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Jogos Eternos – Espanha 4×0 Itália 2012

Data: 1º de julho de 2012

O que estava em jogo: o título da Eurocopa de 2012

Local: Olympic Stadium, Kiev, Ucrânia

Juiz: Pedro Proença (POR)

Público: 63.170 pessoas

Os Times:

Espanha: Casillas; Arbeloa, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; Sergio Busquets, Xavi e Xabi Alonso; David Silva (Pedro, aos 14’ do 2ºT), Fàbregas (Fernando Torres, aos 30’ do 2ºT) e Iniesta (Juan Mata, aos 42’ do 2ºT). Técnico: Vicente Del Bosque.

Itália: Buffon; Abate, Barzagli, Bonucci e Chiellini (Balzaretti, aos 21’ do 1ºT); Pirlo; Marchisio, Montolivo (Thiago Motta, aos 11’ do 2º T) e De Rossi; Balotelli e Cassano (Di Natale, Intervalo). Técnico: Cesare Prandelli.

Placar: Espanha 4×0 Itália. Gols: (David Silva-ESP, aos 14’, e Jordi Alba-ESP, aos 41’ do 1º T; Fernando Torres-ESP, aos 38’, e Juan Mata-ESP, aos 43’ do 2ºT).

 

“Os Hegemônicos”

Por Guilherme Diniz

Tudo começou em Viena, no dia 29 de junho de 2008. Naquela data, a Espanha, depois de muitos, mas muitos anos, venceu a Eurocopa sobre a Alemanha e encerrou de vez um jejum de 44 anos sem títulos. Em 2010, a equipe destroçou outro estigma e levantou pela primeira vez a Copa do Mundo, batendo a Holanda na prorrogação. Sem rivais, eles foram para a disputa da Eurocopa de 2012 como favoritos absolutos. Jogo após jogo, confirmaram a alcunha e chegaram à final. Nela, a aposta era no equilíbrio, afinal, o adversário seria a Itália, multicampeã, camisa pesada e aquela coisa toda. A Espanha foi ousada. Não escalou nenhum atacante de ofício. Como eles iriam conseguir furar uma das defesas mais tradicionais do futebol? Como fazer um gol em Buffon, um dos maiores goleiros de todos os tempos? Com paciência. Toque de bola envolvente. Velocidade na medida certa. Técnica. E inteligência de jogadores cerebrais, únicos.

No primeiro tempo, 2 a 0. No segundo, 2 a 0. Total: 4 a 0. Em plena final continental. Maior goleada da história das finais da Euro. Um revés inimaginável para a Itália, sempre auto-suficiente no jogo defensivo, sempre protegida. O fato é que ninguém poderia proteger aquela seleção azul naquele dia. Nem Buffon, nem Toldo, nem Pagliuca, nem Zoff, nem Combi, ninguém. Aquela Espanha era imparável. E entrava de vez para o rol das maiores e mais vencedoras seleções de todos os tempos. Duas Eurocopas e uma Copa do Mundo em apenas quatro anos (!) era demais. Relembre agora o apogeu da super Espanha de Xavi, Iniesta, Casillas e companhia nada limitada.

 

Pré-jogo

Espanhóis e italianos se enfrentaram na fase de grupos e deu empate: 1 a 1.

 

Líder do ranking da FIFA e com a pompa de campeã do mundo, foi natural que a Espanha entrasse como uma das favoritas ao título da Eurocopa de 2012, disputada na Polônia e na Ucrânia entre junho e julho. A equipe passou facilmente pelas Eliminatórias com oito vitórias em oito jogos, 26 gols marcados e seis gols sofridos, sem dar chance alguma para República Tcheca, Escócia, Lituânia e Liechtenstein. Com a mesma base de 2010 e o estilo de jogo consagrado do toque de bola conhecido como tiki-taka, a equipe do técnico Vicente Del Bosque enfrentou logo na estreia a Itália e levou um susto quando Di Natale abriu o placar para a Azzurra, aos 16’ do segundo tempo. Mas, três minutos depois, Fàbregas empatou e deu o primeiro ponto à Roja. Nos duelos seguintes, triunfos fáceis sobre Irlanda do Norte (4 a 0, com dois gols de Torres, um de Silva e outro de Fàbregas) e Croácia (1 a 0, gol de Navas), resultados que classificaram a Espanha como primeira colocada do Grupo C.

Nos pênaltis, Espanha despachou Portugal e alcançou a decisão. Foto: AP.

