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Craque Imortal – Preud´homme

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Nascimento: 24 de Janeiro de 1959, em Ougree, Bélgica.

Posição: Goleiro

Clubes: Standard Liège-BEL (1977-1986), Mechelen-BEL (1986-1994) e Benfica-POR (1994-1999).

Principais títulos por clubes: 2 Campeonatos Belgas (1981-1982 e 1982-1983), 1 Copa da Bélgica (1980-1981) e 2 Supercopas da Bélgica (1981 e 1983) pelo Standard Liège.

1 Recopa da UEFA (1987-1988), 1 Supercopa da UEFA (1988), 1 Campeonato Belga (1988-1989) e 1 Copa da Bélgica (1986-1987) pelo Mechelen.

1 Copa de Portugal (1995-1996) pelo Benfica.

Principais títulos individuais:

Chuteira de Ouro do Futebol Belga: 1987 e 1989

Goleiro do Ano da Bélgica: 1988, 1989, 1990 e 1991

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1994

Prêmio Yashin de Melhor Goleiro da Copa do Mundo da FIFA: 1994

Melhor Goleiro do Mundo pela IFFHS: 1994

Melhor Goleiro do Ano pela UEFA: 1994

 

“Saint Michel”

Por Guilherme Diniz

Um goleiro precisa de sorte. Já um ótimo goleiro nasce com ela. Um goleiro deve demonstrar segurança, arrojo, elasticidade, reflexos apurados e imponência debaixo das traves. Já um ótimo goleiro tem tudo isso e muitas outras características, ainda mais se este ótimo goleiro se tratar de um belga de cabelos longos e encaracolados, ar sereno, cavalheiro e capaz de fechar os ângulos dos atacantes e não ser driblado, agarrar chutes poderosíssimos de fora da área sem dar rebote e realizar defesas impressionantes e quase impossíveis. Entre os anos 80 e 90, a Europa e o mundo se maravilharam e aplaudiram sem moderação toda e qualquer atuação de um homem com nome de Sir e futebol da mais alta estirpe: Michel Georges Jean Ghislain Preud´homme, ou “simplesmente” Michel Preud´homme, um dos maiores guarda-metas que o mundo já viu e o maior de toda a história da Bélgica.

Sempre bem posicionado, seguro ao extremo e milagreiro, não foi à toa que o arqueiro ganhou o apelido de Saint Michel (“Santo Michel”), tamanha sorte que tinha e pela quantidade de gols praticamente certos que conseguia evitar. Não importava se à frente dele estava Bergkamp, Van Basten, Klinsmann, Gullit, Butragueño, Francescoli ou Lineker. Preud´homme se impunha e parava da maneira que fosse possível os petardos, cabeçadas ou voleios dos rivais. Ídolo em dois gigantes de seu país (Standard Liège e Mechelen) e divindade junto à torcida do Benfica-POR ao se tornar o primeiro goleiro estrangeiro da história do clube, Preud´homme sacramentou sua imortalidade com títulos, homenagens e quando foi condecorado pela FIFA como o primeiro vencedor do Prêmio Yashin, troféu dado desde 1994 ao melhor goleiro de uma Copa do Mundo. É hora de relembrar a carreira desse grande ícone do futebol.

Goleiro desde menino

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Nascido em Ougree, província de Liège, Preud´homme começou com apenas 10 anos a se aventurar no futebol. Ainda criança, o garoto passou por todas as etapas das categorias de base do Standard Liège, tradicional clube belga, até chegar ao time titular, em 1977, aos 18 anos, quando fez sua estreia da melhor maneira possível: vitória por 3 a 0 de seu time, nenhum gol sofrido e ótima impressão deixada para a comissão técnica dos Rouches. Com boa estatura (1,83m de altura), elasticidade, reflexos apurados e uma maturidade impressionante, Preud´homme assumiu instantaneamente a titularidade do Standard e disputou 32 jogos do Campeonato Belga na temporada de 1977-1978. Embora sua equipe não fosse forte o bastante para superar o Anderlecht da época, Preud´homme tornou o time de Liège um dos menos vazados do país. Na temporada 1977-1978, a equipe do goleirão sofreu apenas 33 gols em 34 jogos (terceira melhor defesa), 30 em 34 jogos na seguinte (segunda melhor defesa), e 31 em 34 jogos na temporada 1979-1980 (terceira melhor defesa).

