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Craque Imortal – Fernando Morena

 

Nascimento: 02 de Fevereiro de 1952, em Montevidéu, Uruguai.

Posição: Atacante

Clubes: Racing Montevideo-URU (1968), River Plate-URU (1969-1972), Peñarol-URU (1973-1979, 1981-1983 e 1985), Rayo Vallecano-ESP (1979-1980), Valencia-ESP (1980-1981), Flamengo-BRA (1983) e Boca Juniors-ARG (1984).

Principais títulos por clubes: 1 Mundial de Clubes (1982), 1 Copa Libertadores da América (1982) e 6 Campeonatos Uruguaios (1973, 1974, 1975, 1978, 1981, 1982) pelo Peñarol.

1 Supercopa da UEFA (1980) pelo Valencia.

Principal título por seleção: 1 Copa América (1983) pelo Uruguai.

Principais títulos individuais e Artilharias:

Artilheiro da Copa Libertadores da América: 1974 (7 gols), 1975 (8 gols) e 1982 (7 gols)

Artilheiro do Campeonato Uruguaio: 1973 (23 gols), 1974 (27 gols), 1975 (34 gols), 1976 (18 gols), 1977 (19 gols), 1978 (36 gols – recorde) e 1982 (17 gols)

Maior Artilheiro da História do Peñarol: 440 gols em 484 jogos

Maior Artilheiro da História do Campeonato Uruguaio: 230 gols em 244 jogos

2º Maior Artilheiro da História da Copa Libertadores: 37 gols em 77 jogos

Jogador que mais vezes foi artilheiro da Copa Libertadores: três vezes

Maior Artilheiro em um só jogo na história do Campeonato Uruguaio: 7 gols, no jogo Peñarol 7×0 Huracán Buceo, 16 de julho de 1978

 

“Nando de los Goles”

Por Guilherme Diniz

Havia um magnetismo nas canchas do futebol uruguaio quando aquele atacante entrava em ação. Tal fenômeno só se aplicava a ele e a bola. Um procurava o outro. E, após o encontro, ambos não descansavam enquanto o gol não saía. Um, não. Vários. Certa vez, foram sete em um só jogo. E, se fosse final, aí que o magnetismo era exacerbado. Com a bela camisa negra e ouro, ele se transformava no matador mais temido. Trazia de volta àqueles anos 1970 e 1980 uma mística que não era vista desde os tempos de Sasía, Joya, Spencer, ou mesmo Schiaffino e Ghiggia. A mística do Peñarol multicampeão. E, com tantos gols, aquele matador consolidou seu nome na história como o maior artilheiro da história do clube aurinegro. Maior artilheiro da história do Campeonato Uruguaio. E um dos maiores de toda a história do futebol. Fernando Morena Belora, ou simplesmente Fernando Morena, é uma divindade celeste. Um craque com números até hoje inigualáveis mesmo após três décadas desde sua aposentadoria. Um virtuose. Finalizador nato, que não perdia chances claras, que sabia exatamente o que fazer dentro da área. Que tinha o faro da decisão. Que conquistou títulos memoráveis. Autor de gols até hoje gritados pelos torcedores. E um verdadeiro pesadelo para inúmeros zagueiros e goleiros. É hora de relembrar a carreira de um dos mais prolíficos atacantes de todos os tempos.

 

Pontaria afiada

Morena (último agachado) no River Plate uruguaio.

 

Morena nasceu em Montevidéu em tempos de pura alegria para o futebol uruguaio. Apenas dois anos antes, o país havia celebrado o histórico bicampeonato mundial de futebol após vencer o Brasil em pleno Maracanã, no inesquecível Maracanazo. Como não poderia deixar de ser, o futebol foi o caminho natural para o jovem, que torcia pelo Nacional e sequer imaginava que iria se tornar uma lenda justamente pelo rival. Morena começou a despontar para o esporte no Racing de Montevidéu, mas por lá ficou apenas um ano até se transferir para o River Plate uruguaio em 1969, aos 17 anos. No alvirrubro, Morena começou a chamar a atenção dos gigantes pelos gols e pela habilidade com a bola nos pés. Sua frieza na hora de finalizar, o ótimo senso de colocação e a técnica refinada davam enormes credenciais a um rápido estrelato. Entre 1969 e 1972, o garoto marcou 27 gols em 48 jogos pelo River, uma ótima média para um atacante tão jovem e jogando por um clube de pequena expressão. E foi ainda pelo River que Morena ganhou sua primeira convocação para a seleção, em outubro de 1971, para uma partida amistosa contra o Chile. E, claro, o craque marcou um dos gols da vitória celeste por 3 a 0.

