Data: 11 de maio de 2013
O que estava em jogo: a vitória, claro, e a chance de ficar (muito) próximo do título nacional, em partida válida pela 29ª rodada do Campeonato Português de 2012-2013.
Local: Estádio do Dragão, Porto, Portugal.
Juiz: Pedro Proença (Portugal)
Público: 50.177 pessoas
FC Porto: Hélton; Danilo (Liedson, aos 40’ do 2º T), Otamendi, Mangala e Alex Sandro; Lucho González (Kelvin, aos 34’ do 2º T), Fernando (Defour, aos 28’ do 2º T) e João Moutinho; James Rodríguez e Varela; Jackson Martínez. Técnico: Vítor Pereira.
SL Benfica: Artur; Maxi Pereira, Luisão, Garay e André Almeida; Matic; Salvio, Enzo Pérez, Gaitán (Roderick Miranda, aos 21’ do 2º T) e Ola John (Pablo Aimar, aos 40’ do 2º T); Lima (Óscar Cardozo, aos 28’ do 2º T). Técnico: Jorge Jesus.
Placar: Porto 2×1 Benfica. Gols: (Lima-BEN, aos 19’, e Maxi Pereira-BEN, contra, aos 25’ do 1º T; Kelvin-POR, aos 45’ + 1’ do 2º T).
“O SaKramento do Tri”
Por Guilherme Diniz
Nem o mais romântico torcedor poderia imaginar um enredo tão perfeito para um fim de temporada no Campeonato Português de 2012-2013. Após 28 rodadas das 30 possíveis, os gigantes Benfica e Porto iriam duelar por três pontos mais do que cruciais em busca do título na rodada de número 29. Ambos estavam invictos. Os encarnados eram líderes, com 74 pontos. Os portistas tinham 72. O local da partida era o Estádio do Dragão, abarrotado com mais de 50 mil torcedores, que sabiam que apenas uma vitória mantinha o Porto com chances de título, ou melhor, de tricampeonato consecutivo. O Benfica apostava no retrospecto e em sua liderança cativa desde a 21ª rodada para acabar com a hegemonia do maior rival. Tudo levava a crer que aquele encontro seria dos benfiquistas, dominantes do placar com menos de 20 minutos. Mas veio a infelicidade de Maxi Pereira e o gol contra que acendeu a chama do dragão. Veio o segundo tempo.
A pulsação e euforia da torcida diminuíam a cada corrida do relógio, esse egocêntrico avesso às emoções. O árbitro sinalizou mais quatro minutos quando os 45’ chegavam ao fim. E um garoto de 19 anos, que havia cruzado o Atlântico dois anos antes, acertou um chute cruzado de esquerda, aos 46’, para marcar o gol da virada portista. Kelvin fez rugir o Estádio do Dragão. Instigou um dos mais arrepiantes barulhos de “gooooooooooloooooo” deste século (não é brincadeira nem exagero, você terá a prova no vídeo lá na parte final deste texto). Kelvin deKretou o tri. Fez Jorge Jesus ajoelhar em seu lamento profundo. SaKramentou uma das maiores vitórias do Porto no Clássico português. E iniciou uma derrocada dominó amarga nos dias seguintes do lado benfiquista. É hora de relembrar.
Pré-jogo
Quase uma década após viver anos de ouro com títulos em profusão e uma histórica Liga dos Campeões da UEFA em 2003-2004, o Porto iniciou os anos de 2010 com apetite por conquistas. Na temporada 2010-2011, o clube alviazul faturou não só o Campeonato Português – de maneira invicta -, mas também a Taça de Portugal e a Liga Europa, vencida com triunfo sobre o Braga-POR por 1 a 0 na final. Foi uma época inesquecível de um time goleador comandado pelo técnico André Villas-Boas (tachado na época de “novo Mourinho”) e jogadores como Radamel Falcao – em fase espetacular -, João Moutinho, Varela, Hulk e o goleiro Hélton.
O Porto manteve a sina mesmo com as saídas de Villas-Boas para o Chelsea-ING, em 2011-2012, e do artilheiro Falcao para o Atlético de Madrid-ESP, ao reforçar o elenco com boas contratações, entre elas os brasileiros Danilo e Alex Sandro, ambos ex-Santos-BRA, do também brasileiro Kelvin, ex-Paraná Clube-BRA, e do argentino Lucho González, ex-Olympique de Marselha-FRA. Com esse elenco e a manutenção de jogadores que haviam brilhado na época 2010-2011, o Porto conquistou o bicampeonato nacional sob o comando do treinador Vítor Pereira.
