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Craque Imortal – Andrea Pirlo

 

Nascimento: 19 de Maio de 1979, em Flero, Brescia, Itália

Posições: Meia e Volante

Clubes: Brescia-ITA (1995-1998 e 2001 – empréstimo), Internazionale-ITA (1998-2001), Reggina-ITA (empréstimo 1999-2000), Milan-ITA (2001-2011), Juventus-ITA (2011-2015) e New York City-EUA (2015-2017).

Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Italiano – Série B (1996-1997) pelo Brescia.

1 Mundial de Clubes da FIFA (2007), 2 Ligas dos Campeões da UEFA (2002-2003 e 2006-2007), 2 Supercopas da UEFA (2003 e 2007), 2 Campeonatos Italianos (2003-2004 e 2010-2011), 1 Copa da Itália (2002-2003) e 1 Supercopa da Itália (2004) pelo Milan.

4 Campeonatos Italianos (2011-2012, 2012-2013, 2013-2014 e 2014-2015), 2 Supercopas da Itália (2012 e 2013) e 1 Copa da Itália (2014-2015) pela Juventus

Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo da FIFA (2006), 1 Campeonato Europeu de Futebol Sub-21 (2000) e 1 Bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) pela Itália.

 

Principais títulos individuais: 

Recordista em gols de falta na Série A em todos os tempos: 28 gols

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 2006

Jogador que mais vezes foi eleito o Homem do Jogo na Copa do Mundo da FIFA de 2006: 3 vezes

Eleito para o FIFPro XI: 2006

Eleito o Melhor do Jogo na Supercopa da UEFA de 2007

Eleito para o Time da Década do Mundo pela ESPN: 2009

Eleito para o Time do Ano da ESM: 2011-2012

Pallone d’Argento: 2011-2012

Pallone Azzurro: 2012

Guerin d’Oro: 2012

Eleito para o All-Star Team da Eurocopa: 2012

Eleito para o Time do Ano da UEFA: 2012

Maior Assistente do Campeonato Italiano: 2011-2012 (13 assistências)

Eleito para o Time do Ano da Série A: 2011-2012, 2012-2013, 2013-2014 e 2014-2015

Meio-Campista do Ano da Série A: 2012

Futebolista do Ano da Série A: 2012, 2013 e 2014

Premio Nazionale Carriera Esemplare “Gaetano Scirea”: 2013

Eleito para o All-Star Team da Copa das Confederações: 2013

Eleito para o All-Star Team da Liga dos Campeões da UEFA: 2014-2015

Inserido no Hall da Fama do Milan

Inserido no Hall da Fama da Juventus

Globe Soccer Awards: 2015

Eleito para o Time dos Sonhos da Eurocopa: 2016

Premio Internazionale Giacinto Facchetti: 2017

Eleito para a Seleção dos Sonhos da Itália do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos do Milan do Imortais: 2021

 

“Il Maestro della maglia 21”

Por Suzane Pinheiro

 

Elegância, frieza e talento para bolas paradas. De qualquer distância, sob qualquer circunstância. Podia ser em um jogo simples de começo de campeonato. Podia ser em reta final de Liga dos Campeões da UEFA. Ou até final de Copa do Mundo. A precisão era a mesma. A seriedade, idem. Ele marcava gols, claro, mas sua maior virtude era arquitetá-los. Assim, fez artilheiros. Heróis improváveis. E, com sua emblemática camisa 21 – que recebeu em seu primeiro clube, o Brescia, e virou seu número oficial na carreira -, se tornou um dos maiores meio-campistas de todos os tempos. Andrea Pirlo foi tudo isso e muito mais. Ídolo de gerações, o italiano se transformou em uma lenda do futebol mundial. Com saudação e respeito, ele foi chamado de “Maestro da Azzurra”, conseguiu feitos gigantes com a bola nos pés e passaria a emocionar não só a própria nação, mas o mundo dos apaixonados pelo bom futebol. Como dono do meio de campo, Pirlo mostrava que não era só com a bola nos pés que ele fazia mágica. Ele tinha também uma visão de jogo impressionante. Ambidestro, cobrava faltas incríveis e nunca se cansou de mandar escanteios na cabeça dos mais diversos companheiros que resultaram em gols. É hora de relembrar a carreira desse ícone do esporte.

 

O início de reviravoltas

Andrea Pirlo nos tempos de Brescia, em 1994-1995. Foto: Splash News.

