Grandes feitos: Campeão do Campeonato Português (1945-1946), Campeão da Taça de Portugal (1941-1942) e Bicampeão do Campeonato Regional de Lisboa (1943-1944 e 1945-1946). Foi o primeiro clube a quebrar a hegemonia dos “Três Grandes” de Portugal ao conquistar um título do campeonato nacional.
Time-base: Capela (Salvador Jorge); Feliciano e Vasco (Simões); Amaro, Gomes e Serafim; José Pedro (Franklim Oliveira / Coelho), Manuel Andrade (Gilberto), Armando Correia, Artur Quaresma (Elói) e Rafael Correia. Técnicos: Alejandro Scopelli (1941), Rodolfo Faroleiro (1941-1942), Sándor Peics (1943-1944) e Augusto Silva (1944-1946).
“Imortais de Belém”
Por Guilherme Diniz
Ao longo de sua história, o Campeonato Português foi dominado quase que exclusivamente por três clubes: Benfica, Porto e Sporting, os chamados “Três Grandes”. Ano após ano, o trio se revezou nas conquistas nacionais e quase nunca admitiu intrusos no caminho do troféu. Bem, o “quase” só existe por culpa de dois clubes: Boavista, campeão português de 2001, e Os Belenenses, o primeiro a quebrar essa dinastia impressionante lá na temporada 1945-1946 com um dos maiores esquadrões da história do futebol português e um time que ajudou a confirmar a notável ascensão do clube de Belém no desporto nacional. Com uma zaga formidável, um ataque que raramente passava em branco e um futebol organizado e bonito, o time azul alcançou a maior glória de sua história e fez da bela região de Belém, às margens do rio Tejo, a “capital” do futebol português. É hora de relembrar.
O quarto grande
Nos anos 1940, o futebol português ainda não tinha a expressão Três Grandes consolidada por causa d’Os Belenenses, que na época já era um clube bastante competitivo e com títulos de peso no cenário local. A história começou em 1919, quando Os Belenenses surgiram em uma época na qual a região de Belém não tinha mais o Benfica – fundado ali, como Sport Lisboa, em 1904, mas que se transferiu para outra região anos depois – e após o União Sport Belenense e o Ajudense começarem a perder muitos torcedores, criando um abismo futebolístico na região. Com isso, Os Belenenses foram fundados em 23 de setembro de 1919, há mais de 100 anos.
Desde o início, o clube de Belém mostrou força e sempre brigou com os grandes pelos troféus. Até 1933, por exemplo, Os Belenenses eram os maiores campeões do antigo Campeonato de Portugal – ao lado do Porto -, na era amadora, com três conquistas, além de três vices. Foram também quatro vezes campeões do Campeonato de Lisboa. Vale lembrar que o Campeonato de Portugal até hoje gera debate sobre sua importância e muitos já questionaram sua unificação com o Campeonato Português – atual Primeira Liga -, a exemplo do que ocorreu com os torneios brasileiros antes de 1971. No entanto, a competição segue em uma “prateleira abaixo”.
A partir de 1934-1935, o Campeonato Português começou efetivamente e Os Belenenses alcançaram o vice em 1936-1937 e ficaram na terceira colocação em quatro competições seguidas já nos anos 1940, época dominada pelo Benfica e pelo Sporting, que se revezaram nas conquistas entre 1940 e 1945. Mas aquela hegemonia teria fim muito em breve…
Formando a base e primeiro título
Desde os anos 1930 que Os Belenenses pavimentaram um caminho promissor. Em 1934, a diretoria construiu uma pista de Atletismo na antiga casa do clube, o Estádio de Salésias, que se tornou a melhor do país. Em 1936, as arquibancadas do estádio foram aumentadas e, em 1937, o Estádio de Salésias se tornou o primeiro totalmente com grama no país. Em 1938, a casa dos azuis foi escolhida pela primeira vez como palco de um jogo da seleção nacional de Portugal, que ali disputou todos os encontros realizados no país até 1942, na grande maioria das vezes com a capacidade máxima do estádio – 21.000 pessoas.
