Há uma frase no filme Coco que retrata bem o que vamos falar: “uma pessoa só morre quando já não existe nenhuma pessoa vive que se lembre dela”. Partindo deste princípio filosófico, podemos aferir que há jogadores que nunca morrerão. Eles passam de boca em boca, de geração em geração e ficarão para sempre no imaginário de todos os amantes de futebol. Sim, estes 3 jogadores jogaram numa época em que as Novas Casas de Apostas eram uma miragem.
Se este artigo fosse escrito daqui a 50 anos, Messi e Cristiano Ronaldo seriam dois dos protagonistas do artigo. Mas não, este artigo não é sobre eles. É sobre aqueles que já não estão conosco fisicamente, mas continuam a ser tema de conversa de café, alvos de comparações com jogadores atuais ou até idolatrados por muitos que por cá continuam, a respirar e de pele e osso e que contribuem, em grande medida, para a sua imortalidade. Não podíamos começar o artigo sem o “nosso” Pelé.
Pelé: o rei de todos nós

Do Brasil não há dúvidas que foi o melhor. Do mundo, pode gerar algumas “polémicas”. Depende sobretudo sobre com quem está a falar. Se for um argentino, certamente lhe dirá que foi “Maradona”. Se for um português, certamente lhe dirá que foi “Eusébio”. O que é certo é que Pelé, sendo o melhor ou não, marcou uma geração e deixou um legado que perdurará para sempre.
Soma 3 Copas do Mundo e marcou mais de 1280 golos. Este último foi reconhecido recentemente pelo Guinness World Records porque nenhum outro conseguiu tantos. 77 desses golos foram apontados pela seleção brasileira. Se o Brasil conseguiu conquistar as 3 Copas, muito a ele se deve. Contudo, o seu apogeu foi claramente no Santos. Foi aí que brilhou e fez brilhar. Só aí marcou 569 golos e venceu 9 Campeonatos Estaduais, 2 Taças Libertadores e 2 Intercontinentais.
Eusébio: a pantera negra que fez o mundo olhar para Portugal

Se Pelé foi o rei, Eusébio foi o símbolo de um país inteiro. Numa altura em que ainda não haviam apostas esportivas e nascido em Moçambique em 1942, quando este ainda era território português, Eusébio da Silva Ferreira tornou-se o maior nome da história do futebol luso. A sua velocidade explosiva, força física e remate imparável fizeram dele uma lenda viva, temida por defesas e adorada por adeptos.
Foi com a camisola do Benfica que atingiu o estrelato. Vestiu-a em mais de 400 jogos e marcou 473 golos, números que ainda hoje impressionam. Levou o clube à conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1962 e ajudou-o a dominar o futebol português durante mais de uma década, com 11 Campeonatos Nacionais e 5 Taças de Portugal. Ganhou também a Bola de Ouro em 1965, e foi por duas vezes Bota de Ouro europeia (1968 e 1973).
Mas o seu maior feito internacional foi no Mundial de 1966. Eusébio marcou 9 golos, foi o melhor marcador da competição e levou Portugal ao 3.º lugar — a melhor campanha da seleção até então. Nesse torneio ficou para a história o jogo frente à Coreia do Norte, em que marcou 4 golos e liderou a reviravolta épica de 0-3 para 5-3.
Eusébio faleceu em 2014, mas continua a viver nas bancadas da Luz, nos cafés de Lisboa e na memória coletiva dos portugueses. Foi mais do que um jogador — foi um embaixador do país e um dos rostos mais respeitados do futebol mundial.
Maradona: o génio rebelde da Argentina

Se Pelé foi majestade e Eusébio símbolo, Diego Armando Maradona foi pura emoção. Nascido nos arredores de Buenos Aires em 1960, Maradona conquistou o coração de um país e o respeito do mundo com uma bola nos pés e uma personalidade explosiva. O seu talento era inato, imprevisível e hipnotizante — e ninguém encarnou tanto o espírito argentino como ele.
O ponto alto da sua carreira deu-se no Mundial de 1986, no México. Foi lá que se eternizou com dois dos golos mais icónicos da história do futebol — “A Mão de Deus” e “O Golo do Século”, ambos marcados contra a Inglaterra. Maradona levou a Argentina ao título quase sozinho, e tornou-se uma espécie de herói mitológico para o seu povo. Com a camisola albiceleste, marcou 34 golos em 91 jogos.
Ao nível de clubes, brilhou no Napoli, onde se tornou lenda. Antes da sua chegada, o clube italiano era praticamente irrelevante. Com Maradona, venceu 2 campeonatos italianos, 1 Taça de Itália, 1 Supertaça e 1 Taça UEFA — transformando o modesto clube do sul num gigante europeu. A sua vida fora dos relvados foi marcada por polémicas, vícios e momentos dramáticos, mas isso apenas contribuiu para a construção do mito. Maradona faleceu em 2020, mas continua vivo nas ruas de Buenos Aires, nos murais de Nápoles e nas camisolas 10 espalhadas pelo mundo.
Conclusão
Pelé, Eusébio e Maradona não foram apenas jogadores — foram símbolos culturais, fontes de inspiração e mitos imortais. Cada um deles marcou uma era e uma identidade. Mesmo ausentes fisicamente, continuam a viver na memória coletiva do futebol. Foram reis, panteras e deuses — e serão sempre lembrados, porque, como em Coco, só morre quem é esquecido.