Morena e Spencer: divindades dos carboneros.

 

Foi então que, em 1973, o Peñarol ganhou a queda de braço com o rival Nacional muito graças ao técnico Juan Ricardo Faccio e contratou o atacante, que teria a missão de suplantar a saída do ídolo equatoriano Alberto Spencer, que havia deixado o aurinegro após dez anos de glórias memoráveis. A partir daquele ano, a história do próprio Peñarol mudaria para sempre. Bem como a do próprio Morena.

 

O demolidor de defesas

Logo em seu primeiro ano no Peñarol, Fernando Morena foi o artilheiro do Campeonato Uruguaio pela primeira vez na carreira com 23 gols e ajudou o clube aurinegro a faturar o título nacional daquele ano. A partir dali, começaria uma dinastia que não era vista no futebol do país desde os tempos de Atilio García, lendário artilheiro do Nacional nos anos 1930 e 1940. Morena foi artilheiro de incríveis seis campeonatos uruguaios consecutivos. De 1973 até 1978 só deu ele no Uruguai! Além dos 23 gols de 1973, foram 27 em 1974, 34 em 1975, 18 em 1976, 19 em 1977 e o recorde impressionante e jamais superado desde então: 36 gols em 1978, ano em que o jogador marcou sete gols em uma só partida, outro recorde jamais igualado ou superado no futebol do país, na goleada de 7 a 0 do Peñarol sobre o Huracán Buceo. E poderia ter sido oito gols se o craque não tivesse perdido um pênalti!

 

Veja os gols:

Morena era uma verdadeira máquina. Seu talento com a bola nos pés levava milhares e milhares de torcedores ao Centenário para ver de perto o “Nando de los goles”. E seus gols se refletiam em títulos. O aurinegro faturou os campeonatos de 1973, 1974, 1975 e 1978 e Morena ainda foi goleador de quatro Liguillas Pré-Libertadores, torneio disputado pelos melhores clubes da primeira divisão uruguaia na época e que dava vaga à Copa Libertadores. Morena marcou nove gols na edição inaugural de 1974, outros nove em 1975, 12 em 1976 e quatro em 1977. Para se ter uma ideia do lado prolífico do craque, entre 1973 e 1979, ele marcou 180 gols em 140 jogos só pelo Campeonato Uruguaio, uma média de 1,28 gols por jogo!

Morena marcou sete gols contra o Huracán Buceo!

 

 

Dominante em seu país, o Peñarol tentou o título da Libertadores naquela década, mas a glória continental era difícil de se conseguir em tempos de Independiente de Bertoni e Bochini, Cruzeiro de Jairzinho e Boca Juniors de Juan Carlos Lorenzo. Mesmo assim, Morena foi artilheiro das Libertadores de 1974 (7 gols) e 1975 (8 gols). Pela seleção, o craque foi constantemente convocado e esteve no grupo que disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. No entanto, a Celeste não passou da primeira fase e teve o azar de enfrentar a Laranja Mecânica da Holanda, que venceu por 2 a 0 fora o baile. Ele disputou 48 jogos entre 1971 e 1978 e marcou 19 gols.

 

Da ida à Europa ao retorno triunfal

Morena no Rayo Vallecano (à dir.): craque conseguiu se destacar mesmo em uma equipe frágil.

 

Em 1979, Fernando Morena foi contratado pelo Rayo Vallecano, da Espanha. Por lá, passou bem longe de conquistar algum título, mas mostrou aos espanhóis seu talento e faro artilheiro ao anotar 20 gols em 34 jogos, ficando na 5ª colocação entre os maiores goleadores do Campeonato Espanhol de 1979-1980, apenas quatro gols atrás do Pichichi Quini, do Sporting Gijón, que marcou 24 tentos. Morena fez quase metade dos gols de seu time, mas tal número foi insuficiente para livrar o Rayo Vallecano do rebaixamento naquela temporada. Com a queda do clube, o Valencia, recém-campeão da Recopa da UEFA, foi rápido e contratou o uruguaio para a temporada 1980-1981. E, com os morcegos, Morena conquistou sua primeira (e única) taça em solo europeu: a Supercopa da UEFA de 1980, vencida sobre o lendário Nottingham Forest-ING de Brian Clough (bicampeão da Liga dos Campeões da UEFA em 1979 e 1980) após derrota por 2 a 1 na ida, na Inglaterra, e triunfo por 1 a 0, jogando em casa, com gol de Morena logo no começo do segundo tempo. Na época, o torneio era disputado em jogos de ida e volta com a regra do gol marcado fora como critério de desempate.

