Grandes feitos: Tricampeão do Campeonato Brasileiro (2006, 2007 e 2008). Foi o primeiro (e até hoje único) clube a conquistar o Campeonato Brasileiro de Futebol três vezes consecutivas.
Time-base: Rogério Ceni (Bosco); Miranda (Lugano / Alex Silva), Fabão (Breno) e André Dias (Edcarlos / Rodrigo); Ilsinho (Joílson), Mineiro (Souza / Zé Luís), Josué (Hernanes / Jean), Danilo (Richarlyson / Jorge Wagner) e Júnior; Leandro (Thiago Ribeiro / Dagoberto / Hugo) e Aloísio (Lenílson / Alex Dias / Borges). Técnico: Muricy Ramalho.
“Os Especialistas “
Por Guilherme Diniz
Durante três anos, ninguém entendeu melhor o Campeonato Brasileiro de futebol como eles. Ninguém soube planejar para vencer lá na frente. Ninguém teve grupos fortes o bastante para aguentar 10, 20, 38 jogos. Ou 114, se preferir. Ninguém percebeu que partidas fora de casa eram tão importantes quanto os jogos em casa. Ninguém teve ataques tão inteligentes. Ninguém teve setores de meio de campo tão absolutos, marcadores e criativos. Ninguém teve defesas tão seguras (ah, a de 2007…). E ninguém teve um goleiro que pegava muito e também marcava com os pés. Enfim, não teve para ninguém. Vencer o Campeonato Brasileiro uma vez é para alguns. Vencê-lo duas vezes seguidas, para pouquíssimos. Vencê-lo TRÊS vezes seguidas, apenas para um clube: o São Paulo FC de 2006-2008, primeiro e até hoje único tricampeão consecutivo da principal competição do esporte nacional em disputa desde 1971. O Brasil teve esquadrões formidáveis ao longo da história do torneio, mas nenhum conseguiu alcançar a proeza do São Paulo 2006-2008 do técnico Muricy Ramalho.
Falando nele, o sisudo e estrategista “professor” foi, sem dúvida, um dos principais nomes naquela trajetória épica por suportar pressões terríveis, três revezes dramáticos em Copas Libertadores e diversas contestações. Para cada crise, ele respondeu com um título. E com muito “trabalho, meu filho”, como ele sempre gostou de frisar. Com bons jogadores para todas as posições, apenas um craque (Rogério Ceni, em seu auge) e times altamente competitivos e que se reinventaram com o passar do tempo, o São Paulo se transformou no maior papa-títulos do período e fez daquela era uma de suas mais brilhantes na história, atrás apenas dos tempos em que Telê Santana esteve à frente do time paulista, cujo discípulo foi exatamente Muricy Ramalho. É hora de relembrar a fábula do tri-hexa.
Das mil maravilhas…
Em 2005, o São Paulo encerrou de vez um incômodo jejum de títulos importantes e de zombarias dos rivais para faturar três canecos de uma só vez: Paulista, Libertadores e Mundial. Foi um ano mágico que teve triunfos históricos de um time que mostrou um lado competitivo impressionante para competições de mata-mata e que revelou para o país uma dupla de volantes que parecia se multiplicar: Mineiro e Josué. Além deles, o time teve laterais ousados e habilidosos (Júnior e Cicinho), um trio de zaga parada dura e muito seguro (Fabão, Lugano e Edcarlos) e uma linha de frente que mostrou pontaria na Libertadores (Danilo, Luizão e Amoroso) e se reinventou no Mundial com a entrada de Aloísio no lugar de Luizão.
Em 2006, Muricy Ramalho chegou ao clube para o lugar do técnico Paulo Autuori e deu ainda mais pegada ao time a ser batido na temporada. Com praticamente a mesma base de antes e ainda alguns reforços, o Tricolor priorizou a Libertadores e, mesmo com derrotas para o Chivas Guadalajara-MEX na fase de grupos, cresceu na fase eliminatória e eliminou os próprios mexicanos, na semifinal, com um inesquecível vareio de 3 a 0 no Morumbi, com golaços, defesa de pênalti de Rogério Ceni e jogadas fantásticas de um legítimo campeão continental e mundial. Paralelo a tudo isso, a equipe disputava o Campeonato Brasileiro e mostrava um apetite pouco comum para a competição. É que o torneio nacional não era vencido pelo Tricolor há exatos 15 anos, um dos maiores jejuns entre os grandes clubes brasileiros já campeões na época.
Nas primeiras quatro rodadas, o time venceu três jogos (1 a 0 no Flamengo, em casa, 4 a 0 no Santa Cruz, em casa, e 3 a 1 no Corinthians, fora) e só caiu diante do Fortaleza, fora, por 1 a 0. Na 5ª rodada, revés para o Internacional, por 3 a 1, mas a volta por cima veio nas rodadas seguintes: foram oito jogos, seis vitórias (com direito a um 4 a 1 sobre o Palmeiras, em casa) e dois empates, com a liderança alcançada na 12ª rodada, no triunfo por 2 a 1, em casa, sobre o Figueirense, com o gol da vitória marcado por André Dias já nos acréscimos. Flutuando, o Tricolor vivia uma fase perfeita e prestes a celebrar o tetracampeonato da Libertadores, como previam seus torcedores, em mais uma final brasileira do torneio, dessa vez contra o Internacional de Abel Braga. Porém, o entusiasmo se transformaria em algo terrível.
…Ao pesadelo
No primeiro jogo da final, em um Morumbi com mais de 72 mil pessoas, o São Paulo viu um de seus principais jogadores ser expulso (Josué) e perdeu onde ninguém esperava que ele perderia. Com dois gols de Rafael Sóbis e grande atuação de Fernandão, o Inter venceu por 2 a 1 e foi para o segundo duelo, no Beira-Rio, com a vantagem do empate. Em solo gaúcho, o São Paulo foi valente, viu Lugano cabecear uma bola na trave, mas só empatou em 2 a 2, resultado que deu o título inédito ao Colorado. Era o fim do sonho do tetra. Esfacelado, o time teria que buscar forças físicas e psicológicas para o restante da temporada. Como manter a liderança depois de um revés tão dramático? Era difícil. Muitos acreditavam em uma grande caída do time na competição nacional e consequente perda de jogadores, descrédito da torcida e tudo mais. No entanto, já no próximo compromisso, contra o Cruzeiro, no Mineirão, aquele São Paulo mostraria para todos que ainda estava vivo. Principalmente seu capitão.
