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Craque Imortal – Hagi

Hagi

Nascimento: 05 de Fevereiro de 1965, em Sacele, Romênia.

Posição: Meia

Clubes: Farul Constanta-ROM (1982-1983), Sportul Studentesc-ROM (1983-1987), Steaua Bucareste-ROM (1987-1990), Real Madrid-ESP (1990-1992), Brescia-ITA (1992-1994), Barcelona-ESP (1994-1996) e Galatasaray-TUR (1996-2001).

Principais títulos por clubes:

3 Campeonatos Romenos (1986-1987, 1987-1988 e 1988-1989), 2 Copas da Romênia (1986-1987 e 1988-1989) e 1 Supercopa da UEFA (1986 – disputada em 1987) pelo Steaua Bucareste.

1 Supercopa da Espanha (1990) pelo Real Madrid.

1 Supercopa da Espanha (1994) pelo Barcelona.

1 Copa da UEFA (1999-2000), 1 Supercopa da UEFA (2000), 4 Campeonatos Turcos (1996-1997, 1997-1998, 1998-1999 e 1999-2000), 2 Copas da Turquia (1998-1999 e 1999-2000) e 2 Supercopas da Turquia (1996 e 1997) pelo Galatasaray.

 

Principais títulos individuais e artilharias:

Artilheiro do Campeonato Romeno: 1985 (20 gols) e 1986 (31 gols)

Artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA: 1987-1988 (4 gols)

Eleito o Jogador Romeno do Ano: 1985, 1987, 1993, 1994, 1997, 1999 e 2000

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1994

Eleito o 80º Melhor Jogador do Século XX pela revista Placar: 1999

Eleito o 25º Melhor Jogador do Século XX pela revista World Soccer: 1999

FIFA 100: 2004

Eleito o Melhor Jogador da História da Romênia no Jubileu da UEFA: 2004

Eleito o 46º Melhor Jogador da História das Copas pela revista Placar: 2006

 

 

“Rei dos Cárpatos”

Por Guilherme Diniz

Houve uma época, na Romênia, em que um homem se diferenciava dos demais futebolistas de seu país pela técnica e precisão com que batia na bola e por causa de uma indefectível perna esquerda. Com ela, ele fazia o possível e o impossível, cobrava faltas maravilhosas, dava lançamentos impecáveis e marcava gols inesquecíveis. Reza a lenda que ele conseguia dominar perfeitamente uma bola até mesmo nas montanhas dos Cárpatos, que compõem grande parte da geografia ocidental da Romênia. Sobre picos ou gramados, Gheorghe Hagi se destacava pela beleza de seu futebol, pelo espírito de liderança e pela elegância que fazia questão de mostrar com a camisa amarela da seleção de seu país. Durante duas décadas, Hagi se consolidou como um dos maiores meias do futebol mundial e conseguiu ser uma das estrelas da Copa do Mundo de 1994 mesmo rivalizando com feras como Romário, Roberto Baggio, Stoichkov, Brolin e Maldini. É hora de relembrar a carreira do maior jogador romeno de todos os tempos.

 

Craque precoce

Hagi

Hagi nasceu na pequenina comuna de Sacele, em Dobruja, bem ao leste da Romênia. Fanático por futebol desde garoto e com um incrível talento para sua idade, o futuro meia começou a jogar bola com apenas 10 anos e teve no Farul Constanta a primeira oportunidade futebolística oficial. Aos 15 anos, se transferiu para o Luceafarul Bucareste, clube criado em 1978 que tinha como objetivo de selecionar os mais notáveis talentos do país a fim de prepará-los para disputas em competições internacionais de futebol júnior. Depois de um ano na equipe da capital, Hagi voltou ao Farul e virou profissional já no ano de 1982, com 17 anos, quando fez sua estreia na Divizia A, a primeira divisão da Romênia, e marcou sete gols em 18 jogos. Em 1983, com 18 anos, quase foi jogar no Universitatea Craiova, mas preferiu o Sportul Studentesc, da capital. Foi também naquele ano que ele ganhou a primeira convocação para a seleção romena, para um amistoso (terminou 0 a 0) contra a Noruega, em Oslo.

