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Craque Imortal – Kocsis

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Nascimento: 21 de Setembro de 1929, em Budapeste, Hungria. Faleceu em 22 de Julho de 1979, em Barcelona, Espanha.

Posições: Ponta-de-lança e Atacante.

Clubes: Kobanyai-HUN (1943-1944), Ferencvaros-HUN (1945-1950), Budapest Honvéd-HUN (1950-1957), Young Fellows-SUI (1957-1958) e Barcelona-ESP (1958-1965).

Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Húngaro (1948-1949) pelo Ferencvaros.

3 Campeonatos Húngaros (1952, 1954 e 1955) pelo Budapest Honvéd.

2 Campeonatos Espanhóis (1958-1959 e 1959-1960), 2 Copas do Rei (1958-1959 e 1962-1963) e 1 Copa das Cidades com Feiras – precursora da Copa da UEFA, atual Liga Europa – (1958-1960) pelo Barcelona.

Principais títulos por seleção: 1 Medalha de Ouro Olímpica (Helsinque-1952) e 1 Copa da Europa Central (1953) pela Hungria.

 

Principais títulos individuais e Artilharias:

Artilheiro da Copa do Mundo da FIFA: 1954 (11 gols)

Artilheiro do Campeonato Húngaro: 1951 (30 gols), 1952 (36 gols) e 1954 (33 gols).

Bola de Prata da Copa do Mundo da FIFA: 1954

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1954

Eleito um dos 50 Melhores Jogadores do Século XX pela revista Planète Foot: 1996

Eleito um dos 100 Melhores Jogadores do Século XX pela revista World Soccer: 1999

Eleito o 24º Melhor Jogador do Século XX pela revista Placar: 1999

Eleito o 39º Melhor Jogador do Século XX pela IFFHS

Eleito o 23º Melhor Jogador Europeu do Século XX pela IFFHS

Eleito o 2º Melhor Jogador Húngaro do Século XX pela IFFHS

Eleito um dos 1000 Maiores Esportistas do Século XX pelo jornal The Sunday Times

Eleito o 54º Melhor Jogador da História das Copas pela revista Placar: 2006

 

“Gênio dos Ares”

Por Guilherme Diniz

Nunca um jogador de futebol conseguiu superá-lo quando o assunto era cabeçada. Muito menos em impulsão e precisão na hora de acertar uma bola pelos ares. Você poderia alinhar 10 ou 20 dos maiores craques da história e todos eles seriam superados por um homem que levitava e conseguia disparar cabeçadas que mais pareciam chutes de tão potentes. Mesmo de altura mediana, ele podia mais que os outros. Muito mais. Não bastasse o talento aéreo, ele chutava com os dois pés, tinha amplo domínio de bola, elegância de sobra e uma explosão formidável. Nos anos 50 e 60, Sándor Kocsis esbanjou talento e genialidade por todos os clubes por onde passou e se consagrou como o melhor cabeceador de todos os tempos. Sua fama foi tão absoluta que ele ficou mais conhecido como o “Cabeça de Ouro”.

Com 75 gols em 68 jogos pela Seleção da Hungria, Kocsis superou inúmeros atacantes e se tornou, também, um dos maiores goleadores por países do planeta – e um dos pouquíssimos a ter mais gols do que número de jogos vestindo a camisa de sua seleção. Artilheiro da Copa do Mundo de 1954, com 11 gols marcados em apenas cinco jogos, Kocsis é até hoje o artilheiro com maior média de gols em um só torneio e merecia, assim como seus compatriotas Puskás, Czibor, Hidegkuti entre outros, o título daquele Mundial, mas quis o destino que a Alemanha ficasse com a taça. Mesmo assim, o craque deixou marcas profundas e virou o padrão de perfeição para aqueles que sonham em se tornar peritos em bolas aéreas. É hora de relembrar.