Ressurreição
No dia 20 de agosto de 2006, pouco mais de 12 mil pessoas foram ao Mineirão certas de que veriam uma fácil vitória do Cruzeiro sobre um triste e pálido São Paulo. Com 34 minutos de jogo, os mineiros já venciam por 2 a 0 e o enredo já tinha contornos consolidados. Pouco tempo depois do segundo gol, pênalti para o Cruzeiro. Mas, na cobrança, Rogério Ceni, tão criticado pela falha no primeiro gol do Inter na final do Beira-Rio, defendeu. Começava ali a reviravolta tricolor. O voo da Fênix. Aos 42´, em uma falta magistral, Rogério marcou o primeiro gol do São Paulo. Aos 16´do segundo tempo, de pênalti, o camisa 1 empatou e se tornou o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos, quebrando o recorde anterior do paraguaio Chilavert. Foi uma atuação de gala que provou a força daquele time em superar as adversidades e seguir em frente rumo ao objetivo final. No final do primeiro turno, o time venceu o Paraná, em casa, por 3 a 2, e sagrou-se campeão do turno, título simbólico que trazia bons presságios para o Tricolor (desde o início dos pontos corridos, em 2003, todos os campeões da primeira parte do torneio foram campeões no final).
O reencontro e o embalo
No começo do returno, o São Paulo empatou contra Flamengo (1 a 1) e Fortaleza (1 a 1), venceu o Santa Cruz (3 a 1) e conciliou suas obrigações com a Recopa Sul-Americana, quando enfrentou o Boca Juniors-ARG de Alfio Basile e perdeu o título após derrota na Argentina (2 a 1) e empate em casa (2 a 2). Na quarta rodada, a equipe enfrentou o Corinthians e apenas empatou sem gols mesmo com o rival atuando com nove jogadores por mais de 60 minutos de jogo, resultado que foi comemorado pelos alvinegros e criticado pelos tricolores, que tinham o reencontro contra o algoz Internacional, no Morumbi, no dia 17 de setembro. Sem vários titulares, com o time remendado e Muricy ameaçado no cargo, o Tricolor suportou a pressão e venceu por 2 a 0, com gols de Lenílson e Júnior. Foi uma vitória para lavar a alma e embalar de vez a equipe para a reta final.
Depois de vencer o São Caetano (1 a 0, fora) e perder para o Palmeiras (3 a 1, fora), o time do Morumbi emendou três vitórias seguidas (5 a 1 no Vasco, em casa, 2 a 1 no Fluminense, fora, e 5 a 0 no Juventude, em casa), e viajou até Porto Alegre para encarar um rival direto na luta pelo título: o Grêmio. Com quase 50 mil pessoas, o estádio Olímpico se transformou em um caldeirão para enervar os paulistas. Mas, no fim, as ações foram invertidas. Danilo foi o nome do jogo, marcou um gol e o São Paulo só não saiu de Porto Alegre com a vitória (terminou 1 a 1) porque Souza mandou duas bolas na trave. Na rodada seguinte, mais três pontos após o triunfo por 2 a 0 sobre o Figueirense, fora. Em seguida, empate em 1 a 1 contra a Ponte Preta, em casa, e vitória por 1 a 0 sobre o Santos, fora, que significou a quebra de um jejum de 11 anos sem vitórias na Vila Belmiro. Nas duas rodadas seguintes, as vitórias por 3 a 0 sobre o Botafogo, em casa, e sobre o Goiás, por 2 a 0, fora, deram ao Tricolor a possibilidade de ser campeão já na 36ª rodada, contra o Atlético-PR, em casa, num cenário bem parecido com a final da Libertadores de 2005. Era hora de ser tetra. E destroçar de vez o jejum de 15 anos.
4-3-3
No dia 19 de novembro, o São Paulo colocou mais de 67 mil torcedores no Morumbi e esperava celebrar pela primeira vez um Campeonato Brasileiro sob seus domínios (os outros três foram conquistados fora de casa). Fabão, aos 24´do primeiro tempo, marcou o primeiro gol do jogo e fez vibrar a massa tricolor. Na segunda etapa, Cristian quis melar a festa, mas o placar em 1 a 1 permaneceu e só restava ao São Paulo esperar pelo resultado de Paraná e Internacional, que jogavam no mesmo horário. O time paranaense vencia por 1 a 0, placar que dava o título aos paulistas. Com alguns minutos de diferença, os jogadores do São Paulo permaneceram no gramado sem comemorar até o apito final lá em Curitiba. Nas arquibancadas, muitos torcedores celebravam, enquanto outros aguardavam com mais cautela. Só quando a notícia de que o Inter havia perdido soou no estádio que a festa pôde ser iniciada: São Paulo tetracampeão! Era o fim do jejum e a chave de ouro de um esquadrão histórico que começou a escrever sua história lá em 2005.
Nas duas últimas rodadas, o time venceu o Cruzeiro (2 a 0) e empatou sem gols com o Paraná, consolidando uma campanha inquestionável de um time que praticamente não soube o que era perder: 38 jogos, 22 vitórias, 12 empates, 4 derrotas, 66 gols marcados (melhor ataque) e 32 gols sofridos (melhor defesa), aproveitamento de 68%. Outro fator de destaque foi a seleção do campeonato feita pela revista Placar, que colocou cinco jogadores (Rogério Ceni, Ilsinho, Fabão, Mineiro e Aloísio) tricolores entre os 11 melhores da Bola de Prata. Falando em Rogério, o goleirão foi o artilheiro do time na temporada com 16 gols, embora tenha marcado cinco a menos que 2005 (foram 21 no ano do trimundial), seguido de Danilo e Thiago Ribeiro, ambos com 15, Alex Dias, com 11, e Aloísio, com 10. Vale lembrar que outros 15 jogadores também marcaram gols pela equipe naquela temporada, prova da força do grupo e da versatilidade do elenco, que teve jogadores aptos a atuarem em mais de uma posição, como Richarlyson, Souza e Leandro.