Morena fez dupla de ataque com o argentino Kempes (à dir.) no Valencia, mas o companheiro do uruguaio se lesionou e quem acabou se destacando foi Morena.

 

No Campeonato Espanhol, Morena marcou 16 gols em 31 jogos, esteve mais uma vez entre os principais artilheiros do torneio – ficou em 4º lugar – e ajudou o Valencia a terminar na 4ª posição e conseguir uma vaga na Copa da UEFA de 1981-1982. Mesmo jogando bem e marcando gols, o craque queria voltar para o Uruguai. E, jogando fora de sua terra, ele acabava preterido na seleção, pela qual não era convocado desde 1978. Sabendo disso e passando por uma reformulação, o Peñarol foi em busca de seu artilheiro em 1981. A diretoria e a torcida do aurinegro fizeram de tudo para repatriar o craque, que voltou a Montevidéu por mais de US$ 1 milhão, valor astronômico na época. A quantia foi conseguida após uma intensa campanha de arrecadação de fundos dos torcedores, fundamentais para trazer o atacante de volta ao clube aurinegro.

Em 1981, a torcida carbonera ajudou a diretoria do clube a repatriar o craque Morena, que estava no futebol espanhol na época.

 

Morena retornou com ares messiânicos e formou, naquele ano, uma ótima dupla com Rubén Paz para ajudar o Peñarol a conquistar mais um Campeonato Uruguaio com 19 vitórias, seis empates e três derrotas em 28 jogos, com 63 gols marcados (melhor ataque) e 25 sofridos (melhor defesa). Paz foi o artilheiro da competição com 17 gols e um dos destaques de um time que contava, entre outros, com o viril e seguro zagueiro Walter Olivera, o defensor Gutiérrez, o rápido lateral Víctor Diogo, o volante Bossio, os pratas da casa Saralegui e Vargas, e o meia/atacante Venancio Ramos.

 

A consagração da lenda

Fernando Morena já era um ídolo da torcida do Peñarol, mas ele fez do ano de 1982 o derradeiro para que seu nome fosse esculpido para sempre na pedra dos imortais do clube. O craque foi um dos principais jogadores do grande time aurinegro que alcançou a final da Libertadores de 1982 após superar pelo caminho times como São Paulo-BRA, Grêmio-BRA, River Plate-ARG e o Flamengo de Zico, então campeão da América e do mundo em 1981. Morena marcou gols importantíssimos – como um golaço de fora da área na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, no Morumbi – fez dois na vitória por 3 a 0 sobre o Defensor-URU, mais dois na goleada de 4 a 2 sobre o River Plate em pleno Monumental e foi fundamental no triunfo por 1 a 0 sobre o Flamengo no Maracanã, quando ele e Jair infernizaram os defensores brasileiros com toques de classe e jogadas de efeito.

Embalado e perto de um título que não vinha desde 1966, o Peñarol foi com tudo para a final da Libertadores contra o Cobreloa-CHI, vice-campeão do ano anterior. Para reforçar o entusiasmo da equipe, o elenco caminhava a passos largos rumo ao bicampeonato uruguaio, que seria concretizado tempo depois com uma campanha irrepreensível: 15 vitórias, nove empates, duas derrotas, 47 gols marcados (sendo 17 de Morena, artilheiro do torneio pela 7ª vez na carreira!) e 22 sofridos em 26 jogos, incluindo dois triunfos de 1 a 0 sobre o maior rival, o Nacional.

Na Libertadores, a partida de ida da final foi disputada em Montevidéu, com mais de 44 mil pessoas apoiando o time aurinegro no estádio Centenário. O Peñarol apostava muito na força de sua torcida para construir um bom resultado e viajar até Santiago com tranquilidade. Porém, tudo deu errado naquele duelo de 26 de novembro de 1982. O gol teimou em não sair, o Cobreloa soube neutralizar as investidas de Morena e a partida terminou empatada em 0 a 0. A torcida carbonera ficou temerosa pelo fato de os Laranjas de Calama precisarem de uma simples vitória para conquistar o título continental. Mas os jogadores uruguaios tinham a certeza do título e que tudo seria decidido fora de casa, assim como fora na segunda fase.

