Por Guilherme Diniz
Nenhuma camisa no planeta é tão vitoriosa quanto ela. Nenhuma camisa é tão respeitada quanto ela. Nenhuma camisa é tão inconfundível como ela. E nenhuma camisa possui cinco títulos mundiais estampados em estrelas como ela. O verde e amarelo do manto da Seleção Brasileira de futebol possui aura e mística próprias, já encantou dezenas de gerações e mostrou ao mundo que o Brasil é mesmo o país que reinventou o esporte criado pelos ingleses. Mas, muito antes de a Seleção Canarinho vestir a camisa amarela, o calção azul e as meias brancas, o Brasil jogou, acredite, quase meio século de camisa branca.
Em 1914, quando oito associações se reuniram para a criação da Federação Brasileira de Sports, o Brasil disputou sua primeira partida da história jogando com um uniforme todo branco e apenas com um friso azul em cada manga. A partida inaugural da equipe foi contra o Exeter City, da Inglaterra, que perdeu por 2 a 0 e só não levou mais porque apelou para as faltas em cima de Friedenreich, Formiga e Oswaldo Gomes, autor do primeiro gol da Seleção. Em 1916, a FBS deu lugar à CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que manteve a base do uniforme da equipe com tópicas mudanças nos anos seguintes, como no Sul-Americano de 1916, quando o Brasil jogou de camisa listrada em verde e amarelo e calção branco, entre 1917 e 1918, quando acrescentou duas faixas centrais em verde e amarelo para partidas contra argentinos e uruguaios, e em 1917, quando o Brasil jogou de vermelho no Campeonato Sul-Americano em partidas contra Uruguai e Chile, que também vestiam o branco. Um sorteio definiu o Brasil como o incumbido de trocar de uniforme para a disputa dos dois jogos.
Em 1918 e 1919, a equipe vestiu uma camisa com detalhes em vermelho e azul em um amistoso contra o Dublin-URU, e o manto aurinegro do Peñarol em um duelo contra a Argentina, respectivamente. Em 1937, durante o Sul-Americano da Argentina, a equipe jogou uma partida contra o Peru com a camisa do Independiente, pelo fato de ambas as equipes entrarem em campo de branco. Um sorteio definiu o Brasil o incubido de jogar com camisa reserva, que foi emprestada pelo clube rojo. Na segunda fase, contra o Chile, o Brasil mais uma vez teve que jogar com camisa reserva pelo mesmo motivo. E o clube que emprestou suas vestimentas foi o Boca Juniors. Curiosamente, em ambas as ocasiões, o Brasil venceu seus adversários.
Em Copas do Mundo, o Brasil usou camisa branca e calção azul nos mundiais de 1930, 1934 e 1938, além de uma combinação toda azul para a partida de estreia contra a Polônia na Copa de 1938. Em 1950, o branco saiu de cena definitivamente após a trágica derrota para o Uruguai em pleno Maracanã que decretou o fim do sonho do primeiro título mundial brasileiro em casa. Naquela ocasião, o Brasil jogou todo de branco com frisos em azul.
Em 1952, o jornal carioca Correio da Manhã fez um concurso para escolher o novo uniforme do Brasil. O vencedor foi o gaúcho de 19 anos Aldyr Garcia Schlee, que sugeriu “camisa amarelo-ouro com frisos verdes nas golas e punhos, calção azul-cobalto com uma listra branca ao lado e meias brancas com listras verdes e amarelas”. Pronto. Nascia o manto histórico que mudaria para sempre a trajetória da Seleção Brasileira.
Depois de estrear nos Jogos Olímpicos de 1952, o novo uniforme brasileiro teve seu primeiro grande momento na Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Depois de despachar os rivais pelo caminho, o Brasil chegou à final contra a anfitriã e teria a chance de conquistar o mundo com as cores que realmente eram dignas de sua bandeira. Por ironia do destino, o Brasil jogou de azul aquela final e, mesmo assim, faturou a taça. Nos títulos seguintes, o amarelo foi a cor vitoriosa que transformou o país em pentacampeão mundial.
Nas décadas seguintes, a concepção básica do uniforme brasileiro pouco mudou e apenas os calções brancos interferiram no padrão canarinho. Nos anos 90, aconteceram, talvez, as maiores mudanças com a entrada da Umbro no fornecimento de material esportivo. Hologramas e desenhos compuseram os belíssimos uniformes entre 1991 e 1994, que são tidos por muitos como os mais bonitos da história brasileira.
Com a entrada da Nike, em 1997, as camisas começaram a sofrer invencionices e modelos bizarros surgiram nos anos seguintes, tais como os de 2004 (das “bolas de sinuca”), 2010 (a azul com bolinhas amarelas) e 2011 (a amarela com um enorme e grotesco friso central). Depois de décadas, em 2014, a equipe tirou o escrito “Brasil” abaixo do escudo para a disputa da Copa do Mundo em casa. Curiosamente, a seleção sucumbiu nas semifinais de maneira trágica para a Alemanha (leia mais clicando aqui) e, após o Mundial, voltou a inserir o nome abaixo do escudo. Atualmente, a camisa brasileira é sóbria, sem as intervenções do passado. Afinal, quando joga de maneira séria, comprometida e com arte, a Seleção Brasileira é imbatível. E imitável, bem como sua camisa canarinha.
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Eu acho bonita a camisa quando colocam mais detalhes em verde. Infelizmente a da próxima Copa será horrorosa,bem a cara da Nike no ultimos tempos.
Eu achei bonita a camisa da seleção de 2005 inclusive comprei uma oficial