 

Quem via a serenidade de Pirlo no meio de campo nem imaginava que ele teve dificuldades para se encontrar no início de sua carreira. Após passar por vários clubes da Lombardia, sua terra natal, ele conseguiu uma vaga no Brescia e já na temporada de 1994-1995, o menino de apenas 16 anos jogava a Série A do Campeonato Italiano pelo clube comandado pelo romeno Mircea Lucescu. Naquele ano, o Brescia foi rebaixado e Pirlo passou a fazer oficialmente parte do elenco profissional do time nas temporadas seguintes. Mesmo jovem, o garoto foi de grande ajuda na temporada 1996-1997 para que a equipe retornasse à Série A, chamando a atenção de seu ex-técnico Lucescu, que já comandava a Internazionale na época e contratou o talento prodígio em 1998.

Ventola, Sousa e Pirlo, em foto da temporada 1998-1999.

 

Na Inter, Andrea Pirlo se viu colega de clube de Ronaldo Fenômeno e, posteriormente, do holandês Clarence Seedorf. Era um time e tanto, mas Pirlo não conseguia se destacar em sua posição de trequartista – um meia ofensivo, típico camisa 10, para os italianos -, por sua falta de ritmo. Em 1999, foi emprestado para o Reggina por uma temporada, retornou à Inter, continuou sem espaço por ser considerado “lento e sem dinâmica” e foi emprestado novamente, dessa vez para o Brescia. 

De volta ao seu primeiro clube, Pirlo mudou de posição sob as mãos do técnico Carlo Mazzone, uma vez que o ídolo de infância do jogador, Roberto Baggio, já jogava como meio-campista ofensivo da equipe na época. Assim, o italiano foi recuado para o centro do campo, onde passaria a organizar as jogadas do time com frieza e tranquilidade. Aliás, foi vendo Baggio cobrar faltas nos treinamentos do Brescia que Pirlo aperfeiçoou as suas próprias cobranças para se tornar, tempo depois, um dos maiores especialistas no quesito em todo o mundo. O jogador revelaria, anos depois, que o brasileiro Juninho Pernambucano também serviu como fonte de inspiração.

Pirlo ao lado de Baggio, em rara foto sem a camisa 21.

 

Entre idas, vindas, empréstimos e tentativas no time principal, o presidente da Internazionale, Massimo Moratti, desistiu do jogador (!), e, em junho de 2001, o vendeu por cerca de 18 milhões de euros para o rival Milan. Na época, o clube estava sob o comando de Fatih Terim e o técnico decidiu deixar o italiano na mesma posição que Mazzone o designou no Brescia. Com a saída de Terim ainda em 2001, Carlo Ancelotti chegou para treinar o clube rossonero. Começaria exatamente naquele ano uma nova era na carreira do craque.

 

A era de ouro

Pirlo iniciou uma mudança considerável em sua maneira de jogar sob o comando de Carlo Ancelotti. Mais recuado, o craque poderia utilizar sua visão de jogo privilegiada para iniciar jogadas de ataque e também proteger o sistema defensivo. Com ele, Gattuso e Seedorf, o Milan teria um de seus melhores trios de meio de campo em todos os tempos, responsável por títulos históricos, entre eles duas Ligas dos Campeões da UEFA em 2002-2003 e 2006-2007 e um Mundial de Clubes da FIFA em 2007. Entre 2003 e 2008, o camisa 21 se transformou definitivamente em um dos maiores meio-campistas do futebol mundial e referência máxima de um timaço, cuja história já foi contada aqui no Imortais em duas partes – a primeira, de 2002-2005, está neste link. A segunda, de 2006-2007, neste link.

Mas nem tudo foram glórias para o jogador na época. A derrota na final do Mundial de Clubes de 2003 para o Boca e na final da Liga dos Campeões de 2005 para o Liverpool foram terríveis, pois em ambas ele errou suas cobranças nas disputas de penalidades. Contra os ingleses, Pirlo ficou tão decepcionado que cogitou, por um momento, até mesmo encerrar precocemente sua carreira, algo revelado em sua autobiografia.

