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Jogos Eternos – Argentina 2×2 Inglaterra 1998

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Data: 30 de junho de 1998

O que estava em jogo: uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo da FIFA de 1998.

Local: Estádio Geoffroy-Guichard, Saint-Étienne, França.

Juiz: Kim Milton Nielsen (DIN)

Público: 30.600 pessoas

Os Times:

Argentina: Carlos Roa; Nelson Vivas, Roberto Ayala e José Chamot; Javier Zanetti, Juán Sebástian Verón, Ariel Ortega, Matías Almeyda e Diego Simeone (Sergio Berti, 1´do 1º T da prorrogação); Claudio López (Marcelo Gallardo, 23´do 2º T) e Gabriel Batistuta (Hernán Crespo, 23´do 2º T). Técnico: Daniel Passarella.

Inglaterra: David Seaman; Gary Neville, Tony Adams, Sol Campbell e Graeme Le Saux (Gareth Southgate, 26´do 2º T); Paul Ince, Darren Anderton (David Batty, aos 9´do 1º T da prorrogação), David Beckham e Paul Scholes (Paul Merson, 33´do 2º T); Michael Owen e Alan Shearer. Técnico: Glenn Hoddle.

Placar: Argentina 2×2 Inglaterra (Gols: Batistuta-ARG, pênalti, aos 5´, Shearer-ING, pênalti, aos 9´, Owen-ING, aos 16´, e Zanetti-ARG, aos 46´do 1º T).

Pênaltis: Argentina 4×3 Inglaterra. Berti, Verón, Gallardo e Ayala marcaram para a Argentina. Crespo perdeu. Shearer, Merson e Owen marcaram para a Inglaterra. Ince e Batty perderam.

 

“Eles mereciam a revanche”

Por Guilherme Diniz

Após o término daquela partida épica disputada no estádio Azteca, no México, em 22 de junho de 1986, os ingleses sonharam com um novo encontro diante dos argentinos. Aquela derrota por 2 a 1 nas quartas de final da Copa do Mundo, com dois gols de Maradona, corroeu o orgulho do English Team e deixou feridas nos torcedores principalmente pela maneira como foi e pelo momento político que os dois países viviam na época por causa da Guerra das Malvinas (leia mais clicando aqui). Foi então que, 12 anos depois, na França, ingleses e argentinos voltaram a se enfrentar em um mata-mata de Copa, dessa vez nas oitavas de final. A Argentina, no papel, tinha (de novo) mais time que os rivais europeus e apostava em sua solidez defensiva para sair de Saint-Étienne com a vaga. Já os ingleses resolveram inverter os papeis e jogar tal como os sul-americanos: com garra, força de vontade e, claro, muita técnica.

Nos primeiros 45 minutos, o English Team cavou pênalti, chegou “chegando” em cada lance e ousou marcar um gol para a antologia das Copas, fruto de um garoto mirrado de apenas 18 anos que fez muito inglês lembrar o gol de Maradona em 1986 (nas devidas proporções). Mas a Argentina teve calma e inteligência para empatar em uma cobrança de falta científica e simplesmente impecável. No segundo tempo, um dos craques do English Team não aguentou o calor do jogo e perdeu a cabeça, sendo expulso de campo. Foi aí que a Inglaterra se inflou e fez de tudo para não levar gols e para marcar o gol da vitória.

A primeira missão foi gloriosamente cumprida graças a Paul Ince, Sol Campbell, Tony Adams e David Seaman, sublimes do sistema defensivo inglês. Já o gol não saiu por falta de sorte e pela ausência que um jogador como Beckham causava na linha ofensiva do técnico Glenn Hoddle. Campbell ainda fez um gol, mas este foi mal anulado pelo juiz. Após 120 minutos, a partida foi para os pênaltis e, mais uma vez, a Inglaterra sucumbiu na marca da cal, como na Copa de 1990 e na Eurocopa de 1996. Mas ninguém deixou de aplaudir a atuação heroica dos europeus, que ficaram com o doce e eterno gol de Owen e o amargo de por muito pouco não vingar a derrota de 1986. É hora de relembrar mais um confronto histórico entre argentinos e ingleses.