Previsões sombrias
Em 2007, o São Paulo era, naturalmente, favorito em qualquer competição que disputasse, mas as previsões não eram lá muito animadoras. Mineiro e Josué (este último deixou o clube perto do meio do ano), os expoentes do melhor meio de campo do clube em décadas, deixaram o Morumbi. Na zaga, o xodó Fabão também foi embora. Danilo, meia fundamental para os títulos de 2005 e 2006, saiu. Ilsinho, grande revelação da lateral-direita na conquista do tetra, também deixaria o time no decorrer da temporada para jogar na Ucrânia. Como o São Paulo iria manter o embalo sem tantos jogadores importantes? Oras, contratando!
Para o meio de campo, o clube trouxe de volta Hernanes, que havia sido emprestado ao Santo André, Jorge Wagner, que também podia atuar na lateral, e Zé Luís, que havia brilhado no São Caetano. Para a meia, o time trouxe Hugo, que havia se destacado no Grêmio. Para o ataque, os nomes da vez foram Borges e Dagoberto. Para a zaga, Miranda, André Dias e Alex Silva ganhariam a companhia (e a concorrência) de um promissor zagueiro revelado nas categorias de base: Breno, de apenas 17 anos, mas com um futebol de zagueiro veterano.
Antes da disputa do Brasileiro, o São Paulo perdeu apenas um dos 19 jogos que fez na primeira fase do campeonato estadual e foi para o mata-mata como um dos favoritos para chegar à final. No entanto, a equipe levou 4 a 1 do São Caetano e teve que se concentrar na Libertadores, na qual passou pela primeira fase sem grandes problemas contra adversários fracos (Audax Italiano-CHI, Alianza Lima-PER e Necaxa-MEX). Mas, nas oitavas de final, o time caiu diante do Grêmio após não conseguir segurar a vantagem do 1 a 0 da partida de ida e perder por 2 a 0 na volta, no Olímpico, dando adeus à competição internacional no dia 9 de maio. Três dias depois, começou o Campeonato Brasileiro e Muricy teve que mudar completamente a maneira de jogar do time (muito por causa da imposição do presidente Juvenal Juvêncio) e em várias peças dentro de campo. Jorge Wagner, André Dias, Hernanes, Dagoberto e Borges entraram nas vagas de Jadílson, Richarlyson, Souza, Leandro e Aloísio e o time estreou com vitória por 2 a 0 sobre o Goiás, em casa. Assim como em 2006, a caminhada nacional começava com o pé direito.
Consertando os problemas
Nas primeiras rodadas, o São Paulo alternou bons e maus momentos e demorou para encontrar estabilidade. Na segunda rodada, derrota por 1 a 0 para o Náutico, fora de casa. Na terceira, empate sem gols com o Palmeiras. Na quarta, vitória por 1 a 0 sobre o Paraná, fora. Na quinta, derrota em casa por 1 a 0 para o Atlético-MG, em mais um revés com expulsão do lado tricolor (Leandro), assim como Aloísio foi expulso no duelo contra o Náutico. Era preciso controlar os nervos e melhorar a pontaria no ataque se o time quisesse chegar ao topo. E foi o que aconteceu nas duas rodadas seguintes. Contra o Vasco, no Morumbi, Borges desencantou e fez os dois gols da vitória por 2 a 0.
No duelo seguinte, novo triunfo por 2 a 0, dessa vez contra o Santos, em plena Vila Belmiro, com gols de Dagoberto e Aloísio. Àquela altura, o time estava no G4 pela primeira vez. Nas três rodadas seguintes, dois empates sem gols, contra Figueirense, fora, e Flamengo, em casa, e vitória por 1 a 0, em casa, sobre o Internacional. No dia 14 de julho, a equipe empatou com o Corinthians e, quatro dias depois, perdeu para o Fluminense, em casa, por 1 a 0. Ainda sem embalar, o time teria um duelo fundamental contra o Cruzeiro, em Minas, pela 13ª rodada. Se o São Paulo pensava no título, o rival mineiro, na parte de cima da tabela e na cola do líder Botafogo, deveria ser superado. E seria.
Pegue-me (e tente marcar um gol) se for capaz
No dia 22 de julho, o São Paulo iniciou contra o mesmo Cruzeiro uma reviravolta semelhante à da campanha de 2006 no Campeonato Brasileiro. A equipe paulista começou perdendo, mas, no segundo tempo, Breno, de cabeça, empatou o jogo logo aos cinco minutos e deu sobrevida ao time, que encarava o rival de igual para igual e tentava controlar as ações no meio de campo. Foi então que Hernanes, aos 25´, marcou um dos gols mais bonitos da competição e também da epopeia do tri-hexa do tricolor. No meio, o jogador tricolor pedalou e passou por um, pedalou e passou por outro, olhou para o gol e disparou um chutaço indefensável que foi parar no ângulo do goleiro Fábio: golaço! Foi uma obra-prima que selou a vitória por 2 a 1 e a subida do time até a vice-liderança da competição a apenas dois pontos do Botafogo. A partir dali, o time iniciou uma sequência simplesmente impressionante. Foram 16 jogos sem perder, com direito a sete vitórias seguidas da 13ª rodada até a 19ª.
Nesse período, o time despachou, além do Cruzeiro, Sport (3 a 1, em casa), América-RN (1 a 0, fora), Juventude (3 a 1, em casa) e Grêmio (2 a 0, fora). Na 18ª rodada, o time viajou até o Rio de Janeiro e fez um duelo decisivo contra o Botafogo pelo título simbólico do primeiro turno. Mesmo fora de seus domínios, o São Paulo mostrou muita força nos contra-ataques e venceu por 2 a 0, com gols de Alex Silva e Leandro, ambos no segundo tempo. Na última rodada do turno, novo triunfo (2 a 0, no Atlético-PR, em casa) e tranquilidade para a reta final mesmo com as saídas de Josué e Ilsinho. Líderes isolados, os jogadores do São Paulo mantinham a concentração em si mesmos e não se importavam com os rivais, como disse Dagoberto à época: “mantemos a seriedade. Temos que nos preocupar só com a gente”.