 

Canhotinha artilheira

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Depois de uma temporada de adaptação, Hagi se enturmou de vez no Sportul e marcou 20 gols em 30 jogos disputados pelo campeonato nacional de 1984-1985, feito que o tornou artilheiro do torneio. Na temporada seguinte, Hagi deu show e marcou 31 gols em 31 jogos, média exata de um gol por jogo, e foi outra vez artilheiro. O Sportul conseguiu o vice-campeonato romeno daquele ano e teve o melhor ataque da competição (87 gols em 34 jogos) graças ao talento e a precisão de Hagi, que já se mostrava um dos melhores jogadores do país na época. Titular absoluto de seu clube e da seleção, o meia passou a ser cobiçado pelo maior clube do país, o Steaua Bucareste, que vivia um momento mágico com a conquista da Liga dos Campeões da UEFA de 1985-1986 e uma hegemonia absoluta na Romênia.

Hagi com a Supercopa da UEFA de 1986, seu primeiro título pelo Steaua.

 

No começo de 1987, o gigante da capital anunciou a contratação de Hagi, que disputou logo de cara a decisão da Supercopa da UEFA contra o Dynamo Kiev-URSS, comandado por Valeri Lobanovsky, base da seleção soviética e com vários craques como Oleg Blokhin, Igor Belanov e Olekiy Mykhaylychenko. Se alguém do Steaua precisava de alguma prova sobre a capacidade de Hagi, ela foi dada com o gol do título marcado pelo meia aos 44´da primeira etapa que decretou a vitória romena por 1 a 0. Foi o segundo título continental da equipe em apenas nove meses. O gol fez de Hagi titular instantâneo do esquema tático do técnico Anghel Iordanescu e representou uma nova era para o craque: a era dos títulos.

 

Soberania romena

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Com a camisa do Steaua, Hagi viveu anos mágicos e teve a companhia de Piturca, Lacatus, Stoica, Bumbescu e Petrescu num esquadrão que dominou completamente o Campeonato Romeno e conquistou quatro títulos seguidos entre 1985 e 1989, sendo os das temporadas 1986-1987, 1987-1988 e 1988-1989 de maneira invicta. O craque marcou 25 gols em 31 jogos em 1987-1988 e 31 gols em 30 jogos em 1988-1989. Embora fosse titular pleno do time e um dos maiores destaques do futebol romeno na época, Hagi não vivia um ambiente tão bom no Steaua.

O craque rivalizava com Victor Piturca o status de líder do time e não admitia interferências ou opiniões do veterano atacante, característica que sempre foi presente em seu estilo como jogador. Para a sorte da torcida, a dupla não prejudicava o rendimento do Steaua e os gols eram marcados em abundância – com até uma sadia disputa entre ambos nas artilharias do campeonato. Foi nessa época que Hagi quase foi jogar na Juventus-ITA, em 1988, quando a equipe italiana pretendia contratar o jogador como substituto do mítico Michel Platini. No entanto, a diretoria do Steaua achou a proposta dos alvinegros “muito capitalista” pelo fato de os mandatários juventinos proporem o financiamento da construção de um hospital em Bucareste.

Na temporada 1988-1989, o Steaua voltou a fazer bonito na Liga dos Campeões da UEFA ao golear o Sparta Praga-RCH por 5 a 1, fora de casa, com dois gols de Hagi. Na volta, o empate em 2 a 2 (com um gol de Hagi) colocou os romenos nas oitavas de final. Nela, goleada por 3 a 0, em casa, pra cima do Spartak Moscou-URSS, com dois gols de Hagi. Na volta, outra vitória, dessa vez por 2 a 1.

