Nascimento: 16 de Outubro de 1953, em Abelardo Luz, Santa Catarina, Brasil.
Posição: Volante e meia
Clubes: Internacional-BRA (1973-1980), Roma-ITA (1980-1985) e São Paulo-BRA (1985-1986).
Principais títulos por clubes:
3 Campeonatos Brasileiros (1975, 1976 e 1979) e 5 Campeonatos Gaúchos (1973, 1974, 1975, 1976 e 1978) pelo Internacional.
1 Campeonato Italiano (1982-1983) e 2 Copas da Itália (1980-1981 e 1983-1984) pela Roma.
1 Campeonato Paulista (1985) pelo São Paulo.
Principais títulos individuais:
Bola de Prata da Revista Placar: 1975, 1978 e 1979
Bola de Ouro da Revista Placar: 1978 e 1979
Craque do Campeonato Brasileiro: 1975 e 1979
Chuteira de Ouro adidas: 1979
Onze de bronze: 1982
Onze d’Argent: 1983
Bola de Prata da Copa do Mundo FIFA: 1982
2º Maior Futebolista Sul-americano do ano: 1982
3º Maior Futebolista Sul-americano do ano: 1979
Craque do time das estrelas da Copa do mundo (World cup all-star team player): 1982
3º Melhor jogador do mundo pela Revista World Soccer: 1982 e 1983
Eleito para a Seleção do Campeonato Italiano – Revista Guerín Sportivo: 1984
5º Maior Craque do Brasil na década de 1970 – Revista Placar – (eleito pela crítica): 1979
12º maior jogador brasileiro do século XX pela IFFHS: 1999
31º maior jogador sul-americano do século pela IFFHS: 1999
Eleito para a lista dos 100 Craques do Século da Revista World Soccer (eleito pelos leitores): 1999
FIFA 100: 2004
Eleito para a Seleção dos Sonhos do Brasil do Imortais: 2020
Eleito para o Time dos Sonhos do Internacional do Imortais: 2020
“Rei de Roma. E do Beira Rio também.”
Por Guilherme Diniz
Ele foi o maior jogador da história do Internacional. Um Craque, maiúsculo mesmo. Tinha tanta classe, elegância e arte em seus pés que seus apelidos foram da mais alta classe: Toscanini (maestro e compositor italiano), Galgo, Puro Sangue… Ainda era pouco para dizer o que era em campo Paulo Roberto Falcão, um dos maiores nomes do futebol brasileiro e mundial nas décadas de 70 e 80. Rei do Beira Rio por anos maravilhosos e recheados de títulos, o brasileiro virou um rei ainda maior na fantástica Roma dos anos 80, que conquistou a Itália e só não foi a rainha da Europa por ter tido o azar de cruzar com o quase imbatível Liverpool na decisão. Falcão foi o gênio maior em meio a tantos craques, ganhou a alcunha de Rei de Roma e a simpatia até mesmo do Papa João Paulo II. Depois da Roma, jogou brevemente pelo São Paulo, mas a tempo de levar um título paulista, em 1985. Pela seleção, fez parte de uma das maiores gerações do Brasil, a equipe de 1982, que não levou a Copa do Mundo da Espanha por “culpa” de Paolo Rossi. Sua garra, maestria e carisma conquistaram a todos e o colocaram no mais alto pedestal de imortais da bola. É hora de relembrar a carreira desse ícone vermelho, grená e até tricolor.