 

Pré-jogo

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Quando ficaram definidos os confrontos das oitavas de final da Copa de 1998, os amantes do futebol voltaram quase todas suas atenções para o grande e principal duelo entre os 16 países envolvidos: Argentina e Inglaterra, no dia 30 de junho, em Saint-Étienne, no centro-leste da França. Seria o primeiro embate entre os rivais históricos em uma competição oficial desde o jogo disputado nas quartas de final da Copa de 1986, vencido pela Argentina com um gol espetacular de Maradona e outro também marcado por Dieguito, mas com a ajudinha da “mão de Deus”. Era a oportunidade perfeita para os ingleses se vingarem daquele contestado revés e seguir firme rumo a um improvável título mundial. A equipe comandada por Glen Hoddle estava embalada após vencer o “Tournoi de France”, competição amistosa disputada em 1997 como preparação para a Copa que teve a Inglaterra em 1º lugar em um quadrangular com França, Brasil e Itália.

Os ingleses venceram a Itália (2 a 0) e a França (1 a 0), perderam para o Brasil (1 a 0) e foram campeões com seis pontos, um a mais que o Brasil. Em 1998, já na Copa, a equipe ficou na segunda posição do Grupo G, atrás da Romênia, após vencer Tunísia e Colômbia (ambas por 2 a 0) e perder para os romenos por 2 a 1. O English Team se destacava pela força dos zagueiros Tony Adams e Sol Campbell, que tinham o reforço do ótimo Paul Ince no meio de campo e do unânime goleiro Seaman. No ataque, as armações das jogadas ficavam por conta de David Beckham e Paul Scholes, que davam as munições necessárias para o prolífico atacante Alan Shearer fazer o que ele mais gostava: gols. Outro que começava a ganhar destaque era o jovem Michael Owen, do Liverpool, atacante de apenas 18 anos com muita habilidade, controle de bola e velocidade.

Já a Argentina havia superado as polêmicas envolvendo seu treinador, Daniel Passarella (que implicou com os jogadores cabeludos e deixou de fora da Copa nomes como Fernando Redondo e Claudio Caniggia), e passou 100% pela fase de grupos com duas vitórias por 1 a 0, sobre Japão e Croácia, e uma goleada de 5 a 0 sobre a Jamaica. Assim como os ingleses, os Hermanos tinham uma forte defesa e um meio de campo magnífico composto por Almeyda, Verón e Simeone, que ainda tinham o apoio de Zanetti, pela direita, e de Ortega, o camisa 10.

Na frente, Claudio López e Gabriel Batistuta formavam um dos ataques mais letais do planeta e davam certo favoritismo aos sul-americanos, que queriam manter a sina construída em 1986 e bater mais uma vez o histórico rival. Diferente daquela ocasião, o jogo não tinha a tensão política dos anos 80, mas ainda sim provocava nervosismo entre os jogadores, que sabiam que aquele não era um jogo qualquer. Era um clássico. E deveria ser tratado como tal.

 

Primeiro tempo – Invertidos e magníficos

Batistuta e Simeone celebram o primeiro gol argentino.
Batistuta e Simeone celebram o primeiro gol argentino.

 

Para confirmar as expectativas de um confronto cheio de emoção, Argentina e Inglaterra começaram com tudo. Logo aos cinco minutos, Simeone apareceu de surpresa no ataque e foi derrubado dentro da área pelo goleiro Seaman, que perdeu o tempo da bola e foi com os braços nas pernas do volante argentino: pênalti! O camisa 1 levou cartão amarelo e deixou os torcedores ingleses ainda mais aflitos para o que estava por vir. Na cobrança, o artilheiro Gabriel Batistuta chutou no canto, Seaman ainda tocou na bola, mas a redonda foi tão forte que não foi possível defendê-la: 1 a 0. Na comemoração, o camisa 9 simulou embalar um nenê em homenagem ao filho Joaquín.

Mas quem entrou no embalo após o gol foi a Inglaterra, com garra, intensidade e foco total no empate. Empurrado por seus fanáticos torcedores, o English Team encontrou o caminho do gol graças à esperteza de Michael Owen, que recebeu uma bola de Scholes pela esquerda, entrou em disparada na grande área e cavou um pênalti de maneira “bem argentina”, se jogando após a chegada de Ayala por trás. O juiz caiu na onda do atacante e deixou os sul-americanos loucos da vida. Na cobrança, Shearer bateu forte, no ângulo direito, sem chances para Roa: 1 a 1.

O capitão Shearer marca o gol de empate.
O capitão Shearer marca o gol de empate.