 

Inspiração paterna

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Nascido em Budapeste, Kocsis começou desde pequeno a mostrar muita intimidade com a bola graças à inspiração de seu pai, que era futebolista e esbanjava talento e vigor como zagueiro. O Kocsis-pai tinha como principal característica as subidas ao ataque que quase sempre resultavam em gols oriundos de cabeçadas certeiras, curiosamente a qualidade que seria aperfeiçoada por Kocsis-filho. Com 15 anos, o futuro craque iniciou sua carreira no Kobanyai, mas não demorou muito para que a paixão clubista o levasse, após a II Guerra Mundial, ao Ferencvaros. Por lá, o jogador virou titular rapidamente e foi logo mostrando seu faro artilheiro com muitos gols e enorme presença de área, além de se notabilizar pela precisão na hora dos arremates, seja com os dois pés, seja com a cabeça. Em 1948, o craque foi convocado pela primeira vez para a Seleção Húngara e foi logo marcando dois gols na goleada de 9 a 0 sobre a Romênia. Na temporada seguinte, Kocsis disputou mais seis jogos pela Hungria e marcou seis gols, com direito ao seu primeiro hat-trick nos 5 a 0 sobre a Suécia, em amistoso disputado em Budapeste.

Ainda em 1949, Kocsis conquistou o primeiro título de sua carreira: o Campeonato Húngaro, quando o Ferencvaros venceu 26, empatou um e perdeu apenas três dos 30 jogos disputados, com incríveis 140 gols marcados e 36 gols sofridos. Jogando ao lado de outro prolífico atacante, Ferenc Déak (artilheiro do torneio daquele ano com 59 gols), Kocsis anotou 33 gols e se transformou rapidamente em um dos mais talentosos jogadores de seu país, chamando a atenção de muita gente pela intimidade com a bola e por ser tão bom quanto outro craque exuberante que “rivalizava” com ele na época: Ferenc Puskás, jogador do Kispest. Mal sabia a dupla que em pouco tempo eles iriam deixar a rivalidade de lado para atuarem juntos não só na seleção, mas também no clube da capital.

 

O maior esquadrão do mundo

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Antes modesto, o Kispest se transformou completamente naquele começo de anos 50 graças à política. A Hungria vivia sob uma intensa ditadura comunista e sempre ávida por interesses em quaisquer que fossem os campos, até mesmo os de futebol. As forças armadas decidiram criar um time forte o bastante para representar o país no campeonato nacional, mostrando, claro, a “supremacia do governo”. Só que, ao invés de começar um clube do zero, os militares decidiram “adotar” um clube do país. A primeira opção seria, claro, o Ferencvaros, maior da Hungria e multicampeão nacional. Porém, as raízes do clube estavam cravadas na independência e no fascismo. Com isso, os militares decidiram escolher o tímido Kispest, que teve seu nome prontamente modificado para Kispest-Honvéd.

Além do time, os militares queriam que a própria seleção da Hungria fosse forte para competir com a concorrência europeia recheada de grandes equipes como Itália, Inglaterra, Áustria, URSS e Alemanha.  O treinador da seleção, Gusztav Sebes, pediu para que os grandes jogadores da seleção fossem concentrados apenas em duas equipes, como forma de dar mais entrosamento e facilitar o trabalho como um todo. Com isso, as maiores estrelas do país foram divididas entre o Honvéd, time dos militares, e o MTK Hungária, equipe da polícia secreta da Hungria. Essa divisão acabou por beneficiar apenas um time: o Honvéd. Por quê? Porque a população húngara simplesmente odiava a polícia secreta! Com isso, o Honvéd ganhou o apoio da massa, aumentou sua torcida e sua popularidade, deixando de levar apenas “moscas” ao seu estádio e contar com casa cheia para ver os novos craques do time: Grosics, Kocsis, Czibor e Budai, além de Puskás e Bozsik. Pronto. O Honvéd estava formado. E pronto para servir a nação.

 

O auge do “Cabeça de Ouro”

Kocsis (ao centro) e Puskás (à dir.): dois mitos da Hungria e ícones do futebol nas décadas de 50 e 60.
Kocsis (ao centro) e Puskás (à dir.): dois mitos da Hungria e ícones do futebol nas décadas de 50 e 60.