Mas não era apenas a seleção das Quinas que enchia o estádio de Belém. O time da casa conquistava cada vez mais torcedores e simpatizantes na região e levava milhares de pessoas aos seus jogos. Com muito profissionalismo e investindo nas categorias de base, Os Belenenses tinham, em 1943, pouco mais de 4.000 sócios. Em 1944, perto de 5.000; em 1945, atingem-se os 6.800; em 1946, quase se alcançam os 9.000 e, em 1946, lança-se a campanha dos 12.000 sócios. À maturidade de Amaro, Rafael Correia e José Simões, foram se juntando outros mais jovens que vieram igualmente a ser figuras imensas d’Os Belenenses: Artur Quaresma, Serafim das Neves, Vasco e Feliciano.
E, depois de ficar no quase em duas finais seguidas da Taça de Portugal, Os Belenenses alcançaram sua primeira grande glória da década em 1941-1942, quando o clube faturou o título da Taça de Portugal após campanha irrepreensível: goleada de 5 a 1 sobre o Porto, na primeira fase; empate em 1 a 1 e vitória por 3 a 0 sobre o Olhanense, nas quartas; mais uma goleada – 5 a 0 -, dessa vez sobre o União de Lisboa, nas semifinais; e triunfo por 2 a 0 sobre o Vitória de Guimarães na grande final disputada no Estádio do Lumiar, antiga casa do Sporting, na capital. Os gols da final foram de Gilberto e Artur Quaresma, este um dos principais jogadores do elenco azul na época e capaz de jogar no ataque e também um pouco mais recuado, como meia.
A trajetória rumo ao sonho
O título da Taça de Portugal mostrou que Os Belenenses podiam, sim, brigar pelo troféu do Campeonato Português. E, embora o time tenha ficado na 6ª colocação no torneio de 1943-1944, foi campeão de mais um Campeonato de Lisboa. E, na época 1944-1945, lutou até o fim pelo título nacional, mas ficou na 3ª colocação, com a mesma pontuação do vice-campeão (27 pontos), o Sporting, e três pontos a menos do que o campeão Benfica. Os azuis se destacaram pelo ótimo sistema ofensivo de jogo e registraram o segundo melhor ataque do torneio com 72 gols em 18 partidas, com destaque para o pirotécnico 15 a 2 sobre o Académica, maior goleada da história da Primeira Liga!
Após o torneio, a diretoria decidiu mudar o comando técnico e trouxe Augusto Silva, ídolo do clube em seus tempos de jogador, para substituir o húngaro Sándor Peics. Em sua chegada, Silva encontrou um elenco jovem e ao mesmo tempo experiente, com remanescentes do título da Taça de Portugal e novos nomes no setor defensivo, entre eles o goleiro Mario Capela e o zagueiro Vasco Oliveira. A dupla, juntamente com Feliciano, compôs uma zaga que ficou conhecida como as “Torres de Belém”, em alusão ao histórico monumento às margens do Tejo e pelo trio aliar grande estatura, força e imponência. O atacante Armando Correia, formado na Académica de Coimbra, e Manuel Andrade, outro produto da base belenense e talismã do time, de 18 anos, foram outros nomes essenciais na campanha da temporada 1945-1946.
O técnico Silva e seu auxiliar Rodolfo Faroleiro começaram a trabalhar mais a parte física dos jogadores nos treinamentos, além de preparar os jovens para os jogos mais acirrados da temporada, em especial contra os rivais Benfica e Sporting. Outro fato em destaque era a personalidade daquele elenco, que encarava qualquer adversário com bravura e se opunha à onda nazifascista que perdurava na Europa naqueles anos 1940 e em tempos dos ditadores António Salazar (Portugal) e Francisco Franco (Espanha). Em 1938, por exemplo, antes de um duelo entre Portugal e Espanha, os selecionáveis d’Os Belenenses Amaro e Quaresma não fizeram a saudação nazifascista antes do pontapé inicial, ato raro na época.