O gol de Morena no minuto final do jogo contra o Cobreloa: Peñarol tetracampeão.

 

Na noite de 30 de novembro de 1982, o Peñarol teve que invocar toda sua tradição histórica e futebolística para sair do estádio Nacional, em Santiago, com a taça de campeão da América. Mais de 70 mil pessoas lotaram o caldeirão chileno para apoiar o Cobreloa em busca do título perdido para o Flamengo em 1981. O jogo, como não poderia deixar de ser, foi pegado, tenso, com faltas duras e muita pressão dos dois lados. Morena não conseguia manter sua média de gols, Jair não encaixava um passe na medida e os contra-ataques pareciam não funcionar. Aos 44´do segundo tempo, todos já começavam a pensar na terceira partida, a de desempate, em Buenos Aires, quando o improvável aconteceu.

Bossio ganhou no meio de campo, deixou com Saralegui e este deixou na direita para Venancio Ramos. O atacante disparou em velocidade com uma verdadeira avenida em sua frente, levantou a cabeça e viu o matador Morena aparecer lá no meio da área. Ramos cruzou, Morena recebeu, dominou com a perna esquerda e com ela mesmo chutou meio sem jeito, mas com todo o jeito para marcar um gol chorado, mascado, que valia título, nos segundos finais da partida: 1 a 0. O estádio emudeceu. Quer dizer, parte dele. Porque a parte negra e amarela estava em polvorosa. Gritos, lágrimas, sorrisos e todos os tipos de expressões e sentimentos possíveis eram vistos nos jogadores, na comissão técnica e na torcida do Peñarol. O título já era dos aurinegros. Ao apito final, eis que o gigante de Montevidéu, enfim, despertara como tetracampeão da América.

Morena e o capitão Olivera com a Liberta de 1982.

 

Era a taça para o time mais eficiente, mais competitivo e mais imponente do torneio. Os aurinegros venceram nove jogos, empataram dois e perderam apenas um, com 18 gols marcados e apenas seis sofridos (e impressionantes NOVE partidas sem sofrer gols das 12 que disputou!). Fernando Morena, ídolo e peça fundamental na conquista, foi o artilheiro da competição com sete gols e virou definitivamente um monstro sagrado do clube, fazendo valer cada centavo gasto em sua repatriação.

Poucos dias depois da conquista da América, o Peñarol já teve que arrumar as malas e viajar para o seu próximo compromisso, dessa vez lá do outro lado do mundo, no Japão, para a disputa do Mundial Interclubes. Era a primeira vez que o time aurinegro viajava ao Oriente para brigar por um título que ele conhecia apenas dos tempos de partidas de ida e volta lá nos anos 1960. O adversário dos uruguaios era o Aston Villa-ING, campeão europeu e que havia derrotado o Bayern München-ALE de Paul Breitner e Rummenigge.

Os ingleses tinham uma equipe bem montada pelo técnico Tony Barton com o atacante Peter Withe, o ponta Tony Morley, o meio-campista Dennis Mortimer e o goleirão Jimmy Rimmer. Porém, quem deu as cartas naquele dia 12 de dezembro de 1982 foi o Peñarol. Jogando com todas as virtudes que lhe fizeram campeão da América, o clube uruguaio mostrou força desde o início do jogo, não se assustou com uma bola na trave dos ingleses, e abriu o placar aos 27´do primeiro tempo, num “estranho” gol de falta marcado por Jair em que a bola quicou dentro do gol e saiu, gerando dúvidas se ela realmente havia entrado. Por via das dúvidas, Morena colocou a redonda para dentro e saiu para o abraço!

O time campeão do mundo em 1982. Em pé: Victor Diogo, Nelson Gutierrez, Miguel Bossio, Walter Olivera, Juan Vicente Morales e Gustavo Fernandez. Agachados: Walkir Silva, Mario Saralegui, Fernando Morena, Jair e Venancio Ramos.