A sequência de sete vitórias seguidas foi quebrada na 20ª rodada, com o empate sem gols contra o Goiás, fora. Mas, nos três jogos seguintes, o time venceu o Náutico (5 a 0, em casa), o Palmeiras (1 a 0, fora) e o Paraná (6 a 0, em casa). Nas 24ª e 25ª rodadas, mais quatro pontos após empate sem gols contra Atlético-MG, fora, e vitória por 2 a 0 contra o Vasco, fora, resultados que deram ainda mais moral ao líder para o clássico contra o Santos, no dia 15 de setembro. Enquanto você lia essa trajetória entre a 17ª e a 25ª rodadas, percebeu que o São Paulo não levou um gol sequer dos adversários? Isso mesmo! A equipe conseguiu a proeza de ficar inteiros nove jogos sem ver os rivais vazarem Rogério Ceni uma única vez. Foi uma marca histórica que chegou aos 987 minutos no clássico contra o Santos, que terminou 2 a 1 para o São Paulo, com uma pintura histórica de Breno, que driblou um mundaréu de jogadores antes de finalizar para o gol. Absolutos na defesa e letais nos contra-ataques, os tricolores sobravam e acumulavam “gordura” para os duelos seguintes. Após vencer o Figueirense, por 2 a 0, em casa, o time viajou até o Sul e bateu o Internacional em pleno Beira-Rio por 2 a 1, tornando-se o primeiro time paulista a vencer tanto Grêmio quanto o Inter em suas próprias casas em um mesmo Campeonato Brasileiro.
Penta!
Nas três rodadas seguintes, o São Paulo se deu ao luxo de perder dos jogos (ambos por 1 a 0, para Flamengo e Corinthians), e empatou em 1 a 1 com o Fluminense. Na rodada de número 32, o time teve pela frente o Cruzeiro, em mais um jogo com ares de decisão. Com mais de 60 mil pessoas, o Morumbi empurrou o time da casa, que venceu por 1 a 0, gol de Jorge Wagner, e aumentou a diferença do São Paulo em relação ao novo vice-líder (Palmeiras) para incríveis 13 pontos. O título estava praticamente garantido. Na rodada seguinte, o tricolor foi até o Recife e venceu o Sport, por 2 a 1, com dois lindos gols, um de Rogério Ceni, de falta, e outro de Aloísio. No compromisso seguinte, um mero empate contra o América-RN, em casa, daria o título brasileiro ao tricolor. E, com quase 70 mil pessoas no Morumbi, o São Paulo não decepcionou: Hernanes, Miranda e Dagoberto fizeram os gols da fácil vitória por 3 a 0 que sacramentou com quatro rodadas de antecipação o pentacampeonato brasileiro do tricolor. Era a glória tão esperada dias após a eliminação nas quartas de final da Copa Sul-Americana, diante do Millonarios-COL, embora o torneio continental já tivesse dado um gostinho especial para os paulistas pelo fato de eles terem eliminado o Boca Juniors-ARG nas oitavas de final.
Nas rodadas seguintes do Brasileiro, o São Paulo perdeu para Juventude (2 a 0, fora) e Atlético-PR (2 a 1, fora), venceu o Grêmio (1 a 0, em casa), e empatou com o Botafogo (2 a 2, em casa), resultados que não diminuíram em nada a campanha incontestável do time: 38 jogos, 23 vitórias, oito empates, sete derrotas, 55 gols marcados e apenas 19 gols sofridos (a melhor defesa em toda a história do Brasileiro por pontos corridos), totalizando um aproveitamento de 67%. Vivendo uma fase magnífica, Rogério Ceni se consagrou como o melhor goleiro do país na época e foi o único a atuar na América do Sul a ser indicado ao prestigiado prêmio “Ballon d´Or” da revista France Football.
O título deu ao São Paulo a famigerada posse da “Taça das Bolinhas”, criada pela Caixa Econômica Federal e que seria entregue ao primeiro clube pentacampeão nacional ou tricampeão consecutivamente. O problema é que o Flamengo pleiteava o troféu por ser campeão nacional em 1980, 1982, 1983, 1992 e em 1987, na bagunçada Copa União, até hoje motivo de discórdia na CBF, que sempre se recusou a considerar aquele torneio como “Brasileiro”. O fato é que a taça foi entregue ao São Paulo, o Flamengo entrou na justiça, a taça voltou à Caixa e até hoje o assunto segue sem uma definição concreta. Coisas do Brasil-sil-sil…
Idas, vindas e novo drama continental
Para a temporada de 2008, o São Paulo trouxe novos nomes e viu vários jogadores deixarem as bandas do Morumbi. Entre os contratados, destaque para o lateral Joílson, o atacante Éder Luís e o zagueiro Rodrigo. Outro que também chegou foi o atacante Adriano, por empréstimo, para tentar recuperar a forma e provar ao seu clube, a Internazionale-ITA, que ainda poderia ser útil. Do lado das baixas, o time perdeu quatro jogadores fundamentais para os títulos dos anos anteriores: Leandro, Souza, Aloísio e Breno, talento precoce que rumou para o Bayern München-ALE. Mais uma vez, Muricy teria que reinventar o time no Estadual e saber equilibrar as coisas para a Libertadores, que ganhava importância ainda maior por causa da presença de Adriano.