Veias coloradas
Nascido em Santa Catarina, Falcão teve pouca vivência em sua terra natal, ao se mudar para Canoas com dois anos de idade. Os anos se passaram e o jovem mostrava que queria ser jogador de futebol até ir treinar nos infantis do Internacional, de Porto Alegre, em 1968. Bastaram alguns anos para o garoto se destacar e mostrar talento acima da média, com passes precisos, ótimo senso de colocação e exímio marcador, além de chutar extremamente bem e ter uma habilidade rara para um volante. Em 1973, foi incorporado ao time profissional do Inter, que começava a montar um esquadrão de respeito, capitaneado pelo chileno Figueroa, um mito na zaga colorada. A equipe vinha de quatro conquistas seguidas do campeonato gaúcho de 1969 a 1972, e tinha o penta muito bem encaminhado em 1973, o que realmente aconteceria. O Inter mostrava um entrosamento impecável e muita técnica, com Falcão crescendo a cada dia, sendo perfeito na proteção à zaga e no apoio ao ataque, se transformando até em meia pela direita em muitas partidas. Depois de mais um título estadual em 1974, a equipe mirava voos mais altos em 1975. O objetivo: Campeonato Brasileiro.
Rumo ao topo no Brasil
Sem rivais no Rio Grande do Sul, o Internacional de Falcão colocou o Campeonato Brasileiro de 1975 como grande objetivo da temporada. O torneio daquele ano tinha uma primeira fase com quatro grupos, dois com 10 times e dois com 11. O Inter caiu no grupo D, sendo o líder e um dos classificados, com oito vitórias, dois empates e apenas uma derrota em 11 jogos, sofrendo apenas cinco gols, reflexo direto de Figueroa à frente da zaga do Colorado. Na segunda fase, dois grupos com 10 times cada classificariam os seis melhores de cada um. O Inter foi novamente o líder, com cinco vitórias, quatro empates e uma derrota em 10 jogos, sofrendo quatro gols. Na terceira (!) fase, mais dois grupos com oito times cada, classificando os dois melhores de cada um para as semifinais. Dessa vez, o Inter foi o segundo colocado, ficando atrás do surpreendente Santa Cruz. Em sete jogos, os colorados venceram quatro, empataram dois e perderam um. O tricolor de Pernambuco teve uma vitória a mais. O Inter estava classificado. Mas teria que enfrentar o líder do grupo A: o Fluminense.
Na semifinal, disputada em partida única, o Fluminense levou mais de 97 mil pessoas ao Maracanã e tinha convicção de que iria para a final, tamanha a qualidade de seus jogadores, orquestrados por Rivellino. Mas eles não contavam com outro maestro do lado colorado, Falcão, tão bom quanto Riva, e Figueroa, dono da área colorada. O Inter não se intimidou, apostou no equilíbrio e venceu o Flu por 2 a 0, gols de Lula e Carpegiani. A vaga para a final estava carimbada. E a Máquina Tricolor via o esquadrão vermelho acabar com a sua magia.
Título “iluminado”
Dono de melhor campanha que o rival da final, o Cruzeiro, o Internacional decidiu em sua casa o Brasileiro de 1975. O jogo, como não poderia deixar de ser, foi muito disputado. O Cruzeiro tinha feras em campo como Nelinho, Raul Plassmann, Piazza, Zé Carlos, Palhinha e Joãozinho. Em um jogo tão pegado, quem brilhou foi a zaga colorada. Manga pegou tudo e mais um pouco naquele jogo (inclusive um cruzamento de Nelinho com apenas uma mão). Depois de muita disputa, o Inter chegou ao gol do título em um lance emblemático, quando um único feixe de luz do sol iluminou exatamente a cabeça do zagueiro Figueroa, que mandou a bola para o fundo do gol, fazendo com que o tento ficasse conhecido como o “gol iluminado”.
O Inter, pela primeira vez em sua história, era campeão nacional. Era, também, o primeiro clube gaúcho campeão brasileiro, deixando o rival Grêmio ainda mais raivoso. O artilheiro da competição foi o goleador colorado Flávio, com 16 gols. Era a glória tão sonhada que Falcão queria com a camisa colorada, que foi ainda maior com os prêmios individuais vencidos pelo meio campista, em especial o de craque do campeonato e a Bola de Prata. O Brasil era dele. E o futebol também.