Antes do Campeonato Português começar, Os Belenenses tiveram um prenúncio do que estava por vir com o título de mais um Campeonato de Lisboa, superando Sporting, Atlético e Benfica. Em dezembro de 1945, a equipe azul começou a disputar o torneio nacional, que teve 12 equipes pela primeira vez na época. A estreia foi logo contra o Sporting, maior esquadrão do país e que tinha o implacável artilheiro Fernando Peyroteo. Jogando fora de casa, Os Belenenses empataram em 1 a 1, resultado satisfatório diante das circunstâncias e em tempos nos quais as vitórias ainda valiam dois pontos.
No jogo seguinte, em casa, o time de Belém goleou o freguês Académica por 7 a 0 e engatilhou outra goleada na sequência: 6 a 1 no Boavista. Depois, vitória por 1 a 0 sobre o Oliveirense e 5 a 1 no Vitória de Guimarães, resultados que consolidaram o time azul no topo. Após vencer o Vitória de Setúbal por 4 a 1, fora de casa, Os Belenenses tropeçaram nas duas rodadas seguintes. Primeiro, veio o empate em 2 a 2 contra o Atlético, em casa. Depois, derrota fora de casa para um dos principais rivais, o Benfica, por 2 a 0. A vitória por 3 a 2 sobre o Porto, em casa, aliviou a campanha, mas o revés por 2 a 0 para o Olhanense, fora de casa, custou a liderança. A partir dali, Os Belenenses não podiam mais tropeçar. Caso contrário, o Benfica mais uma vez seria campeão.
No embalo rumo ao título
Na última rodada do primeiro turno, o time de Belém venceu o Elvas por 5 a 2 e entrou no returno disposto a retomar a liderança. Para isso, a equipe azul iniciou uma sequência irrepreensível que marcaria para sempre a história do clube. A primeira vítima foi o Sporting, derrotado por 2 a 1. Na sequência, vitórias sobre Académica (3 a 1, fora), Boavista (4 a 1, fora), Oliveirense (massacre de 10 a 0, em casa), Vitória de Guimarães (4 a 2, fora), Vitória de Setúbal (3 a 2, em casa) e Atlético (4 a 2, fora). O rival na rodada 19 foi o Benfica, em Belém, com casa cheia para empurrar Os Belenenses em busca da vitória e da retomada da liderança. E o time azul venceu os encarnados por 1 a 0, gol do talismã Manuel Andrade, e retomou a liderança em um momento crucial da competição!
Na rodada seguinte, os Pastéis visitaram o Porto e venceram por 1 a 0, resultado que encheu de confiança o elenco para a partida diante do Olhanense, surpresa do torneio e que figurava entre os quatro primeiros colocados. Pois o time azul não tomou conhecimento do adversário e conseguiu vingar a derrota sofrida no turno com juros: 6 a 0, em gols de Armando (2), Feliciano, Manuel Andrade, Quaresma e José Pedro. Com apenas um ponto de vantagem, Os Belenenses precisavam vencer o Elvas, filial do Benfica, para confirmar o título na rodada final. Em caso de empate e triunfo do Benfica no outro jogo, a equipe encarnada ficaria com o caneco.
Na semana do duelo, o Benfica tratou de enviar um técnico parceiro para ajudar o Elvas com informações e dicas táticas. No dia do jogo, Os Belenenses foram a campo com seus melhores nomes e disposto a fazer história. Porém, logo aos 3’, Patalino abriu o placar para o time da casa. O tento interferiu no desempenho d’Os Belenenses, que não conseguiram chegar ao gol de Semedo e foram para o intervalo com a derrota. Além disso, eles ficaram sabendo que o rival Benfica vencia seu jogo por 2 a 0 e tal combinação arruinava o sonho do título azul. Foi então que os mais experientes do grupo pediram a palavra e bradaram que “aquele jogo tinha que ser vencido!”.
