright e um de Merson), em Londres, e sapecada de 7 a 0 fora de casa (com dois gols de Campbell, um de Adams, um de Merson, um de Selley, um de Smith e um de McGoldrick).
Nas quartas, duelo complicado contra o Torino-ITA, de Giovanni Galli, Robert Jarni, Roberto Mussi, Luca Fusi e o uruguaio Enzo Francescoli. Na ida, em Turim, o Arsenal segurou o placar de 0 a 0 e foi para Highbury com a necessidade de vencer por qualquer placar. E, com um gol do ídolo Tony Adams no segundo tempo, os Gunners venceram por 1 a 0 e tiveram pela frente outra pedreira: o Paris Saint-Germain-FRA de Lama, Le Guen, Raí, Valdo e Ginola. Seria o teste definitivo para ver se aquele Arsenal estava mesmo com a “alma copeira” forjada ou não. Na ida, no Parc des Princes lotado (48 mil pessoas), o Arsenal abriu o placar com o artilheiro Ian Wright, mas o craque Ginola empatou no começo do segundo tempo. O jogo seguiu tenso, só que a zaga inglesa se portou bem e levou um resultado importantíssimo para o Highbury. Em casa, Campbell voltou a deixar sua marca logo aos 7’, de cabeça, após cruzamento da direita, e o Arsenal carimbou a vaga na decisão com a vitória por 1 a 0.
Gunners of Europe!
Embora tivesse em sua galeria o título da Copa das Cidades com Feiras de 1969-1970 (competição precursora da Copa da UEFA e que tinha esse nome por ser disputada apenas por clubes de países com feiras de comércio – sim, bem exótico!), o torneio jamais foi reconhecido pela UEFA por nunca ter sido organizado pela entidade máxima do futebol europeu. Esse “asterisco” sempre doeu no orgulho do torcedor do Arsenal. E ver outros clubes ingleses com títulos continentais da UEFA na época (Liverpool, Manchester United, West Ham United, Tottenham Hotspur, Aston Villa, Chelsea, Nottingham Forest, Ipswich Town e Manchester City) era muito amargo.
Por isso, a ânsia pelo título da Recopa naquela temporada era gigantesca. Os Gunners haviam ficado com o vice do torneio na temporada 1979-1980 após perder para o Valencia-ESP nos pênaltis. E tinham a chance da glória quase 15 anos depois. O adversário era outro timaço: o Parma-ITA de Benarrivo, Apolloni, Sensini, Thomas Brolin, Zola e Asprilla, um esquadrão que havia vencido a Recopa da UEFA do ano anterior e também a Copa da Itália de 1991-1992 e a Supercopa da UEFA de 1993.
A decisão, disputada na Dinamarca, foi muito pegada e um verdadeiro duelo tático, mas com uma soberba atuação defensiva do Arsenal, que conseguiu frear o ímpeto ofensivo do perigoso time italiano. Sem Wright, suspenso, nem John Jensen, Martin Keown e David Hillier (machucados), George Graham escalou um time com três homens mais recuados no meio de campo, dois abertos no ataque e o artilheiro Alan Smith, um emblema daqueles anos de ouro, sozinho na frente. E foi exatamente ele quem marcou o único gol do jogo, aos 21 minutos, após uma bola rebatida por Minotti cair nos pés de Smith, que chutou da entrada da área e fuzilou o goleiro Bucci. Na segunda etapa, o Parma tentou de todas as maneiras o empate, mas a zaga londrina era mesmo dificílima de ser batida, além do goleiro David Seaman provar porque era um dos melhores do mundo na época.
Ao apito do árbitro, o Arsenal enfim era campeão continental. E de maneira invicta! Mais um clássico “One-nil to the Arsenal” (“1 a 0 para o Arsenal”) para a torcida cantar. E o título que coroou de maneira plena um dos mais gloriosos períodos do clube em todos os tempos. Em nove jogos, o Arsenal venceu seis e empatou três, marcou 17 gols e sofreu apenas três. Kevin Campbell e Ian Wright foram os artilheiros do time com quatro gols cada um.