Ano perfeito
Em 1976, Falcão viu o Inter cair na Libertadores, que teria o Cruzeiro como campeão. Em compensação, no Brasileiro e no Gaúcho, a equipe colorada manteve sua hegemonia. O time sacramentou o octacampeonato estadual e levantou o bicampeonato brasileiro, de novo em casa, ao derrotar o Corinthians por 2 a 0. O Internacional era bicampeão brasileiro, coroava seu futebol eficiente, brilhante e técnico, e colocava Falcão no mais alto patamar dos grandes do futebol brasileiro e até mundial.
Chegando ao ápice
A cada ano que se passava, Falcão via seu futebol crescer mais e mais, sua técnica ficar mais apurada e seu status de ídolo da massa colorada aumentar, ainda mais depois da saída de Figueroa, em 1977. Sem o chileno, Falcão pôde tomar para si o posto de ídolo maior do Beira Rio e comandar com maestria a equipe. Mas seu primeiro ano como líder não foi bom. O Inter perdeu a chance de ser pela nona vez seguida campeão gaúcho ao perder a decisão para o Grêmio de André Catimba. No Brasileiro, Atlético-MG e São Paulo sobraram e não deram chances ao Colorado. Falcão mirava, na verdade, a seleção naqueles tempos.
Presença constante nas convocações, ele tinha como certa sua participação na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, mas desavenças com o técnico Claudio Coutinho o tiraram do Mundial, abrindo espaço para o volante Chicão, do São Paulo. Naquele ano de 1978, Falcão conduziu o Inter a mais um título estadual – no ritmo de Valdomiro e Jair, artilheiros da equipe no torneio com 15 gols cada – e ganhou mais uma Bola de Prata da Revista Placar, além de sua primeira Bola de Ouro.
Hegemonia invicta
Em 1979, Falcão jogou demais. Demais mesmo, bem como seu Inter. Ao lado de talentos como Mauro Galvão, Batista, Jair e Mário Sérgio, o craque comandou a equipe em uma campanha memorável e histórica no inchado Campeonato Brasileiro daquele ano. Aqueles jogadores colorados não sabiam perder e conquistaram o título de maneira invicta, com 16 vitórias e sete empates em 23 jogos. Era a primeira (e até hoje única) vez que um clube levava o torneio sem uma derrota sequer. O canto do cisne, digo, do Falcão, foi exatamente na reta final, quando o Inter deu show nos “três Ms” Mineirão, Morumbi e Maracanã, derrotando o Cruzeiro por 3 a 2, o Palmeiras, pelo mesmo placar, e o Vasco por 2 a 0, na primeira partida da final. Na volta, a vitória por 2 a 1 no Beira Rio consolidou o primeiro tricampeão brasileiro da história. Naquela temporada, Falcão não só deu suas habituais assistências e passes precisos, mas também marcou golaços, de voleio e de fora da área, só para citar alguns, e abocanhou a Bola de Ouro e a Bola de Prata da Placar mais uma vez. Era o auge do craque maior do Inter, como bem exemplificou Luís Fernando Veríssimo, escritor e ilustre torcedor colorado:
“Dizem que um jogador sozinho não ganha um campeonato. Mas o Falcão de 79 seria vice com certeza” – Luís Fernando Veríssimo.
Mas, para desespero da torcida, o mito de cabelos louros estava perto de dizer adeus.
O adeus do rei
Em 1980, o Internacional realizou uma excelente campanha na Copa Libertadores da América e conseguiu chegar pela primeira vez na história a final. Mas os brasileiros tiveram o azar de cruzar com o fortíssimo Nacional (URU) de Rodolfo Rodríguez, Hugo de León, Espárrago e Victorino, que neutralizaram as ações do Inter nos dois jogos finais: 0 a 0 no Beira Rio e 1 a 0 para os uruguaios em Montevidéu, resultados que deram o bicampeonato continental ao tricolor. E foi justamente na final da Libertadores que Falcão, o ídolo, o gênio colorado, vestiu pela última vez a camisa vermelha do Inter. O craque aceitou uma transferência milionária na época para a Roma, da Itália, que começava a montar o melhor time de sua história.