 

Nas quartas de final, a equipe de Vicente Del Bosque encarou a remodelada França do técnico Laurent Blanc e venceu por 2 a 0, com dois gols de Xabi Alonso. Na semifinal, o duelo ibérico e tenso contra Portugal terminou empatado sem gols, forçando a disputa de pênaltis. Nela, os espanhóis venceram por 4 a 2 e chegaram a outra final europeia. O adversário seria mais uma vez a Itália, que queria apagar de vez a má impressão da Copa do Mundo de 2010, quando foi eliminada ainda na fase de grupos como detentora do título de 2006.

Bastante modificada pelo técnico Cesare Prandelli, a equipe empatou com a Croácia em 1 a 1 o segundo jogo na fase de grupos daquela Euro e só venceu na última rodada: 2 a 0 sobre a Irlanda, com gols de Cassano e Balotelli, a grande arma ofensiva da equipe. O polêmico atacante cresceu de produção no mata-mata, quando converteu seu pênalti na disputa de penalidades contra a Inglaterra vencida por 4 a 2 (após empate sem gols no tempo regulamentar) e fez ainda os dois gols da vitória por 2 a 1 sobre a sempre freguesa Alemanha, na semifinal.

Nas semis, Balotelli deu show e ajudou a Itália a eliminar a Alemanha. Foto: AP.

 

Embora fosse um duelo de seleções fortíssimas, a Espanha levava vantagem pela fase que vivia e pelo talento e entrosamento de seus jogadores, principalmente o trio barcelonista Busquets, Xavi e Iniesta, além de David Silva, Fàbregas, Xabi Alonso e o goleiro Casillas, que raramente levava gols – apenas um naquela Euro, justamente no empate contra a Itália na fase de grupos. A Itália se amparava na boa fase de Balotelli, na genialidade de Pirlo, na segurança de Buffon e em um considerável retrospecto: há incríveis 92 anos (!) que a Itália não perdia para a Espanha em uma competição oficial! A última vitória da Roja sobre a Azzurra por um grande torneio datava de 02 de setembro de 1920, nos Jogos Olímpicos da Antuérpia, quando a Espanha venceu a Itália por 2 a 0 e seguiu rumo à medalha de Prata – o ouro ficou com a anfitriã Bélgica. De lá até 2012, os triunfos espanhóis foram apenas em amistosos. Embora a equipe espanhola tenha eliminado os italianos na Euro de 2008, o jogo terminou empatado no tempo normal. A Azzurra acumulava vitórias na Copa do Mundo de 1934 (1 a 0, jogo-extra, após empate em 1 a 1, quartas de final), na Euro de 1988 (1 a 0, fase de grupos) e na Copa do Mundo de 1994 (2 a 1, quartas de final).

Combi e Zamora, capitães de Itália e Espanha no histórico duelo de 1934.

 

Del Bosque apostava para aquela decisão um esquema de jogo com três meias ofensivos e nenhum centroavante ou atacante de ofício. Fernando Torres não havia convencido o treinador naquela Euro e estava no banco. Com isso, David Silva, Fàbregas e Iniesta teriam a missão de criar as jogadas de ataque da Espanha. Já do lado italiano, Prandelli colocou Balotelli ao lado de Cassano no ataque, deixou Pirlo mais recuado e Chiellini na lateral-esquerda, compondo o sistema defensivo ao lado de Bonucci, Barzagli e o goleiro Buffon, todos da Juventus campeã italiana invicta naquela temporada e que havia levado apenas 20 gols em 38 jogos. Abate, lateral-direito do Milan, era o único “intruso” na defesa bianconeri daquela Itália, que buscava o título europeu que não vinha desde o longínquo ano de 1968, época de Zoff, Facchetti, Burgnich, Rosato, Riva, Domenghini e companhia. Seria um grande jogo. Mas de um time só…

 

Primeiro tempo – Tiki-Ataque!

Iniesta escapa da marcação de Abate.

 

Muitos classificavam o futebol da Espanha como chato, moroso. Mas a decisão da Euro de 2012 foi o palco perfeito para o time derrubar por terra (ou melhor, por grama) todas as críticas. Com a natural posse de bola, toques envolventes e lances de contragolpe letais, a equipe começou o jogo envolvendo a Azzurra, com várias chances criadas, como em cabeçada de Sergio Ramos após escanteio, aos 6’, e chute de Xavi após tabela com Fàbregas, que passou raspando o travessão de Buffon, aos 9’. A Itália tentava uma brecha em lançamentos de Pirlo de longa distância para o ataque, mas ora a zaga afastava, ora Casillas ficava com a bola. Até que, aos 14’, a Espanha chegou ao primeiro gol bem ao seu estilo. Em jogada trabalhada por Silva, Arbeloa e Iniesta, este viu Fàbregas pela direita e deu um passe perfeito para o meia, que se desvencilhou de Chiellini e cruzou na área para David Silva aparecer e só escorar de cabeça: 1 a 0. Um lindo gol trabalhado, costurado, cirúrgico.