 

“Quando aquela tortura de jogo acabou, nós sentamos como um bando de idiotas nos vestiários do estádio Atatürk. Não conseguíamos falar. Não conseguíamos nos mover. Eles (Liverpool) nos destruíram mentalmente. O estrago já era evidente naqueles momentos iniciais. Insônia, raiva, depressão, sensação de nada. Nós tínhamos criado uma nova doença com múltiplos sintomas: a Síndrome de Istambul. Eu não me sentia mais um jogador. Mas ainda pior, eu não me sentia como um homem. De repente, o futebol tinha se tornado a coisa menos importante. Não tinha coragem de olhar no espelho. A única solução que eu via era me aposentar. E que aposentadoria desonrada teria sido”.

 

Felizmente, o futebol dá voltas. E, em 2007, o craque e seu Milan conseguiram a vingança tanto em cima do Liverpool (vitória por 2 a 1 na final da Liga dos Campeões) quanto em cima do Boca Juniors (vitória por 4 a 2 na final do Mundial de Clubes).

 

A parceria com Gattuso

Reza a lenda que na Grécia Antiga existiam dois deuses muito divergentes: um era Apolo, deus da harmonia, da serenidade e da razão; o outro, Dionísio, o deus das emoções descontroladas e das transgressões. Juntos, formavam o exato equilíbrio. Saindo do Olimpo e indo para os gramados, o mundo dos homens presenciou mais uma dessas parcerias de duas lendas que fizeram histórias juntos. Se de um lado tínhamos Pirlo com toda a sua elegância, frieza, visão de jogo, passes precisos e belíssimas cobranças de falta, do outro, Gennaro Gattuso, a explosão em pessoa, com muita luta, raça e emoção.

A primeira parceria ocorreu em 2000, quando ambos jogaram na seleção italiana sub-21 e conquistaram o título europeu após derrotarem a República Checa na final. Mas foi no Milan que a dupla de meio-campistas provou que razão e emoção formam o complemento perfeito. Enquanto Gattuso era a raça, a “destruição” das jogadas adversárias, Pirlo era a técnica, o construtor das ações milanistas. E, juntos, conquistaram nove títulos, simplesmente os mais almejados por qualquer jogador do futebol europeu: dois campeonatos nacionais, uma copa nacional, duas UCL, uma supercopa nacional, duas Supercopas da UEFA e um Mundial de Clubes. 

A parceria em campo se estendeu para a vida fora dos gramados e ambos se tornaram amigos, além de sempre exaltarem o mutual respeito entre si. Sobre o estilo de jogo do amigo, Gattuso disse certa vez ao Corriere dello Sport: Quando eu vi o Pirlo jogando, pensei comigo: ‘Eu estou jogando o mesmo esporte que ele? Preciso procurar outro emprego!'”, comentou o volante, que mencionou ainda a capacidade fora do comum do jogador desde os tempos de sub-15. “Mas antes mesmo de jogar como meia (mais recuado), ele já fazia coisas fora do comum para nossa idade. Era possível ver que ele tinha uma técnica incrível”. Com Gattuso, Pirlo expunha também seu lado brincalhão. Uma das mais hilárias histórias foi revelada pelo próprio companheiro do Maestro.

 

“Um dia eu estava comendo em Milanello (centro de treinamentos do Milan) e tive a ideia brilhante de deixar meu telefone na mesa. Pirlo, então, enviou uma mensagem para o (Adriano) Galliani (vice-presidente à época) e o (Ariedo) Braida (diretor esportivo à época) oferecendo a eles minha irmã”, disse Gattuso à rádio RAI, em 03 de novembro de 2013.

 

O auge pela seleção

O período de glórias de Pirlo no Milan coincidiu com a ascensão do craque na seleção italiana. Antes com grandes momentos restritos apenas às equipes de base, ele começou a ganhar espaço na seleção principal em 2002, aos 23 anos, sob o comando de Giovanni Trapattoni, mas só foi assumir a titularidade da equipe a partir de 2004, com o técnico Marcello Lippi, que dizia que Pirlo “era um líder silencioso e falava com seus pés”, mesmo ano em que o craque disputou sete jogos pela Azzurra, incluindo dois na Eurocopa. Ele também jogou as Olimpíadas de Atenas e foi um dos destaques na campanha do Bronze da seleção italiana. 

Na seleção sub-21, Pirlo vestiu a camisa 10.