Na temporada 2012-2013, o Porto perdeu um de seus expoentes de ataque, o brasileiro Hulk, mas voltou a manter os principais jogadores, além dos colombianos Jackson Martínez e James Rodríguez crescerem bastante de rendimento. Com isso, os dragões não tomaram conhecimento dos rivais no Campeonato Português e brigaram pela ponta desde o início da competição, com boas sequências de vitórias e alguns empates, mas nada de derrotas. Mesmo com as eliminações na Taça de Portugal e nas oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA, a equipe se agarrou à chance de tentar o tricampeonato nacional consecutivo. Mas a tarefa dos portistas na penúltima rodada não seria nada fácil, pois o adversário seguinte era simplesmente o Benfica, líder do Campeonato desde a 21ª rodada e também invicto.
Os encarnados, comandados pelo técnico Jorge Jesus desde 2009, brigavam por três títulos naquela reta final de temporada. Além da boa campanha no torneio nacional, a equipe vinha bem na Liga Europa e estava na final da competição após eliminar pelo caminho Bayer Leverkusen-ALE, Bordeaux-FRA, Newcastle United-ING e Fenerbahçe-TUR, com o atacante Óscar Cardozo gastando a bola no setor ofensivo do time. Na Taça de Portugal, os benfiquistas também estavam na decisão. Com isso, o jogo contra o rival Porto poderia significar o início de uma sequência de glórias que o torcedor encarnado ansiava de maneira absurda principalmente por ter uma competição continental pelo caminho, tipo de torneio que não era vencido pelo Benfica desde o início da “maldição de Béla Guttmann” lá nos anos 1960.
Com dois pontos de vantagem sobre o rival, o Benfica precisava de uma vitória para ser campeão dentro do estádio do Dragão. Até um empate era benéfico. Com todos esses ingredientes, o Clássico daquele dia 11 de maio de 2013 já era um dos mais aguardados do século. O técnico portista esbanjava confiança e disse antes do jogo:
“Eu sei como o Benfica vai jogar, mas não vos vou dizer [aos jornalistas]. Aqui há uns tempos, até era capaz de ir na vossa conversa… Vou crescendo com as experiências. Já não me atiram areia para os olhos. Eu tenho a certeza como eles vão jogar. Contra nós jogam assim, contra outros jogam de forma diferente”.
Jorge Jesus também não deixou por menos:
“Os jogadores estão no auge da confiança, das suas épocas desportivas. Mais confiança que isto não existe. A confiança vem da época brilhante que estamos a fazer. Agora chegamos às decisões: sábado, quarta-feira e no dia 26 de maio para a Taça de Portugal”.
As equipes vinham completas, com todos os seus principais jogadores disponíveis, inclusive o lateral Alex Sandro do lado alviazul, recuperado de lesão, além dos suplentes Kelvin e Sebá, que haviam ficado de fora da última rodada. A torcida do Porto esgotou os ingressos rapidamente e o Estádio do Dragão recebeu mais de 50 mil torcedores, que fizeram uma festa mágica e deram ainda mais tempero e energia ao maior choque de titãs do país. Mesmo com a torcida a favor e o apetite de tirar o rival do topo, o Porto não era favorito, nem mesmo nas casas de apostas legais em Portugal. O Benfica não vencia o rival no Dragão desde outubro de 2005. Era uma final, mesmo em pontos corridos. E seria, de fato.
Primeiro tempo – Encarnados pertos da taça
Precisando da vitória, o Porto tomou a iniciativa do jogo nos primeiros minutos e chegou com perigo logo aos 5’, após arremate de Danilo pela direita que por pouco não chegou nos pés do artilheiro do campeonato, Jackson Martínez – ele já tinha 25 gols marcados! Um minuto depois, Otamendi lançou novamente para Jackson Martínez, mas o goleiro Artur conseguiu interceptar o colombiano. O Porto marcava em cima, sob pressão, principalmente o holandês Ola John, que recebia atenção de dois portistas quando recebia a bola. O meio de campo alviazul era total controle, principalmente com a categoria de João Moutinho e Lucho González, sem dúvida os principais expoentes do domínio de bola do time de Vítor Pereira. Jorge Jesus percebeu sua equipe muito acuada e ordenou que a marcação se adiantasse, oras, não era jogo para ficar recuado! Era preciso atacar, brigar. Os encarnados tentavam com lançamentos longos, sobretudo com Maxi Pereira, mas a linha de impedimento portista funcionava e esfriava a ação do rival.