No Beira Rio, no primeiro jogo da final, Falcão viveu a ira e a tristeza da torcida que o via pela última vez no estádio que ele tanto jogou e tantas alegrias deu ao Colorado. Toda vez que ele pegava na bola, vaias incessantes eram ouvidas, num claro sentimento de inveja e dor. Mesmo assim, ele arrancou aplausos e suspiros com jogadas de efeito, como o chapéu em Espárrago e um quase gol por cobertura em Rodríguez. Ao final do jogo, o clima era de velório. E Falcão percebia que era o defunto, o ídolo que partia e dilacerava o coração de milhões de colorados…
Rei na cidade eterna
Com status de mito, Falcão desembarcou na Roma em 1980 com muita esperança. Ele via na equipe italiana a chance de ouro para virar de vez um dos maiores nomes do futebol mundial. Mas os desafios seriam grandes, afinal, há quase quatro décadas a equipe italiana não sabia o que era vencer o Scudetto. Porém, o genial meio-campista logo mostraria que os ventos estavam soprando a favor dos romanos naquele início de anos 80. Já em 1981, a equipe venceu a Copa da Itália, derrotando o Torino, nos pênaltis, por 4 a 2, após dois jogos empatados em 1 a 1. Ancelotti, Conti, Santarini e Falcão marcaram os gols que deram mais uma Copa para a Loba.
O título que faltou
Antes da temporada 1982-1983, Falcão disputou, enfim, sua primeira Copa do Mundo. Ao lado de uma geração de ouro do Brasil com Oscar, Júnior, Leandro, Toninho Cerezo, Sócrates, Zico, Éder e Serginho, além de Telê Santana no banco, Falcão tinha convicção que venceria o título mundial. Na Copa, o Brasil estava no Grupo F, ao lado de União Soviética, Escócia e Nova Zelândia. Era um grupo relativamente tranquilo, mas que tinha jogadores complicados como os escoceses Dalglish e Souness e os soviéticos Dasaev e Blokhin. Na estreia, o Brasil enfrentou a URSS e venceu por 2 a 1. Contra a Escócia, em Sevilha, novamente o Brasil começou atrás no placar, com Narey fazendo 1 a 0 aos 18´. Aos 33´, Zico empatou, de falta. No segundo tempo, show. Oscar, aos 48´, Éder, aos 63´, e Falcão, aos 87´, garantiram o 4 a 1 do Brasil, para delírio da torcida.
Na última partida da primeira fase, nova goleada: 4 a 0 na Nova Zelândia, com gols de Zico (2), Falcão e Serginho. O Brasil jogava por música, marcava golaços e encantava a todos. Ninguém duvidava que o caneco ficaria com o selecionado de Telê Santana. Na fase seguinte da Copa, os melhores dos quatro grupos de três seleções iriam para as semifinais. O Brasil estava no Grupo 3 ao lado da então campeã mundial, a Argentina, e da desacreditada Itália. Os selecionados de Telê Santana encararam logo de cara a Argentina, no Estádio Sarriá e venceram por 3 x 1. No jogo seguinte do Grupo, a Itália superou a Argentina e eliminou os vizinhos sul-americanos. Com isso, Brasil e Itália decidiriam a vaga nas semifinais. Para o Brasil, bastava um empate. Para a Azzurra, uma vitória simples era o bastante. Mas, naquela tarde de sol, tudo deu errado. Aos cinco minutos, Rossi abriu o placar. Sete minutos depois, Sócrates empatou para o Brasil. Aos 25´, Rossi fez mais um, em uma falha imperdoável de Cerezo. No segundo tempo, Falcão empatou num golaço e comemorou muito, num dos lances mais emblemáticos das Copas.