 

Mas foi na Copa do Mundo de 2006 que o Maestro provou de vez seu talento. Na estreia da Itália, contra Gana, Pirlo foi eleito o “Homem do Jogo” na vitória por 2 a 0, com o primeiro gol anotado por ele, num chutaço de fora da área. No mata-mata, seguiu jogando muito e responsável pelos passes, lançamentos, cruzamentos e bolas paradas do time. Até que, na semifinal, Pirlo decidiu num lance mágico o destino da Azzurra no Mundial. 

Em um jogo impróprio para cardíacos contra a Alemanha, o jogo seguia 0 a 0 após o tempo regulamentar e na prorrogação. Aos 12’ do segundo tempo extra, Pirlo ajeitou para a perna direita e mandou uma bomba que o goleiro Lehmann espalmou para escanteio. Del Piero cobrou, a zaga rebateu e sobrou nos pés de Pirlo, aos 14’. Ele entortou o corpo como quem iria tocar no canto, mas tocou no meio. A bola foi precisa e no jeito para o lateral Fabio Grosso emendar um chute direto, de perna esquerda, milimétrico, como fora o passe de Pirlo. Golaço! A Itália ainda marcou mais um dois minutos depois, em uma aula de contra-ataque, e carimbou seu passaporte para a final da Copa. Pirlo foi o melhor da partida mais uma vez.

“Você acha que bate melhor na bola do que eu?”. / “Preciso explicar?”

 

Na final, contra a França de Zidane, Pirlo viu o rival abrir o placar, mas foi ele quem cobrou o escanteio na cabeça de Materazzi para empatar o jogo ainda no primeiro tempo. O jogo acabou indo para os pênaltis e Pirlo certamente lembrou-se dos dramas recentes que havia passado em disputas como aquela pelo Milan. Mas, com seriedade e calma, o craque converteu sua cobrança, viu seus companheiros acertarem todos os seus chutes e a Itália venceu por 5 a 3, conquistando o tetracampeonato mundial, o primeiro título da Azzurra após 24 anos de jejum.

Pirlo cobra seu pênalti na final da Copa: fim de todos os traumas em grande estilo! Foto: PA.

 

 

Pirlo foi o melhor jogador da final, entrou no time ideal da Copa e se tornou de vez um imortal do futebol, patrimônio do futebol italiano e mundial. Após a conquista, ele surpreendeu a todos sobre sua preparação antes da final:

 

“Eu não sinto a pressão… Não dou a mínima para isso. Eu passei a tarde do domingo, 09 de julho de 2006, em Berlim dormindo e jogando PlayStation. De noite, saí e ganhei a Copa do Mundo”.

 

Só isso…

 

Novos ares em Turim

Após dez anos no Milan e a decepção na Copa do Mundo de 2010 – a Itália caiu ainda na primeira fase -, Pirlo precisava de uma nova motivação na carreira. Vencedor de quase todos os principais títulos do futebol mundial, o craque não teve seu contrato renovado pelo Milan em 2011 e recebeu uma proposta da Juventus, que tentava se reorganizar para acabar de vez com a hegemonia dos rivais de Milão no futebol italiano. Com isso, ele não se incomodou em mudar para Turim e entrar no seleto grupo de jogadores que vestiram a camisa dos três principais clubes da Itália. 

Aquela mudança chocante, após tanto tempo e tamanha identificação com o clube rossonero, provocaria um arrependimento profundo no próprio Milan, que entrou em um incômodo período sem títulos justamente após a saída de seu ídolo. Adriano Galliani, dirigente do Milan na época, comentou em 2015 ao jornal La Gazzetta dello Sport que deixar o meia sair foi seu maior erro. 

 

Deixar o Pirlo sair foi o maior erro da minha carreira. Foi um erro cometido por mim e um número grande de pessoas, mas não me pergunte quem foram essas outras pessoas”. 

 

Na Juventus, Pirlo utilizou a camisa 21, curiosamente a mesma vestida por outra lenda: Zinédine Zidane, entre os anos de 1996 e 2001. E, logo em sua primeira temporada, o craque venceu o Campeonato Italiano – o primeiro da Juve desde a volta da Série B – e ainda foi o líder em assistências do torneio com 13 passes para gols, além de ser o melhor jogador da competição, fato que se repetiria nos dois anos seguintes. Perfeito no meio de campo, o craque fez do setor bianconeri o mais forte do país e um dos mais talentosos da Europa, ao lado do chileno Vidal e do compatriota Marchisio. Com os três e a zaga formada por Chiellini, Bonucci, Barzagli e o goleiro Buffon, a Juve era simplesmente uma fortaleza – foram apenas 20 gols sofridos em 38 partidas. Um dos que mais celebraram a ida de Pirlo à Juve na época foi Buffon.