Até que, aos 18’, Sálvio cobrou lateral para dentro da área portista. A bola escapou de um, de outro, e sobrou para Garay, que chutou rasteiro, mas ela resvalou em Fernando e sobrou para Lima, que veio de trás completamente sem marcação para mandar a redonda para o fundo do gol de Hélton: 1 a 0. Foi o 18º gol do atacante no campeonato. A missão do Porto ficava ainda mais difícil. A do Benfica, mais saborosa. Imagine levantar o título na casa do rival?
Mas a alegria encarnada durou apenas sete minutos. No ataque a todo momento, o Porto não podia deixar seu rival gostar da partida e permanecer muito tempo com a vantagem. Lucho González tocou para Varela, este avançou pela esquerda e cruzou rasteiro para a pequena área. No meio do caminho, Maxi Pereira tentou desviar, mas acabou chutando para a própria meta, sem que o goleiro Artur conseguisse evitar o tento de empate: 1 a 1. Explosão no Dragão!
O Benfica reiniciou a partida e tratou de assustar o rival em lance de bola parada. Lima, empolgado com seu gol, tentou o segundo em cobrança de falta, mas o goleirão Hélton defendeu e mandou para escanteio. Aos 28’, João Moutinho tentou responder em chute de fora da área e Artur defendeu. O jogo seguiu frenético, rápido e tenso, com muitas reclamações vindas dos treinadores e o árbitro Pedro Proença com dificuldades para controlar os nervos à flor da pele, principalmente aos 43’, em lance envolvendo Enzo Pérez e James Rodríguez com queixas dos portistas por falta que o árbitro mandou seguir. O banco de reservas alviazul ficou possesso. Dois minutos depois, outra falta não marcada para o Porto e mais ira. Proença teve que conter o técnico Vítor Pereira, e, durante as discussões calorosas, o auxiliar alviazul Paulinho dos Santos foi expulso do banco de reservas. O empate só era bom para o Benfica. E aquele clima quente não deixava o Porto em bons lençóis. Ou o time parava de reclamar e jogava ou aquilo tudo iria terminar muito mal.
Segundo tempo – O talismã e a Katarse
O Porto começou a segunda etapa explorando o lado direito da zaga do Benfica, assim como na primeira etapa. Os lançamentos para Varela seriam a tona daqueles 45 minutos finais e ele mesmo quase marcou o gol da virada, aos 2’, quando fez que ia cruzar, mas chutou por cobertura e obrigou o goleiro Artur a desviar a bola com a ponta dos dedos, embora o árbitro tenha dito que não houve toque do guarda-metas benfiquista. Minutos depois, outra boa jogada de Varela, que passou por Maxi Pereira, deixou Garay no chão e chutou, mas a bola foi para fora. Muito lento, o Benfica demorou a se reencontrar na partida até se organizar e bloquear o meio de campo. Após algumas oportunidades em bolas paradas, só aos 17’ que os lisboetas chegaram à área portista, mas os encarnados pecavam na hora de concluir. Jesus tentou mudar a maneira de jogar de sua equipe colocando Roderick Miranda no lugar de Gaitán, mas era o Porto que seguia atacando.
Aos 26’, João Moutinho cobrou falta na área e Jackson Martínez cabeceou pro alto, desperdiçando grande chance de gol. Dois minutos depois, Fernando sentiu lesão e deixou o gramado para a entrada de Stefan Defour. Do lado benfiquista, Cardozo entrou no lugar de Lima para tentar impor seu lado goleador demonstrado na campanha da reta final da Liga Europa também naquele jogo decisivo. Aos 32’, o técnico Vítor Pereira chamou Kelvin para entrar na partida. Era a última aposta do portista, que dava crédito ao brasileiro pelo desempenho na vitória sobre o Braga por 3 a 1, na rodada 25, quando o jovem marcou dois gols nos minutos finais em momento crucial da campanha dos dragões.