À espera de Wenger, Bergkamp e Henry
Depois de tantas glórias, o Arsenal viu o fim de uma era na temporada 1994-1995. Em fevereiro de 1995, o técnico George Graham acabou demitido após ser descoberto o pagamento ilegal de 425 mil libras ao treinador feito pelo agente Rune Hauge durante as transações dos jogadores John Jansen e Pal Lydersen, em 1992. Graham ganhou a quantia por ele intermediar e indicar jogadores representados por Rune Hauge. Mesmo tendo devolvido o dinheiro, que ele alegou ser um “presente não-solicitado”, Graham foi banido do futebol inglês por 12 meses pela FA e só voltaria em 1996, para treinar o Leeds United. Sem Graham, o Arsenal foi comandado por Stewart Houston (assistente de Graham) e fez uma péssima temporada, terminando apenas na 12ª colocação da Premier League. Por outro lado, o time voltou a disputar uma final da Recopa da UEFA, mas outra vez caiu diante de um algoz espanhol: o Real Zaragoza, que venceu os ingleses por 2 a 1 com um gol na prorrogação.
Os Gunners só voltariam aos tempos de glória sob o comando de Arsène Wenger, que venceu um double na temporada 1997-1998 e montou o lendário esquadrão dos Invencíveis na virada do milênio. Wenger passou a ser considerado o maior treinador da história do Arsenal, mas muitos ainda creditam a George Graham o período mais glorioso por conta dos títulos nacionais e o sonhado caneco europeu de 1993-1994, algo que Wenger nunca conseguiu mesmo com Henry e companhia. É um debate interminável, mas que em nada diminuiu o incontestável legado de dois treinadores que colocaram o Arsenal no topo do futebol inglês e europeu.
Os personagens:
David Seaman: foi um dos maiores goleiros da história do futebol inglês e atuou de 1990 até 2003 no Arsenal, conquistando diversos títulos. Com 1,91m de altura, tinha reflexos apurados e se impunha na grande área. Foi titular da seleção inglesa em 75 partidas. Muito seguro, David Seaman foi um dos grandes símbolos dos Gunners na década de 1990 e disputou 564 jogos pelo clube (ele é o 6º na lista com mais partidas pelo Arsenal na história). Foram 12 títulos conquistados.
John Lukic: foi a partir de um lançamento dele que nasceu o gol do título do Arsenal no Campeonato Inglês de 1988-1989. Além disso, Lukic ganhou a simpatia do torcedor nas seis temporadas em que foi titular absoluto do gol com grandes defesas e muita regularidade. Deixou o clube após a chegada de David Seaman, mas a contragosto do torcedor, que levou um tempo para se acostumar com um novo camisa 1 depois de tanto tempo. Lukic disputou 277 jogos pelos Gunners entre 1983 e 1990.
Lee Dixon: entre 1988 e 2002, a lateral-direita do Arsenal foi totalmente de Lee Dixon. Com 619 jogos (4º na lista dos que mais vestiram a camisa dos Gunners) e 28 gols, o defensor disputou grandes partidas e deu enorme segurança ao setor direito da defesa com seus desarmes, cobertura e passes, além de aparecer em velocidade na frente e efetuar cruzamentos decisivos, principalmente para Alan Smith e Ian Wright. Dixon ainda jogou na seleção inglesa em 22 oportunidades.
Tony Adams: na seleta lista dos 50 maiores jogadores da história do Arsenal, Adams é o 3º, atrás apenas de Thierry Henry e Dennis Bergkamp. E não é para menos. O zagueiro, que também podia atuar mais avançado como volante, foi um dos mais talentosos atletas da história do clube e marcou uma era em Highbury. Foram 19 anos de Arsenal – seu único clube na carreira, de 1983 até 2002 -, 13 títulos conquistados e uma série de prêmios individuais. Forte e com uma novável leitura de jogo, se destacava na marcação individual perante os adversários e conseguia neutralizar os mais temidos atacantes com sua presença física e desarmes, além de ter categoria para sair jogando, iniciar contra-ataques e aparecer na frente para marcar gols – foram 48 em 669 jogos pelos Gunners, é o 2º que mais vestiu o manto alvirrubro em todos os tempos. Tony Adams foi ainda o capitão do Arsenal por 14 anos.