David Silva cabeceia para marcar o primeiro gol espanhol na final. (Photo by Alex Livesey/Getty Images).

 

E faz a festa com Fàbregas (à dir.).

 

A Itália tentou a resposta em bolas paradas com Pirlo, primeiro em cobrança de falta, aos 15’, que explodiu na barreira, e depois em escanteio para De Rossi que Casillas evitou a cabeçada do meio-campista com um leve tapa na bola. Aos 19’, a Espanha encurralou a Itália em seu próprio campo e tentou mais um gol, mas, em lance perigoso com Iniesta dentro da área, Pirlo teve que dar uma de zagueiro para desarmar o meia espanhol. Aos 21’, a Itália perdeu Chiellini, com lesão no joelho, e Balzaretti entrou no lugar do defensor. A mudança fez com que a equipe azul se lançasse mais ao ataque, mas Casillas se mostrava intransponível e evitava qualquer ação dos atacantes, saindo muito bem do gol – como aos 24’, quando tirou a bola da cabeça de Balotelli – e segurando firme os chutes rasteiros – como aos 28’, quando defendeu um de Cassano, e três minutos depois, parando outra chegada do atacante italiano.

Os times em campo: sem um centroavante de ofício, a Espanha usou da movimentação e da técnica de seus jogadores para envolver a Itália e fazer uma partida memorável.

 

Curiosamente, a Itália tinha até aquele momento mais posse de bola, mas não conseguia refletir aquela dominância em gol. Mesmo sem a pelota, a Espanha era muito mais perigosa e chegava sempre com chance de gol, diferente da Itália, que carecia de criatividade e fazia o torcedor sentir bastante falta de nomes do tetra como Totti e Del Piero, por exemplo. E, aos 41’, a Espanha provou mais uma vez que não precisava de atacantes. Jordi Alba tocou para Xavi, no meio, e saiu em disparada pela esquerda. O cérebro do meio de campo espanhol esperou o momento certo para lançar o lateral de maneira que ninguém da Itália pudesse interceptar. Maestro como era, Xavi tocou com precisão para Alba, que entrou na área e chutou na saída de Buffon para fazer 2 a 0. A torcida italiana já dava sinais de desolação. Do lado espanhol, euforia pura por mais um campeonato muito próximo.

Jordi Alba celebra o segundo gol: título muito próximo!

 

Entre os 42’ e 43’, a Espanha tocou e tocou no meio de campo de maneira sublime, e voltou a aparecer na área italiana até Fàbregas ser desarmado. Aos 43’, Montolivo chutou forte da entrada da área e Casillas espalmou. Aos 44’, resposta da Espanha em contra-ataque iniciado por Sergio Ramos, que tocou para Iniesta e este só foi parado com falta de Barzagli, que levou cartão amarelo. Na cobrança, Xavi mandou na área, a zaga tirou, e, na sobra, David Silva chutou e Buffon defendeu. Aos 46’, o árbitro encerrou o primeiro tempo, que teve mais posse de bola da Itália – 52% a 48% -, equilíbrio nos chutes a gol – 8 a 8 – e poucas faltas – seis da Espanha e quatro da Itália-, mas placar todo da Espanha, que era mais tiki-ataque do que tiki-taka.

 

Segundo tempo – Taka-Título!

Xavi deixa Montolivo no chão: craque desfilou na final. Foto: AFP.

 

Cesare Prandelli colocou Di Natale no lugar de Cassano já na volta do intervalo para tentar novas alternativas, além de esperar o repeteco do atacante naquele jogo, afinal, ele era o responsável pelo único gol sofrido pela Espanha naquela Eurocopa. Logo no primeiro minuto, Abate cruzou e Di Natale quase correspondeu ao cabecear e mandar a bola muito perto do gol, passando por cima do travessão. Foi um susto para a Espanha, que respondeu dois minutos depois com Fàbregas, em jogada individual, que chutou de fora da área, mas a bola passou à direita de Buffon. Um minuto depois, nova blitz espanhola e confusão na pequena área após Fàbregas entortar Balzaretti e Bonucci e ser interceptado por Buffon. Na sequência do lance, Arbeloa sofreu falta, e, após a cobrança, Sergio Ramos cabeceou e o zagueiro Bonucci colocou a mão na bola. Os jogadores espanhóis pediram pênalti, mas o juiz mandou seguir. E, como não tinha VAR naquela época, a Itália se deu bem… O jogo seguiu elétrico, e, aos 6’, Di Natale recebeu dentro da área um passe magistral de Montolivo e teve a melhor chance do jogo para a Azzurra, mas o chute saiu fraco demais e Casillas salvou de novo.