Com mais entusiasmo, Os Belenenses dominaram as ações ofensivas até que, aos 66’, o defensor Vasco, gigante, engatou uma das suas arrancadas, chegou junto à lateral direita e ultrapassou todos os adversários que estavam em seu caminho. Só em falta foi travado. Do tiro-livre, saiu o gol de empate, anotado por Andrade. Tempo depois, Vasco apareceu mais uma vez no ataque, aos 77 minutos, e cedeu a bola a Artur Quaresma, que arrancou para a área e disparou o remate que acabou desviado por Rafael Correia: 2 a 1. Sem forças, o Elvas foi para a lona. Feliciano quase fez o terceiro gol nos minutos finais, mas o placar era suficiente para garantir o inédito e histórico título a’Os Belenenses, campeões de Portugal! Manuel Andrade, artilheiro do time com 19 gols em 14 jogos disputados, comentou sobre a festa ao Diário de Notícias (POR):
“Lembro-me que depois do jogo com o Benfica, e ‘embalado’ pelos mais velhos, senti que podíamos festejar o título. Quanto às jogadas de ‘bastidores’, é verdade que o Benfica enviou o Valadas (técnico) para ajudar o Elvas nos últimos jogos, curiosamente o último contra nós. Bem tentou com esse ‘reforço’, mas não conseguiu. A festa após o título foi memorável, passamos de carro em várias cidades, com tanta gente a nos aplaudir”.
O título d’Os Belenenses foi elogiado por toda a mídia portuguesa e muito merecido por tudo o que a equipe jogou naquela temporada. Em 22 jogos, foram 18 vitórias, dois empates, duas derrotas, 74 gols marcados (segundo melhor ataque) e apenas 24 gols sofridos (melhor defesa). O time azul ainda registrou 11 vitórias seguidas e passou o returno inteiro com 100% de aproveitamento. Somando o triunfo sobre o Elvas na última rodada do primeiro turno, foram 12 jogos seguidos só com vitórias!
A aproximação e chegada a Lisboa da caravana dos azuis foi apoteótica. Segundo o próprio site do clube, “milhares de belenenses tinham-se deslocado a Elvas, em carros, camionetas e por trem. Aqui e acolá, acenavam e festejavam nas estradas. A partir de Setúbal, foi crescendo: havia aclamações em praticamente todas as localidades por onde se ia passando, cada vez mais intensas à medida que se aproximava a margem Sul do Tejo. Em Cacilhas, o largo principal, em frente do local onde se apanham os barcos, estava repleto de pessoas, que queriam festejar o título e vitoriar os jogadores”.
As aclamações estenderam-se desde o Cais do Sodré, por toda a Avenida 24 de Julho, ladeada por milhares de pessoas, num cordão quase ininterrupto, com inúmeras bandeiras d’Os Belenenses, até 5 km depois, culminando em volta da estátua de Afonso Albuquerque (onde o clube nascera) e diante da sede em Belém, onde os jogadores, em especial o capitão Amaro, e também o treinador Augusto Silva, vieram à janela agradecer os aplausos e incentivos.
Prestígio e o fim
O título português ecoou em todo continente. E, em dezembro de 1947, o clube azul foi convidado pelo Real Madrid para participar da inauguração do novo estádio merengue: o Nuevo Chamartín, que mais tarde seria batizado como Santiago Bernabéu. Após uma missa rezada pelo padre Soria, as equipes entraram em campo prontas para o início da história daquele coliseu, que não estava completamente cheio no dia – a multidão se concentrou mais nas partes baixas, deixando as arquibancadas altas com vários espaços. No jogo, o Real venceu por 3 a 1 e quem teve a honra de anotar o primeiro tento do estádio foi o merengue Sabino Barinaga, atacante que jogou por uma década no clube, de 1940 até 1950.
Os Belenenses ainda fariam vários amistosos pelo mundo e seu quadro associativo superaria a marca de 12 mil sócios, mas o clube não conseguiu manter a coroa no Campeonato Português, que voltou a ser dominado pelo fortíssimo Sporting dos Cinco Violinos e, bem depois, pelo Benfica de Eusébio. Desde então, Os Belenenses só venceram duas Taças de Portugal – em 1959-1960 e 1988-1989 -, perderam a força de outrora, viveram problemas financeiros e seguem longe dos holofotes do país. A torcida espera que, um dia, os azuis de Belém possam voltar a brilhar e, quem sabe, ter de volta a aura que fez do clube um dos gigantes de Portugal.