Com grandes exibições, Preud´homme ganhou já em 1979 sua primeira convocação para a Seleção Belga, sendo uma das opções do técnico Guy Thys. Em 1980, durante a disputa da Eurocopa, Preud´homme foi convocado, mas como terceiro goleiro. Na época, a concorrência era forte com Theo Custers e o ótimo Jean-Marie Pfaff, este titular absoluto do gol belga, posição que ele ocuparia durante quase toda a década de 80. A Bélgica fez uma boa competição e chegou até a final, mas perdeu para a Alemanha por 2 a 1 e deu adeus ao título.

Títulos e “milagres”

Com uma Supercopa da Bélgica na mão: foram cinco taças pelo Standard entre 1980 e 1983.
Com uma Supercopa da Bélgica na mão: foram cinco taças pelo Standard entre 1980 e 1983.

 

Jogando ao lado de Eric Gerets, Gerard Plessers e Michel Renquin, Preud´homme começou a década de 80 com o pé direito. Ou seria a mão direita? Ou seriam as duas mãos? O fato é que o goleiro foi ganhando ainda mais maturidade e confiança e virou um dos mais temidos para qualquer atacante belga. Na temporada 1980-1981, o Standard faturou a Copa da Bélgica, troféu que deu ao clube uma vaga na Recopa da UEFA (conhecida como Taça das Taças) de 1981-1982. Foi na competição continental que Preud´homme se fez conhecido para um público maior e se destacou pelas defesas impossíveis e pela enorme presença dentro da pequena área. O Standard superou Floriana, de Malta, Vasas-HUN, Porto-POR, e Dinamo Tbilisi-URSS antes de chegar à final da competição. Nos oito jogos que disputou, a equipe sofreu apenas quatro gols, fruto da regularidade de Preud´homme. Na decisão, porém, a equipe belga não resistiu ao Barcelona-ESP, que venceu por 2 a 1 e ficou com o título.

A base do Standard de 1982 - Em pé: Jos Daerden, Water Meeuws, Etienne Delangre, Michel Preud'homme, Heinz Grundel e Arie Haan. Agachados: Willy Geurts, Guy Vandersmissen, Eric Gerets, Simon Tahamata e Théo Poel.
A base do Standard de 1982 – Em pé: Jos Daerden, Water Meeuws, Etienne Delangre, Michel Preud’homme, Heinz Grundel e Arie Haan. Agachados: Willy Geurts, Guy Vandersmissen, Eric Gerets, Simon Tahamata e Théo Poel.

 

Embora tenha perdido o taça continental, o time de Preud´homme faturou naquela temporada o Campeonato Belga, pondo fim a um jejum de 10 anos sem conquistas no principal torneio nacional. Foram 19 vitórias, 10 empates e cinco derrotas em 34 jogos, com 59 gols marcados e 28 gols sofridos (terceira melhor defesa da competição). Na temporada seguinte, o time vermelho faturou o bicampeonato e uma Supercopa da Bélgica, confirmando a supremacia dos Rouches no futebol do país. Preud´homme ganhava cada vez mais destaque, mas não o espaço merecido na seleção muito por causa do técnico Guy Thys, que deixou o craque de fora das convocações para as Copas do Mundo de 1982 e 1986. Em ambas, Pfaff foi o titular, mas bem que Preud´homme poderia ter sido pelo menos o primeiro reserva.

 

Perto da perfeição

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Depois de jogar por uma década no Standard, se tornar um ídolo dos torcedores e ajudar a equipe a encerrar o jejum de taças no Campeonato Belga, Preud´homme aceitou uma proposta do Mechelen e mudou de ares na temporada 1986-1987. Na equipe da Antuérpia, Preud´homme iniciou uma das melhores fases da carreira e foi logo conquistando a Copa da Bélgica, que mais uma vez levou o goleirão para a disputa de uma Recopa da UEFA, em 1987-1988. Mas, ao contrário da anterior, dessa vez o craque não iria aceitar um vice. Na primeira fase, o Mechelen eliminou o Dinamo Bucaresti-ROM com duas vitórias: 1 a 0 e 2 a 0.

Na etapa seguinte, mais uma classificação sem gols sofridos: empate em 0 a 0 e vitória por 2 a 0 sobre o St. Mirren-ESC. Nas quartas de final, os belgas venceram os soviéticos do Dinamo Minsk por 1 a 0, em casa, e seguraram um empate em 1 a 1, fora. Na semifinal, dois triunfos por 2 a 1 sobre a Atalanta-ITA e vaga na grande final, contra o sempre copeiro e temido Ajax-HOL, que tinha na época craques como Danny Blind, Aron Winter e um novato Dennis Bergkamp.