 

Kocsis chegou ao Honvéd depois do bicampeonato nacional conquistado pelo time em 1949-1950 e 1950 (Especial, disputado no outono e com menos jogos), mas teve que esperar pouco tempo para levantar sua primeira taça pelo clube. Em 1951, o MTK foi o campeão, mas Kocsis se tornou pela primeira vez o artilheiro do campeonato com 30 gols. No ano seguinte, o craque foi novamente o goleador máximo, dessa vez com 36 gols, e ajudou seu clube a reconquistar o torneio de maneira invicta, com 21 vitórias e cinco empates em 26 jogos. Kocsis seria o artilheiro húngaro mais uma vez, em 1954, com 33 gols, ano que levantou sua terceira taça na carreira. Entrosado com Czibor, Puskás e Budai, Kocsis só reforçava sua fama de artilheiro e encantava plateias de todos os cantos com seu futebol vigoroso e cheio de estilo. Tinha vezes que ele conseguia, inclusive, ofuscar o companheiro Puskás graças à sua genialidade com a bola nos pés – e, principalmente, na cabeça. Em 1952, um torcedor do Honvéd chegou a oferecer ao “Cabeça de Ouro” um carro zero como agradecimento por tudo o que ele estava fazendo pela equipe e pelo futebol do país, mas Kocsis recusou o mimo e preferiu continuar com seu carro “lata-velha”, como descrito por seu companheiro Laszlo Budai.

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Pela Hungria, Kocsis viveu momentos de puro deleite nos anos de 1952 e 1953. No primeiro, o craque marcou seis gols nos cinco jogos disputados pela seleção magiar nos Jogos Olímpicos de Helsinque, na Finlândia, e conquistou o Ouro Olímpico. Kocsis balançou as redes contra a Romênia (2 a 1, um gol), Itália (3 a 0, um gol), Turquia (7 a 1, dois gols) e Suécia (6 a 0, dois gols). O artilheiro só passou em branco na final, contra a Iugoslávia, quando os magiares fizeram 2 a 0 (gols de Puskás e Czibor). Em 1953, a Hungria levantou o título da antiga Copa Internacional da Europa Central, quando ficou à frente de Tchecoslováquia, Áustria, Itália e Suíça, mas o grande feito do selecionado naquele ano foi vencer a poderosa Inglaterra em pleno estádio de Wembley por acachapantes 6 a 3, num dos jogos mais emblemáticos da história (que o Imortais já relembrou neste texto).

Kocsis não marcou gols naquela partida, mas foi presença constante na área inglesa e ajudou seus companheiros de todas as maneiras possíveis. Uma curiosidade é que ele quase não jogou o “amistoso do século” por ter sido repreendido pelo técnico Gusztáv Sebes após ter virado a noite em um bar dias antes do duelo. Em 1954, dias antes da Copa do Mundo, Kocsis voltou a enfrentar a Inglaterra, dessa vez em Budapeste, e marcou dois gols na goleada de 7 a 1 dos magiares, triunfo que só aumentou a fama de invencível da equipe e o favoritismo ao título do Mundial da Suíça. No maior palco do futebol, o craque teria a grande chance da carreira para mostrar o quão bom ele era para um público ainda maior.

 

O maior dos artilheiros merecia a Copa

Kocsis (o camisa 8) saltando mais alto do que qualquer coreano na estreia húngara na Copa.
Kocsis (o camisa 8) saltando mais alto do que qualquer coreano na estreia húngara na Copa.

 

A Copa de 1954 ficou marcada por ter sido a de maior média de gols da história: absurdos 5,4 gols por jogo, com 140 gols em 26 jogos. Essa fartura toda foi possível muito graças ao talento da Hungria e ao instinto predatório de Kocsis, que foi simplesmente brilhante nos jogos em que atuou. Na primeira partida da primeira fase, Kocsis fez três gols na goleada de 9 a 0 da Hungria sobre a Coreia do Sul. Em seguida, foi a vez de a Alemanha levar de 8 a 3 dos magiares e ver Kocsis marcar quatro gols, dois após chutes de primeira, um com liberdade e um leve toque no canto do goleiro e mais um após desviar um cruzamento. Nas quartas de final, o atacante mostrou sua precisão aérea aos brasileiros, que nada puderam fazer para evitar os dois gols do craque na vitória húngara por 4 a 2 na partida que ficou conhecida como “A Batalha de Berna” por causa da pancadaria que rolou solta durante e depois do jogo.