Aos 34’, Kelvin entrou no lugar de Lucho González e o Porto ganhou ainda mais velocidade ofensiva, só que foi o Benfica que apareceu um minuto depois, quando Cardozo cobrou falta rasteira e Hélton defendeu no canto, no principal lance de perigo dos encarnados naquela etapa final – muito pouco para um time que queria ser campeão e preferia ficar acuado e apenas marcando. Aos 39’, James Rodríguez recebeu de Alex Sandro, e, completamente livre às costas da zaga benfiquista, esperou o quique certo da redonda e tinha tudo para marcar o gol da virada. No entanto, o colombiano chutou raspando a trave do goleiro Artur. Que chance! Aquilo podia ter custado o título. O torcedor não acreditava no que via.
Os técnicos mexeram em suas equipes naqueles minutos finais: Liedson no lugar de Danilo pelo lado portista e o veterano Aimar no lugar de Ola John do lado benfiquista. Eram as últimas cartadas. O relógio corria como um desgovernado para os alviazuis, que não escondiam o desapontamento e frustração, principalmente os jogadores no banco de reservas. E empacava como uma mula ranzinza para os encarnados. Aos 45’, o árbitro Pedro Proença sinalizou quatro minutos de acréscimos. O Benfica queria o final do jogo. Estava muito conformado com o empate e a manutenção dos dois pontos na liderança para vencer o Moreirense na última rodada, em casa, e celebrar o título. Mas os suplentes Liedson e Kelvin não entenderam assim.
Em contra-ataque rápido, Kelvin recebeu de Varela e tocou para Liedson. O luso-brasileiro devolveu na entrada da área para Kelvin, que dominou com o pé direito e viu a redonda subir um pouco, esguia, traiçoeira. Roderick Miranda apareceu, ávido, querendo atrapalhar o brasileiro. Mas antes que o rival pudesse chutar ou afastar, Kelvin chutou cruzado de perna esquerda. Forte. A bola foi como um tiro no canto do goleiro Artur. Ele não alcançou. E a redonda foi dormir no gol do Dragão, aos 45’ + 1’ cravados.
A torcida antes temerosa e já cabisbaixa, levantou. E gritou. Em uníssono, aumentou o volume até o máximo de decibéis que suas cordas vocais poderiam produzir:
“GoooooooOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOO!!!!!!!”.
Foi de arrepiar. Era o gol improvável. Da virada. Do título. Em campo, o êxtase tomou conta dos jogadores e até invasão de campo foi registrada, com torcedores ensandecidos, tomados pela loucura. À beira dele, o técnico Vítor Pereira corria de um lado para o outro eufórico. Mas o contraste era ainda mais nítido. No exato momento do gol, Jorge Jesus ajoelhou no gramado em profundo lamento. Sua tristeza era o retrato da reação de qualquer encarnado no país naquele dia. Perder para o maior rival é sempre ruim. Mas naquelas circunstâncias, nos acréscimos, de virada, e perdendo a ponta da tabela na penúltima rodada, era o pior dos mundos.
E o mundo era azul e branco. A maior concentração de alegria do planeta emanava da cidade do Porto naquele instante e podia ser medida pela escala K. De Kelvin, a unidade de medida. E Kelvin, o atacante responsável pela virada dos sonhos e que iria perpetuar em todo e qualquer conto de grandes vitórias portistas sobre o rival no Clássico. Minutos se passaram e só festa aconteceu. Sinalizadores, um barulho absurdo e total clima de “já acabou”. O árbitro apitou o fim do jogo aos 45’ + 5’ e a festa ficou completa no Estádio do Dragão.
O Porto alcançava a liderança com 75 pontos, deixava o Benfica estacionado com 74 e só precisava de uma vitória simples contra o Paços de Ferreira para celebrar o tricampeonato. Foi o prêmio ao time que mais atacou e buscou a vitória a todo momento. E a penitência ao Benfica, que tanta cera fez em cobranças de lateral e só teve uma chance clara de gol em todo o segundo tempo. Além da vitória e da festa, o Porto encerrou naquele dia a série benfiquista de 32 jogos sem perder na competição nacional. Impossível medir o êxtase portista naquele 11 de maio de 2013. O dia do saKramento do tri.