Steve Bould: ao lado de Tony Adams, compôs uma das mais lendárias duplas de zaga do Arsenal, que não dava trégua alguma para os atacantes rivais. Com 1,93m de altura, tinha enorme força no jogo aéreo e na marcação. Na temporada 1992-1993, sofreu uma lesão que o tirou das finais da Copa da Inglaterra e da Copa da Liga Inglesa, sendo substituído por Andy Linighan. Bould disputou 372 jogos e marcou oito gols pelo Arsenal.
David O’Leary: com 722 jogos e 14 gols entre 1975 e 1993, o irlandês é o recordista em jogos pelo Arsenal na história e também um dos grandes ídolos do clube. Com muita técnica e calma, O’Leary raramente apelava para os chutões e gostava de construir jogadas lá de trás, dando passes precisos para os companheiros e lançamentos em profundidade. Podia atuar como zagueiro central e também líbero.
Andy Linighan: o Arsenal se destacou no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990 por seu sólido sistema defensivo e pelos zagueiros altos. Com Linighan não foi diferente. Entre 1990 e 1997, o defensor foi uma peça importante para os Gunners com muita regularidade e raça. O jogador virou um verdadeiro herói da torcida na conquista da Copa da Inglaterra de 1992-1993, quando, mesmo com o nariz quebrado após sofrer uma cotovelada de Mark Bright, do Sheffield Wednesday, marcou o gol do título faltando um minuto para o fim da prorrogação, decretando o placar de 2 a 1. Linighan disputou quase 160 jogos pelos Gunners.
Nigel Winterburn: o lateral-esquerdo é considerado por muitos como o melhor em sua posição na história do Arsenal. E, curiosamente, o defensor começou sua trajetória no Arsenal como lateral-direito, quando o técnico Graham ainda não tinha encontrado um substituto à altura de Viv Anderson. Após o período na direita, Winterburn foi o titular absoluto da equipe pela esquerda por 13 anos, de 1987 até 2000, disputando 584 jogos e marcando 12 gols. Com características mais defensivas, era perito nos desarmes, nos passes longos e também em chutes de longe.
Kenny Sansom: foi um dos principais laterais do futebol inglês nos anos 1980, sendo titular inclusive da seleção inglesa e presente nas Copas do Mundo de 1982 e 1986. Revelado pelo Crystal Palace, chegou ao Arsenal em 1980 e ficou até 1988 jogando muito tanto ofensivamente quanto defensivamente. Era ótimo nas tabelas, nos passes curtos e nas subidas ao ataque, além de proteger bem a zaga. Mesmo baixo para um defensor – 1,73m -, Sansom tinha boa impulsão e conseguia cortar várias bolas em disputas aéreas. O lateral disputou 394 jogos, marcou seis gols pelo Arsenal e venceu a Copa da Liga Inglesa de 1986-1987.
Paul Davis: com uma perna esquerda fabulosa e passes precisos, Paul Davis foi um dos principais expoentes do meio de campo do Arsenal no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Com ampla visão de jogo e fôlego invejável, esteve nos principais momentos do time. Só teve alguns problemas entre 1988 e 1989, quando foi suspenso por nove jogos após agredir um jogador do Southampton em 17 de setembro de 1988, e, após retornar, sofrer uma grave lesão que o tirou dos gramados por 18 meses. O jogador sempre esteve entre os mais utilizados pelo técnico Graham. Foram mais de 450 jogos pelos Gunners entre 1980 e 1995.
Kevin Richardson: tinha características mais defensivas e ajudava bastante na marcação. Foi o substituto de Paul Davis quando este se lesionou na temporada 1988-1989 e cumpriu bem o papel no meio de campo, atuando, inclusive, no dramático duelo contra o Liverpool em Anfield.