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Na semifinal, os europeus fizeram o melhor jogo de toda a Copa, contra o então bicampeão mundial, Uruguai, que tinha grandes nomes como Máspoli, Santamaría, Rodríguez Andrade, Hohberg, Schiaffino e Borges. Ambas as equipes estavam sem seus capitães (Puskás e Varela), mas mesmo assim fizeram um jogo disputado e emocionante. Depois de abrir 2 a 0, a Hungria permitiu o empate uruguaio no segundo tempo e o duelo foi para a prorrogação. Nela, Kocsis acabou de vez com as chances dos sul-americanos após mandar para o gol duas bolas vindas de cruzamentos certeiros. Arrasador na bola aérea, o craque foi o herói húngaro e classificou os magiares para a final da Copa.

Na decisão, uma série de fatores acabou prejudicando a Hungria, que abriu 2 a 0, mas permitiu a heroica virada da Alemanha, que ficou com o título (leia mais clicando aqui). Foi a primeira derrota da Hungria após 31 partidas, de maio de 1950 até o fatídico 4 de julho de 1954. Kocsis não balançou as redes, mas entrou para a história como o artilheiro com melhor média de gols em uma só edição de Copa do Mundo (2,2 gols por jogo), com 11 gols marcados em apenas cinco jogos! No Mundial seguinte, o francês Just Fontaine marcou 13 vezes, mas teve uma média inferior à do húngaro (13 gols em seis jogos e média de 2,16 gols por jogo). Com 24 anos, Kocsis chegava ao estrelato de sua carreira e ganhava o reconhecimento de todo o mundo. Mas a calmaria do craque em seu país iria mudar completamente a partir daquele ano.

 

O recomeço na Espanha

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A derrota na Copa representou uma virada na carreira de Kocsis e também no futebol húngaro para sempre. O Honvéd participou pela primeira vez, em 1956, da Liga dos Campeões da UEFA (competição criada na temporada 1955-1956), e enfrentou o Athletic Bilbao (ESP). No primeiro jogo, na Espanha, vitória dos bascos por 3 a 2, com os gols do Honvéd marcados por Budai e Kocsis. Na volta, porém, os jogadores receberam a notícia da eclosão da Revolução Húngara.  Os cidadãos do país, revoltados com a crescente imposição soviética na Hungria, saíram às ruas para protestar contra ao governo da URSS. Foram semanas de tiros, brigas, tanques nas ruas e um clima total de guerra civil. Justamente naquele período, o Honvéd precisava disputar sua partida de volta da Liga, contra o Athletic.

Sem condições de viajar para um país sob o caos, o Honvéd mandou o jogo para Bruxelas (BEL), e apenas empatou em 3 a 3. Eliminados, os jogadores sofriam mais um baque e alguns deles decidiram não voltar para o país, casos de Kocsis, Puskás e Czibor. Sem seus principais jogadores, com o campeonato nacional cancelado e sob muita tensão, o clube perdeu totalmente o rumo e só não caiu para a segunda divisão em 1957 por uma mudança no regulamento, que acrescentou mais equipes ao torneio.

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Ainda em 1957, Kocsis rechaçou sua condição de exilado político e conseguiu uma vaga no futebol suíço, onde disputou alguns poucos jogos pelo Young Fellows. No mesmo ano, a FIFA exigiu que ele e seus companheiros se resolvessem de vez com a Federação Húngara e, após vários debates, ele conseguiu se desvencilhar de vez de seu país, o que causou enorme antipatia no povo de lá, que o considerou traidor. Kocsis não foi mais convocado pela seleção, mas deixou uma enorme e invejável marca: 75 gols em 68 jogos disputados, média superior a um gol por jogo. Naquele ano, Kocsis ganhou uma santa ajuda do compatriota László Kubala, craque do Barcelona-ESP na época, e foi contratado pelo clube catalão após enorme apoio de Kubala, que fez a diretoria do time espanhol acertar salários, também, com outro húngaro: Czibor. A chegada da dupla tornou um elenco já forte (com Ramallets, Segarra, Luis Suárez, Evaristo de Macedo entre outros) impecável. Era hora de levantar mais taças.