Os personagens:
Capela: o goleiro português, nascido em Angeja, jogou no Beira-Mar e no Ovarense antes de chegar ao Belenenses no final da primeira metade da década de 1940, quando assumiu o posto de Salvador Jorge e foi um dos principais nomes do time campeão nacional de 1946. A boa fase do goleirão e sua segurança levaram-no à seleção portuguesa de futebol, participando de cinco jogos entre 1947 e 1951.
Salvador Jorge: com três passagens pelo Belenenses, o goleiro foi titular na campanha do título da Taça de Portugal de 1941-1942, troféu que simbolizou o definitivo ponto de virada do clube em busca do sonhado troféu nacional. Com a chegada de Capela, acabou perdendo espaço.
Feliciano: foi um dos melhores defensores do futebol português no século XX e um dos membros das Torres de Belém daquele esquadrão imortal. Chegou em 1940-1941 ao clube azul e permaneceu até 1950, ajudando o time a vencer a Taça de Portugal e o Campeonato Português. Foi figura constante também na seleção portuguesa, pela qual disputou 14 partidas, Feliciano se tornou uma referência por seu porte defensivo imponente e habilidades técnicas.
Vasco: um titã na zaga e com fôlego e técnica para avançar ao ataque e dar passes precisos, foi um dos primeiros zagueiros a se arriscar na frente em sua época. Foi sem dúvida o grande nome da virada histórica sobre o Elvas, na última rodada do Campeonato Português de 1945-1946, e cravou seu nome como um dos maiores ídolos d’Os Belenenses.
Simões: outro notável futebolista português, José Simões jogou durante toda a sua carreira no Belenenses. Atuava como defesa central e teve uma carreira de destaque entre 1934 e 1944, período em que se tornou uma das referências do futebol português. Simões conquistou importantes títulos pelo Belenenses, incluindo a Taça de Portugal em 1942 e o Campeonato de Portugal em 1933. Além disso, foi internacional pela seleção de Portugal, onde fez 10 aparições entre 1936 e 1941, jogando em amistosos e partidas de qualificação para o Mundial de 1938.
Serafim: o defensor foi outro que só vestiu a camisa d’Os Belenenses na carreira, de 1940 até 1954, e integrou grandes equipes do clube no período. Teve papel de destaque na campanha do título português e atuou em todas as 22 partidas. Podia jogar tanto na zaga quando no miolo central, além de ajudar a cobrir os espaços pelas laterais. Também fazia parte das “Torres de Belém” quando atuava na zaga.
Amaro: grande capitão e símbolo daquele esquadrão, Mariano Amaro só vestiu a camisa d’Os Belenenses em sua carreira, de 1934 até 1948, e foi um líder nato dentro e fora do campo. Amaro personificava o espírito boêmio e carismático de Lisboa nos anos 1930 e 1940, frequentando cafés e rodas sociais da cidade. Além de um talentoso futebolista, era também conhecido pela sua paixão pela vida, as tertúlias e a boa mesa. Dentro de campo, destacava-se pela simplicidade e inteligência de jogo.
Era um líder tanto n’Os Belenenses quanto na seleção portuguesa, onde atuou por 13 anos. Apesar de várias ofertas lucrativas, sempre permaneceu fiel ao seu clube de coração. Sua carreira foi interrompida de forma abrupta em 1948, quando uma hemorragia pulmonar o afastou dos campos. Mesmo após a aposentadoria, Amaro manteve-se ativo socialmente, lutando pelos direitos dos trabalhadores. O capitão deixou um legado que transcende o futebol, sendo lembrado como um símbolo d’Os Belenenses e de uma era romântica do desporto português.
Gomes: meia ofensivo que aparecia bem no ataque, Francisco Gomes jogou de 1939 até 1947 no clube azul. Em 161 jogos, anotou 22 gols pelo time de Belém.
Armando Correia: foi um destacado jogador d’Os Belenenses, nascido em Setúbal, Portugal. Atuando como atacante, fez parte do elenco campeão nacional em 1945/46, e anotou 14 gols em 21 jogos naquela campanha. Correia era conhecido por sua capacidade ofensiva e pela inteligência dentro de campo.