Nos minutos seguintes, os técnicos mexeram com as entradas de Thiago Motta no lugar de Montolivo e Pedro no lugar de David Silva. No entanto, apenas cinco minutos depois de entrar, Thiago Motta começou a sentir dores na coxa e teve que deixar o campo de maca. Como já havia feito as três substituições que tinha direito, a Itália teria que jogar a meia hora seguinte de jogo com um jogador a menos. Prandelli ficou desolado, assim como os jogadores italianos, que não viam mais alternativas para sequer empatar a partida com um atleta a menos.

Xavi e Pirlo. Foto: Alex Grimm / Getty Images Europe.

 

Sem nada a ver com aquilo, a Espanha seguiu com a bola em seus pés e Fernando Torres entrou no lugar de Fàbregas, aos 30’. Dali em diante, o jogo ficou todo com a equipe Roja, enquanto os italianos não escondiam o abatimento. Recuada, a Azzurra clamava pelo fim do jogo, mas a Espanha queria mais. E, aos 38’, após bobeada na saída de bola, Xavi roubou e tocou na medida para Fernando Torres invadir a área e tocar no canto de Buffon para fazer 3 a 0. O gol do atacante foi histórico: era a primeira vez que um jogador marcava em duas finais de Eurocopa na história. Assim como em 2008, El Niño deixava o seu também em 2012.

Fernando Torres chuta para fazer seu gol: primeiro jogador a marcar em duas finais de Euro na história.

 

Balotelli, desolado, aguarda o recomeço após mais um gol espanhol: atacante nada fez diante da marcação de Sergio Ramos.

 

A Euro já era da Espanha. Del Bosque ainda mexeu de novo, colocando Juan Mata no lugar de Iniesta. E que mudança, pois menos de dois minutos depois de entrar, Mata marcou o quarto gol após jogada iniciada no meio de campo, em passe de Busquets para Fernando Torres, que entrou na área e tocou para o companheiro fazer um gol típico de treino: 4 a 0, o maior resultado de uma final em toda a história da Eurocopa. E mais: um 4 a 0 sobre a Itália, sempre fortíssima defensivamente, tetracampeã mundial, um adversário gigantesco, simplesmente destroçado naquela decisão como poucas vezes fora em toda sua história.

Ao apito do árbitro, estava sacramentado o tricampeonato europeu da Espanha e o segundo título consecutivo da equipe na competição, outra façanha inédita protagonizada pela seleção Roja no torneio. A conquista continental não só consolidou a força da equipe perante os rivais como mostrou que era possível jogar futebol sem um centroavante de ofício. Em várias partidas, a equipe atuou praticamente com meias do meio de campo para frente, com todos aptos a marcar gols. Foi uma enorme inversão de realidade e a consagração plena do tiki-taka espanhol.

Foi a história escrita diante dos olhos. Aquela Espanha era a seleção mais vitoriosa e emblemática do século XXI. E já ganhava espaço pelo menos entre as 10 maiores de todos os tempos pelo futebol jogado, pelo domínio, pelos títulos incontestáveis. E, claro, pelos craques que transformaram aquela seleção e todo o futebol espanhol, em especial Xavi e seus passes sublimes, seus toques, sua visão de jogo, o “senhor do tempo”. Iniesta, presente em todo o campo, ofensivo e defensivo quando preciso, completo. Casillas, o capitão que levantou todos aqueles troféus, dono de defesas espetaculares e de uma regularidade impressionante. E Vicente Del Bosque, o treinador que soube mesclar o que de melhor seu país tinha para construir uma seleção única e se juntar ao alemão Helmut Schön como o segundo técnico que venceu tanto a Eurocopa quanto uma Copa do Mundo. E mais: ele se transformou no único técnico a ter no currículo Copa do Mundo, Eurocopa, Liga dos campeões da UEFA e Mundial de Clubes! – estes últimos pelo Real Madrid dos Galácticos

Festa do tri. Foto: Alex Grimm / Getty Images.