Nas quartas de final, o time encarou os suecos do Göteborg e venceu por 5 a 2 no placar agregado. Na semifinal, goleada por 4 a 0 (um gol de Hagi) sobre o Galatasaray-TUR, em casa, e empate em 1 a 1, fora. Em busca de um histórico bicampeonato europeu, os romenos enfrentaram o poderoso Milan-ITA de Maldini, Baresi, Donadoni, Rijkaard, Gullit e Van Basten, e não conseguiram impedir a goleada italiana por 4 a 0. Hagi não conseguiu jogar seu brilhante futebol por causa da superioridade do rival e a falta de espaços para criar jogadas diante de uma marcação tão plena quanto a dos rossoneros. A dolorosa derrota significaria o fim de uma era de ouro para o Steaua. Mas Hagi ainda teria novos desafios pela frente.

 

Primeira Copa e Espanha

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Em 1990, Hagi viajou até a Itália para a disputa de sua primeira Copa do Mundo na carreira. A Romênia era uma das equipes que poderia surpreender e levava consigo grande expectativa da mídia esportiva. Mas os romenos foram decepcionantes. Na primeira fase eles até fizeram uma boa campanha com vitória sobre a URSS (2 a 0), empate em 1 a 1 contra a então campeã Argentina e derrota por 2 a 1 para Camarões. Nas oitavas de final, o empate sem gols no tempo normal e a derrota por 5 a 4, nos pênaltis, para a Irlanda decretou a melancólica eliminação dos amarelos do Mundial. Hagi não marcou nenhum gol, mas foi o maestro do selecionado amarelo e principal articulador de jogadas do meio de campo e ataque.

Com fama em toda a Europa e maior visibilidade na Copa, a ida do craque para um grande e famoso clube não demoraria a acontecer, ainda mais com a queda do regime comunista em vigor na Romênia que possibilitou a livre ida dos atletas do país para outros lugares. Com isso, já em 1990, o Real Madrid-ESP levou Hagi para o Santiago Bernabéu por mais de quatro milhões de dólares. No entanto, o camisa 10 não teve uma boa sequência de jogos e foi jogar exatamente numa época de declínio do Real no futebol espanhol depois de total hegemonia no final dos anos 80. Com a ascensão do Dream Team do Barcelona de Cruyff, Hagi não faturou títulos e foi uma estrela opaca na liga espanhola.

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Em 1992, Hagi deixou Madrid e foi jogar no futebol italiano, onde vestiu a camisa do pequenino Brescia, recém-promovido à elite da Itália. Na temporada 1992-1993, o meia disputou 31 jogos e marcou cinco gols na Série A, mas não evitou um novo descenso da equipe azul e branca. Mas houve um lado positivo na estadia de Hagi no Brescia. Foi por lá que ele se entrosou com o compatriota Florin Raducioiu, artilheiro do Brescia na temporada 1992-1993 do Calcio com 13 gols. A dupla levou o entrosamento também para a seleção romena e deram ao técnico Anghel Iordanescu uma nova e promissora opção para a Copa do Mundo de 1994. Falando nela, Hagi tinha a certeza de que o mundial dos EUA seria a grande oportunidade de sua carreira para provar que era, realmente, um craque fora de série.

 

O time de Hagi

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Se ainda jovem Hagi já dava mostras de sua predominância perante os companheiros de time, com 29 anos de idade o craque chegou ao ápice de sua “autoridade”. Na seleção, o meia era o capitão e comandava todos os lances de bola parada. Também pudera, afinal, a perna esquerda do romeno estava no auge da forma em 1994 e foi fundamental para a campanha da Romênia nas Eliminatórias europeias. A equipe passou fácil por Ilhas Faroe (7 a 0 e 4 a 0), País de Gales (5 a 1 e 2 a 1), Chipre (4 a 1 e 2 a 1) e teve tropeços apenas contra Bélgica (vitória por 2 a 1 e derrota por 1 a 0) e Tchecoslováquia (empate em 1 a 1 e derrota por 5 a 2).

Os amarelos terminaram na primeira colocação de seu grupo com sete vitórias, um empate e duas derrotas em 10 jogos, com 29 gols marcados e 12 sofridos. O desempenho do time foi muito elogiado e o futebol apresentado ainda melhor que na Copa de 1990. As expectativas para o mundial dos EUA eram as melhores possíveis, ainda mais com a dupla Raducioiu e Hagi, que se entendiam cada vez mais e eram as referências do time no ataque.