 

Sem demonstrar nervosismo algum em campo e com seus jogadores concentrados ao extremo, o Peñarol ampliou a vantagem aos 23´do segundo tempo, quando Walkir Silva saiu em disparada desde o meio de campo, teve o chute prensado pelo zagueiro, mas pegou o rebote para fazer 2 a 0. O resultado deu ao Peñarol seu terceiro título mundial e fez do aurinegro o primeiro da época a levantar a taça três vezes. Era a taça que faltava ao artilheiro. Ele, enfim, tinha todos os títulos almejados vestindo o preto e ouro do Peñarol.

 

Últimos anos e aposentadoria

Em 1983, o Peñarol manteve boa parte do time campeão de tudo em 1982, mas acabou perdendo o brasileiro Jair após o desentendimento dele com o elenco por causa da premiação do Mundial. Além disso, o clube passou por uma grave crise financeira por conta da inflação que assolava o Uruguai na época (com picos de 110%), o dólar valendo três vezes mais que o peso uruguaio e o caixa aurinegro indo para o espaço por causa disso. Os jogadores chegaram a ficar sem receber salário durante três meses e a equipe ficou apenas na 7ª colocação no Campeonato Uruguaio.

Mesmo com tantos fatores negativos, o time ainda alcançou mais uma final de Libertadores após eliminar o Atlético San Cristóbal-VEN (0 a 0 e 1 a 0) e o rival Nacional-URU (2 a 0 e 2 a 1). Na decisão, os aurinegros empataram em 1 a 1, em casa, contra o Grêmio-BRA, mas perderam a volta, em Porto Alegre, por 2 a 1 em um jogo dramático – com mais um gol de Morena em uma decisão – e deram adeus ao sonho do pentacampeonato. Naquele ano, Fernando Morena voltou a ser convocado para a seleção uruguaia e participou da campanha do título da Copa América da Celeste naquele ano, que não teve sede fixa. Ele disputou dois jogos e marcou dois gols.

Sua participação só não foi maior por causa da brutalidade de um adversário no duelo contra a Venezuela, em setembro de 1983. Ele já havia deixado o seu na vitória celeste por 3 a 0 quando levou uma entrada violenta de René Torres que fraturou a tíbia e o perônio do atacante. Por conta disso, ele não jogou mais pela Celeste na campanha do título continental e também não seria mais convocado. A lesão prejudicou ainda sua passagem pelo Flamengo-BRA naquele mesmo ano de 1983, onde não brilhou.

No ano seguinte, o uruguaio foi jogar no Boca Juniors, mas os problemas administrativos pelos quais passava o time argentino na época minaram uma estadia mais longa do craque, que disputou apenas sete jogos e marcou um gol pelos xeneizes. Morena voltou ao Peñarol ainda em 1984 só para encerrar a carreira, aos 32 anos. Depois de pendurar as chuteiras, Morena arriscou-se como técnico, mas não obteve resultados satisfatórios. Ele segue no meio futebolístico como grande figura do Peñarol e também diretor do aurinegro.

Em 2020, o Peñarol inaugurou em seu estádio uma estátua de Fernando Morena. Na obra, o craque celebra seu gol na lendária final da Libertadores de 1982, contra o Cobreloa.

 

O fato é que Fernando Morena foi um dos maiores artilheiros da história do futebol, ícone de anos de ouro do futebol uruguaio, dono de recordes até hoje inigualáveis e sinônimo de bola na rede. Técnico, matador e decisivo, foi o estandarte da reconquista da América pelo Peñarol, ídolo de gerações e até inspiração para vários “Fernandos” que surgiram no país e na América do Sul naqueles anos – o goleiro Fernando Muslera, titular da seleção uruguaia nas Copas de 2010, 2014 e 2018, por exemplo, foi batizado assim por causa da idolatria que Morena despertava em sua família. El Nando foi mesmo único. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

 

Disputou 484 jogos e marcou 440 gols pelo Peñarol.

Disputou 53 jogos e marcou 22 gols pelo Uruguai.

Marcou 668 gols na carreira, incluindo partidas amistosas.

Fernando Morena é o maior artilheiro do Peñarol na história do clássico entre Peñarol x Nacional com 27 gols em 49 jogos.

 

Leia mais sobre o Peñarol de 1981-1983 clicando aqui.

 

Extra:

 

Veja um especial com a trajetória do craque.

 

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Comentários encerrados

4 Comentários

  1. Parabéns pelo ótimo trabalho. Lendo esse post, percebi que vocês ainda não imortalizaram o Mario Kempes. Tem alguma previsão de quando El Matador dará as caras por aqui?

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