Mas aos 30´, Rossi, de novo, fechou a conta para a Itália: 3 a 2. Perto do final do jogo, o zagueiro brasileiro Oscar quase empatou para o Brasil, mas Dino Zoff fez uma defesa que, segundo o próprio, foi a mais sensacional de sua carreira, ao pegar em cima da linha. Fim de jogo. O incrédulo Sarriá não entendia o que tinha acabado de acontecer: o Brasil encantador, eficiente, rápido, fatal e artístico, estava fora da Copa do Mundo. A Itália, burocrática, sem brilho, estava na semifinal. Era o fim da geração de ouro do Brasil. Os jogadores não sabiam para onde ir, o que fazer, o que dizer. Era o drama de Falcão, que disputaria somente mais uma Copa, em 1986, longe da melhor forma e na reserva.
Enfim, alegrias!
Na temporada 1982-1983 o técnico da Roma, Nils Liedholm, tinha em mãos um timaço. A defesa era forte e tinha nomes como Tancredi (no gol), Nela e Righetti; o meio de campo era impecável com Falcão, Di Bartolomei, Ancelotti e Cerezo e o ataque com o matador Pruzzo e com o habilidoso ponta esquerda Bruno Conti. Com essas estrelas, a Roma não deu moleza e partiu com tudo em busca do Scudetto. O time foi derrotando os rivais, empatando quando podia e perdendo muito pouco (foram apenas três derrotas), conquistando o sonhado título na penúltima rodada, no empate em 1 a 1 com a Genoa. O time terminou o torneio com 43 pontos, quatro a mais que a Juventus, e 16 vitórias, 11 empates e 3 derrotas em 30 partidas (vale lembrar que na época as vitórias valiam dois pontos, e não três como hoje). O time marcou 47 gols e sofreu 24, tendo o segundo melhor ataque e a segunda melhor defesa.
A festa foi tremenda em Roma e imortalizou de vez os jogadores do time. Enfim, depois de 41 anos, a Cidade Eterna podia vibrar com o título italiano, e, enfim, a Roma poderia disputar uma Liga dos Campeões da UEFA. Naquele ano, Falcão ganhou o apelido que marcaria para sempre sua carreira: Rei de Roma. Foi depois do título, também, que uma lenda foi criada. Durante a passagem do craque pela capital, um cardeal teria dito ao Papa João Paulo II que Falcão poderia se transferir para a Internazionale. O pontífice, porém, intercedeu com êxito no “negócio” e garantiu a permanência do maestro na Roma. Se foi fato ou não, não se sabe. Mas a história é mais do que uma prova da majestade de Falcão na cidade eterna.
Batalha europeia
Com o título nacional de 1983, a Roma ganhou o direito de fazer sua estreia na Liga dos Campeões da UEFA na temporada 1983-1984. O time estava embalado e pronto para chegar à final, que seria disputada no estádio Olímpico de Roma. Seria o máximo conseguir, logo na estreia, chegar à final em casa. E foi para isso que o esquadrão de Falcão batalhou. A Roma eliminou o Gothenburg-SUE na primeira fase com uma vitória por 3 a 0 em casa (gols de Vincenzi, Conti e Cerezo) e uma derrota por 2 a 1 fora (gol de Pruzzo), vencendo por 4 a 2 no placar agregado. Nas oitavas de final, duas vitórias sobre o CSKA Sofia, da Bulgária, por 1 a 0, fora de casa (gol de Falcão) e 1 a 0 em Roma (gol de Graziani). Nas quartas, show em casa contra o Dynamo Berlin, da Alemanha Oriental: 3 a 0, gols de Graziani, Pruzzo e Cerezo. Na volta, a derrota de 2 a 1 não foi o bastante para eliminar a Roma, que foi para as semifinais.