 

A Copa e o show

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O grande estádio Rose Bowl, em Pasadena, foi palco da estreia da Romênia na Copa de 1994 contra a estrelar seleção colombiana, tida por muitos como uma das favoritas ao título por conta do desempenho nas eliminatórias e da goleada de 5 a 0 imposta sobre a Argentina em pleno estádio Monumental. Com grandes jogadores como Córdoba, Valderrama, Rincón e Asprilla, a equipe dava mesmo pinta de que poderia brilhar. Mas o público americano se acostumou a ver Hagi, sua visão de jogo e um time muito disciplinado taticamente.

A Romênia não se importou com a fama dos colombianos e comandou as ações desde o início, abrindo o placar após Hagi tomar uma bola no meio de campo com muita categoria e iniciar um contra-ataque que resultou num gol de Raducioiu. Tempo depois, Hagi tentou marcar um golaço por cobertura ao ver o goleiro Córdoba adiantado, mas a bola foi para fora. Na outra chance que teve, Hagi recebeu na esquerda e fez que ia cruzar. No entanto, a bola pegou uma trajetória incrível e entrou no fundo do gol de Córdoba: golaço!

A Colômbia tentou uma reação ainda no primeiro tempo com um gol de Valencia, mas Raducioiu, aos 45´do segundo tempo, decretou a ótima vitória romena por 3 a 1. Na partida seguinte, o excesso de confiança acertou em cheio os romenos e a Suíça goleou por 4 a 1, com direito a uma atuação horripilante do goleiro romeno Stelea, que foi sacado do time para a entrada de Prunea. No último jogo da fase de grupos, novamente no Rose Bowl, a Romênia venceu os anfitriões americanos por 1 a 0 e conseguiu a classificação para as oitavas de final. Mas o adversário seguinte não seria nada fácil: a Argentina.

 

O triunfo épico e o doloroso adeus

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A Romênia teve um duro teste naquela fase de oitavas de final da Copa: enfrentar a Argentina, já desfalcada de Maradona, mas ainda muito forte com Ruggeri, Sensini, Redondo, Simeone, Ortega, Balbo e o artilheiro Batistuta. Por causa disso, a equipe amarela foi para o jogo cautelosa, com um zagueiro a mais e sem Raducioiu. A tática prevenia a equipe de levar sustos dos argentinos e dava mais liberdade para a criação de Hagi no meio de campo. E os mais de 90 mil torcedores viram uma partida histórica naquele dia 03 de julho de 1994. A Romênia parecia jogar com uma maturidade tremenda e contra uma seleção qualquer do leste europeu, sem sentir pressão alguma. Logo aos 11´, Dumitrescu bateu uma falta magistral do canto esquerdo do campo e marcou um golaço: 1 a 0.

Aos 16´, a Argentina empatou de pênalti com Batistuta. Apenas dois minutos depois, Dumitrescu tabelou com Hagi na direita e marcou mais um lindo gol: 2 a 1. No segundo tempo, o nervosismo começou a aparecer na Argentina, que teve três jogadores advertidos com cartão amarelo. Já a Romênia seguia jogando o fino, com Dumitrescu e Hagi simplesmente irresistíveis. E aos 13´, a dupla voltou a aprontar. Dumitrescu roubou a bola no meio de campo e iniciou um contra-ataque mortal. Ele foi avançando até encontrar o companheiro Hagi livre na direita. Dumitrescu só rolou e o maestro da camisa 10 fuzilou: 3 a 1. Que jogo fazia a Romênia! E quantos golaços numa só partida! A Argentina quis atrapalhar o show romeno com mais um gol, marcado por Balbo, aos 30´, mas era tarde: Romênia 3×2 Argentina.

Os europeus estavam pela primeira vez na história em uma etapa de quartas de final da Copa do Mundo. Ninguém parecia acreditar que a toda poderosa Argentina estava eliminada por uma seleção com pouquíssima tradição no futebol. Mas estava. E sem apelação, apenas com a beleza do futebol de Hagi, que provava de uma vez por todas que era mesmo um fora de série.