No Campeonato Paulista, o tricolor fez bons jogos, se classificou para a semifinal, mas acabou eliminado pelo futuro campeão, o Palmeiras, após derrota por 2 a 0 no Palestra Itália. Na Libertadores, a equipe superou Audax Italiano-CHI, Atlético Nacional-COL e Sportivo Luqueño-PAR na fase de grupos e eliminou o tradicional Nacional-URU, nas oitavas, após empate sem gols no Uruguai e vitória por 2 a 0 em casa, com gols de Adriano e Dagoberto. Nas quartas de final, o tricolor encarou um rival doméstico: o Fluminense. Na partida de ida, no Morumbi, Adriano marcou o gol da vitória por 1 a 0 que deu ao São Paulo a vantagem do empate para o duelo da volta, no Maracanã. Na casa do tricolor carioca (tomada por mais de 68 mil pessoas), Washington abriu o placar para o Flu, mas Adriano, no segundo tempo, deixou o São Paulo muito perto da semifinal. No entanto, Dodô, um minuto depois, fez 2 a 1. Nos acréscimos, Washington aproveitou um escanteio cobrado por Thiago Neves e fez o gol salvador e heroico da classificação do Flu, que venceu por 3 a 1 e fez o São Paulo acumular mais um tropeço diante de um clube brasileiro na Libertadores.
Assim como em 2007, as críticas choveram na cabeça de Muricy, que não conseguia brilhar em competições de mata-mata pelo clube paulista. Para piorar, Adriano, artilheiro do time na temporada com 17 gols, voltou à Internazionale e a equipe não tinha vencido nenhum dos três jogos já disputados no Campeonato Brasileiro (derrota para o Grêmio, em casa, por 1 a 0, e empates em 1 a 1 contra Atlético-PR e Coritiba. Seria bem mais difícil voltar ao topo daquela vez…
Longe das cabeças
Ao contrário dos dois anos anteriores, o São Paulo de 2008 demorou para engrenar e não flertou nenhuma vez com a liderança no primeiro turno. Após quatro rodadas sem vitórias, o time só venceu a primeira no dia 7 de junho, com um 5 a 1 pra cima do Atlético-MG, no Morumbi. Na rodada seguinte, a equipe calou os mais de 50 mil torcedores do Flamengo, no Maracanã, e venceu por 4 a 2, esboçando uma reação principalmente após a vitória por 1 a 0 sobre o Sport, no Morumbi. Mas, nas três rodadas seguintes, apenas dois pontos conquistados (nos empates em 1 a 1 contra Cruzeiro e Ipatinga) e derrota por 2 a 1 para o Náutico, fora de casa. Entre as rodadas 11ª e 13ª, três vitórias: 2 a 1 no Palmeiras, em casa, 3 a 1 no Vitória, fora, e 2 a 1 no Botafogo, em casa.
Na 15ª rodada, derrota para o Inter, no Sul, por 2 a 0, e volta por cima na vitória por 3 a 1 sobre a Portuguesa, em casa. Nas quatro últimas rodadas, duas vitórias (4 a 0 no Vasco, em casa, e 2 a 1 no Goiás, em casa), um empate (1 a 1, com o Figueirense, fora) e uma derrota (3 a 1, para o Fluminense, fora, com três gols do carrasco Washington), resultados que mantiveram o São Paulo na 4ª colocação, atrás do líder Grêmio, do vice, Cruzeiro, e do terceiro, Palmeiras. Logo na primeira rodada do returno, o time paulista perdeu mais um duelo para o Grêmio, dessa vez fora de casa, por 1 a 0, e viu os gaúchos dispararem 11 pontos na liderança. Muitos já davam o São Paulo como fora da disputa pelo título e uma volta por cima era quase impossível. Mas nada era impossível para Muricy. Muito menos para um time tão acostumado com as adversidades e perito em pontos corridos.
Se deixar chegar…
A partir da 21ª rodada, o São Paulo tinha plena consciência de que não poderia perder mais pontos de maneira nenhuma. Derrotas eram inadmissíveis. Empates, só se fossem alguns, ou fora de casa ou, no máximo, em clássicos. Nas quatro rodadas após o revés para o Grêmio, o time venceu o Atlético-PR, em casa, e empatou três jogos contra Coritiba (2 a 2, fora), Santos (0 a 0, em casa) e Atlético-MG (1 a 1, fora). Na 25ª rodada, vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo, em casa, com gols de Dagoberto e Hugo, e empate em 0 a 0 com o Sport, fora de casa, na 26ª rodada. Só nas três rodadas seguintes que a equipe engatou três vitórias consecutivas e alcançou novamente o G4, após derrotar Cruzeiro (2 a 0, em casa), Ipatinga (3 a 1, fora) e Náutico (1 a 0, em casa). Em mais um duelo contra um rival direto na luta pelo título, o tricolor abriu 2 a 0 diante do Palmeiras, no Palestra Itália, e tinha mais três preciosos pontos em suas mãos até os 33 minutos do segundo tempo, quando permitiu a reação do time da casa, que chegou ao empate e frustrou os planos dos tricolores.
Mas, no duelo seguinte, contra o Vitória, em casa, o São Paulo venceu por 2 a 1 (gols de Hernanes e Hugo) e engatou uma sequência de seis vitórias seguidas: 2 a 1 no Botafogo, fora, 3 a 0 no Internacional, em casa, com show do trio Borges, Dagoberto e Hugo, 3 a 2 na Portuguesa, fora, 3 a 1 no Figueirense, em casa, e 2 a 1 no Vasco, fora, em um jogo cheio de pressão pelo fato de o time carioca estar na zona de rebaixamento na época e precisar desesperadamente da vitória. Graças àquela arrancada e aos tropeços dos líderes, o São Paulo saiu da quarta posição e chegou ao topo da tabela pela primeira vez (na 33ª rodada, após a goleada sobre o Inter). Quietinho e sem alardes, o time já estava com novas chances de título e se apoiava nas atuações decisivas de Hugo e Borges, os artilheiros do time no torneio (eles terminaram a competição com 14 e 16 gols marcados, respectivamente) e fundamentais para a arrancada do segundo turno. Faltavam apenas duas rodadas para o fim. E o caneco poderia vir em casa, no dia 30 de novembro, contra o Fluminense.