 

Em apenas quatro minutos, a Inglaterra conseguia o empate e se mostrava mais acesa em busca da vitória. A Argentina valorizava a posse de bola e os toques no meio de campo, mas demonstrava certa preguiça em ser mais incisiva no ataque. Lá atrás, Adams e Campbell seguravam as broncas e Paul Ince era um porto seguro para que o miolo central inglês não sofresse nos pés de Verón, Ortega e Simeone, que atuava mais solto e sem grandes obrigações defensivas. Por mais incrível que pudesse parecer, a Inglaterra jogava de maneira argentina, com força, pressão e vivacidade, e a Argentina jogava de maneira inglesa, com calma, toques e ampla valorização da bola de pé em pé. Essa inversão de papeis deixava muita gente confusa nas arquibancadas, mas, aos 16´, a vertigem daria lugar a suspiros, gritos de “ohhhh”, aplausos e muita alegria (do lado inglês, claro).

Claudio López recebeu no campo de defesa inglês, mas foi desarmado na hora H por Paul Ince, que já deixou com Beckham para iniciar o contra-ataque. O camisa 7 percebeu a corrida de Owen e lançou o jovem atacante, que dominou com precisão cirúrgica e adiantou a bola para ganhar na corrida de Chamot. O camisa 20 foi indo, indo, Chamot ainda tentou desequilibrar o inglesinho, mas Owen escapou do zagueirão. Já na entrada da área, Owen deu um gingado fulminante pra cima de Ayala e cortou para a direita. Com uma velocidade impressionante, o atacante ajeitou a bola para a perna direita e fuzilou o goleiro Roa: golaço! E virada inglesa em Saint-Étienne. Quem ainda não conhecia aquele quase adolescente, ficou conhecendo da melhor maneira possível. O gol deixou os torcedores ingleses em polvorosa, que viam por um breve momento o filme de 1986 ser repetido a favor deles: um primeiro gol originado após um lance contestável e um segundo gol marcado com toques de arte e maestria.

A sequência de imagens da obra de arte de Owen: golaço está em várias listas da FIFA de gols mais bonitos dos Mundiais.
A sequência de imagens da obra de arte de Owen: golaço está em várias listas da FIFA de gols mais bonitos dos Mundiais.

 

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Logo após o golaço épico de Owen, a Inglaterra ainda teve a chance de marcar o terceiro, mas Scholes chutou rente à trave de Roa. Era marcante a entrega dos ingleses no jogo. A Argentina, omissa, não encontrava espaços diante de Sol Campbell, Tony Adams e Paul Ince. Beckham, concentrado, liderava as ações ofensivas e chamava a responsabilidade. Scholes, pela esquerda, era outro que se destacava, bem como Shearer e Owen, que eram perigos constantes para Ayala, Chamot e Vivas. Quando tentava alguma coisa, a Argentina abusava das tabelinhas, mas sempre um defensor inglês conseguia interceptar. A Inglaterra jogava no contra-ataque e na velocidade, mas a falta de pontaria evitava mais um gol inglês.

Perto dos acréscimos, quando o público já imaginava como seria o segundo tempo com a Argentina atrás do placar, Verón tocou para Claudio López, perto da meia-lua, que foi derrubado. Falta. A tensão voltava ao estádio Geoffroy-Guichard. Na bola, Batistuta e Verón eram os candidatos à cobrança, que tinha tudo para ser ensaiada, com alguém rolando e outro chutando por cima. A barreira inglesa pensou a mesma coisa, ficou bem perto da bola e andava preciosos centímetros a cada desvio de olhar do árbitro. Mas, enquanto os ingleses olhavam o juiz e a bola, Javier Zanetti atraía os olhares dos companheiros e indicava um “¡toca aquí que yo me voy!”. E foi exatamente isso que aconteceu. Após o apito, Batistuta passou por cima da bola, Verón ameaçou chutar, mas tocou para Zanetti, sozinho atrás da barreira, emendar um lindo chute de perna esquerda no ângulo do goleiro Seaman: mais um golaço! E que cobrança de falta arquitetada! Era o empate. E duelo totalmente aberto para o segundo tempo.

Zanetti faz o gol de empate da Argentina: aula de falta ensaiada.
Zanetti faz o gol de empate da Argentina: aula de falta ensaiada.

 

Os times em campo: a Argentina jogava com três homens mais recuados e Zanetti como um ponteiro no canto direito. O esquema se mostrou fraco diante da garra e técnica dos ingleses, que neutralizaram o meio de campo argentino com atuações magníficas de Scholes, Ince, Adams e Campbell.
Os times em campo: a Argentina jogava com três homens mais recuados e Zanetti como um ponteiro no canto direito. O esquema se mostrou fraco diante da garra e técnica dos ingleses, que neutralizaram o meio de campo argentino com atuações magníficas de Scholes, Ince, Adams e Campbell.

 

Segundo tempo, prorrogação e pênaltis: um vilão, 10 leões e festa argentina

A expulsão de Beckham: mesmo sem o craque, a Inglaterra conseguiu segurar os argentinos.
A expulsão de Beckham: mesmo sem o craque, a Inglaterra conseguiu segurar os argentinos.