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A decisão foi disputada na Alemanha, no Stade de la Meinau, em Strasbourg, e o Mechelen venceu os holandeses por 1 a 0, gol de Piet den Boer. Preud´homme, como sempre, garantiu a meta intacta durante os 90 minutos e deu ao clube seu primeiro e histórico título continental. O feito ganhou as manchetes dos jornais da época e consagrou o trabalho do técnico Aad de Mos. O Mechelen sofreu apenas três gols em nove jogos e Preud´homme coroou sua fase esplendorosa com o prêmio de melhor jogador da Bélgica, em 1987, além de ser considerado um dos principais goleiros da Europa.

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Na temporada 1988-1989, o Mechelen defendeu seu título na Recopa, eliminou o rival Anderlecht com duas vitórias (1 a 0 e 2 a 0), mas caiu nas semifinais para a Sampdoria-ITA. Mas o revés nem doeu na torcida, afinal, o Mechelen venceu a Supercopa da UEFA ao bater o campeão da Liga dos Campeões de 1987-1988, o PSV-HOL, com uma vitória por 3 a 0 na partida de ida e derrota por apenas 1 a 0 na volta. A cereja do bolo da temporada foi o título do Campeonato Belga, conquistado de maneira incontestável: 25 vitórias, sete empates, duas derrotas, 64 gols marcados e apenas 20 sofridos (melhor defesa do torneio). Preud´homme foi novamente eleito o melhor jogador belga do ano e mostrou que deveria, sim, assumir a titularidade no gol da Seleção Belga, a começar pela Copa do Mundo de 1990.

 

Parando (por alguns minutos) o maior esquadrão do mundo

Michel Preud'homme

Com a aposentadoria de Pfaff, Preud´homme tinha plena convicção de que seria convocado pelo técnico Guy Thys para a Copa do Mundo de 1990, na Itália. Mas, para prevenir eventuais surpresas, o goleiro tratou de jogar o fino na Liga dos Campeões de 1989-1990, disputada pelo Mechelen após a conquista da vaga com o título nacional do ano anterior. A equipe belga superou as duas primeiras fases do torneio com tranquilidade, mas teve a ingrata tarefa de enfrentar, nas quartas de final, o Milan-ITA de Arrigo Sacchi e dos craques Maldini, Baresi, Massaro, Rijkaard, Van Basten e outras estrelas. A equipe italiana era a atual campeã e considerada uma das mais fantásticas que o mundo já viu. Mas, nos dois duelos, Preud´homme mostrou que ele era, assim como o Milan, um fora de série. Após o empate sem gols na primeira partida, na Bélgica, as equipes se enfrentaram no duelo decisivo no San Siro, em Milão, no dia 21 de março de 1990.

Naquela noite, o Milan passou 90 minutos atacando, atacando e atacando o Mechelen, que, salvo alguns poucos ataques, foi obrigado a se fechar no campo de defesa sem qualquer alternativa diante do timaço rossonero. No entanto, Preud´homme fez uma partida fascinante e parou de todas as maneiras os italianos. Com saídas de bola perfeitas, socos em chutes venenosos, antecipações e intensa movimentação, o goleiro resistiu o quanto pôde e garantiu o empate em 0 a 0 após o apito final do tempo regulamentar. Não fosse o camisa 1, a equipe belga teria levado uma sacolada homérica dos italianos! Na prorrogação, porém, o Milan conseguiu marcar dois gols, com Van Basten e Simone, e seguiu firme rumo ao título europeu. Mesmo com a eliminação, Preud´homme mostrou sua qualidade para centenas de milhares de pessoas e comprovou ser, de fato, um craque do mais alto quilate.

O camisa 1

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Depois de anos acostumada com Pfaff à frente do gol de sua seleção, a torcida belga temeu, por um momento, que o posto deixado pelo goleiro não fosse suplantado à altura. No entanto, Preud´homme tratou de acabar com qualquer desconfiança e assumiu a titularidade da Bélgica de maneira plena a partir de 1990. Na Copa do Mundo daquele ano, o goleiro foi decisivo e ajudou sua equipe a se classificar para a fase de mata-mata do Mundial. Na estreia, a Bélgica venceu a Coreia do Sul por 2 a 0 (gols de Degryse e De Wolf). No jogo seguinte, triunfo por 3 a 1 sobre o Uruguai, com Preud´homme absoluto em sua meta defendendo vários chutes dos uruguaios. Na última partida, a Bélgica jogou já classificada e perdeu para a Espanha por 2 a 1.