 

“Quando o Andrea me disse que iria se juntar a nós eu pensei: ‘Deus existe!’. Um jogador como ele e com aquela habilidade, sem contar que veio de graça, acho que foi a contratação do século!”.Gianluigi Buffon, em entrevista ao site da FIFA, setembro de 2014.

Mas não foi apenas na Juve que o meia deu show. Pela Itália, Pirlo foi um dos destaques e artífices da equipe que chegou à final da Eurocopa de 2012, com direito a cavadinha do craque na disputa de pênaltis contra a Inglaterra, nas quartas de final.

Só na final que a Azzurra não foi párea para a então campeã mundial Espanha, que trucidou os italianos por 4 a 0 e sacramentou o melhor período futebolístico de sua história. No ano seguinte, Pirlo desfilou suas virtudes na Copa das Confederações, quando anotou um golaço épico de falta na estreia italiana contra o México, no Maracanã. Foi mais uma lenda do futebol a anotar um gol precioso, histórico, em um dos estádios mais lendários do planeta. E o gol saiu justamente na partida de número 100 do meio-campista pela Azzurra.

Veja a pintura:

Em algumas ocasiões, Pirlo foi capitão da Itália.

 

Pirlo ainda disputou a Copa de 2014 – outra decepção italiana, que caiu na primeira fase – e algumas partidas durante as Eliminatórias para a Eurocopa de 2016. No entanto, mesmo com a classificação da Azzurra para o torneio, o técnico Antonio Conte deixou o italiano de fora dos convocados pelo fato de ele estar jogando no futebol dos EUA na época. Com isso, Pirlo se retirou da seleção como o 5º jogador com mais jogos pela Itália na história: 116 partidas.

 

Últimas taças e aposentadoria

Além do título de 2011-2012, Pirlo venceu pela Juventus mais três títulos italianos entre 2012 e 2015, uma Copa da Itália em 2014-2015 e duas Supercopas da Itália em 2012 e 2013. Ele esperava um torneio continental em 2015, quando a Juve chegou à final, mas os bianconeri não foram capazes de vencer o Barcelona do trio MSN. Aquela foi a última partida de Pirlo pela Juve. Foram 164 jogos e 19 gols pela equipe de Turim, sendo 15 deles em cobranças de falta! Além disso, Pirlo deu 39 assistências no período. Ao término de seu contrato, ele foi jogar a MLS pelo New York City, onde ficou até 2017, ano em que sofreu demais com problemas físicos, em especial no joelho direito, e percebeu que era hora de parar. No começo de novembro de 2017, o craque publicou uma carta se despedindo dos fãs e do futebol.

 

“Última partida na MLS. Como meu tempo no NYCFC chegou ao fim, gostaria de dizer algumas poucas palavras. Eu quero agradecer a todos pela bondade e pelo apoio que me mostraram nessa incrível cidade. Muito obrigado aos incríveis torcedores, obrigado para a comissão técnica e a todos que trabalham por trás das cortinas, obrigado aos meus companheiros de equipe.

Não só minha aventura em Nova York chega ao fim, mas também minha jornada como um jogador de futebol. É por isso que eu quero aproveitar a oportunidade para agradecer a minha família e meus filhos pelo apoio e amor que eles sempre me deram, todos os times pelos quais eu tive a honra de jogar, todo colega de time que eu tive o prazer de jogar ao lado, todas as pessoas que fizeram minha carreira ser incrível e, por último, mas não menos importante, para todos os fãs ao redor do mundo que sempre me mostraram carinho. Vocês sempre estarão ao meu lado e no meu coração”. – Andrea Pirlo

O adeus definitivo aos gramados aconteceu no estádio onde ele mais deu shows: o San Siro, na Notte del Maestro, partida amistosa realizada em 21 de maio de 2018 que reuniu diversos craques do futebol e amigos do jogador. Foram dois times. O primeiro, chamado de White Stars, teve os seguintes jogadores: Abbiati, Dida; Bonucci, Chiellini, Costacurta, Favalli, Jankulovski, Maldini, Nesta, Oddo, Simic, Zambrotta, Zanetti; Baronio, Camoranesi, Gattuso, Lampard, Leonardo, Pepe, Pirlo, Rui Costa, Verratti, Vidal; Baggio, Del Piero, Di Natale, Iaquinta, Inzaghi, Matri, Pato, Ronaldo, Totti e Vieri. 