Pós-jogo: o que aconteceu depois?
Porto: mesmo jogando fora de casa contra o Paços de Ferreira, 3º colocado do Campeonato, o Porto venceu por 2 a 0 (gols de Lucho González e Jackson Martínez, artilheiro do torneio com 26 gols) e levantou mais um título português de maneira invicta, com 24 vitórias e seis empates em 30 jogos e 78 pontos ganhos, um a mais que o Benfica. Kelvin, o personagem da vitória épica sobre o rival, terminou a competição com apenas três gols marcados, mas todos nos minutos finais e cruciais para aquela taça alviazul, afinal, ele marcou dois gols nos 3 a 1 sobre o Braga, na já citada rodada 25, e o tento sobre o Benfica, na penúltima. O brasileiro jamais brilhou depois e foi emprestado para vários clubes até deixar o Porto em 2019. Mesmo assim, tem seu nome gravado na história pelo maior eco de golo proporcionado ao Estádio do Dragão em 11 de maio de 2013.
Benfica: você acha que a derrota para o Porto foi a desgraça da temporada do Benfica? Que nada… Estava apenas começando. Vamos lá: três dias após o revés no Clássico, aconteceu a final da Liga Europa entre Benfica e Chelsea-ING, na Johan Cruyff Arena, em Amsterdã. O Chelsea abriu o placar, o Benfica empatou com Óscar Cardozo, grande talismã do time naquela reta final do torneio continental, mas… Aos 45’ + 3’ do segundo tempo, Ivanovic fez o gol da vitória por 2 a 1 dos Blues, que venceram mais um título continental.
Quatro dias depois, veio a última rodada do Campeonato Português e, mesmo com a vitória sobre o Moreirense por 3 a 1 em Lisboa, os encarnados foram vice-campeões por conta da vitória do rival sobre o Paços de Ferreira. Mais alguns dias se passaram e veio a final da Taça de Portugal entre Benfica e Vitória de Guimarães. Gaitán abriu o placar para os encarnados logo no primeiro tempo, mas… Soudani empatou e Ricardo Pereira, faltando nove minutos para o fim, virou para 2 a 1 e deu o título ao Vitória… Acredite: três chances de títulos, três derrotas, duas com gols nos acréscimos. De fato, a temporada de 2012-2013 de Jorge Jesus não foi nada boa.
Alguns anos se passaram e o treinador português também teve que cruzar o Atlântico para vencer o maior título da carreira em um enredo bem parecido com o fatídico de 2013. Seu Flamengo perdia por 1 a 0 para o River Plate a final da Copa Libertadores de 2019 até os 43’ do segundo tempo quando Gabriel Barbosa empatou. Aos 46’ (isso mesmo, o exato minuto do gol de Kelvin), o mesmo Gabriel Barbosa chutou de perna esquerda, (também a mesma de Kelvin em 2013), e fez o gol do título rubro-negro. Daquela vez, Jesus não ajoelhou. Pulou, gritou e festejou. O futebol dá mesmo voltas.
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Extra:
Veja o gritado golo de Kelvin.
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Excelente apanhado! Muito bom ver um jogo da liga do meu país figurar na lista de jogos eternos. Esse jogo e essa temporada tiveram uma grande simbologia também… O Porto, que desde os 80’s vinha colecionando títulos e virou a equipa sensação principalmente após o surgimento do esquadrão da dupla Drulovic-Jardel e do título da Champions em 2004, entrou após esse ano de 2013 num período de grande marasmo (na minha opinião ainda não saiu dele), com sucessivos falhanços na conquista de títulos e sucessivas trocas de treinadores. Teve que se esperar até 2018 para enfim vir um título… Já o Benfica entrou numa fase vitoriosa como não se via desde há décadas. O nome do Jesus não ficou de forma alguma manchada no clube e o Rui Vitória deu continuidade ao período de sucesso (embora só a nível nacional).
Antes desse 2-1 outro jogo que pelo menos cá em Portugal ainda hoje está na memória dos torcedores de ambos os clubes é o 5-0 imposto pelos dragões na “era” Villas-Boas, o último treinador consensual entre os adeptos que passou pelo Porto.