Nas oitavas de final, o goleiro parou Lineker, Gascoigne e vários outros craques da Inglaterra durante os 90 minutos, mas, na prorrogação, Platt acertou um belo giro e surpreendeu o camisa 1. O gol deu a vitória à Inglaterra e eliminou a Bélgica da Copa. A experiência valeu muito para Preud´homme, que não sentiu a pressão de um torneio de imensa importância e mostrou personalidade e categoria diante de um público ligado e exigente. Com uma ótima impressão deixada, o camisa 1 teria mais alguns anos de estabilidade no gol de seu país.

Anos de seca

Com a disputa da Copa, Preud´homme passou a ser assediado por vários clubes da Europa, mas o Mechelen teimou em não vender o craque por qualquer valor. Pedindo quantias astronômicas, o clube belga prendeu o quanto pôde o craque e impediu voos ainda maiores do camisa 1. Com isso, Preud´homme não faturou nenhum título entre 1990 e 1994, mas manteve o Mechelen com baixos números de gols sofridos no período e mostrou ser como vinho: quanto mais velho, melhor.

Entre 1992 e 1993, Preud´homme ajudou a Bélgica a se classificar para mais uma Copa do Mundo e sofreu apenas cinco gols em 10 jogos disputados. Os belgas ficaram em segundo lugar no Grupo 4, atrás apenas da Romênia, com sete vitórias, um empate e duas derrotas. Perto de completar 35 anos, o goleirão teria no Mundial dos EUA sua última chance de brilhar na maior vitrine do futebol. E ele brilhou.

O melhor do mundo

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Já com um elenco envelhecido, a Bélgica entrou na Copa de 1994 sem grandes pretensões, mas Michel Preud´homme aproveitou cada minuto daquele Mundial e encantou o público americano. Os belgas estavam no Grupo F, ao lado de Holanda, Marrocos e Arábia Saudita. Na estreia, contra os marroquinos, o camisa 1 fez várias defesas difíceis e contou mais uma vez com sua habitual sorte ao ver uma cabeçada do adversário defendida por ele bater no travessão e cair em seu colo. Para completar, Degryse fez o único gol do jogo e deu a vitória aos belgas por 1 a 0. Mas foi na partida seguinte, contra a Holanda, que Preud´homme deu show.

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Diante de mais de 62 mil pessoas, o goleiro fez uma das partidas mais fantásticas de sua carreira – e para os anais da história das Copas. Se Ronald Koeman disparava seus famosos petardos em cobranças de falta, Preud´homme os agarrava sem rebote ou em dois tempos. Se Rijkaard aparecia como elemento surpresa e chutava cruzado, Preud´homme tirava a bola com a ponta dos dedos. Mas a Holanda tinha Bergkamp. Ah, ele não iria falhar! Ia sim… Na segunda etapa, o atacante cortou um zagueiro e emendou um chutaço forte, preciso e certeiro. Mas Preud´homme o defendeu com força, explosão e coragem. Quando a bola não ia de encontro às mãos do craque belga, ele disparava seus olhares fixos e cheios de energia para ela raspar a trave ou ir para fora. Aos 20´, Albert abriu o placar para a Bélgica, deu alegria à Preud´homme, mas anunciou ainda mais pressão holandesa. Os laranjas seguiram no ataque e tentaram o gol de todas as maneiras, mas a meta de Saint Michel não seria ultrapassada. Com o apito do árbitro, a Bélgica garantiu a classificação e Preud´homme aumentou ainda mais sua fama de goleiro das defesas impossíveis. No último jogo da primeira fase, a Arábia Saudita (!) conseguiu furar o santo bloqueio belga com um golaço épico de Owairan, que correu 70 metros e passou por quatro marcadores antes de tocar por cima de Preud´homme. Coisas do futebol…

Nas oitavas de final, a Bélgica teve pela frente a Alemanha de Matthäus, Völler e Klinsmann, além do forte sol do meio-dia do verão americano. Na primeira etapa, os alemães jogaram tudo o que sabiam e abriram 3 a 1, uma tremenda façanha. No segundo tempo, a Bélgica diminuiu, Preud´homme não foi mais vazado, e, num momento de desespero, se aventurou na área alemã para tentar marcar um gol de cabeça. No entanto, ele havia nascido para impedir gols, não fazê-los. E a Bélgica se despediu da Copa mais cedo.

Preud´homme (penúltimo da foto) na área alemã, em 1994, tentando marcar o gol de empate da Bélgica.
Preud´homme (penúltimo da foto) na área alemã, em 1994, tentando marcar o gol de empate da Bélgica.

 

O craque com o troféu de Melhor Goleiro do Mundo de 1994.
O craque com o troféu de Melhor Goleiro do Mundo de 1994.