Artur Quaresma: nascido em 1917, em Barreiro, Quaresma iniciou sua carreira no Nacional do Barreiro e mais tarde jogou no Sport Lisboa. Ele chegou em 1936-1937 ao Belenenses e permaneceu até 1949, quando se destacou como um dos principais atacantes do time. Além disso, também fez parte da seleção portuguesa, estreando em 1936. Um momento marcante de sua carreira foi sua resistência ao regime fascista de Salazar, quando, em vez de seguir o gesto do braço esticado durante a execução do hino nacional, manteve seu braço abaixado, algo que gerou reações políticas na época. Na campanha do título nacional de 1946, marcou 14 gols em 22 jogos. Ele registrou 101 gols em 227 jogos pelo clube de Belém. Quando pendurou as chuteiras, Quaresma dedicou-se à carreira de treinador, passando por várias equipes, incluindo o próprio Belenenses e outros clubes de destaque. Ele faleceu em 2011, aos 94 anos.
Elói: podia jogar mais avançado ou pelas pontas, mas não chegou a ser titular absoluto. Foram 10 jogos e um gol na trajetória do título.
Manuel Andrade: mais jovem do time azul naquele ano mágico de 1946, Andrade foi um verdadeiro furacão na campanha do título nacional ao anotar 19 gols em apenas 14 jogos disputados. Oportunista, rápido e habilidoso, jogou no Belenenses até 1948, quando foi vestir a camisa do Sporting a pedido de Fernando Peyroteo, lenda dos alviverdes.
Gilberto: um dos mais prolíficos atacantes de seu tempo, Gilberto brilhou na conquista da Taça de Portugal e foi a referência ofensiva do time no começo dos anos 1940. Entre 1939 e 1943, o avançado anotou 63 gols em 54 jogos, média superior a um gol por partida!
Rafael Correia: notável atacante e autor de 160 gols em 239 jogos pelo Belenenses ao longo de mais de 10 anos, brilhou no time campeão nacional dos anos 1940 e marcou 12 gols em 19 jogos na campanha do título.
José Pedro: cria das bases, começou a ganhar espaço após a conquista da Taça de Portugal e anotou seis gols em 13 jogos na campanha do título de 1946. Jogou até 1947 pelo clube azul até se transferir para o Benfica. Em 90 jogos pelos azuis, José Pedro anotou 50 gols.
Franklim Oliveira: com 30 gols em 61 jogos pelo time de Belém, o atacante foi peça chave na campanha do título da Taça de Portugal de 1942. Acabou deixando o clube em 1945 para jogar no Vitória SC e acabou perdendo a chance de celebrar o título português de 1946.
Coelho: o atacante anotou 4 gols em 9 jogos da campanha do título e foi bem quando atuou como titular. Com a ascensão de Andrade, perdeu espaço na reta final da conquista.
Alejandro Scopelli, Sándor Peics e Augusto Silva (Técnicos): o argentino Scopelli teve uma carreira de destaque em seu país e também no futebol europeu nos anos 1930 e, em 1939, começou a treinar Os Belenenses, onde ficou até 1941. Após sua saída, Faroleiro, ex-jogador do time azul, foi o técnico que conduziu Os Belenenses ao título da Taça de Portugal de 1942, pavimentando o caminho para o húngaro Sándor Peics manter o time competitivo, embora não tenha conseguido levantar títulos de peso.
Mas, com a chegada de Augusto Silva, Os Belenenses passaram a jogar melhor, dominaram seus adversários e levantaram o sonhado título nacional em 1946, o que fez do treinador o único da história do clube a conseguir tal feito. Ele venceu ainda 3 Campeonatos de Portugal e 6 Campeonatos de Lisboa, contribuindo para a afirmação d’Os Belenenses como uma das potências do futebol nacional na época.
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Parabéns pelo texto Guilherme essa história eu não sabia pois nós anos 40 em Portugal se fala muito do Sporting e seus cinco violinos.legal saber que o belenenses entrou no meio da festa e quebrou a hegemonia dos três grandes.pelo que deu a entender essa dupla de zaga Feliciano e Vasco não devia ser moleza passar por ali.