Martin Keown: cria do Arsenal, começou a jogar nos Gunners em 1984, mas saiu em 1986 para atuar em outros clubes até retornar em 1993 e ficar até 2004. Com a experiência adquirida, foi um importante coringa do time atuando não só no miolo de zaga, mas também nas duas laterais e também no meio de campo, com características defensivas. Muito identificado com a torcida, virou ídolo e foi eleito um dos 50 maiores jogadores do Arsenal na história. Disputou 449 jogos e marcou oito gols.
Michael Thomas: marcou um dos gols mais importantes da história do Arsenal – o do título inglês de 1988-1989 sobre o Liverpool -, mas não foi só isso. Cria do clube, cresceu demais de produção sob o comando de George Graham e ganhou enorme confiança para ir mais ao ataque e não ficar tanto atrás. Com isso, passou a marcar mais gols e foi um importante elo entre o meio de campo e o setor ofensivo. Capaz de atuar, também, na lateral-direita, Thomas jogou no Arsenal de 1987 até 1991 e, curiosamente, jogou no Liverpool de 1991 até 1998.
Ian Selley: cria das bases, atuava no meio de campo e teve várias chances principalmente na temporada 1993-1994, quando alguns atletas do setor sofreram com lesões. Foi titular na final da Recopa da UEFA contra o Parma e ajudou o time a levantar o histórico título.
Ray Parlour: outro formado no Arsenal, Ray Parlour brilhou intensamente no meio de campo do Arsenal de 1992 até 2004. Capaz de atuar em várias posições, tanto mais recuado pelo meio quanto mais aberto em ambos os lados, Parlour armava jogadas, marcava, roubava bolas, dava passes precisos e se desdobrava pelo time. Com a chegada de Arsène Wenger, em 1996, passou a ter ainda mais liberdade no meio de campo e marcou vários gols. É um ídolo histórico dos Gunners e presente na lista dos 50 maiores jogadores do Arsenal. Parlour disputou 466 jogos pelos Gunners e marcou 32 gols.
Steve Morrow: mais um revelado pelo Arsenal, em 1987, Morrow era outro atleta bastante versátil do elenco e podia jogar como lateral, zagueiro e meio-campista. Após ser emprestado para vários clubes no começo dos anos 1990, retornou em 1992 e teve na temporada 1992-1993 a de maior destaque, quando marcou o gol do título da Copa da Liga Inglesa. No entanto, no dia em que deveria celebrar, Morrow acabou indo parar no hospital e perdeu o restante da temporada após cair dos ombros de Tony Adams e quebrar o braço. Morrow jogou até 1997 nos Gunners.
David Rocastle: atuando como meia e também ponta-direita, Rocky foi uma lenda do Arsenal entre 1985 e 1992 e um dos mais brilhantes e inteligentes jogadores da história do clube. No início da carreira, na base do Arsenal, Rocastle chamava atenção pelos dribles, mas também por sempre correr com a cabeça baixa e quase sempre errar os chutes em direção ao gol. Em pouco tempo, os treinadores descobriram que ele sofria de problemas de visão. Após começar a utilizar lentes de contato, o jogador cresceu de produção e se transformou no ídolo que ajudou o Arsenal a vencer cinco títulos, em especial os Campeonatos Ingleses de 1988-1989 e 1990-1991. Em 277 jogos, Rocastle marcou 34 gols e fez um memorável meio de campo no início dos anos 1990 ao lado de Paul Merson e Anders Limpar.
John Jensen: campeão europeu pela Dinamarca em 1992, Jensen chegou em 1992 ao Arsenal para suprir a saída de Rocastle e encaixou bem no time por suas características de armação e marcação. Só não foi mais adiante por causa do escândalo que envolveu sua contratação por meio do agente Rune Hauge. Deixou o clube em 1996 para voltar ao futebol dinamarquês.