 

Mesmo com a dor da eliminação, Preud´homme só teve bons frutos após aquela Copa. O goleiro foi eleito pela FIFA o melhor do Mundial e condecorado com o Troféu Lev Yashin, criado exatamente naquela edição em substituição à Luva de Ouro (que voltou em 2010). Ainda em 1994, o craque foi eleito para o All-Star Team da Copa e escolhido pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) como o Melhor Goleiro do Mundo.

Novo encarnado e aposentadoria

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Depois de anos desejando uma experiência em um clube estrangeiro, Preud´homme pôde, enfim, realizar o seu sonho na temporada 1994-1995. O presidente do Benfica-POR, Manuel Damásio, não pensou duas vezes quando o Mechelen, enfim, deu a deixa para a saída do goleiro e contratou o veterano craque para a meta encarnada. Era a primeira vez na história que o clube de Lisboa tinha um camisa 1 estrangeiro. E a experiência não poderia ser melhor. Jogando o fino e decisivo como sempre, Preud´homme caiu rapidamente nas graças da torcida com seu profissionalismo e impressionante regularidade e assumiu a titularidade absoluta do time. Para aumentar ainda mais seu prestígio, o goleiro fez questão de aprender a língua portuguesa e conseguiu se comunicar com todos os companheiros em um curto espaço de tempo.

Embora tenha conquistado o torcedor com suas defesas e sua simplicidade, Preud´homme viveu um momento diferente em sua carreira: a escassez de títulos. No Standard e no Mechelen, o craque colecionou taças importantes e históricas, mas no Benfica ele chegou exatamente no começo de tempos difíceis pelas bandas encarnadas. Cheio de dívidas e com praticamente nenhum craque, o time vermelho viveu uma crise tremenda e teve que ver o rival Porto colecionar títulos e mais títulos. A única taça levantada por Preud´homme com a camisa encarnada foi a Taça de Portugal de 1995-1996, quando o Benfica superou o Farense (1 a 1 e 1 a 0), o Vitória de Guimarães (1 a 0), nas quartas de final, e o União Leiria (2 a 0), na semifinal. Na decisão, a equipe bateu o Sporting por 3 a 1 e levantou a única taça do clube entre 1994 e 2003.

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Mesmo sem grandes títulos, Preud´homme foi o goleiraço de sempre, fez milagres incríveis, parou diversos atacantes e foi a estrela máxima e única do Benfica até 1999, ano em que encerrou a carreira, aos 40 anos, em um jogo contra o Bayern München-ALE diante de 80 mil pessoas, no Estádio da Luz, que aplaudiram de pé o adeus de seu ídolo.

Milagreiro imortal

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Depois de pendurar as luvas, Preud´homme continuou no meio futebolístico e se tornou diretor do Benfica, cargo que ocupou logo após a aposentadoria. Em seguida, o belga decidiu virar treinador e ajudou o Standard Liège a retomar a taça do Campeonato Belga depois de 25 anos, que não vinha exatamente desde os tempos do craque como goleiro titular do clube vermelho. Após o título, Preud´homme teve destaque no Gent-BEL (venceu uma Copa da Bélgica, em 2010), no Twente-HOL (faturou uma Copa da Holanda e uma Supercopa) e até no futebol árabe. Ainda buscando maior destaque como técnico, Preud´homme ficou marcado, mesmo, por tudo o que fez dentro de campo. Com defesas fantásticas, voos cinematográficos e milagres homéricos, o craque entrou para sempre no rol dos imortais como um dos mais brilhantes goleiros de todos os tempos e exemplo de regularidade, disciplina e profissionalismo. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 58 jogos pela Seleção Belga e sofreu 56 gols.

Disputou 240 jogos pelo Benfica e sofreu 218 gols.

 

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Comentários encerrados

8 Comentários

  1. Sou adepto do Benfica,tive o privilégio de o ver jogar várias vezes,se foi o melhor de sempre,não sei,são opiniões sempre subjetivas,mas ficará nos anais do jogo como um dos maiores de sempre, isso seguramente!Abraço a todos e continuem com este maravilhoso site que descobri ontem,mas que para mim é o melhor que já vi sobre futebol

  2. Sou português e adepto do Benfica,quero lhe dar os parabéns, este é o melhor site de futebol que eu encontrei.Grande guarda-redes,um ícone do futebol mundial que tive o prazer de ver jogar ao vivo muitas vezes.Abraço a todos e continuem,quem ama o futebol vem aqui!

  3. Um dos melhores, senão o melhor goleiro que vi jogar. O cara não dava rebote. Junto com Taffarel um dos goleiros que me inspirou a jogar nesta posição. Simplesmente espetacular.

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