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Nas quartas de final, a Romênia teve pela frente a seleção da Suécia, que também fazia uma ótima Copa e mostrava muita qualidade ofensiva com Dahlin e Brolin. Os romenos foram completos para o duelo e com o reforço de Raducioiu no ataque, ao lado de Hagi e Dumitrescu. Mas havia dois fatores que poderiam atrapalhar o time: o primeiro era o local do jogo, Stanford, longe do “lar doce lar” de Pasadena. O outro era o uniforme, pois naquele jogo a Romênia jogaria de vermelho, e não de amarelo. A partida foi equilibrada, mas a Suécia deu muito mais trabalho para os zagueiros romenos do que os atacantes romenos para a zaga sueca. No segundo tempo, uma falta muito bem ensaiada pela Suécia resultou no primeiro gol do jogo, marcado por Brolin, aos 33´. Mas, aos 43´, a Romênia conseguiu o empate depois de uma falta cobrada para a área e que encontrou os pés de Raducioiu, que chutou alto sem chances para Ravelli.

O placar em 1 a 1 permaneceu até o apito final e o jogo foi para a prorrogação. Nela, a Romênia aproveitou uma falha da zaga sueca e virou o jogo com Raducioiu: 2 a 1. Faltava pouco para a semifinal! Porém, quem esperava um jogo mais tranquilo e uma classificação certa dos romenos se surpreendeu. Faltando cinco minutos para o fim, Kennet Andersson aproveitou a saída errada do goleiro Prunea e conseguiu o gol de empate: 2 a 2. Nos pênaltis, Ravelli fez a diferença, defendeu duas cobranças, e a Suécia venceu por 5 a 4. Assim como em 1990, Hagi via sua Romênia cair na marca da cal em uma Copa. No entanto, o mundial rendeu ao jogador todos os elogios possíveis e ainda uma vaga no All-Star Team da Copa. Era o auge do craque e o devido reconhecimento de todo o mundo da bola.

 

Fracasso espanhol e recomeço turco

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Obviamente que Hagi não permaneceu no Brescia após a Copa de 1994. Logo após o mundial, o craque foi contratado pelo Barcelona e esperava dar a volta por cima e apagar a má impressão deixada em sua passagem pelo Real. Mas, outra vez, a história se repetiu: poucos jogos, poucos gols e nenhum entendimento com as rígidas táticas do técnico Johan Cruyff, que exigia mais disciplina defensiva e de marcação do meia romeno, duas características totalmente aquém do que ele gostava de fazer em campo. Depois de dois anos, Hagi se mandou para a Turquia e foi jogar no Galatasaray, equipe que começava a construir uma hegemonia em seu país semelhante a que Hagi vivera no Steaua. Ao lado de Korkmaz, Hakan Ünsal, Hakan Sükur entre outros, Hagi teria o ambiente perfeito para recomeçar sua carreira clubista. Já na temporada 1996-1997, o craque faturou o Campeonato Turco e marcou 14 gols em 29 partidas. Maestro do meio de campo e sem aparentar o ar veterano de seus 31 anos, o romeno caiu rapidamente nas graças da torcida e comandou as ações ofensivas do time de Istambul.

 

Última Copa

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Paralelo às suas atuações no Galatasaray, Hagi levou sua querida Romênia a mais uma Copa do Mundo, a da França, em 1998. Nas Eliminatórias, o meia marcou cinco gols e foi um dos destaques do time. No mundial, a equipe amarela voltou a encontrar a Colômbia em uma estreia de Copa e venceu por 1 a 0, gol marcado por Ilie após passe de calcanhar de Hagi. Na partida seguinte, os romenos encararam a perigosa Inglaterra de Seaman, Campbell, Tony Adams, Scholes, Shearer, Beckham e Owen.