 

Se na primeira etapa os dois times jogaram ao contrário do que estavam acostumados, na segunda etapa as coisas voltaram ao normal. A Argentina decidiu cozinhar o jogo e usar sua ácida e velha catimba para tentar desestabilizar os ingleses. E a arma surtiu efeito logo no primeiro minuto do jogo. Após receber uma bola no meio de campo, Beckham levou um tranco por trás de Simeone e sofreu falta. O argentino deu uma leve provocada no camisa 7, que agiu sem pensar e revidou com um pontapé na parte de trás da perna do volante. Ao receber a suposta agressão, Simeone se jogou no chão e iniciou um verdadeiro ato cênico ao mostrar como a dor é retratada no teatro. O juiz dinamarquês bateu palmas para a atuação do argentino e deu cartão vermelho para Beckham, que deixou sua seleção com 10 homens e um tempo inteiro de jogo pela frente. A torcida inglesa ficou perplexa e furiosa com a atitude de Beckham. E a Inglaterra, em apuros.

Sem seu principal meia, o time perdia uma grande arma para tentar o terceiro gol e liquidar de vez o rival. Já os argentinos pensavam que venceriam mais facilmente um adversário sem um jogador. Ledo engano. A partir daquele instante, a Inglaterra conseguiu equilibrar as ações com Scholes e Owen atuando juntos no meio de campo e Shearer mais isolado na frente. O time europeu brecava as principais ações argentinas com garra e uma aplicação tática impressionante. Sem aproveitar a superioridade numérica, a Argentina mantinha a posse de bola, mas não tornava isso uma virtude. O tempo foi passando e nada de o gol sair. Nem as substituições dos técnicos Passarella e Hoddle causaram impactos. Crespo e Gallardo, apostas de Passarella para os lugares de Batistuta e López, não deram a mobilidade esperada e também caíram na marcação de Adams e Campbell. Os cantos dos torcedores ingleses eram uníssonos no estádio e inspiravam a doce rebeldia do English Team, que nem sentia a ausência de Beckham e tinha as melhores chances de gol.

Perto do final do jogo, após cobrança de escanteio, Sol Campbell marcou o terceiro gol inglês, saiu correndo para comemorar, mas o juiz anulou o tento de maneira equivocada ao dar falta de Shearer em Roa no lance. O pior foi que ele autorizou a cobrança de falta quase instantaneamente e Verón engatou um contra-ataque que quase resultou em gol de Crespo, que acabou sendo interceptado por Anderton. Os ingleses se revoltaram e o jogo caminhou mesmo para a prorrogação. Nos trinta minutos extras, as pernas pesaram para ambos os lados e pouco foi criado. A vaga nas quartas de final teria mesmo que ser decidida nas penalidades. Para alívio argentino e temor dos ingleses, que tinham péssimas recordações nas últimas disputas na marca da cal (duas derrotas, ambas para a Alemanha, na Copa de 1990 e na Euro de 1996).

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A Argentina iniciou a disputa com Berti, que bateu forte, no canto de Seaman, e fez 1 a 0. Shearer bateu o primeiro da Inglaterra e converteu. O segundo a cobrar pelos Hermanos foi Crespo, que bateu no canto, mas Seaman voou baixo para defender com ótima precisão. Paul Ince, que fizera uma partida impecável, falhou em seu chute e viu Roa defender. Verón bateu alto e fez o segundo gol argentino. Merson assustou a torcida com seu chute tocado por Roa, mas a bola entrou. Gallardo foi outro a chutar forte e no canto e fez o terceiro da Argentina. Owen, estrela no tempo normal, mostrou enorme frieza e nervosismo zero ao chutar o seu e marcar: 3 a 3. Ayala era o último cobrador da Argentina. O zagueiro bateu rasteiro, Seaman pensou em pular, mas até ele executar o pensamento a bola já estava no gol: 4 a 3. Batty era o último cobrador inglês. Mas deveria ser Beckham, expulso. O suplente bateu mal, Roa defendeu e classificou a Argentina para a próxima fase. Glória portenha na França. E nova decepção inglesa nos pênaltis.

Embora tenha perdido a vaga, a Seleção Inglesa saiu do Mundial de cabeça erguida e muito elogiada por sua torcida na volta para casa (com exceção de Beckham), que considerou seus jogadores verdadeiros “leões heroicos”. A vaga ficou com a Argentina, mas quem roubou a cena naquele dia foi a Inglaterra, que jogou com paixão, garra e deu à história das Copas um gol magnífico, que não foi como o de Maradona em 1986, mas se tornou tão marcante quanto. Por isso e por todo o clima que envolveu aquele duelo, não é exagero considerar aquele embate um dos jogos mais marcantes da história. E eterno.