Kevin Campbell: o atacante começou a jogar nos profissionais do Arsenal em 1988, mas foi emprestado em 1989 até retornar na temporada 1990-1991 e ser um importante jogador para as campanhas nas copas nacionais, em especial nos títulos de 1992-1993. Seu melhor momento, no entanto, foi em 1993-1994, quando anotou quatro gols na trajetória do título invicto da Recopa da UEFA, exibindo seu lado prolífico de início de carreira com velocidade e oportunismo.
Paul Merson: mais um das bases do Arsenal, Merson podia atuar como atacante ou meia e se destacou não só pela construção de jogadas pelo lado esquerdo, mas também pelos gols. Fez uma parceria memorável com Alan Smith e, depois, Anders Limpar. Merson anotou 99 gols em 425 jogos pelo Arsenal entre 1986 e 1997. O inglês viveu um período complicado a partir de 1994 ao admitir ser viciado em cocaína, álcool e jogatinas, problemas que o fizeram ser internado em uma clínica de reabilitação por três meses. Ele retornou no começo de 1995 e passou por vários outros clubes, mas vez ou outra teve recaídas por conta dos vícios. Pela seleção, disputou 21 jogos e marcou três gols.
Martin Hayes: atuando pelo lado esquerdo do ataque, Hayes foi o goleador do Arsenal na temporada 1986-1987 com 24 gols, mas acabou perdendo espaço no time nos anos seguintes com as contratações de novos atacantes, a ascensão de Alan Smith e as contusões. Jogou de 1983 até 1990 no Arsenal até se transferir para o Celtic-ESC. Foram 132 jogos e 34 gols pelo Arsenal na carreira.
Anders Limpar: logo em sua primeira temporada, Limpar ganhou a simpatia da torcida com jogadas de efeito, dribles e gols que ajudaram o Arsenal a vencer o título inglês de 1990-1991. Jogando pela ponta-esquerda, foi uma das principais armas ofensivas dos Gunners ao marcar 11 gols em 32 jogos. Seguiu como titular absoluto da equipe, mas perdeu os principais jogos do time na temporada do double de 1992-1993 por causa de contusão. Limpar deixou o Arsenal em 1994 para jogar no Everton.
Brian Marwood: o ponta-esquerda jogou de 1988 até 1990 no Arsenal e se entrosou muito bem com o goleador Alan Smith na trajetória do título nacional de 1988-1989. Foram vários cruzamentos para o companheiro e ainda nove gols em 31 jogos. Na temporada seguinte, Marwood acabou sofrendo com lesões e deixou o clube já em 1990 para atuar no Sheffield United.
Alan Smith: antes de Ian Wright, foi Alan Smith o principal homem-gol do Arsenal nas conquistas históricas do final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Vivendo a melhor fase da carreira, o atacante de 1,91m de altura veio do Leicester City em 1987 para se tornar um dos principais artilheiros do futebol inglês. Ele foi o principal goleador do campeonato nacional exatamente nas temporadas em que o Arsenal foi campeão, em 1988-1989 (23 gols em 36 jogos) e 1990-1991 (22 gols em 37 jogos), além de ser eleito para o Time do Ano da PFA de 1988-1989. Com uma notável inteligência tática e senso de colocação, Smith sempre estava próximo das jogadas de ataque e fazia tanto o papel de pivô quanto de finalizador, além de ter um ótimo controle de bola. Quando Ian Wright chegou, Smith passou a ser o coadjuvante no ataque, mas ele estava lá no momento em que o Arsenal mais precisou: na final da Recopa da UEFA de 1993-1994, contra o Parma, para fazer o gol do título. Em 347 jogos, Smith marcou 115 gols.