Diante de mais de 33 mil pessoas em Toulouse, os romenos mostraram muita força e venceram por 2 a 1, com mais uma atuação decisiva de Hagi, que deu um lançamento estupendo para Moldovan abrir o placar do jogo logo aos dois minutos do segundo tempo. A classificação antecipada para as oitavas de final motivou uma celebração pitoresca dos romenos: todos eles pintaram os cabelos de loiro (com exceção do goleiro Stelea, que era calvo) e assim entraram em campo para o duelo contra a Tunísia, no Stade de France. Jogando com vários reservas, os “totalmente amarelos” empataram em 1 a 1.

De cabelo amarelo, Hagi não conseguiu bater a Croácia nas oitavas de final da Copa.
De cabelo amarelo, Hagi não conseguiu bater a Croácia nas oitavas de final da Copa.

 

Tanta celebração e festa afetaram profundamente o desempenho dos romenos nas oitavas de final. Preguiçosos e sem interesse algum no jogo, os amarelos foram derrotados pela ótima Croácia de Jarni, Boban e Suker por 1 a 0 e deram adeus ao mundial da França. Foi a última Copa da carreira de Hagi, que se despediu da seleção em junho de 2000, na derrota por 2 a 0 para a Itália na Eurocopa daquele ano.

 

Aposentadoria e idolatria eterna

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Embora não tenha vivido bons anos pela seleção pós-1994, Hagi se entorpeceu vestindo a camisa do Galatasaray. Foram quatro títulos do Campeonato Turco, duas Copas da Turquia, duas Supercopas da Turquia e dois troféus mágicos: a Copa da UEFA e a Supercopa da UEFA, ambas conquistadas em 2000 após decisões históricas contra Arsenal-ING e Real Madrid-ESP, respectivamente. A histeria tomou conta de Istambul na época e fez de Hagi um verdadeiro mito por lá, ganhando até o apelido de “vinho”, pois quanto mais velho ficava, melhor ele se tornava. Era comum a torcida do Galatasaray gritar “I love you Hagi” (eu te amo, Hagi) nas partidas do time. Em 2001, aos 36 anos, o craque decidiu se aposentar dos gramados devidamente consagrado e realizado profissionalmente.

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Depois de pendurar as chuteiras, Hagi começou a carreira de técnico e teve passagens pela seleção romena, por clubes da Turquia e pelo Steaua, mas em todas ele não conseguiu a mesma dominância e brilho dos tempos de jogador. O que ficou, de fato, foi tudo o que Hagi fez e conquistou em campo, seja na Romênia, seja na Turquia. Goleador, maestro, clássico camisa 10 e responsável por lances maravilhosos em Copas do Mundo, Gheorghe Hagi virou uma lenda em seu país, foi eleito o melhor jogador romeno de todos os tempos e segue soberano na lista dos maiores goleadores da Romênia na história. Realmente, os Cárpatos tiveram um rei. O rei Gheorghe. Único, soberano e imortal.

O Imortais já contou a história de alguns dos esquadrões por onde Hagi passou. Saiba mais clicando nos links abaixo!

Steaua Bucareste – anos 1980

Romênia 1994

Galatasaray – final dos anos 1990

 

Números de destaque:

Disputou 124 jogos e marcou 35 gols pela Seleção Romena.

Disputou 167 jogos pelo Galatasaray e marcou 70 gols.

Disputou 207 jogos do Campeonato Romeno e marcou 145 gols.

Disputou cerca de 640 jogos na carreira e marcou pouco mais de 270 gols.

Soccer World Cup 1994: Romania vs Argentina - Gheorghe Hagi

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Comentários encerrados

4 Comentários

  1. primeiro comentario que deixou no blog primeiro acesso sempre o site acho um excelente site de cultura e pesquisa acho que o futebol perdeu sua essencia emfim e sempre bom lembrar ou conheçer grandes times jogadores treinadores do futebol mundial que fizeram historia quero te parabenizar porque deve ser um trabalho arduo e duro e prazeroso ate porque recordar e e voce con toda tua experiencia deve ter visto a maioria de toda essa tua historia que voce conta espetacularmente entao continua com esse estupendo trabalho de pesquisa fa,ta alguns craques como gregorz lato cautemoc blanco entre outro mais eu tmb quero ser jornalista esportivo tenho blog e gosto de historia de clubes etc boa sorte no trabalho e na vida

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