 

Títulos e nova decepção em Berna

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Jogando como um ponta-de-lança, Kocsis viveu uma saudável rivalidade com seus companheiros de Barça e “aceitou” compartilhar o protagonismo artilheiro com Suárez, Kubala, Evaristo e Cia. Já na temporada 1958-1959, o craque deixou sua marca em várias partidas e mostrou seu poder de decisão ao marcar duas vezes na goleada de 4 a 1 dos blaugranas sobre o Granada pela final da Copa do Rei (chamada de Copa del Generalíssimo à época), que sacramentou a dobradinha do clube naquele ano, afinal, o Campeonato Espanhol também foi vencido com quatro pontos de vantagem sobre o Real Madrid de Di Stéfano e Puskás, o companheiro que Kocsis tanto se entendeu nos tempos de Honvéd e Hungria. Ainda naquele final de década, Kocsis venceu a Copa das Cidades com Feiras (precursora da Copa da UEFA, atual Liga Europa) e o Campeonato Espanhol de 1959-1960.

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Na temporada 1960-1961, o Barcelona de Kocsis conseguiu, enfim, acabar com a hegemonia do Real Madrid na Liga dos Campeões (que só tinha o clube merengue como campeão nas cinco primeiras edições) ao eliminar os madrilenos logo nas oitavas de final com um 4 a 3 no placar agregado. Na etapa seguinte, o Barça despachou o Spartak Hradec Králové-RCH (5 a 1 no agregado), e eliminou o Hamburgo-ALE graças ao critério de gols marcados fora de casa, na semifinal, quando Kocsis fez o tento salvador na derrota por 2 a 1 na partida de volta. Como o Barça havia vencido por 1 a 0 o duelo de ida, os espanhóis foram para a final.

Nela, o time de Kocsis teve pela frente o mítico Benfica-POR de Béla Guttmann e craques como Germano, José Augusto, José Águas, Mário Coluna e Cavém. Quis o destino que as equipes se enfrentassem no Wankdorf Stadium, mesmo palco da final da Copa do Mundo de 1954, aquela que a Hungria de Kocsis perdeu para a Alemanha. No mesmo território hostil, o craque até marcou um gol, mas viu seu Barça perder por 3 a 2 e dar adeus ao sonho do título europeu. Berna, definitivamente, não era (e ainda não é!) uma boa cidade para os húngaros…

 

Últimas glórias e o trágico fim

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Nos anos seguintes, Kocsis manteve sua boa média de gols (o craque anotou 17 tentos no Campeonato Espanhol de 1961-1962 e foi um dos artilheiros) e voltou a marcar em uma final de Copa do Rei vencida pelo Barça, em 1963, no triunfo por 3 a 1 sobre o Real Zaragoza. Com 36 anos, o craque decidiu se aposentar do futebol, em 1966, e continuou vivendo em Barcelona, onde montou um restaurante e se arriscou brevemente na carreira de técnico. Nos anos 70, o ex-craque começou a sofrer vários problemas de saúde, teve que amputar uma perna por causa de um problema de circulação, foi diagnosticado com câncer de estômago e leucemia e entrou em profunda depressão.

Desiludido em uma cama de hospital, Kocsis lembrou-se dos tempos em que saltava mais do que todo mundo e maravilhava plateias com seus gols de cabeça fascinantes, e percebeu que jamais poderia fazer tudo aquilo novamente. No dia 22 de julho de 1979, o quarto onde o húngaro estava foi encontrado com a janela aberta. Ele havia dado seu último pulo, o do suicídio, que tirou sua vida e deixou fãs do futebol estarrecidos por todo o mundo. Era o fim de um dos mais brilhantes goleadores da história e também o melhor cabeceador de todos os tempos, capaz de marcar centenas de gols dessa maneira e ser um verdadeiro deus sobre os ares. Como disse certa vez o escritor Ralph Finn: “Kocsis parecia erguer-se acima de seus adversários, como se usasse um trampolim. E tocava a bola em qualquer lugar onde o goleiro não estivesse”. Ele realmente podia mais do que os outros. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Marcou 75 gols em 68 jogos pela Hungria.

Fez três gols ou mais em 7 jogos pela Hungria.

Foi o primeiro jogador na história das Copas a anotar dois hat-tricks em um mesmo Mundial.

Marcou 151 gols em 235 jogos pelo Barcelona.

Marcou 177 gols em 145 jogos pelo Budapeste Honvéd.

Marcou cerca de 480 gols em 558 jogos, média de 0,86 gols por jogo.

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