 

O capitão Casillas e suas taças: uma imagem que cala qualquer crítico.

 

A decisão da Euro de 2012 foi talvez o jogo perfeito para quem nunca tinha visto aquela Espanha ver pela primeira vez. E, se fosse possível escolher uma partida dentre todas as protagonizadas por aquele time ao longo de quatro anos, aquela era a ideal para demonstrar o que foi a Espanha 2008-2012. Uma seleção imortal.

 

Pós-jogo: O que aconteceu depois?

Espanha: como acontece com vários grandes times, a Espanha sofreu uma considerável queda de rendimento a partir de 2013 e não apresentou o futebol vistoso de antes. A primeira mostra da virada nos tempos aconteceu na final da Copa das Confederações, quando os europeus estiveram irreconhecíveis no revés de 3 a 0 para o campeão e anfitrião Brasil. Um ano depois, na Copa do Mundo, a Arena Fonte Nova foi palco do iminente “fim” do tiki-taka quando a Espanha, favorita ao bicampeonato mundial e com a base de 2010, foi goleada de maneira impiedosa e com requintes de crueldade pela Holanda por 5 a 1, resultado que serviu como vingança para os laranjas pelo revés na África do Sul e que escancarou as fragilidades da equipe em campo – bem como a queda do rendimento de Xavi, o cérebro do time desde 2008, e de vários outros jogadores.

Casillas (à dir.) lamenta: era o fim da hegemonia.

 

Antes do duelo seguinte, contra o Chile de Sampaoli, Xabi Alonso e Fàbregas pediram publicamente para que Vicente Del Bosque abandonasse o tiki-taka. Mas o treinador não abriu mão do estilo que o tornou um multicampeão e foi com ele para o Maracanã. Lá, o Chile venceu por 2 a 0 e decretou o fim simbólico da melhor Espanha de todos os tempos. A derrota eliminou precocemente o time europeu da Copa, que se uniu a várias outras seleções que também sucumbiram em um Mundial como detentoras do título. No adeus, a Espanha venceu a Austrália por 3 a 0, em Curitiba, com os gols marcados por alguns personagens que fizeram o torcedor voltar no tempo e relembrar os bons tempos da Roja: o primeiro foi de David Villa (de letra), o artilheiro espanhol na Copa de 2010. O segundo, de Torres, o herói do título da Eurocopa de 2008. E o terceiro, de Juan Mata, o mesmo que fechou a goleada de 4 a 0 sobre a Itália na decisão da Euro de 2012. Se poderia haver um fim menos melancólico, os espanhóis fizeram questão de fazê-lo.

Itália: a derrota para a Espanha foi mais um capítulo trágico em anos difíceis para a Azzurra. No ano seguinte, a equipe reencontrou a Espanha nas semifinais da Copa das Confederações de 2013, e, após empate sem gols no tempo normal, perdeu nos pênaltis por 7 a 6. Em 2014, a equipe caiu já na fase de grupos da Copa do Mundo de 2014. Só em 2016 que veio um alento na vitória por 2 a 0 sobre a Espanha nas oitavas de final da Eurocopa, com os gols da vitória anotados por Chiellini – justo ele, que deixou a final de 2012 tão precocemente – e Graziano Pellè. Nas quartas, a Azzurra acabou eliminada. Nas Eliminatórias para a Copa de 2018, novos embates entre a dupla: empate em 1 a 1 no turno, em Turim, e vitória espanhola por 3 a 0 no returno, em Madri, com dois gols de Isco e um de Morata. O revés custou caro aos italianos, que tiveram que disputar o playoff contra a Suécia e acabaram fora do Mundial pela primeira vez desde 1958. A seleção espera se levantar na próxima Eurocopa, que ficou para 2021. E, quem sabe, desempatar o histórico dos confrontos contra a Espanha: são 11 vitórias para cada lado e 15 empates.

 

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Comentários encerrados

2 Comentários

  1. Neste jogo a Espanha do tiki-taka, que já de si era absoluta, superou-se a si mesma. Com o seu toque de bola envolvente, pecava pelos poucos golos que fazia em muitos dos jogos, como no Mundial 2010, em que a maioria dos jogos era na base da gestão do resultado e no fim 1-0. Neste houve toque de bola envolvente, houve jogo bonito e muitos e bonitos golos! Até pareceu um espetáculo de despedida dessa geração, um prenúncio da má fase que viria nos anos posteriores…

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