O inesquecível tri-hexa
Mesmo diante de 66.888 pagantes no Morumbi, o São Paulo não conseguiu o que precisava (uma vitória simples) e apenas empatou com o Fluminense em 1 a 1, resultado que adiou a decisão do torneio para a última rodada. A parada seria complicada, afinal, o time iria enfrentar o Goiás, fora de casa, um adversário que sempre trouxe problemas para o clube do Morumbi. Para piorar, vários rumores de arbitragem suspeita e suborno agitaram o ambiente do clube e acirraram o nervosismo já elevado para a “decisão”. No dia do jogo, a equipe entrou em campo com a determinação e concentração características dos anos anteriores e não permitiu grandes chances ao Goiás. Aos 22´do primeiro tempo, Borges fez o gol solitário e necessário para dar o tricampeonato consecutivo ao São Paulo, que se tornava naquele dia o primeiro a levantar o Campeonato Brasileiro por três vezes seguidas e, de quebra, o primeiro clube hexacampeão do torneio.
Na comemoração, as imagens de Muricy Ramalho batendo no braço com raiva, calando os críticos, ficaram marcadas para sempre. Aquele foi o mais sofrido título nacional do treinador, que teve que superar eliminações e contestações para levar o tricolor mais uma vez ao topo. Após o título, o treinador foi categórico:
“Faz 18 jogos que a gente não perde. Tem sempre que repetir a mesma porcaria? Perguntinha chata, porradinha. Se tem pergunta boa, (a resposta) é boa. No ano que vem, vai ser só uma (entrevista coletiva) por semana, hein?” – Muricy Ramalho, em trecho extraído da revista Placar, dezembro de 2008.
Em 19 jogos do returno, o São Paulo perdeu apenas um, venceu 12 e empatou seis, desempenho fundamental para a conquista de um título tido como improvável. A campanha foi semelhante a de 2006: 38 jogos, 21 vitórias, 12 empates, cinco derrotas, 66 gols marcados e 36 gols sofridos, aproveitamento de 65%.
Difícil de superar
Em 2009, o time competitivo sofreu desgastes e Muricy Ramalho não suportou a pressão de mais uma eliminação em uma Libertadores para um rival doméstico (dessa vez para o Cruzeiro) e deixou o comando do tricolor em junho. Na sequência da temporada, a equipe não apresentou o mesmo rendimento, embora tenha vencido sete jogos seguidos no Campeonato Brasileiro, no qual foi líder nas rodadas 34, 35 e 36, até perder dois jogos decisivos (para Botafogo e Goiás) e deixar escapar o tetra. Mesmo assim, o time tinha crédito de sobra. Afinal, vencer o Campeonato Brasileiro por três vezes consecutivas foi algo gigantesco, inédito e histórico não só para o clube, mas também para o futebol nacional, que não via uma hegemonia tão grande em competições locais desde os tempos do Santos de Pelé.
Se aquele tricolor não foi brilhante como o time de 2005 ou o esquadrão de Telê, ele foi o mais perfeito para competições de pontos corridos e o que melhor entendeu a maneira de jogar torneios de longo prazo. Além disso, teve peças de reposição para vários setores do campo e dois personagens fundamentais: Muricy Ramalho e Rogério Ceni, ambos em seus auges da forma em suas respectivas funções e sedentos por escrever seus nomes na história do futebol. Eles conseguiram. Para a sorte do São Paulo, que também enriqueceu sua história com mais um esquadrão imortal.
A campanha geral do tri:
114 jogos
66 vitórias
32 empates
16 derrotas
187 gols marcados
87 gols sofridos
Aproveitamento de pontos: 67%
Os personagens:
Rogério Ceni: considerado o maior ídolo da história do São Paulo, maior até mesmo que Raí, Rogério viveu os melhores anos da carreira entre 2005 e 2008. O goleiro levantou títulos históricos, fez defesas sensacionais, marcou gols em profusão e virou o “M1to” que a torcida do São Paulo tanto idolatra. Foi fundamental para aquela era de ouro e quebrou todos os recordes possíveis no clube. Uma lenda. Leia mais sobre ele clicando aqui.
Bosco: teve a ingrata tarefa de ser o reserva de Ceni no período, mas conseguiu disputar alguns jogos em esporádicas ausências do camisa 1. Em 2006, disputou nove jogos, não perdeu e sofreu apenas quatro gols.
Miranda: após a saída de Lugano, a torcida do São Paulo temeu pela eficiência do tão aclamado sistema defensivo do time. Mas Miranda não deixou o torcedor sentir saudades. Com atuações de gala, enorme confiança e notável presença de área e para antecipações, o zagueirão virou titular absoluto no time e peça chave na conquista do tricampeonato nacional. Jogou tanto que ganhou espaço na Seleção Brasileira e valorização no futebol internacional.
Lugano: jogou apenas 11 jogos no Brasileiro de 2006, mas deu sua contribuição para o tetra nas sete vitórias tricolores. Foi jogar na Turquia após a perda do título da Libertadores, mas comemorou como nunca o título nacional de seu time. Ídolo da torcida, viveu sua melhor fase no clube paulista nos anos de 2004 e 2005.
Alex Silva: o “pirulito” fez grandes partidas nas partidas que jogou e só não foi titular absoluto por causa de contusões. Marcou gols importantes e ganhava quase todas nas disputas aéreas.
Fabão: xodó da torcida em 2005, o zagueirão foi o grande xerife do time após a saída de Lugano e manteve a serenidade e a força no setor. Também aparecia com perigo no ataque e deixou sua marca quatro vezes no Brasileiro de 2006, incluindo no jogo do título, contra o Atlético-PR.
Breno: após uma ótima Copa São Paulo de Futebol Júnior, Breno foi integrado aos profissionais do São Paulo em 2007 e simplesmente arrebentou. Com um futebol impressionante que aliava técnica, impulsão, senso de colocação, precisão nos desarmes e muita tranquilidade, o jovem de apenas 17 anos se tornou a grande revelação do ano no futebol brasileiro. Seu desempenho chamou a atenção do Bayern München-ALE, para onde ele foi já em 2008. Breno fez muita falta nos anos seguintes.