O segundo, chamado de Blue Stars, foi com: Buffon e Storari; Adani, Barzagli, Bonera, Cafu, Diana, Ferrara, Kaladze, Materazzi, Serginho; Pirlo (ele jogou um pouco em cada equipe), Albertini, Ambrosini, Brocchi, De Rossi, Diamanti, Marchisio, Perrotta, Seedorf; Borriello, Cassano, Quagliarella, Ronaldinho, Shevchenko, Tevez, Toni e Ventola. Os técnicos foram Antonio Conte e Carlo Ancelotti, pela equipe branca, e Roberto Donadoni, Mauro Tassotti e Massimiliano Allegri, pela equipe azul.

O craque no adeus. Foto: Reuters.

 

Com tantas feras, o placar não poderia ser outro: 7 a 7, gols de Pato 13’, Vieri 32’, Del Piero 41’, Inzaghi 75’, 79’, 84’ e Matri 78’, para o White Stars; Shevchenko 1’, 44’, Quagliarella 6’, Cassano 30’, Cafu 35’, Brocchi 47’ e Toni 71’, para o Blue Stars. Pirlo não deixou sua marca, mas arrancou os últimos suspiros do público com seus passes e jogadas de pura arte. Faltando dez minutos para o fim, ele foi substituído pelo filho, Niccolo, que também joga no meio de campo. Emoção não faltou. Mas a falta de Pirlo ao futebol, a partir daquela noite, seria imensurável.

 

Para sempre Maestro

Após pendurar as chuteiras, Pirlo passou a se dedicar mais à vinícola Pratum Coller, de sua família e localizada em Trentino-ITA, adquirida em 2007 e símbolo da paixão do jogador por vinhos. Por lá, ele sabe bem como eleger um bom vinho ou se uma colheita está no ponto ou não, assim como ele tanto fez nos gramados na hora de criar uma jogada, fazer um lançamento ou cobrar uma falta. Ele sabe como poucos a arte da apreciação. E, falando em apreciar, privilegiados foram os que viram Pirlo em campo. Um craque que soube transformar o difícil no fácil, o impossível no possível, o futebol em algo belo. Sem ele, o esporte perdeu belas notas e ficou mais desafinado, principalmente a seleção italiana, que segue com a vaga aberta para um regista há um bom tempo. Será difícil encontrar um igual. Ou mesmo parecido. O Maestro foi único. E imortal.

 

“Tocar a bola para o Pirlo é como escondê-la com segurança”.Zbigniew Boniek, lenda do futebol polonês.

 

“Pirlo é um gênio. Junto ao (Roberto) Baggio, eu acho ele um dos maiores talentos que o futebol italiano produziu nos últimos 25 anos”. – Gianluigi Buffon.

 

“Pirlo pode fazer com os pés o que ele quiser. Ele é um gênio”.Johan Cruyff, lenda do futebol.

 

“Ele parecia quieto, mas na verdade, e com todo o respeito à mãe dele, era um grande filho da p***. Ele era capaz de me tirar por meses e meses, era divertido ficar ao lado de Andrea. Nós nos batíamos mais do que Bud Spencer e Terence Hill”. Gattuso, carinhoso, sobre seu amigo.

 

 

Números de destaque:

Disputou 116 jogos e marcou 13 gols pela Itália. É o 5º jogador com mais partidas pela Azzurra.

Disputou 401 jogos e marcou 41 gols pelo Milan.

Disputou 164 jogos e marcou 19 gols pela Juventus.

Disputou 872 jogos e marcou 86 gols na carreira.

Entre 2006 e 2017, Pirlo deu aproximadamente 89 assistências para gols.

 

Extras:

Veja grandes lances de Pirlo.

 

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Comentários encerrados

6 Comentários

  1. Bom trabalho, Imortais! Andrea Pirlo foi um grande jogador.

    Imortais, é dito no texto que Juninho Pernambucano foi uma fonte de inspiração para Pirlo nas cobranças de falta. Eu sugiro que o Juninho Pernambucano também seja citado no site como craque imortal.

Seleções Imortais – Alemanha 1996

Esquadrão Imortal – Atlético-MG 1950-1956