 

Pós-jogo – o que aconteceu depois?

Argentina: os argentinos pensaram que a vitória sobre o rival histórico teria mais uma vez o “efeito talismã” de 1986. Coitados… Nas quartas de final, a equipe encarou a fortíssima Holanda de Van der Sar, Frank de Boer, Stam, Davids, Bergkamp e Kluivert e perdeu por 2 a 1, com direito a mais um gol de placa sofrido pelo goleiro Roa, dessa vez de Bergkamp, que recebeu um passe fenomenal de Frank de Boer, entortou a espinha de Ayala e mandou para as redes no minuto final do jogo. Após a queda, o time sul-americano voltou a enfrentar a Inglaterra em uma Copa, dessa vez em 2002, na fase de grupos. Diferente das outras vezes, os argentinos perderam por 1 a 0, com um gol de pênalti marcado por David Beckham, aquele que foi expulso e facilitou o caminho dos argentinos em 1998. A derrota para o English Team foi crucial para eliminar o time ainda na primeira fase, algo que doeu demais nas hinchadas alvicelestes, que desde 1998 não sabem o que é vencer a Inglaterra, seja em amistosos, seja em competições oficiais.

Em 2002, Beckham deu o troco na Argentina e praticamente tirou os sul-americanos da Copa.
Em 2002, Beckham deu o troco na Argentina e praticamente tirou os sul-americanos da Copa.

 

Inglaterra: como num pacto de orgulho, a Inglaterra não perdeu mais para a Argentina depois da eliminação de 1998. Em 2000, num amistoso em Wembley, o duelo terminou empatado em 0 a 0. Dois anos depois, na fase de grupos da Copa do Mundo, Beckham lavou a alma e deu a vitória aos ingleses por 1 a 0, resultado que catapultou a classificação do time para a fase de mata-mata. Um novo encontro só aconteceu em 2005, em amistoso disputado em Genebra, na Suíça, que foi recheado de nostalgia e terminou com final feliz para o selecionado da terra da Rainha. A Argentina tinha um timaço com Abbondanzieri, Sorín, Zanetti, Samuel, Maxi Rodríguez, Riquelme, Crespo, Cambiasso e Tévez, e já era uma das favoritas ao título da Copa de 2006. Mas a Inglaterra mostrou força, brio e um carrasco para acabar com aquela banca toda dos sul-americanos. Crespo abriu o placar no primeiro tempo e Rooney empatou pouco depois. Na segunda etapa, Samuel colocou a Argentina na frente e o placar seguiu inalterado até os 42´, quando Michael Owen empatou e, aos 47´, fez o gol da virada e da vitória por 3 a 2, placar tão desejado e merecido pelo English Team no duelo de 30 de junho de 1998. Mesmo assim, o triunfo foi devidamente saboreado pelos ingleses com muito chá. E alfajores…

Para o azar dos argentinos, Owen voltou em 2005. E decidiu. Como um bom e velho carrasco.
Para o azar dos argentinos, Owen voltou em 2005. E decidiu. Como um bom e velho carrasco.

 

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Comentários encerrados

6 Comentários

  1. O site é fenomenal, estou viciado nele. só coisa boa. indiquei até para amigos.excelente trabalho. grandes textos, e acompanhados de videos, simplesmente espetacular. Vida longa aos imortais do futebol. abraço.

  2. Parabéns pelo texto,muito bom mesmo.Descrever sobre a Copa da França de 1998, é relembrar dos sorriso e lágrimas, que milhões de apaixonados por futebol, assim como eu,tiveram neste que foi o último grande evento do esporte mundial.Por quê?
    Pelo espírito de competitividade,pela enorme quantidade de craques ,pelos grandes jogos e os grandes esquadrões.Neste jogo foi difícil apontar um favorito de um lado a Argentina de Batigol,Ortega,Veron, Almeyda, Ayala, Zanetti , o “piolho” Claúdio Lopez e o sempre catimbento D.Simeone.Do outro o English Team de Seaman,Campbel,Beckham e a fera M.Owen,foi um “jogaço” e que golaço do inglesinho bom de bola,mas estou contigo Guilherme,os argentinos tinham sim um certo favoritismo e a vitória foi merecida.porém é de aplaudir o futebol apresentado em parte dos ingleses.

Esquadrão Imortal – Atlético-MG 1978-1983

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