Nas semis, a equipe quase colocou tudo a perder quando foi derrotada na Escócia por 2 a 0 pelo Dundee United. Mas na volta, com o apoio da torcida no repleto estádio Olímpico, a Roma se impôs e fez 3 a 0 nos escoceses com dois gols de Pruzzo e um de Di Bartolomei. A equipe italiana chegava pela primeira vez na final da Liga dos Campeões. Era a chance de vencer o cobiçado troféu. E em casa.
O privilégio de decidir uma Liga dos Campeões da UEFA em casa é para poucos. Pouquíssimos, aliás. E a Roma conseguiu ser um desses felizardos na final da Liga de 1983-1984, contra o então tricampeão europeu Liverpool. Os ingleses eram tarimbados e sabiam como ninguém jogar uma Liga, além de ter o retrospecto favorável de nunca terem perdido uma final europeia. Já a Roma teria que conter a ansiedade, apostar na força de seu conjunto e de sua torcida para fazer bonito na decisão. Outro fator que pesaria na final era não ter enfrentado times tradicionais naquela competição, ao contrário do Liverpool, que encarou Athletic Bilbao e Benfica. Mas, com a bola rolando, a Roma teria que mostrar que estava preparada para vencer.
O jogo foi disputado e o Liverpool fez uma partida inteligente, sem deixar a Roma pressionar ou fazer o clima hostil da torcida influenciar nos ânimos dos ingleses. Com isso, os reds abriram o placar aos 13´com um gol de Phil Neal. No final do primeiro tempo, foi a vez da Roma marcar com o matador Pruzzo, aos 42´, que chegou ao seu 5º gol na competição. No segundo tempo, a Roma dominou o meio de campo, mas não conseguiu furar a forte defesa inglesa. Com poucas emoções, o jogo foi para a prorrogação, e, depois, para os pênaltis. Nas cobranças, o Liverpool contou com a malandragem do goleiro Grobbelaar, que distraiu os jogadores romanos Conti e Graziani, que chutaram para fora. O Liverpool venceu por 4 a 2 e faturou, em pleno estádio Olímpico, seu quarto título europeu. Foi um desastre para a Roma. Em sua primeira final, com o privilégio de jogar em seu próprio estádio, o time sucumbia nos pênaltis. A derrota foi amarga e é um dos capítulos mais tristes da história do clube, que perdeu a chance de colocar seu nome e de seus jogadores no mais alto escalão do futebol europeu.
Último título e a volta ao Brasil
A perda da Liga dos Campeões doeu em todos na Roma e em Falcão também. Mas o craque ainda deu mais uma alegria à torcida, com o título da Copa da Itália de 1984. Mas aquela seria a última taça do craque pela Roma. Em 1985, ele acertou sua volta ao Brasil, para jogar no ótimo São Paulo de Müller, Silas, Careca e Gilmar, onde faturaria o Campeonato Paulista daquele ano. Mas Falcão estava perto do adeus, que viria logo após a Copa de 1986, quando nada pode fazer para evitar a eliminação precoce diante da França, nas quartas de final.
Craque para sempre
Depois de pendurar as chuteiras em 1986, Falcão continuou no meio futebolístico como comentarista esportivo e técnico (inclusive da seleção), com brilho na primeira função e poucos feitos na segunda. O que ficou marcado mesmo foi sua contribuição ao futebol em campo, com sua elegância, sua arte, sua imponência. Falcão foi ídolo máximo no Beira Rio, rei em Roma, craque na seleção e imortal no futebol mundial. Um gênio eterno.
Números de destaque:
Disputou 107 jogos e marcou 22 gols pela Roma.
É o 8º na lista dos que mais jogaram pelo Internacional. Foram 391 partidas e 77 gols.
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Falcão tem seu lugar merecido na história do futebol. Craque de muita elegância e técnica, orgulho nacional.
uma pequena correção no texto o tancredi era goleiro e não parte da zaga
excelente trabalho do blog continue assim!!!
Bem lembrado, Nellio! O trecho já foi atualizado! Obrigado e abraços!