André Dias: após superar alguns problemas na justiça do trabalho, o zagueiro jogou com mais regularidade a partir da fase final do Brasileiro de 2006 e virou um dos principais defensores do time. Eficiente, muito regular e seguro, foi um dos expoentes do ótimo sistema defensivo do São Paulo no período.
Edcarlos: outro que viveu sua melhor fase em 2005 e acabou perdendo espaço no decorrer de 2006, principalmente após a chegada de Miranda. Foi o menos técnico dos defensores tricolores naquela época, mas teve simpatia da torcida e créditos graças aos seus gols e a boas atuações em partidas decisivas.
Rodrigo: após uma breve passagem ainda na era Cuca, voltou em 2008 e foi titular em boa parte da campanha do tribrasileiro. Se entendeu muito bem com a dupla de zaga tricolor e rendeu muito no esquema com três zagueiros.
Ilsinho: o lateral voou no Brasileiro de 2006 e foi uma grata revelação graças aos seus dribles, disparadas em velocidades e cruzamentos precisos. Fez Muricy respirar aliviado com a lateral-direita e foi fundamental para o tetra. Deixou o clube em 2007.
Joílson: chegou em 2008 para suprir a falta de um bom lateral-direito, mas não conseguiu repetir o desempenho de Cicinho e Ilsinho, os expoentes do setor naquela era de ouro. Mesmo assim, fez o simples e não comprometeu.
Mineiro: ídolo tricolor, Mineiro foi o autor do gol mais importante da história recente do São Paulo: o do tricampeonato mundial, contra o Liverpool, em 2005. Incansável, habilidoso e um leão no meio de campo, Mineiro fez, ao lado de Josué, uma das melhores duplas de volantes da história do futebol brasileiro. Marcava muito, roubava bolas como quem bebe água, e chegou à seleção brasileira. Gigante no coração da torcida são-paulina, o jogador deixou o clube em 2007, mas mora para sempre na memória do torcedor.
Souza: ao lado de Leandro e Richarlyson, foi um notável curinga para o técnico Muricy. Capaz de atuar na lateral, no meio e no ataque, o jogador fez belas partidas, marcou gols e foi um dos exemplos da força do grupo tricolor no período. Fez a alegria da torcida, também, com suas declarações e brincadeiras com os rivais.
Zé Luís: foi um motorzinho no meio de campo tricolor na conquista do tricampeonato, em 2008. Tinha o papel de marcar os principais meias dos rivais e dar espaço para Hernanes e Hugo atacarem com mais liberdade.
Josué: outro mito no meio de campo do São Paulo, Josué foi o parceiro perfeito de Mineiro e fez a alegria da torcida com suas roubadas de bola, marcação implacável e muita disposição, além de um notável preparo físico que raramente lhe tirava dos jogos. Foi fundamental para o título brasileiro de 2006 e para as glórias de 2005.
Hernanes: ele marcava, chutava com as duas pernas, driblava, armava, fazia golaços. Enfim, era o faz-tudo no meio de campo do São Paulo entre 2007 e 2008, época em que brilhou intensamente e se revelou um grande jogador. Foi um dos maiores símbolos daquele time e impressionou pela qualidade e, principalmente, pela regularidade. Muito querido pela torcida, saiu em 2010 para jogar no futebol europeu.
Jean: ganhou espaço no time em 2008 e virou outro polivalente nas mãos de Muricy ao atuar como lateral, volante e meia. Com habilidade, visão de jogo e bons passes, cresceu de produção na reta final do torneio e foi titular em várias partidas.
Danilo: virou “Zidanilo” pela falsa lerdeza e pela eficiência no ataque como maestro do time. Após um ano de 2005 formidável, manteve a pegada em 2006 e ajudou o time na conquista do Brasileiro com gols, assistências e belas atuações.
Richarlyson: mais um curinga de Muricy, o jogador atuou como lateral, volante e até como zagueiro entre 2006 e 2008. Foi titular em diversas partidas e demonstrou muita regularidade e disposição. Nunca foi de marcar gols, mas sim de fazer o trabalho operário e tático.
Jorge Wagner: depois de brilhar pelo Internacional, em 2006, o lateral chegou ao São Paulo em 2007 e esbanjou eficiência com lançamentos precisos, passes impecáveis e até gols decisivos. Não se contentava em atuar fixo na lateral-esquerda e muitas vezes partia pelo meio como um legítimo ponta, ou até mesmo como meia. Muito importante para a parte tática daquele time multicampeão.
Júnior: depois de fazer história no Palmeiras, Júnior também virou ídolo no São Paulo e foi titular absoluto da lateral-esquerda entre 2005 e 2006. Fez partidas memoráveis, esbanjou eficiência tanto no ataque quanto na defesa e até marcou gols.
Leandro: o “Guerreiro” foi peça chave na conquista do Brasileiro de 2006 e na campanha do vice-campeonato da Libertadores do mesmo ano. Raçudo, polivalente e muito rápido, foi essencial para os esquemas de Muricy Ramalho e xodó da torcida.
Thiago Ribeiro: atuou em 28 jogos no Brasileiro de 2006 e marcou 3 gols, sendo um dos atacantes reservas que mais atuaram na campanha do tetra. Sem espaço, deixou o time em 2007.
Dagoberto: após um imbróglio com seu ex-clube, o Atlético-PR, Dagoberto conseguiu a liberação que tanto sonhou e encontrou no São Paulo o ambiente perfeito para redescobrir seu futebol. Perigoso no ataque e até solidário na marcação, ganhou a confiança de Muricy e foi titular em boa parte das campanhas de 2007 e 2008. Fez vários gols e se entendeu muito bem com Borges.
Hugo: em 2007 ele jogou bem, mas foi em 2008 que o meia foi decisivo. Com vários gols, ótimas atuações e assistências para os companheiros, Hugo cresceu no momento que mais o tricolor precisava: na reta final. Com isso, o time ficou 18 jogos sem perder e levantou o tricampeonato seguido do Brasileiro.