Ian Wright: na lista dos 50 maiores jogadores do Arsenal de todos os tempos, Wright é o 4º, após Henry, Bergkamp e Tony Adams. E não é para menos, afinal, o jogador foi simplesmente uma máquina de fazer gols entre 1991 e 1998, e, durante muito tempo, o maior artilheiro da história do clube com 185 gols em 288 jogos – até ser superado por Henry, que fez 228 gols em 377 jogos. O mote clássico sobre Wright era que “alguns jogadores foram grandes goleadores. Outros foram goleadores de grandes gols. Wright foi os dois.” Sempre sorridente e uma figura emblemática dentro e fora de campo, Wright era um atacante impetuoso, rápido, forte, agressivo e decisivo.
Seu sucesso foi tanto que, nos anos 1990, a Nike criou o slogan “por trás de um grande goleiro sempre tem uma bola de Ian Wright”, em alusão ao seu faro goleador. O ídolo dos Gunners acabou preterido na Copa de 1990 e deu azar nos anos seguintes pela má fase do selecionado inglês – que acabou de fora da Copa de 1994. O atacante disputou a Copa de 1998 pela Inglaterra e anotou nove gols em 33 jogos pelo English Team, mas, no geral, teve bem menos chances do que deveria na equipe.
George Graham (Técnico): o escocês já havia marcado seu nome no Arsenal como jogador, atuando no meio de campo do time campeão inglês de 1970-1971, da Copa da Inglaterra de 1970-1971 e da Copa das Cidades com Feiras de 1969-1970. Mas Graham virou um imortal no Arsenal por seus feitos como técnico. Tirar a equipe da fila, vencer o título de 1989 de maneira épica como venceu e levantar a primeira e única taça continental do Arsenal com a chancela da UEFA fizeram dele um dos maiores treinadores da história do Arsenal e um dos “Top 3” dos Gunners, ao lado de Herbert Chapman e Arsène Wenger. Disciplinador e sem meias palavras, criou um grupo muito competitivo e foi mudando o time a cada temporada, ora de maneira certa, ora questionável – na época 1992-1993, por exemplo, o time reduziu bastante o poder ofensivo com a centralização de jogadas em Ian Wright, o que custou uma boa campanha na Premier League, por outro lado, venceu os títulos das copas nacionais. Graham deixou o Arsenal de maneira amarga após o escândalo envolvendo Rune Hauge, mas sua história nos Gunners jamais foi afetada. Em 460 jogos, Graham venceu 225, empatou 133 e perdeu 102.
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Belíssima postagem! O Arsenal é o clube inglës com o que mais tenho simpatia, e esse esquadrão em específico é um dos mais gloriosos dos gunners. Gostaria humildemente de sugerir 2 grandes esquadrões que ainda não fazem parte do imortais:
O espetacular rolo compressor do Internacional(que perdurou do ano de 1940 até 1948);
E a incrível equipe do Manchester United tetra campeã da premier league em apenas 5 temporadas(1992-1996).
Nota: O rolo compressor colorado teve uma espécie de “continuação” entre os anos de 1950-1955,no qual se sagraria campeão de 5 dos 6 campeonatos gaúchos disputados no período. Abraços!
Obrigado! E sugestões anotadas! Esse Inter estará por aqui até o fim do ano! 😀
Boa colocação. Outras sugestões de times para serem imortalizados:
Palmeiras 2020-2022
Cruzeiro 2013-2014
Aston Villa 1980-1982
Botafogo 1966-1968
Fluminense 1936-1941
Arsenal 1929-1935
Parabéns pelo trabalho, primeiramente, sou leitor há anos. Me permita duas pequenas correções: a tabela que você usa quando falando de como Liverpool e Arsenal chegaram à rodada final está errada, pois considera 3 pontos para o vencedor (na época eram dois). Mesmo assim, a diferença era a pontuação de uma vitória, mesmo; e a segunda é One-nil to Arsenal e não to the Arsenal. Não há artigo nesse nome de clube (raramente há, no inglês).
Olá Pedro! Obrigado pelo prestígio! Permita minhas correções: ao contrário de outros torneios na época, o Campeonato Inglês dava ao vencedor três pontos. Tal regra começou a partir da temporada 1981-1982. E a expressão “One-nil to the Arsenal” está, sim, correta. 😉