Aloísio: o “Chulapa” caiu nas graças do torcedor com a sua irreverência e pelo passe telepático que deu para Mineiro marcar o gol do título mundial de 2005. Trombador e perigoso nas bolas aéreas, teve destaque na campanha do tetracampeonato brasileiro de 2006, bem como no título de 2007.
Lenílson: teve boas atuações em 2006 mesmo não sendo titular absoluto. Marcou gols, deu passes e foi, ao lado de Rogério Ceni, o artilheiro do time no Brasileiro daquele ano com oito gols. Em 2007, perdeu espaço com as contratações do time para o ataque e deixou o Morumbi.
Alex Dias: não foi titular nem apresentou o futebol dos tempos de Goiás, mas conseguiu marcar quatro gols na campanha do tetra e ajudou nos 25 jogos que atuou na competição.
Borges: após dois anos sem um homem-gol clássico, o São Paulo teve em Borges sua referência dentro da área. Vivendo uma ótima fase e muito concentrado nas finalizações e no posicionamento, o camisa 9 marcou 26 gols na temporada (16 no Brasileiro) e foi fundamental para a conquista do tricampeonato. Em 2007, também deixou sua marca na trajetória do título (foram sete gols), e mostrou que as “duras” de Muricy surtiram efeito.
Muricy Ramalho (Técnico): aprendiz de Telê Santana, Muricy Ramalho usou tudo o que aprendeu com seu “Mestre” para construir o seu maior trabalho da carreira. Comandar o São Paulo por tanto tempo e sair vitorioso do jeito que ele saiu mesmo sofrendo tombos dramáticos e enorme pressão de mídia e torcida foi algo sensacional. Além disso, o treinador teve sempre o grupo em sua mão, não deixou que vaidades atrapalhassem o desempenho do time em campo e teve total apoio da comissão técnica e excelente profissionais ao seu lado, como Milton Cruz e Carlinhos Neves. Ser tricampeão seguido foi uma façanha. E dificilmente ele será superado. Histórico! Leia mais sobre ele clicando aqui!
Leia sobre o São Paulo de 2005-2006 clicando aqui!
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Foi um pecado esse esquadrão não ter sido tetra da Libertadores. Azar para o futebol. Enquanto isso, um time sem vergonha, que só é grande por conta de parcerias (Parmalat e Crefisa), ganha títulos só na base do fax e que só ganha roubado com ajuda do VAR, foi campeão da Libertadores 2020 sem convencer, em uma das edições mais fracas da história da competição. E não à toa, fez vexame no Mundial terminando em 4º. Triste a situação do futebol sulamericano e brasileiro. Ficar nas mãos de timinhos que nem o bi-rebaixado é de fazer qualquer torcedor que ama futebol de verdade ficar aos prantos.
Infelizmente Internacional, Grêmio e Fluminense acabaram com sonho do Tetra da Libertadores mas era timaço!
Excelente matéria de um dos maiores clubes do País, se não o maior… Sonho em um dia podermos voltar à essa glória!
Eu não me esqueço do jogo contra a Portuguesa em 2008. SP empatando até os 48 do segundo tempo e em um escanteio o Zé Luis marcou de cabeça. Como o São Paulo jogava com vontade pqp! E o tri-hexa esse eu vi de perto! Fui ao jogo no DF e vi o tricolor levantando a taça!
Ótimo texto parabéns para o autor, só de lembrar da até saudades desse timaço que apesar de passar por varias reformulações aquele time ganhou de tudo praticamente e calou muitos que duvidaram … pra mim Esquadrão Imortal (2005 – 2008)
Uma pena que este time durante sua tragetoria foi vimita das narrações sem emoção do Cleber Machado e o titulo de 2007 sequer foi transmitido pela globo, nem de longe é o melhor São Paulo de todos mas era o melhor time brasileiro da epoca e dominou o cenário nacional entre 2005 e 2008
Esse time foi incrível, merecia ganhar um mata-mata
Foi um São Paulo de Resultados , com a cara do Muricy Ramalho , MR.CAMPEONATO BRASILEIRO , Imortais vocês também poderiam botar o Fluminense 2009-2012 , em que o Muricy treinou em 2010 foi um time vitorioso assim como esse timaço do são paulo.
o Muricy provou que é um dos melhores treinadores do Brasil, mexia muito bem no time e fazia jogadores comuns renderem mais que o esperado, faltou aquela vitória contra o Fluminense na penultima rodada pra ser campeão e rebaixar os cariocas(vingança perfeita).
Não entendo como ainda hoje tem gente que critica o trabalho do Muricy, além dessa passagem tirar o time do rebaixamento já seria suficiente para fazerem uma estátua…
primeiro quero agradecer o otimo imortais do futebol por relembrar esse excelente que me fez chorar e sorrir de alegria se hj sou sao paulino fanatico roxo ate a medula esse timaço foi o responsavel por ser tricolor ate a morte era uma equipe com sangue brios nos olhos raça amor e paixao tesao nao jogava bonito mas era eficiente a arte do 1 x0 jogar bonito nao e sinonimo de vitoria e sim efetividade e uma time perfeito na defesa solida e rogerio no auge sempre com peças a altura e o genio muricy que colocou seu nome na historia como um dos maiores treinadores da historia nao so do sao paulo mas sim do brasil fazer o que fez e dificil 3 vezes impossivel e so muricy e depois ganhando no fluminense para confirmar sua fama de especialista em pontos corridos
Até hoje acho que o que fizeram com o Muricy foi uma injustiça (tirar ele do clube por conta de eliminações na libertadores). Devo dizer que fiquei muito feliz quando ele ganhou pelo Santos. Acredito que era o titulo que tava entalado na garganta dele.
Obrigado por relembrar esse time foi graças a esse são paulo que virei torcedor do time
No domingo o Muricy chegou a lembrar desse time ae! Quem sabe em 2014, com CRAQUES no SP, o meu time não consiga outro milagre como em 2008, apesar de achar dificil pois o Cruzeiro está impossível!!! Fora isso, foi bom relembrar esse time Imortais!!! Vcs são o melhor blog/máquina do tempo dos grandes times que fizeram história!